segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Excepção

Tinha que ser. No ano em que não tive hipótese de acompanhar o Benfica ao Porto, é quando eles conseguem não perder lá.

Começo por mencionar dois aspectos do jogo, que pela sua raridade nos últimos anos já são uma excepção nos jogos entre FC Porto e Benfica: primeiro, a extrema correcção e fair play que reinou entre os jogadores das duas equipas, apenas com uma ou outra pequena excepção, perfeitamente natural devido ao calor de um jogo grande; segundo, a actuação praticamente exemplar do árbitro António Costa. Depois de aqui ter manifestado as minhas dúvidas quanto à sua nomeação para este jogo, é da mais elementar justiça reconhecer que estava enganado, e que o árbitro esteve à altura dos acontecimentos (também teve a sua tarefa facilitada pela atitude dos jogadores que referi anteriormente). Só achei que o amarelo ao Simão (que foi o 5º) foi exagerado, mas um jogo entre Benfica e Porto que termina com 11 jogadores de cada lado já começa a ser uma situação para aplaudir.

Desta vez não vou bater no velhinho. Confesso que até fiquei entusiasmado com a forma como o Benfica entrou no jogo, com boas trocas de bola e, sobretudo, uma pressão muito alta sobre o jogador do Porto que levava a bola. Infelizmente o Benfica não soube ou não pôde manter essa atitude durante mais do que os primeiros vinte minutos de jogo, e o jogo acabou por ficar mais repartido. A primeira parte acabou por chegar ao fim sem grandes oportunidades de golo (só me recordo de um remate do Maniche que foi desviado para fora pelo Postiga), e o resultado ao intervalo reflectia isso mesmo.

Na segunda parte, foi a vez do Porto entrar mais pressionante, e o Benfica recuou. Depois as coisas voltaram a equilibrar, e seguiu-se aquilo que já é uma triste sina do Benfica. O Nuno Assis atira à barra, o Geovanni falha uma oportunidade isolado, e na resposta o Porto marca. Nesta altura temi o pior, e receei que a equipa se fosse abaixo ao sofrer um golo naquelas condições, mas felizmente aguentou-se bem, e conseguiu chegar ao empate no seguimento de um canto, com um golo do Geovanni quase igual ao que ele marcou contra a Académica na Luz. A seguir a isto houve mais oportunidades de parte a parte para desfazer o empate, mas acho que o resultado final é o que mais se ajusta ao que se passou em campo.

Como disse, desta vez não bato no velhinho porque na minha opinião o Benfica apresentou o estilo de jogo correcto para jogar fora contra o Porto. Tentou manter a posse de bola trocando-a entre os jogadores, em vez de despachá-la à toa para a frente como tem sido norma nos últimos jogos, tentou pressionar o adversário para recuperar a bola, e sobretudo soube manter a calma, coisa que nunca aconteceu nos últimos jogos que fui ver às Antas. Quando o Porto conseguia que os jogadores do Benfica perdessem a cabeça, era quando começava a ganhar os jogos. Desta vez, mesmo em desvantagem a 20 minutos do fim, soubémos manter a cabeça fria, e o empate acaba por ser um mal menor.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Demência

Trapattoni, indignado, afirmou perante os jornalistas que 'Nunca jogámos tão bem!' Disse também que a equipa joga bem, e com muita confiança. Aha! Estou a começar a perceber porque razão ele assiste impávido e sereno no banco de suplentes aos jogos do Benfica, enquanto os adeptos amarguram nas bancadas. Pois o homem está simplesmente a deleitar-se com o espectáculo de futebol bem jogado que a equipa lhe está a proporcionar, e não convém estragar o que está a correr tão bem.

A sério, isto não começará já a ser um sinal inegável de demência? O italiano coloca o Jaime Pacheco no Braga, esquece-se do nome do treinador do FC Porto (embora aqui de certa forma se compreenda - com tantas alterações no comando técnico dos nortenhos, começa a ser difícil para um homem daquela idade lembrar-se de tudo), inventa exigências dos sócios para tirar o Moreira da equipa, e agora vê espectáculos requintados de futebol onde os outros vêem uma pobreza franciscana.

A não ser, claro, que isto seja apenas uma visão relativista da coisa. De facto, tendo em conta a qualidade do futebol apresentado pelo Benfica desde que o Trapattoni pegou nas rédeas da equipa, se calhar ainda assim o que jogámos ontem pode ser considerado uma melhoria fantástica em relação a outros jogos feitos esta época. Só pode.

À italiana

P: Como é que se faz para dar a volta a um resultado negativo de 2-0 numa primeira mão de uma eliminatória europeia?

R: Bem, isso depende muito do ponto de vista. Segundo uma arcaica corrente táctica transalpina, a solução será pegar num avançado com pouco poder de choque e fraco jogo aéreo; pregar com esse mesmo avançado no meio de uma defesa constituida por torres muito mais altas que ele e deixá-lo entregue à sua sorte; finalmente, passar o tempo a bombear bolas altas na direcção genérica desse avançado, e repetir até à exaustão. Quando, ao intervalo, perante 45 minutos de evidência que a táctica não está a resultar, insistir casmurramente, até que o adversário marque um golo, e a eliminatória fique irremediavelmente perdida. Nessa altura, começar a mexer na equipa para pelo menos dar uma leve impressão que se está a tentar ganhar o jogo. Mas atenção, que isto tem que ser feito com muito cuidadinho! Mete-se um avançado, mas tira-se o médio ofensivo que estava a jogar mais perto do único avançado até então, que isto de abdicar de dois trincos é que não pode ser. Trocar um defesa direito por um lateral mais ofensivo? Que disparate! Tira-se outro médio ofensivo, que isto de arriscar muito no ataque não é para todos. E depois troca-se um avançado por outro, que assim podemos ir para a conferência de imprensa dizer que metemos todos os avançados disponíveis em campo.


