sábado, dezembro 22, 2007

UEFA

Bem, não foi um sorteio nada mau. O Nürnberg não é nenhum colosso. Está neste momento na 16ª posição da 1.Bundesliga, e do seu plantel destacam-se jogadores como Mintal, Charisteas, Misimovic, e o experiente Galasek. Caso consigamos passar teremos pela frente o vencedor da eliminatória entre o AEK e o Getafe. Tendo em conta outros possíveis adversários, não nos podemos queixar.

Entretanto, ontem à noite, um SMS do S.L.B. alertou-me que o Prof. Juju tinha entrado no espírito da quadra natalícia, e oferecido uma prenda aos adversários. Continuo a não conseguir perceber porque razão é que o melhor, mais completo e mais equilibrado plantel da Liga não consegue ganhar um jogo quando o Quaresma ou o Lucho não jogam.

Enfim, aproveitando a deixa do espírito natalício do Juju, desejo um Bom Natal para todos.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Dicotomia

Da noite para o dia. Foi esta a diferença do Benfica da primeira parte para a segunda. Diferença na táctica, na qualidade de jogo, e sobretudo na atitude dos jogadores em campo. E todas estas diferenças (para melhor na segunda parte) permitiram-nos derrotar folgadamente o Estrela da Amadora, ficando até a sensação de que o resultado final poderia ter sido ainda mais folgado do que o 3-0.

Com quase o mesmo onze do Restelo (a única alteração foi o Binya no lugar do Petit), o Benfica na primeira parte presenteou-nos com um autêntico 'Pesadelo no Restelo - Parte II'. Muita apatia na maioria dos jogadores, falta de comunicação, mau futebol e escassez de ideias resultaram numa exibição atroz. Em termos tácticos os próprios jogadores pareciam estar confusos, aglomerando-se no centro do terreno e atrapalhando-se uns aos outros. A apatia e falta de vontade de correr dos jogadores ficou para mim bem expressa numa jogada em que o Nélson intercepta uma bola junto à nossa área, e de imediato progride no terreno junto à linha. Pouco depois de passar a linha do meio-campo teve que parar e passar a bola para trás, isto porque nessa altura ele já era o jogador mais adiantado no terreno: o resto da equipa ficou toda parada a olhar para ele enquanto subia. O Benfica também jogou praticamente sem extremos: os dois uruguaios passaram o tempo todo a complicar, agarrando-se à bola e metendo-se para o interior do campo, chegando a ser exasperante ver os nossos laterais sem opções para trocar a bola junto à linha (em relação ao Maxi Pereira, devo dizer que durante a primeira parte terá feito uma das exibições mais inúteis e desastradas que alguma vez vi um jogador do Benfica fazer - incluindo o Luís Filipe). Durante estes penosos primeiros quarenta e cinco minutos, apenas dois lances de realce: um cabeceamento do Cardozo a centro do Rui Costa, bem defendido pelo Nélson, e um outro cabeceamento do Rodríguez após uma bonita iniciativa do Nélson na direita, que passou muito perto do poste. E assim se chegou ao intervalo, connosco mais uma vez a dar uma parte de avanço ao adversário.


Na segunda parte vieram as já referidas alterações. Em primeiro lugar, tácticas, com o Benfica a apresentar-se num 4-4-2 bem definido, e com duas surpresas, pelo menos para mim. A primeira foi a saída do Nélson, ficando o Maxi com as funções de lateral direito. Conforme disse, o Maxi foi claramente o pior jogador do Benfica na primeira parte (e tendo em conta quão má foi a nossa primeira parte, isto quer dizer muito), e ter-se mantido em campo pareceu-me um recompensa injusta para tal desempenho. A segunda surpresa foi a saída do Rui Costa, tendo em conta a conhecida dependência que temos dele (eu teria apostado no Binya para sair). Para os seus lugares entraram o Di María e o Nuno Gomes. A diferença notou-se praticamente desde o apito para o início do segundo tempo. A atitude foi completamente diferente, e houve jogadores que se transfiguraram completamente após o intervalo - o Katsouranis foi o caso mais flagrante. Talvez por não podermos recorrer ao subterfúgio de meter sempre a bola nos pés do Rui Costa e esperar para ver o que ele faz, começámos a jogar a toda a largura do campo - desta vez com extremos a sério, com o Di María bem encostado à linha direita e o Rodríguez a fazer o mesmo do lado contrário. Além disso, como também não havia o marcador directo do Rui a segui-lo por todo o lado, a zona no meio-campo à frente da defesa do Estrela ficou mais desanuviada, o que permitiu mais espaço para construirmos jogadas perto da área adversária.


As oportunidades de golo começaram a surgir de imediato. Logo a abrir o Binya enviou uma bola à barra. E pouco depois o golo surgiu mesmo, num cabeceamento do Rodríguez ao primeiro poste, após um lançamento de linha lateral do Binya. Não abrandou o Benfica após o golo, e as oportunidades continuaram a suceder-se: livre do Cardozo a originar uma grande defesa do Nélson, cabeceamento do Katsouranis a passar perto, remate de ângulo apertado do Nuno Gomes a ser sacudido para canto, e na sequência desse mesmo canto, penalti (pareceu-me) claro sobre o David Luiz, que o Cardozo aproveitou para colocar o marcador em 2-0. A pressão continuou, com os nossos jogadores a manterem sempre um ritmo de jogo bastante elevado, jogando-se quase exclusivamente no meio-campo do Estrela, mas só mesmo no minuto noventa surgiu o terceiro golo, com o Nuno Gomes a encostar facilmente após uma assistência do Di María na direita. E ainda deu para mais nos minutos de desconto, pois o Cardozo ainda viu uma grande oportunidade de golo ser negada pelo Nélson, e não sei se não terá sido mesmo penalti sobre o Adu (que viu cartão amarelo por simulação).


Quanto aos nossos jogadores, acho que praticamente só posso falar da segunda parte, já que a primeira foi tão má que quero apagá-la rapidamente da memória. Não sei se foi o melhor em campo ou não, mas um jogador que me agradou durante quase todo o jogo foi o David Luíz. A jogar muito em antecipação, como gosta, trouxe várias vezes a bola controlada para o ataque, enquanto que na defesa esteve sempre atento. Também o Katsouranis, tal como disse anteriormente, fez para mim uma grande segunda parte, actuando como um verdadeiro médio 'box-to-box' assim que se libertou das amarras da posição de trinco puro. Achei que a entrada quer do Di María, quer do Nuno Gomes, foram importantes. O primeiro esteve bastante activo na direita, construiu boas jogadas de entendimento com o Maxi, e culminou a sua actuação com uma assitência para o Nuno Gomes marcar. Além disso veio trazer mais velocidade a um jogo que, da nossa parte, estava quase estagnado no primeiro tempo. O segundo veio causar muito maiores dificuldades à defesa do Estrela com as suas movimentações, alterando o cenário da primeira parte, em que o avançado único era presa fácil, e ainda marcou um golo (o sexto no campeonato). O Léo também fez uma boa segunda parte, e viu o seu nome ser gritado das bancadas da Luz. No final do jogo, com a educação a que nos habituou, deu-nos esperanças que possa permanecer no Benfica. Pela parte que me toca, espero que assim aconteça.


Esta vitória foi importante para travar o ciclo negativo das últimas jornadas, garantindo a passagem de ano no segundo lugar. Fica a preocupação de termos visto uma primeira parte a um nível muito baixo, quando todos esperaríamos que o que se passou no Restelo não voltasse a acontecer. Resta agora esperar que 2008, traga melhores dias nas muitas jornadas que ainda há por disputar no campeonato.

domingo, dezembro 16, 2007

Palavras

Acho que não há muito a dizer sobre a derrota desta noite. Os principais culpados somos nós mesmo, que praticamente oferecendo a primeira parte ao adversário, e com uma exibição muito pobre durante quase todo o jogo, criámos todas as condições para sairmos derrotados do Restelo.

Regressando ao avançado único, com dois trincos (Petit e Katsouranis - este actuando mais recuado) atrás do Rui Costa, o Benfica nunca pareceu conseguir atinar durante o primeiro tempo. Frente a um adversário com o meio-campo bem povoado, os nossos jogadores mostraram dificuldades em acertar com as marcações, em particular quando os adversários partiam em diagonais do centro para as laterais, criando situações de 2 x 1 contra os nossos laterais, muito por culpa dos uruguaios Pereira e Rodríguez, que ou defenderam mal (Pereira), ou nem sequer se incomodaram em ajudar a defender, acompanhando quem subia pelo seu lado (Rodríguez). Para ajudar à festa, mesmo os avançados adversários caíam sobre as alas, procurando abrir espaços para as entradas do Silas ou do Zé Pedro, e aqui foram os nossos trincos que muitas vezes pareceram perdidos nas marcações. Em termos atacantes o Cardozo passou grande parte do jogo entregue à sua sorte, e o pouco que ainda fizemos durante os primeiros quarenta e cinco minutos acabou por sair dos pés do Rui Costa, que ainda assim teve uma noite infeliz, já que não me recordo de algum dia ter visto um jogo em que ele tivesse falhado tantos passes, ou entupido tanto o jogo. O nulo ao intervalo era natural para o nosso lado, já que a produção ofensiva era quase inexistente, o mesmo não se podendo aplicar ao Belenenses, que esteve perto de marcar em mais de uma situação.