Agora mais a sério. Já o disse, e volto a dizer: é doloroso ver este Benfica do Trapattoni a jogar. Nunca, desde que acompanho os jogos do Benfica, vi um treinador cuja mentalidade fosse mais desajustada ao Benfica. O Pal Csernai era um Johan Cruyff ao lado deste homem. O Trapattoni disse uma vez que percebia um bocadinho mais de futebol do que os adeptos. OK, aceito que sim. Mas por amor de Deus, que vá verter a luz da sua sapiência para outra freguesia! Isto está a tornar-se insuportável! A única coisa que aprendi a ver o futebol trapattoniano é que, ao contrário do que diz o velho chavão do futebol 'A melhor defesa é o ataque', este homem acredita que o melhor ataque é a defesa.


Eu passo noventa minutos sentado no meu lugar a contorcer-me de nervos ao ver o que o italiano está a fazer à minha equipa. E enervo-me ainda mais quando penso no meu masoquismo, porque eu paguei por aquele lugar, para passar o ano a sofrer assim a cada quinze dias. No estado actual da equipa, quando os vejo jogar apenas espero que sejam capazes de marcar um golo na sequência de uma bola parada, ou se surpreenderem o adversário num contra-ataque, uma vez que a equipa não tem a capacidade de pegar e mandar no jogo, e construir jogadas ofensivas de qualidade. E tendo em conta que o Benfica joga na maior parte das vezes contra equipas fechadas na defesa, de quantas oportunidades de contra-ataque é que dispõe durante um jogo? Eu já estava à espera do que aconteceu hoje (bastou ter em atenção as declarações tipicamente pouco ambiciosas do Trapattoni sobre a sua preferência em ganhar a Superliga), mas ainda assim lá cumpri o meu ritual masoquista, e fui ao estádio na vã esperança que, perante uma situação de do or die, algo mudasse. Mas não. A burro velho não se ensinam truques. E ainda tenho que aturar declarações dele que me irritam, nas quais ele nega aquilo que é visível, como por exemplo dizer que a equipa está mais forte e confiante, quando o que eu vejo é precisamente o contrário. Isto para não falar da mentira descarada de dizer que os sócios exigiram a troca do Moreira pelo Quim, e que agora exigem o contrário... gostava de saber onde é que ele inventou esses sócios. A troca de guarda-redes foi apenas mais um prego no caixão da popularidade dele entre os sócios.


Estou muito desmoralizado. Nem sequer me apetece escrever sobre o jogo em si, porque foi tudo tão mau que nem quero estar a recordar-me do que se passou. Ao fim de poucos minutos já estava tão irritado que acho que passava uma boa parte do tempo a deitar olhares de ódio à distância para o banco do Benfica, como que para me certificar que aquilo não era um pesadelo, que aquele homem estava a ver o mesmo que eu e não reagia, continuava como se o resultado fosse o mais satisfatório para nós, quem sabe até a pensar 'ao menos não perdemos'. Se não perdemos foi porque anularam dois golos ao CSKA (não sei se bem ou não), o Daniel Carvalho fez o favor de falhar duas oportunidades claras, e ainda fiquei com a sensação que o árbitro fez vista grossa a um penalti do Petit. Caramba, aos 20 minutos de jogo já dava para ver que aquilo assim não ia! Não é vergonha nenhuma admitir um erro e emendar a mão. Porquê insistir naquilo que se vê estar errado? E como é possível que uma equipa que tem que dar a volta ao resultado fique a ver o adversário jogar? Apenas os dois trincos pressionavam o adversário na tentativa de recuperar a bola, enquanto que um jogador nosso que a tivesse era imediatamente pressionado pelos russos.

Enfim, estou para ver de que forma o italiano vai alterar o disco riscado que usa como discurso, uma vez que já não pode dizer que o Benfica ainda 'está nas três frentes'.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Precedentes

A Liga decidiu instaurar um processo sumaríssimo (acho que este nome é perfeitamente inane, mas deve ser apenas uma mania minha) ao Simão, na sequência do lance entre ele e o Alex durante o jogo da passada segunda-feira. Quer isto dizer que o mau precedente aberto com o processo ao Seitaridis é para manter. Nesta febre sumaríssima que tomou conta da Liga, um lance casual de disputa de uma bola como o do Simão (ou do Seitaridis) é metido no mesmo saco de uma agressão intencional e reincidente a murro (McCarthy), ou à cotovelada (Fabiano e Pedro Emanuel).

Das duas uma: ou quem decide a instauração destes processos é idiota, ou mal intencionado. Talvez na sequência do constante choradinho dos dirigentes do FC Porto, indignados com a súbita supressão da liberdade para os seus jogadores esmurrarem e andarem à cotovelada aos adversários, a Liga tenha decidido equilibrar a balança na primeira oportunidade de que dispôs. Assim seja. Toda a gente sabe que o Simão é um jogador extremamente incorrecto, useiro e vezeiro neste tipo de comportamento, e portanto já andava a pedi-las há algum tempo. São jogadores destes que devemos afastar dos relvados, de forma a protegermos o espectáculo. Só é pena não o terem conseguido apanhar a tempo de o impedirem de jogar contra o clube do arguido que é também o maior paladino da luta pela verdade desportiva no nosso futebol.

Não que fizesse grande diferença a presença ou não do Simão no referido jogo. Com a nomeação do António Costa (aquele que, por exemplo, uma vez nas Antas conseguiu descortinar uma mão do Kandaurov nascida no meio do peito dele, convenientemente após ele ter metido a bola na baliza do FCP num disparo a 30 metros, ou que noutra ocasião expulsou o Ricardo Rocha com um vermelho directo por agarrar o Derlei sobre a linha do meio-campo - daí eu achar anedótico quando no jogo da taça contra o clube do Lumiar disseram que a nomeação do António Costa fora feita para beneficiar o SLB), já estou à espera de uma arbitragem à moda do Porto. É que 12 derrotas consecutivas no mesmo sítio já excede um bocado as probabilidades estatísticas, e eu já lá estive diversas vezes para saber como é que estas arbitragens são cozinhadas. Só falta mesmo um ingrediente final, la pièce de résistance que vai dar ao prato de tripas à moda do Porto todo o seu sabor: a despenalização do 'inocente' McCarthy.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Uff!

Este Benfica do Trapattoni ou não ganha, ou quando ganha raramente me convence. Temos uma fragilidade psicológica enorme, e uma estranha apetência pela auto-flagelação. A equipa parece viciada em sofrer, e em causar angústia aos adeptos.


O Benfica apresentou-se no 4-2-3-1 que tem sido norma nos últimos jogos, tendo trocado os dois laterais em relação ao último jogo. Quanto ao Guimarães, jogou num 4-1-4-1, com o Silva isolado na frente, mas que tentava desdobrar-se para 4-3-3 quando atacava. O início do jogo não prometeu muito: o Guimarães fechava-se no seu meio-campo, e o Benfica parecia não ter soluções para chegar ao golo. No entanto as coisas acabaram por desanuviar, pois na primeira jogada elaborada pelo Benfica, o Geovanni marcou (ainda não sei se o passe do Nuno Gomes foi mesmo intencional, ou se saiu assim porque ele escorregou...). A partir daí, as coisas melhoraram um pouco, e numa altura ideal, ou seja, mesmo antes do intervalo, chegou o 2-0: o Petit marcou um livre para o Geovanni na direita, centro para a área, amortecimento do Nuno Gomes, e remate do Nuno Assis para o golo. Tudo apontava para um resto de jogo descansado: vantagem de dois golos ao intervalo, atingida sem forçar muito o andamento, e um Guimarães pouco incómodo para a nossa baliza.


Puro engano: após 40 segundos na segunda parte, golo do Guimarães. Centro muito largo para a área, o Luisão, Miguel (sobretudo este) e Quim estáticos a olhar para a bola, cabeceamento e golo. Lá estava o Benfica a mostrar a sua apetência para complicar o que se afigura fácil. O Guimarães entretanto tinha resolvido apostar a sério no ataque. Ao intervalo entraram o Rafael e o Targino, e passaram a jogar em 4-2-4. Depois do golo, a equipa começou a mostrar o nervosismo do costume, e o Guimarães esteve muito perto de empatar. O Quim voltou a não estar bem, pois continua a repor mal a bola em jogo, e revela muita insegurança nos cruzamentos (ou não sai de entre os postes, ou, quando sai, raramente agarra uma bola, preferindo socá-la, e nem sempre bem). Foi de tal forma que chegou a ouvir-se um sector do público a gritar pelo Moreira. Apesar de ser mais um dos que defendem que o Moreira é que deveria ser o titular, não é agradável ouvir isto. Felizmente que perto do fim o Quim redimiu-se com uma grande defesa a remate do Silva, que evitou o empate. Quanto ao melhor jogador do Benfica esta noite, para mim foi nitidamente o Geovanni. Esteve nos dois golos, correu muito, desmarcou-se, recuperou bolas na defesa e no meio-campo, enfim, fez tudo o que se lhe pedia e até mais. Pena é que seja tão inconstante e não consiga jogar dois jogos seguidos assim.


Em relação ao Trapattoni, um pormenor que me custa a compreender: aos 83 minutos, resolve fazer as duas últimas substituições. Um dos jogadores substituidos foi o Geovanni. Na altura em que saiu, não me pareceu que estivesse particularmente cansado, pois continuava a desmarcar-se para receber as bolas, e a lutar pela sua recuperação. Em campo ficou o Miguel, vindo de uma lesão e respectiva paragem prolongada, com falta de ritmo de jogo e, na altura, nitidamente cansado. Não teria mais lógica ter poupado um bocadinho o Miguel? Claro que poucos minutos depois ele estava estendido no chão com cãimbras. Depois admirem-se que ele se lesione frequentemente.


Já vi muitos treinadores passarem pela Luz, mas acho que nem com o Ivic eu vi o Benfica jogar em casa como se fosse o Moreirense. Toda a gente enfiada dentro do seu meio-campo, bolas para onde estão virados, substituições para defender ainda mais (as saídas do Geovanni e do Nuno Assis para entrarem o Bruno Aguiar e o João Pereira são muito pouco audazes, para não lhes chamar outra coisa). Foi praticamente assim que jogámos durante a segunda parte. Às vezes chega a ser doloroso para mim ver o Benfica jogar 'à Trapattoni'. E, por incrível que pareça, é este Benfica que, graças à mediocridade geral do campeonato este ano, e particularmente nos nossos habituais rivais, até se arrisca a ser campeão.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Mais uma...

Pela terceira vez esta época o Benfica tem um jogo fora 'a doer' para as competições europeias, e pela terceira vez falhou tristemente. O que mais me irritou neste jogo foi que conseguimos perder contra um equipa que passou 95% do tempo a defender, e pareceu abordar o jogo quase em ritmo de passeio, ou seja, com uma atitude de 'deixa andar que isto mais cedo ou mais tarde resolve-se'.

E começou a resolver-se cedo. Depois de uma grande perdida do Geovanni, o CSKA marcou num lance que, para mim, é culpa do guarda-redes. Confesso ser suspeito para dizer isto, porque a verdade é que eu não gosto do Quim. Por mais jogos que ele faça pelo Benfica, nunca o conseguirei ver como o nosso número 1. O nosso número 1 está sentado no banco, devido a razões que eu ainda não consegui compreender, e até agora ainda não vi qualquer ganho para o Benfica com a troca de guarda-redes. Mas se calhar é só embirração minha, porque eu quando embirro com um jogador torna-se muito difícil depois mudar de opinião. Mas não devo ser o único a pensar assim, porque já reparei que sempre que é feita a apresentação da equipa na Luz, o Moreira é muito mais aplaudido do que o Quim.

A seguir ao golo, mais duas oportunidades desperdiçadas, pelo Geovanni e pelo Nuno Gomes (simplesmente uma nulidade neste jogo: incapaz de segurar, controlar, ou passar uma bola em condições). E pronto, daqui por diante fui assistindo à equipa a jogar cada vez pior, e vi o CSKA marcar novamente, num dos pouquíssimos remates que fizeram na segunda parte. Passámos a maior parte do tempo com a bola em nosso poder, mas a equipa parece não saber o que fazer com ela.