A segunda parte trouxe melhorias, mas poucas. O Benfica conseguiu ter mais iniciativa no jogo, enquanto que o Belenenses adoptou uma attitude de maior expectativa, tentando explorar o contra-ataque sempre que possível. A luta a meio-campo passou a tender ligeiramente para o nosso lado, e isso permitia-nos jogar mais tempo no campo adversário. Mas a qualidade continuou a deixar muito a desejar, e o Cardozo continuou a ser um jogador muito só na frente. Numa tentativa de alterar isto entraram o Nuno Gomes e o Di María para reforçar o ataque, e o jogo pareceu entrar numa fase em que se qualquer das equipas marcasse, isso provavelmente seria garante de vitória. Quem marcou foi o Belenenses, numa jogada de contra-ataque. Muitas culpas para o Luisão no golo, já que o avançado adversário estava sozinho, descaído para o lado direito da nossa defesa, e o Luisão permitiu-lhe fintar para dentro, dando-lhe depois espaço e tempo suficiente para que pudesse rematar cruzado, sem hipóteses de defesa para o Quim. Reagiu o Benfica mais com o coração, estando perto de marcar em apenas duas ocasiões: num falhanço incrível do Cardozo após cruzamento do Di María, e num golo (bem) anulado ao mesmo Cardozo por fora-de-jogo. Na fase final da partida o Benfica já procurava chegar à frente da forma mais rápida possível, quase sem qualquer organização, e o Belenenses deu ideia de até poder aproveitar para dilatar a vantagem. O jogo acabou com o 1-0 no marcador e, face ao que vi esta noite fria no Restelo, aceito o resultado como justo.

Em geral, os nossos jogadores esta noite voltaram a descer para níveis exibicionais preocupantes. O caso mais flagrante parece ser o do Rodríguez, que desde o jogo com o Porto (inclusive) anda irreconhecível. Também mal esteve o Pereira, demasiado trapalhão, inofensivo no ataque e inútil na defesa. Mau jogo. sobretudo no aspecto táctico, também dos dois trincos da equipa, em particular do Katsouranis. Se calhar os únicos que se salvaram da mediania geral acabaram por ser o David Luíz, que mostrou sempre uma boa atitude em campo, tentando empurrar a equipa para a frente, e efectuou diversos cortes importantes, e o Nélson, que fez incontáveis dobras aos colegas da defesa.

Se já era difícil, depois do resultado desta noite o título parece agora uma miragem. Mas independentemente da desvantagem para o primeiro classificado, o Benfica não pode apresentar-se em campo e exibir-se como o fez esta noite. Esta noite, o salir a ganar ficou-se pelas palavras.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Encomendas

Surpreendeu-me e, acima de tudo, irritou-me sinceramente o artigo hoje n'A Bola, assinado pelo José Manuel Delgado, intitulado 'A Peso de Ouro', e em que são analisados os custos da passagem do Miccoli pelo Benfica. Surpreende-me por duas razões: pelo teor, e pela oportunidade do mesmo. Miccoli era um 'menino bonito' dos adeptos benfiquistas. Devido a dois motivos: a sua qualidade indiscutível, e a sua paixão - real - pelo nosso clube, que lhe permitia ter uma empatia única com os adeptos. A propósito disto, um aparte: a semana passada, em conversa com alguém bem informado sobre os meandros do futebol, soube de alguns pormenores deliciosos sobre o pequeno italiano. Sabiam que a alcunha que os colegas de equipa do Miccoli no Palermo lhe puseram é... 'Eusébio', devido ao facto dele passar o tempo todo a falar do Benfica? Ou que a forma como ele se refere à nossa camisola é 'O Manto Sagrado', tendo sido este o termo por ele utilizado quando se recusou terminantemente a ouvir sequer a proposta que tinha chegado à Juventus, vinda de um clube do Norte de Portugal (até à última ele ficou à espera de uma proposta do Benfica)? Não duvido que a vontade do Miccoli seria ficar no Benfica, e a justificação da pressão da família para que regressasse a Itália, ou de que era demasiado caro para os nossos cofres são, no mínimo, convenientes.