Por acaso hoje até fui comprar o bilhete para o jogo da segunda mão. Depois do que vi hoje, fiquei com a sensação que o CSKA é muito mais fraco do que eu pensava, e não me parece ser de todo impossível dar ainda a volta a isto. Mas vai ser preciso jogarmos muito melhor para conseguirmos furar aquela defesa. É que se eles até em casa jogam assim tão atrás, quando chegarem à Luz nem quero imaginar o que vai ser.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

João Santos

Faleceu ontem João Santos, para mim um dos grandes presidentes do Benfica dos últimos anos. Sempre o considerei um grande presidente, porventura devido ao facto de ser ele o presidente na altura em que comecei a acompanhar o Benfica mais de perto (ou seja, a ir ver os jogos todos em vez de ficar em casa a sofrer colado ao pequeno transístor vermelho a pilhas). Lembro-me de ter ficado surpreendido quando os sócios lhe recusaram a Águia de Ouro, porque quando comecei a ouvir o seu nome eu era um miúdo e não fazia ideia do que de mal ele podia ter feito ao Benfica para justificar esta decisão dos sócios.

Do que me recordo bem é de ele ter ganho umas eleições muito renhidas contra o Fernando Martins em 1987 (e por acaso na altura, apesar de não perceber muito bem o que é que se passava, lembro-me que até queria que o Fernando Martins ganhasse), tendo como slogan "Um Benfica Europeu". E a verdade é que ele fez os possíveis para que isso acontecesse. Durante os seus mandatos, os benfiquistas assistiram à chegada de jogadores como Magnusson, Thern, Schwarz, Mozer, Ricardo Gomes, Aldair, Vítor Paneira e Valdo, entre outros, e ainda vimos uma aposta forte na formação, de onde vieram por exemplo Paulo Sousa e Rui Costa. Vimos também o regresso à Luz do desejado Eriksson. Acabámos por atingir mais duas finais da Taça dos Campeões Europeus, que infelizmente não vencemos (e com particular infelicidade a primeira, que continuo convencido que teríamos ganho não fosse a lesão do Diamantino no fim-de-semana anterior à final).

Durante os anos com João Santos na presidência, tive o privilégio de ver jogar com a camisola do Benfica muitos dos melhores jogadores que eu já vi passarem pelo clube desde que vejo futebol, e vi-os fazerem grandes e memoráveis jogos. Pelo orgulho que senti na minha equipa durante esses anos, e a alegria que era vê-la jogar, João Santos merecerá sempre um cantinho nas minhas memórias benfiquistas.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Actualidades(III)

Outra notícia que me deixou deveras satisfeito esta semana. Durante estes últimos anos tenho aturado, até ao limite da minha paciência, as acusações dos anti-benfiquistas sobre o facto do Benfica ser um clube caloteiro, de não pagar impostos e de apenas participar no campeonato por benevolência do estado, porque as suas dívidas ao fisco não o deveriam permitir, e mais toda a espécie de impropérios relacionados com este assunto. Então não é que, na notificação das finanças relativas às dívidas dos clubes ao fisco, o grémio do Lumiar aprece destacadíssimo em primeiro lugar das dívidas, com mais de 3 milhões em dívida? Mais, na lista das dívidas, o Benfica aparece no último lugar, com valores negativos, o que significa que eventualmente poderemos até ter pago ao estado mais do que na realidade devíamos. O FC Porto, cujo presidente é também useiro e vezeiro nas acusações de mau pagador ao Benfica, aparece em terceiro lugar na lista.

Bem sei que os clubes contavam que estas dívidas fossem pagas pelas verbas do totonegócio, e que portanto poderiam não estar completamente conscientes da sua existência. E também resta verificar até que ponto estes dados estão correctos, uma vez que a agremiação do Lumiar afirma ter documentos passados pelas finanças que dizem que não devem nada (mas também o Vale e Azevedo tinha documentos desses, e quando a direcção seguinte tomou posse teve que saldar uma série de dívidas que se verificou que existiam). Não deixa no entanto de ser particularmente satisfatório ver esta lista, em que para variar não é o Benfica a aparecer como o mau da fita.

Actualidades(II)

Para não fugir à normalidade, o jornal não-oficial do FC Porto volta a negociar Luisão para o Inter, acompanhado neste coro pelo já indispensável Record. Podia também mencionar mais um forcing sobre a mais que iminente saída do Simão (pelos vistos foi mesmo por um triz que não ficámos já sem ele em Janeiro), mas esta história do Luisão dá-me particular gozo. Nunca me consigo esquecer das barbaridades que foram ditas sobre o Luisão assim que ele chegou a Portugal e ao Benfica. Qual tempo de adaptação, qual quê. Ao fim de um jogo, o homem já era classificado de 'barrete', contratação fracassada, e outras pérolas deste género.


Quando, ao fim de pouco tempo, na primeira convocatória feita por Parreira, o Luisão figurou no lote de escolhidos e o Polga não, então os media estranharam. Imediatamente uma alma iluminada encontrou a solução: é que a grande maioria dos convocados eram representados por um mesmo empresário (o mesmo do Parreira), e o Polga não era desse empresário. Claro, límpido como a mais pura água, estava encontrada a justificação para tamanha injustiça. O Polga apenas tinha sido preterido em favor do Luisão por motivos extra-futebol, e não pelas infindáveis fífias com que ele nos presenteia (sim, presenteia, porque cada jogada daquelas é uma verdadeira prenda para um benfiquista) todos os fins-de-semana. Assisti a uma conferência de imprensa em Alvalade, na altura, em que os jornalistas fizeram questão de mencionarem este pormenor do empresário, e perguntaram ao Polga se isso seria a explicação para não ter sido convocado, após o que todos (jornalistas incluidos) se riram alarvemente, como se a convocatória do Luisão e a exclusão do Polga fosse uma grande anedota. Ao que pode chegar o desrespeito por um jogador.

Claro que o tempo passa, outros centrais vão sendo convocados (inclusive de outros empresários), mas o Luisão mantém-se nos escolhidos (e o Polga fora deles). As exibições do Polga, regulares na sua mediocridade (cada vez mais parecido ao Beto), retiraram argumentos aos anti-Luisão, e agora assisto divertido às sucessivas transferências no papel do jogador para diversos clubes europeus. A última mete o Karagounis no negócio, por isso tento imaginar de que forma um jogador que recebe, ao que se sabe, um ordenado de 400.000€ mensais, se vai encaixar no nosso plantel, ainda para mais ocupando ele uma posição que, desde a chegada do Nuno Assis, deixou de ser tão prioritária para o Benfica.

Actualidades

Boa, muito boa mesmo a resposta de Luís Filipe Vieira ao presidente do FCP. Só nos diponibilizam 1008 bilhetes? Não faz mal, 990 chegam e são esses os que vamos pedir. É uma diferença considerável em relação ao espectáculo dado pelos dirigentes do FCP na primeira volta quando confrontados com uma situação semelhante. Quanto à anedótica entrevista dada por Pinto da Costa ao jornal não-oficial do FCP, e as referências a apitos vermelhos*, nem uma palavra. Discordo muitas vezes de decisões e atitudes do LFV, mas desta vez acho que esteve bem. Pena é que José Veiga não tenha resistido a comentar afirmações que mais valia ignorar, mas conforme já escrevi aqui, a guerra entre Veiga e Pinto da Costa é uma guerra pessoal, e só é pena que FC Porto e Benfica sejam postos no meio dela (confesso que até gostei dos comentários que ele fez em relação ao assunto, mas ainda assim preferia que ele nem sequer se tivesse dignado a comentar).


Além disso, fiquei a saber que o nosso presidente vai mesmo deslocar-se ao Dragão para acompanhar a equipa neste jogo importante. Acho bem, e só tenho pena que este ano, excepcionalmente, não possa ir ver o jogo ao vivo. Mas o adiamento do jogo para uma segunda-feira à noite baralhou-me por completo os planos, e por isso terei que esperar mais algum tempo até poder visitar o Dragão pela primeira vez.

*Se alguém quiser ver mais desenvolvimentos sobre este pseudo apito vermelho, 'A Bola' hoje publica uma anedota de uma página inteira sobre o assunto, da autoria do indescritível Miguel Sousa Tavares. Alguém já deveria ter tido a coragem de lhe dizer que ele deveria limitar-se ao comentário político, e deixar-se destas coisas da bola, mas provavelmente ninguém lhe diz nada por medo que ele morda.

domingo, fevereiro 13, 2005

Nulo

Não tenho muito a dizer sobre o empate do Benfica ontem em Braga. Infelizmente não pude dedicar a atenção que desejaria ao jogo. Pareceu-me que o Benfica entrou bem, muito bem mesmo no jogo. Boas trocas de bola, agressividade na procura da mesma, e pressão alta. Pena que não tenha conseguido manter esse nível, porque o Braga acabou por conseguir equilibrar o jogo. Ainda assim, fiquei com a sensação que o Benfica dominou a primeira parte. Na segunda parte, pareceu-me o contrário, ou seja, o Braga foi a melhor equipa. Pelo que vi, o Manuel Fernandes voltou a jogar muito bem, mas dizer isto já começa a ser redundante; e para nosso azar lá ficámos com mais um jogador lesionado, desta vez o Ricardo Rocha.

Na parte final do jogo pareceu-me que o Benfica estava satisfeito com o empate (ou então foi a entrada do Bruno Aguiar para o lugar do Geovanni que me deu essa sensação). Não sei se a nossa equipa considera isto um resultado positivo ou não, mas para mim um empate é sempre um mau resultado para o Benfica.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Coincidências

Ao vencer a Académica no passado fim-de-semana, o Benfica regressou ao primeiro lugar da classificação, em parceria com o FC Porto. Durante esta semana, os benfiquistas ficaram a saber que, afinal, o Miguel já pode sair, enquanto que chovem propostas pelo Simão. Para além do Petit, o Marselha volta agora as suas atenções para o Manuel Fernandes, enquanto que o Luisão é colocado pela 53ª vez no Inter para a próxima época, e nos recordam mais uma vez que o Benfica apenas detém 25% do passe do jogador. Fico também a saber que o Ricardo Rocha é seguido por diversos clubes europeus. Tudo coincidências, claro.

O mais divertido mesmo é quando me recordo que estas notícias vêm das mesmas pessoas que, semana após semana, batem impiedosamente no plantel do Benfica acusando-o de falta de qualidade. Nenhuma incongruência aqui, obviamente.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Anti-futebol

Em Portugal, é normal ouvirmos os media ligados ao desporto queixarem-se frequentemente da falta de qualidade do nosso futebol, utilizando expressões do género 'lá fora é que é', sendo a Premiership inglesa utilizada várias vezes como termo de comparação. A verdade é que tudo em Portugal contribui para a má qualidade do nosso campeonato, a começar pelos próprios media que tanto criticam. É a imprensa, a televisão, as rádios, os jogadores, os treinadores, os dirigentes, os árbitros e, finalmente, o próprio público. Tudo acaba por trabalhar de forma concertada para fomentar o anti-futebol que vemos todos os fins-de-semana nos nossos campos.

Começando pelos media. Como é que eles fomentam o anti-futebol? Qualquer adepto de um dos três grandes sabe, ainda antes do apito inicial do árbitro, qual é a forma mais provável que um jogo que envolve a sua equipa contra outro clube que não um dos grandes decorra (e às vezes até mesmo num jogo em que os 'grandes' se defrontam entre si). Vamos assistir, desde o início do jogo, a uma equipa praticamente a abdicar de lutar pela vitória, e apenas dedicada a conservar o nulo enquanto puder. São 10 jogadores acantonados quase dentro da sua área, bolas para a bancada, lesões fingidas pelos jogadores desde o primeiro minuto que são magicamente curadas assim que se deitam numa maca, e fazem uma curta viagem até à linha lateral, enfim, anti-jogo sempre que possível. Aliás, pensando bem, este tipo de comportamento é, no nosso campeonato, assumido por praticamente qualquer equipa que jogue fora, mesmo sem ser contra os grandes. Acontece que por vezes, por azar ou inépcia, a equipa que está a tentar furar estes esquemas ultra-defensivos não o consegue fazer (por exemplo, atira três bolas aos ferros, ou o guarda-redes faz um punhado de defesas impossíveis). Entretanto a equipa que não está a tentar vencer acaba por marcar um golo num contra-ataque, ou numa daquelas típicas jogadas de um livre a meio-campo despejado para dentro da área, numa das raras ocasiões em que há uma maioria de jogadores da equipa que joga para o empate dentro do meio-campo adversário.