Quem me conhece sabe que eu sou um apoiante do trabalho da actual direcção, reconheço tudo o que de bom têm feito, e como tal até tenho uma grande margem de tolerância para erros que eventualmente cometam. O que eu não admito é que me tentem comer por parvo. E quando hoje li a encomenda, perdão, 'artigo' do José Manuel Delgado n'A Bola, essa foi a sensação com que fiquei. A oportunidade do mesmo não deixa de ser curiosa: pouco depois da publicação do livro do José Veiga, em que a saída do Miccoli é apresentada como arma de arremesso à política desportiva da actual direcção. Dias depois, surge um artigo como este, em que essa mesma saída nos é vendida como uma inevitabilidade do ponto de vista financeiro. A finalidade de encomendas, perdão, 'artigos' como este sei eu qual é. Mas em mim provoca o efeito adverso: é que me deixa a matutar que se calhar até é capaz de haver mais verdade nas divagações do Veiga do que inicialmente eu estaria disposto a conceder.

Não sei quem terá oportunamente feito chegar ao José Manuel Delgado os números que ele utiliza para elaborar o 'artigo' - embora o detalhe dos mesmos me leve a concluir que o mais provável é que tenham saído de dentro do próprio Benfica, o que ainda aumenta mais o cheiro a encomenda. Agora o que me parece é que mesmo assim esses números estarão a ser manipulados. A título de exemplo, o ordenado do Miccoli na segunda época de Benfica é apresentado como um valor próximo dos dois milhões e meio de euros anuais. Eu até estaria disposto a acreditar que esse fosse o ordenado dele, só que sabemos que metade dele era suportado pelo seu clube de origem, a Juventus. No entanto, e para efeitos de cálculo dos custos do italiano ao Benfica, o valor utilizado é mesmo o total. Ou seja, estão à espera que eu acredite que o ordenado total do Miccoli seria próximo dos cinco milhões de euros anuais (como comparação, posso dizer que o ordenado anual do Kaká cifra-se em cerca de 6 milhões de euros por ano, ou que o do Totti é de 5,5 milhões/ano)? Mesmo os próprios valores apresentados para o ordenado do Miccoli no referido artigo (1,980 milhões de euros no primeiro ano, e 2,375 milhões no segundo) me parecem exagerados. Pelo menos se forem apresentados como aquilo que ele viria auferir para o Benfica - até poderiam ser os ordenados totais que ele recebia enquanto jogador da Juventus, mas isso não significa que ele viria auferir valores dessa ordem de grandeza caso se transferisse para o Benfica. Se não acreditam, basta consultarem a lista dos ordenados dos jogadores da Serie A que a Gazetta dello Sport publicou em Setembro deste ano. Está lá tudo. Reparem no ordenado do Miccoli: 1 milhão de euros por ano! Mesmo tendo em conta eventuais prémios ou luvas, o Miccoli seria um jogador caro? Mentira! E tendo em conta a vontade que ele tinha em continuar, acham que ele iria pedir ao Benfica muito mais do que aquilo que foi receber para o Palermo? Eu não.

Aliás, eu já ando com a pulga atrás da orelha há algum tempo com isto das encomendas. O outro exemplo que me parece evidente é o do Léo. Há umas semanas começámos a ver notícias que davam conta das exigências do Léo para a renovação: três anos de contrato (já sabemos, pela boca do próprio, que é mentira, ele quer dois anos) e uma melhoria substancial de ordenado. Assim que li isto, a minha reacção foi logo 'Já estão a fazer a cama ao Léo'. Sinceramente, daquilo que conhecemos do Léo desde que chegou ao Benfica, quer dentro, quer fora do campo, acham que isto é verdade? O Léo é um profissional ideal, fora do campo responde sempre com elevação, mesmo às perguntas e insinuações mais sórdidas dos jornaleiros, na sua constante demanda para tirarem nabos da púcara, nunca se lhe ouviu uma palavra negativa em relação ao Benfica ou a qualquer pessoa ligada ao Benfica, tem um rendimento em campo que não pode ser criticado, e que nem sequer oscilou quando ele sofreu problemas graves na sua vida pessoal, sempre manifestou total dedicação ao clube e vontade de permanecer. E agora, tendo ele 32 anos, acham que desataria a fazer exigências disparatadas para essa mesma permanência? Não brinquem comigo.