O que é que acontece a seguir? A equipa que passou o jogo todo a tentar ganhá-lo (e, efectivamente, a tentar jogar futebol, ao contrário da equipa que passou o tempo todo a tentar impedir que a outra jogue, ou seja, a fazer anti-futebol) é normalmente arrasada pela crítica desportiva. Pelo contrário, a equipa que tentou não perder, e acabou por ganhar quase sem saber como, é elevada aos píncaros. Durante o resto da semana temos entrevistas aos 'heróis', nos quais se incluem os jogadores que passaram o tempo a fazer anti-jogo, e o treinador que desenhou a táctica anti-futebol. Obviamente que estas pessoas são humanas, e como tal apreciam a atenção dispensada. O que só os motiva (a eles e aos outros) a fazer exactamente o mesmo da próxima vez. Se compararmos com o que acontece em Inglaterra, que é tantas vezes citada como exemplo, uma equipa que assuma este tipo de postura num jogo é quase selvaticamente atacada pelos media. O próprio Mourinho, que teve que recorrer a um futebol de maior contenção no início da temporada devido às diversas lesões em jogadores de ataque do Chelsea, foi bastante criticado por isso.

O parágrafo anterior também explica por que razão considero os treinadores e jogadores culpados pelo mau futebol que temos no nosso campeonato. Os treinadores porque, na sua maioria, revelam esta extrema falta de ambição e agressividade. Os jogadores, em particular, são preguiçosos. Se sentem uma pequena carga, preferem deixar-se cair a aguentarem e disputarem o lance. E aqui entra o próprio público, que à mínima queda de um jogador da casa desata a barafustar à espera da respectiva falta, tenha ela realmente acontecido ou não. Como resultado disto, os árbitros (que em Portugal, regra geral, têm falta de personalidade) acabam por apitar a quase tudo. E depois temos que ouvir os teóricos a dissertarem sobre o facto de termos 15 faltas por jogo em Inglaterra, e 40 ou 50 em Portugal.



Os dirigentes, obviamente, não escapam à mediocridade. Falo quer dos dirigentes dos clubes, quer dos federativos/liga. As próprias regras do campeonato fomentam o anti-futebol. Em Portugal, um jogador é suspenso por um jogo ao fim de 5 cartões amarelos. Cumprido o castigo, o jogador pode voltar a ver mais 5 cartões amarelos, e é novamente suspenso por mais um jogo. Isto quer dizer que, em teoria, um jogador poderia conseguir o feito de ver 29 cartões amarelos num campeonato, resultando numa suspensão total de 5 jogos (que até poderiam ser cumpridos na Taça). Mais uma vez, recorrendo ao exemplo inglês, os castigos vão-se acumulando. Depois de uma suspensão por acumulação de amarelos, a segunda série normalmente acarreta uma suspensão mais pesada, e muitas vezes um jogador que veja demasiados cartões é chamado a depor diante de uma comissão de disciplina. Por cá, devido à leveza das suspensões, os cartões são mostrados com uma enorme leviandade (muitas vezes são mostrados a pedido do público), e a sensação que tenho é que os jogadores nem os levam muito a sério.

Aliás, se os cartões e disciplina forem levados a sério, temos os dirigentes dos clubes a darem espectáculo e a pedirem despenalizações a torto e a direito. Em Inglaterra, há umas semanas, o Wayne Rooney teve uma atitude anti-desportiva para com um adversário que não foi vista pelo árbitro (pôs-lhe a mão na cara e empurrou-o). A comissão de disciplina visionou as imagens e suspendeu-o por 3 jogos. Não vi qualquer pedido de despenalização por parte do Man Utd (embora Ferguson achasse a punição injusta). Foi o próprio jogador que, perante a comissão disciplinar, aceitou a acusação de conduta violenta. Ele apanhou portanto três jogos de suspensão apenas pela atitude, e não pela agressão, que aparentemente nem sequer existiu. Quanto ao jogador adversário envolvido no lance, foi também acusado pela FA de conduta imprópria, vai ter que responder perante a mesma comissão de disciplina, e arrisca-se a ser suspenso também. O próprio treinador do Bolton, Sam Allardyce, admitiu que a atitude do seu jogador não tinha sido a mais correcta. Ou seja, as simulações também são punidas e condenadas por lá. Creio que a diferença para o que se passa por cá é por demais evidente.


Em Portugal, um cartão vermelho por uma agressão a murro a um adversário normalmente dá direito a um jogo de suspensão (enerva-me sempre o facto de um vermelho por acumulação de amarelos dar direito a uma suspensão equivalente à de um vermelho por agressão, ou de um vermelho por um corte de uma jogada perigosa com a mão - são situações distintas, e não podem ter penalizações equivalentes). Se forem dois, então já começa o brado de indignação. Temos o exemplo do McCarthy no nosso campeonato, que já é reincidente em agressões, e que quando apanha dois jogos de suspensão por (mais) uma tem os dirigentes do seu clube a darem cobertura às suas acções anti-desportivas (e quem diz os dirigentes do FCP, diz também os dirigentes do SLB, ou de outro clube - todos eles se comportam assim). Quando na sequência do recurso o castigo é agravado para 3 jogos, o país futebolístico agita-se de indignação. Alguém consegue imaginar o que sucederia a este jogador no campeonato inglês se tivesse este tipo de comportamento?

A verdade é que, comparando o nosso futebol com o inglês, as atitudes são diferentes em tudo: jogadores, treinadores, árbitros, público, dirigentes, media. É por isso que eles têm um grande campeonato, e nós uma cura para a insónia.

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Morno

Não há muito para dizer sobre o jogo desta noite. O Benfica venceu, como lhe competia, num jogo morno e sem grande história.


Iniciámos o jogo com o mesmo esquema apresentado contra o Moreirense, com duas alterações no onze: o Petit regressou para o lugar do Bruno Aguiar, e o Dos Santos substituiu o Fyssas, que tinha estado francamente mal no último jogo. Quanto à Académica, apresentou uma estratégia de sobrepovoamento do meio-campo, numa espécie de 4-5-1 (creio que a intenção inicial até seria um 4-3-3, mas o Kenedy e o Luciano passaram mais tempo no meio-campo do que no ataque), deixando um homem isolado na frente que foi uma presa demasiado fácil para a nossa dupla de centrais. A verdade é que no primeiro tempo o Benfica teve dificuldades em libertar-se desta confusão a meio-campo, e apresentou um futebol francamente mau. O golo surgiu pouco depois da meia-hora de jogo, na sequência de um canto, e no primeiro (!) remate que o Benfica fez digno desse nome (antes disso apenas tinha havido uma bicicleta disparatada do Geovanni, que não cai propriamente na categoria de 'remate'). Depois disto houve mais duas oportunidades de golo eminente, do Nuno Gomes e do Petit, e o intervalo chegou sem sobressaltos.