Se há quem não tenha interesse na permanência do Léo, seja por razões desportivas ou outras, que o assuma. Tal como deveriam ter assumido que não havia interesse na adquisição do Miccoli. Podiam dar as justificações que quisessem: que ele se lesionava demasiado, que o seu rendimento não correspondia ao esperado, ou que não se encaixava no perfil do jogador que o técnico desejava para aquela posição no terreno. Mas por favor, não tentem atirar-nos poeira para os olhos. Se têm medo da reacção dos adeptos, então falta ali estofo de liderança.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Aniversário

Graças à atenção de um leitor assíduo, acabei de reparar que este blog completa hoje três anos de existência. O que vale é que há gente mais atenta a estas coisas do que eu :)

Sim, faz precisamente hoje três anos estava eu pior que estragado, depois de ter enfrentado uma noite gélida no Restelo, ter sido 'roubado' no preço do bilhete, e de ter visto o Benfica do Trapattoni fazer uma das suas piores exibições de sempre, sendo goleado por 4-1 pelo Belenenses, com um desempenho de luxo da dupla Argel/Amoreirinha no centro da defesa (quem pagou o pato acabou por ser o Moreira, ironicamente o melhor em campo nessa noite de má memória), e resolvi então vir desabafar a minha irritação para a internet. Três anos passados, ainda por cá continuo, o que não é senão mérito de todos aqueles que visitam este espaço, e ajudam a manter o meu gosto em ter este espaço de discussão de e para benfiquistas. O meu obrigado a todos, portanto.

Nem de propósito, este mesmo fim-de-semana lá vou eu ao Restelo outra vez. Só espero que o resultado seja melhor desta vez. A não ser que me garantam que em caso contrário, pelo menos o defecho final do campeonato será o mesmo de há três anos.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Tranquila

Vitória relativamente tranquila do Benfica, num jogo em que a sua superioridade ao longo dos noventa minutos foi evidente, mesmo tendo em conta o relativo desnorte da equipa na segunda parte, após o golo quase fortuito da Académica.

Benfica em 4-4-2 (desta vez o Nuno Gomes actuou mesmo na frente, ao lado do Cardozo, e não nas suas costas) e poupando mais de metade da equipa: Quim, David Luiz, Rui Costa, Katsouranis, Pereira e Rodríguez ficaram de fora, e regressaram jogadores como Butt, Edcarlos, Binya ou Nuno Assis. A Académica mostrou algum atrevimento na disposição em campo, alinhando num 4-3-3 bem demarcado, mas acabou por ficar-se apenas pelas boas intenções. É que foi uma equipa praticamente inexistente em termos ofensivos durante toda a primeira parte. O Benifca, mesmo com limitações na organização das jogadas de ataque (Petit ou Binya, claramente, não são jogadores talhados para essas funções), foi dominando o jogo com grande facilidade, e parecia ser apenas uma questão de tempo até o golo aparecer com naturalidade. Apesar das ameaças (enviámos mesmo uma bola ao poste), isso acabou por acontecer apenas a cinco minutos do intervalo, num cabeceamento do Luisão que quase pareceu fácil, a concluir uma sequência de cantos a nosso favor. Antes do intervalo, e após uma grande iniciativa do Léo pelo centro, o Cardozo aumentou para dois a nossa vantagem, finalizando com calma frente ao Pedro Roma.

Com dois golos de vantagem, e face à forma como decorrera a primeira parte, seria pouco previsível que a segunda parte diferisse muito do que se tinha visto até então. Mas logo no início aconteceu a lesão do Léo, entrando para o seu lugar o Luís Filipe (se calhar alguém poderia ter avisado o Camacho que o Nélson até tem mais rotina na posição de lateral esquerdo do que o Luís Filipe). Depois o Butt deve ter achado que da forma como o jogo estava a correr não teria grandes oportunidades para se mostrar, e vai daí resolveu confiar no golpe de vista e acabou consentir o golo da Académica. O Benfica tremeu com este golo, e durante cerca de vinte minutos assistiu-se ao melhor período da Briosa no jogo, chegando mesmo perto do empate (que acabou por lhes ser negado por uma boa defesa do Butt e pelo poste da nossa baliza). No quarto de hora final o Benfica voltou a crescer, e acabou por chegar ao terceiro golo, mais uma vez pelo Cardozo, a concluir de cabeça um centro muito bom do Nuno Gomes (antes disso já o Adu, na primeira vez que tocou na bola, tinha estado muito perto do golo). Até final ainda deu para o Mantorras jogar uns minutinhos, e apesar de não ter tido tempo para fazer fosse o que fosse, deu pelo menos para ver que, na verdade, ele já não coxeia quando corre.

O melhor jogador do Benfica em campo foi, para mim, indiscutivelmente o Luisão. Não só pelo golo, mas também por tudo o que fez na defesa (parece-me que é mais fácil para o Luisão destacar-se na defesa com o Edcarlos ao lado do que com o David Luiz). O Cardozo voltou a marcar dois, um deles de cabeça, e parece cada vez mais adaptado ao Benfica (apesar de me continuar a parecer que não se assinalam mais de metade das faltas que ele sofre sempre que disputa bolas aéreas, já que os defesas estão constantemente a segurá-lo e a encavalitarem-se nas suas costas).

Missão cumprida, e sem grande esforço. Que venham os próximos.

terça-feira, dezembro 04, 2007

À Benfica

Missão cumprida, e o prémio de consolação (continuidade na Europa, via UEFA) conquistado. E isto foi conseguido, tal como outras vitórias esta época, à custa de atitude. Foi esta atitude que eu não vi no Sábado passado em campo, e por isso me irritei tanto. É que mesmo quando as coisas por acaso não correm pelo melhor, quando os jogadores se apresentam em campo com a mentalidade de hoje, há sempre mais hipóteses do final ser feliz.


Duas 'surpresas' no onze inicial do Benfica esta noite, considerando as equipas que iam sendo avançadas pelos jornaleiros: o regresso do Nélson à titularidade na direita da defesa e a presença do Cardozo no ataque, relegando o Nuno Gomes para o banco de suplentes. Pelo Shakhtar, entrou em campo exactamente a mesma equipa que há cerca de dois meses nos venceu na Luz, com o trio brasileiro no meio-campo que tanto trabalho deu nesse jogo. Os ucranianos entraram com a intenção de pressionar o Benfica, mas logo aos cinco minutos de jogo um desentendimento entre na defesa ucraniana deixou o Cardozo isolado, e o Tacuara limitou-se a ultrapassar o guarda-redes e a atirar para a baliza deserta. Era difícil pedir um início melhor. O Shakhtar não abrandou a pressão, jogando um futebol de passes rápidos e bastante aberto, com os laterais a surgirem frequentemente nas alas a cruzar a bola. Apesar desta pressão, a verdade é que a bola era colocada na nossa área várias vezes, mas não se viam muitas verdadeiras oportunidades de golo para os adversários, muito por culpa da coesão e organização defensiva do Benfica. Aliás, uma boa parte da culpa desta pressão ofensiva ucraniana era do próprio Benfica, que parecia demasiado ansioso em afastar a bola o mais rapidamente possível da sua baliza, em vez de tentar saídas mais controladas para o ataque, e assim a bola regressava rapidamente aos pés dos adversários, permitindo-lhes lançar mais um ataque.


Estava o jogo nesta toada quando, pouco depois dos vinte minutos, o Benfica resolve atacar com alguma organização. O Nélson recupera uma bola em antecipação sobre a linha do meio-campo, progride até perto da área e solta a bola para o Maxi Pereira na direita. Este faz um centro bem medido para a área, onde o Cardozo aparece a fuzilar a baliza com um cabeceamento irrepreensível. Nada mau para um jogador cujo jogo de cabeça tem sido objecto de críticas frequentes desde que chegou à Luz (e talvez sinal que algum trabalho estará a ser feito para corrigir esse aspecto do jogo dele). Dois a zero para o Benfica, conseguidos com uma eficácia tal que até era estranho (nos cinco jogos anteriores devemos ter feito mais de oitenta remates para marcarmos três golos). Infelizmente a tranquilidade de uma vantagem de dois golos não durou muito, já que à meia-hora de jogo um penalti muito infantil (também um pouco forçado) do David Luiz permitiu aos ucranianos reduzirem, através do Lucarelli. Só que quando se esperava um assalto ainda mais intenso à nossa baliza, a verdade é que pouco depois deste golo aconteceu precisamente o contrário. O Shakhtar como que perdeu a chama, e o Benfica começou a ser capaz de manter a bola em seu poder durante mais tempo, trocá-la em progressão, e jogar no meio-campo adversário, sendo assim relativamente fácil chegar ao intervalo em vantagem.