Na segunda parte o Benfica pareceu entrar um bocado mais decidido, e teve um boa oportunidade para marcar pelo Manuel Fernandes, mas depressa se voltou à modorra da primeira parte, com o jogo a decorrer num ritmo bastante calmo. Para isto também contribuiu o golo do Simão, num remate que já começa a transformar-se num trademark deste jogador. A Académica deu uma contribuição bastante importante para o jogo morno que tivemos hoje. Entrou em campo parecendo já estar satisfeita com o empate, sofreu o primeiro golo e continuou a parecer satisfeita com o que se passava, e continuou ainda a não mudar de atitude após o segundo golo. Nem parece uma equipa do Nelo Vingada. Até ao fim, tempo para mais um golo do Simão, e para a estreia do Delibasic, que acabou por não mostrar nada porque poucas foram as vezes que tocou na bola. A Académica apenas reagiu um pouco já depois de estar a perder por 3-0, e conseguiu obrigar o Quim a uma boa defesa (mas será que ninguém consegue ensiná-lo a recolocar a bola em jogo em condições?).


Foi uma vitória normal, contra um adversário pouco incómodo, que nos permitiu subir ao 2º lugar, ou mesmo ao 1º caso o Boavista vença amanhã. Nos nossos jogadores, para além do Simão (obviamente o melhor em campo), Petit, e Manuel Fernandes (que não sabem jogar mal), destaco o Ricardo Rocha. Podem-se ir comprando torres brasileiras para o centro da defesa, mas o Trapattoni lá sabe porque é que não dispensa a presença do Ricardo na equipa. É um daqueles jogadores que gosto muito de ver com a camisola do Benfica vestida, e espero que em breve a direcção cumpra o que lhe prometeu, e faça a revisão do contrato dele. É um jogador que deveria ser considerado como integrante do tal 'núcleo duro' do clube a que o nosso presidente tantas vezes se refere.

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Contente

A notícia que me alegrou hoje.

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

E se...

...Luís Filipe Vieira se enganasse redondamente na escolha do técnico principal da equipa de futebol do Benfica não uma, mas duas vezes na mesma época? Eu consigo imaginar o clamor que haveria por essa imprensa desportiva fora. Primeiras páginas atrás de primeiras páginas, o desfile de sumidades e especialistas a darem-nos as suas opiniões avalizadas sobre o assunto, e o festival de entrevistas a 'notáveis' do Benfica, de forma a que todos tivessem igual oportunidade de espetar uma farpa na direcção.

Mas como isto é apenas um cenário virtual, neste momento vou apenas reclinar-me na cadeira, e divertir-me com os afazeres das formiguinhas que compõem o séquito de jornalistas admiradores do 'presidente perfeito', enquanto põem em marcha o intrincado plano de limpeza de imagem do seu ai-jesus. Prevejo uma abundância de expressões como 'liderança', 'capacidade de decisão', 'visão', e 'vitalidade'.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Mitos

Este vai ser comprido...

Ontem assisti, perdido de riso, à performance do Dr.Dias Ferreira no programa 'O Dia Seguinte', na SIC Notícias. Talvez com azia devido ao facto de, mais uma vez, o seu clube ter desperdiçado uma oportunidade dourada para se isolar no topo da tabela, o Dr.Dias Ferreira explodiu, e atirou-se com unhas e dentes ao árbitro António Costa. Ele estava genuinamente indignado (sem ter visto o jogo, atente-se!) com a arbitragem de António Costa no jogo da Taça da passada quarta-feira. Afirmou, com todas as letras, que o referido árbitro tinha sido nomeado para o jogo já com o intuito expresso de prejudicar o clube de Alvalade, e nomeou-o directamente responsável pelo afastamento do seu clube da Taça de Portugal (tendo em conta o já longuíssimo historial que o Benfica tem com este árbitro, a simples acusação de que este árbitro teria sido nomeado com o objectivo de beneficiar o Benfica já era suficiente para me fazer rir até às lágrimas).


Eu não tenho falado muito sobre arbitragens neste blog, até porque prefiro não me convencer que haja árbitros que andam deliberadamente a errar para influenciar resultados de jogos. Se eu passasse a acreditar nisso, creio que deixaria de ver futebol. O que eu penso é que há árbitros que são mais competentes do que outros. Mas este assunto do jogo da Taça já está a assumir proporções ridículas na forma como os adeptos do clube de Alvalade justificam a sua eliminação às mãos de António Costa, em vez de admitirem que foram eliminados pelo Benfica.

De facto, é mais fácil atirar as culpas para um árbitro que assinala um livre indirecto a 30 metros da baliza, por pé em riste do Polga (que efectivamente existiu, ao contrário do que os adeptos verdes teimam em afirmar), do que culpabilizar o guarda-redes que errou monumentalmente e ofereceu um golo ao Geovanni. Faltas daquelas há às dezenas durante um jogo de futebol, mas como neste caso, devido à infeliz intervenção do guarda-redes Tiago, houve um golo do Benfica, então o árbitro passou imediatamente a ser 'gatuno', e o referido lance um 'roubo de igreja'.

Há também o lance da expulsão do Viana, no final da primeira parte do prolongamento. Há teatro (por exagero) do João Pereira? Sim, é verdade. Como é aliás normal em praticamente todos os lances daquele género. Mas o que eu não compreendo é que, mostrando a TV que o Hugo Viana dá mesmo um murro na coxa do João Pereira, todos preferem fazer de conta que não viram esse pormenor. Sim, o Hugo Viana fechou a mão, e bateu com ela na coxa do João Pereira. Ele não é o pobre inocente que não fez nada, ou que simplesmente 'afastou as pernas do João Pereira', como ridiculamente já vi escrito. Se calhar não bateu no João Pereira com força suficiente para que ele fizesse aquele teatro todo? Não duvido, mas numa agressão não está em causa a intensidade, ou o sítio onde o golpe é desferido. Mas é melhor atacar o João Pereira, que é um jogador da casa, e dar-lhe nota '0' nos jornais por ter 'estragado' um grande jogo, em vez de se dizer que o Hugo Viana foi estúpido por ter dado ao jogador do Benfica um motivo para provocar a sua expulsão.