Na segunda parte mais uma vez o Shakhtar deu a sensação de querer entrar em força, mas foi sol de pouca dura, já que acabou por ser um fogacho de cerca de cinco minutos. Com o Benfica a melhorar bastante o posicionamento na defesa e, pareceu-me, uma subida acentuada de rendimento dos nossos dois médios defensivos (em especial o Katsouranis), o adversário já não conseguiu impor o seu ritmo no jogo. Talvez por isso (felizmente) alteraram radicalmente o seu estilo de jogo, já que em vez do futebol ao primeiro toque e pelas faixas, passaram a optar cada vez mais pelo jogo directo, com os brasileiros do meio-campo a passarem grande parte do tempo a verem a bola passar por cima das suas cabeças. A um jogo deste tipo o Luisão e o David Luiz agradecem, e acho que apenas consigo recordar-me de uma oportunidade dos ucranianos, quando o Srna apareceu a rematar de um ângulo quase fechado à parte de fora do poste (com o Quim bem posicionado). Entretanto abriam-se também espaços para o Benfica poder contra-atacar, e pelo menos já tinha a sensação de que até era possível que conseguíssemos marcar o golo que decidiria o jogo. Tal não aconteceu, e o resultado que nos deu o apuramento para a UEFA foi seguro sem grandes sobressaltos.


A equipa hoje actuou sobretudo como um bloco, e não é fácil estar a destacar muitos jogadores. Mas é evidente que o Cardozo, por ter marcado os dois golos, e por ter trabalhado muito na frente apesar de desacompanhado a maior parte do tempo, tem que ser mencionado. Também menciono a defesa. Não destaco nenhum jogador individualmente, até porque para mim todos eles acabaram por cometer um ou outro erro básico durante o jogo. Mas a verdade é que quando um destes erros era cometido, aparecia quase sempre um colega bem posicionado a fazer a dobra e a anular o perigo. Gostei desta coesão do sector defensivo, e da equipa em geral.


Não foi uma exibição brilhante, mas foi mais uma vitória conseguida à custa de muito trabalho e de uma boa atitude em campo. Conforme já disse, quando é assim é mais difícil as coisas correrem mal. E mesmo quando correm mal, é mais difícil eu ficar chateado com a equipa. Porque jogar com esta alma é também jogar à Benfica, e por isso hoje foi uma vitória à Benfica. Não tenho muitas dúvidas que esta vitória será uma desilusão para muita gente, apostada que estaria em ver o Benfica resvalar após a derrota do passado Sábado. Uma ronda rápida pelos jornais online já deixa antever azia, e ver que aquilo que por outras bandas seria 'eficácia' ou 'personalidade' quando se passa aqui para os nossos lados já se chama 'sorte', 'felicidade' e outras coisas mais. Nada a que não esteja já habituado.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Apocalipse

Não li jornais, não ouvi rádio, não vi noticiários na televisão, não visitei sites que falam sobre futebol (à excepção dos meus blogs). Foi assim o meu day after após a derrota de Sábado à noite. Quando o Benfica perde é normalmente assim; não quero ouvir sequer falar de futebol. Como tal, por exemplo, nem sequer vi ainda um resumo do nosso jogo (por isso é que no meu post digo que o passe errado que deu origem ao golo foi do Petit, quando afinal parece que foi do Rodríguez), só esta manhã é que descobri que os piqueniqueiros do Lumiar empataram em casa com o último e um ou outro lenço branco foi acenado no estádio, e também só hoje reparei que a performance da minha equipa na Fantasy League da Premiership foi horrenda esta semana.

Mas este comportamento também tem as suas vantagens. Nomeadamente, impede-me de ter contacto com o Dia do Juízo Final do Benfica. É que o Benfica nunca perde simplesmente um jogo. Quando a derrota acontece, é como se as trombetas do Juízo Final ecoassem. Como eu me desliguei da realidade, fiquei sem saber que afinal o plantel do Benfica é fraco e mal construído, que os nossos jogadores são todos coxos, que o Camacho é mau treinador, que o Luís Filipe Vieira é mau presidente, e mais mil e uma desgraças ou erros de palmatória que são evidentes para toda a gente com dois dedos de testa (mas curiosamente só se repara neles após um mau resultado do Benfica). Se das hienas do costume consigo compreender este tipo de comportamento e críticas, já que é para isto que vivem e, sinceramente, já deviam andar esfaimadas há algum tempo, custa-me sempre mais assistir a este tipo de comportamento apocalíptico em nós próprios, adeptos do Benfica. Acho que é importante termos espírito crítico, e dizermos quando algo está mal. Se nós jogamos mal, há que admiti-lo. Se um jogador nosso não dá uma para a caixa, o mais normal é criticá-lo por isso. Mas as extrapolações e exageros daí resultantes já são mais difíceis de digerir.