Diga-se de passagem que simulações (verdadeiras simulações, em que os jogadores em causa nem sequer são tocados) acontecem todos os fins-de-semana, e expulsões bem mais injustas são um cenário comum (isto para não falar de verdadeiras agressões que não são punidas, ou que quando são punidas posteriormente com recurso a imagens, depois assistimos ao folclore e indignação do costume sobre a punição inflingida ao prevaricador). Em nenhum destes casos eu alguma vez vi o 'simulador' em questão ser tão barbaramente atacado como o João Pereira. E este ataque continua. O 'Record', por exemplo, na sua apreciação aos jogadores do Benfica após o jogo com o Moreirense, deu ao João Pereira a pior nota de todas (ao mesmo nível do Fyssas, que esteve um autêntico desastre nesse jogo), e escreveu o seguinte:

JOÃO PEREIRA (1). Sofreu quatro faltas e fez uma. Por aqui dá para ver como foi agressivo! Não é actor para o papel de defesa-direito. Estimula o adversário.

Ora eu por acaso acho esta apreciação completamente injusta. O João Pereira não esteve exactamente brilhante, mas esteve ao nível do resto da equipa. Foi seguro a defender, e acompanhou bem o ataque. Pouco agressivo? Agora a qualidade de jogo de um jogador é avaliada pelo número de faltas que comete? Por acaso o jornalista em questão esqueceu-se, por exemplo, que o lance do segundo golo do Benfica nasceu de uma subida do João Pereira, com um centro para o Nuno Gomes? Ou será que isto ainda é azia em relação ao jogo da Taça (como o uso nada inocente da palavra 'actor' parece indicar)?


Repito: nunca vi um jogador, mesmo sendo autor de uma simulação descarada que prejudica o adversário, ser tão vilmente atacado. Um exemplo? Que tal o 'mágico' Deco o ano passado nas Antas, no lance em que 'expulsou' o Ricardo Rocha, tendo este ficado a meio metro de lhe tocar? Alguém veio dizer que jogadores destes faziam mal ao futebol, que tinham estragado o derby? Alguém deixou de lhe chamar 'mágico'? (já agora, não tenho nada contra o Deco, estou apenas a citar um exemplo). E o medíocre Peseiro, tem alguma autoridade moral para se atirar como se atirou ao João Pereira? É que nunca o vi fazer o mesmo em relação ao Liedson, que tem tanto de grande jogador como de grande simulador. Eu não sou exactamente um grande admirador do João Pereira, mas este tratamento que está a ser dado a um particular jogador irrita-me. Será que é por o jogador em causa ser jovem, produto das nossas escolas, e jogador do Benfica? Espero bem que não.


Mas voltando ao jogo, os adeptos de Alvalade vão continuar nesta táctica de repetir até à exaustão que o Benfica foi 'levado ao colo', e que o jogo em questão foi um roubo de igreja, até que daqui a uns meses, quando as imagens do jogo se apagarem das memórias das pessoas, apenas sobreviva a mentira. Será então que o mito estará criado, e o referido jogo passará, oficialmente, a ser um 'roubo descarado' nos anais da história do futebol (o 'roubo' em questão, convenientemente, omite o facto do golo do Liedson ter sido marcado em fora-de-jogo, o que evidentemente é um facto de somenos importância quando comparado com a mais que evidente premeditação do árbitro ao assinalar um livre indirecto a 30 metros da baliza...).

Esta táctica 'Goebbeliana' é bastante comum no futebol português quando aplicada ao Benfica. Um caso exemplar é a lengalenga do costume acerca das vitórias do Benfica durante os anos 60 e 70. Essas vitórias não foram conseguidas graças a equipas e jogadores que, para além das vitórias internas, disputaram cinco finais da Taça dos Campeões Europeus, vencendo duas, e foram parte fulcral de uma selecção portuguesa que conquistou o terceiro lugar no Campeonato do Mundo de '66 em Inglaterra. Não, essas vitórias foram todas 'graças ao Salazar'. Claro que durante as décadas de 40 e 50, em que o clube de Alvalade chegou a ganhar sete campeonatos em oito anos, as vitórias foram única e exclusivamente mérito dos famosos Cinco Violinos. O Salazar nessa altura, como se sabe, andou a dormir o tempo todo.


O presidente Pinto da Costa é um dos peritos na utilização deste princípio básico de Goebbels, sendo o exemplo mais famoso a história do Calabote que prolongou o jogo minutos sem fim na Luz, à espera que o Benfica marcasse um golo, enquanto que os desgraçadinhos dos jogadores e adeptos do FC Porto choravam e roiam as unhas em Torres Vedras, depois do jogo acabar (o FC Porto acabou por ganhar esse campeonato por um golo de diferença). Um exemplo concreto da aplicação dessa mesma táctica esta época é o jogo entre o Benfica e o Sp.Braga, tendo o senhor Pinto da Costa se referido por diversas vezes ao 'golo anulado' ao João Tomás nesse jogo. Pois, a questão é que eu estava lá nesse jogo, e o 'golo anulado' foi um fora-de-jogo (mal) assinalado ao João Tomás à entrada do meio-campo benfiquista, com a equipa do Benfica toda a a parar ao apito do árbitro, e o João Tomás a correr 40 metros com a bola e a enfiá-la na baliza uns bons 4 ou 5 segundos depois do árbitro ter apitado, o que lhe valeu inclusive um cartão amarelo. Mas o facto é que a táctica resulta mesmo, o mito foi criado, e o referido jogo já é sistematicamente listado no rol de jogos em que o Benfica foi beneficiado esta época. Só gostava de saber porque razão é que, sendo nós tão sistematicamente beneficiados pelas arbitragens, estamos há 10 anos sem ganhar o campeonato. Até na corrupção dos árbitros devemos ser incompetentes.