O Benfica no Sábado passado fez um mau jogo. Foi isso que eu basicamente quis dizer no meu post. E fez um mau jogo tendo em conta sobretudo a questão da atitude em campo, ainda para mais quando comparamos isto com o que tínhamos visto nos últimos jogos. Mas mesmo fazendo este mau jogo, o que jogámos poderia ter sido suficiente para termos vencido. Não, não acho que o Porto tenha feito uma exibição de encher o olho, ou sequer dominado o encontro. Tiveram mais oportunidades de golo do que nós? Bastava que uma das nossas oportunidades tivesse entrado (como entrou uma do Porto) e se calhar a história hoje seria completamente diferente. Eu alinho pela velha máxima de que o Benfica nunca perde, o que se passa é que às vezes o Benfica não ganha - e foi por isto que me irritei, porque fiquei com a sensação de que foi o Benfica quem não ganhou o jogo, e não o Porto quem o ganhou. Daí o motivo para a minha irritação: saber que somos capazes de mais, muito mais do que aquilo que mostrámos. Apesar de ter criticado a nossa equipa como critiquei no post sobre o jogo, nem por um único segundo duvido, ou alguma vez duvidarei que o Benfica é muito melhor do que aquilo que vi no Sábado, é melhor do que o Porto, e que tem valor mais do que suficiente no seu plantel para vencer qualquer Porto que nos apareça à frente. E por isso não consigo alinhar na chuva de críticas descabidas que aparecem da noite para o dia logo a seguir a uma derrota. Um pai pode ralhar a um filho que tem uma má nota num teste, e mandá-lo estudar mais para o próximo. O que não faz de certeza é desistir dele e pô-lo fora de casa.

Tenho a certeza que as hienas, sempre insaciáveis, já aguçam os dentes à espera do jogo de amanhã na Ucrânia. Seria bom que nós, benfiquistas, não nos juntássemos a elas, até porque o riso das hienas é uma coisa muito feia (a única coisa louvável das hienas é não suportarem leões). Por mim, estou à espera que a má noite de Sábado seja rapidamente esquecida, e que consigamos trazer da Ucrânia a continuidade na UEFA. Mas se por acaso o Benfica se lembrar de não ganhar outra vez, no próximo fim-de-semana lá estarei mais uma vez na Luz. E sem lenço branco.

domingo, dezembro 02, 2007

Horrível

Não há muito a dizer. Hoje foi tudo demasiado horrível. Fomos uma equipa sem alma, desgarrada e sem ideias. Alguns dos jogadores pareciam que tinham acabado de se encontrar com os colegas de equipa, estando a jogar com eles pela primeira vez na vida. Outros pareciam até que achavam a própria bola um objecto estranho. Foi um Benfica irreconhecível.

Nos primeiros quarenta e cinco minutos o Benfica praticamente resumiu-se a uma oportunidade flagrante aos cinquenta segundos de jogo, desperdiçada pelo Nuno Gomes, e uns minutos iniciais de algum pendor ofensivo. De resto, foi uma primeira parte quase oferecida de bandeja ao adversário, por uma equipa que pouco correu, pouco pressionou, pouco meteu o pé, e quase sempre insistiu em complicar o que era fácil. Sair com a bola controlada para o ataque era mentira: ou o faziam mal, ou então o Quim optava por chutar a bola para a frente, oferecendo a bola ao adversário. Mesmo quando os defesas lhe iam pedir a bola, ele mandava-os embora para poder despejar a bola. Os jogadores adversários podiam fazer as suas jogadas no nosso meio-campo, às vezes com apenas dois ou três jogadores, que ninguém os incomodava. A pressão sobre eles foi praticamente nula (ao contrário do que eles faziam quando éramos nós a ter a bola). Para compor o ramalhete, sofre-se um golo infantil, com uma perda de bola na zona do meio-campo na saída para o ataque (passe cretino do Petit), e o adversário a aproveitar o facto da defesa ser apanhada em contrapé (o Léo tinha subido) para marcar. Pior ainda: essa nem sequer foi a primeira vez que esse mesmo erro foi cometido.

Na segunda parte apenas melhorou um pouco o querer da equipa, conseguindo remeter o adversário mais tempo para o seu meio-campo, mas a qualidade deixou muito a desejar. Houve duas boas oportunidades (Nuno Gomes no primeiro minuto, e Adu mal entrou) que foram bem resolvidas pelo guarda-redes adversário. Alguns dos nossos jogadores estiveram irreconhecíveis, até mesmo aqueles que costumam ser mais fiáveis: o Rui Costa passou o tempo todo a agarrar-se demasiado à bola, a tomar opções mais que previsíveis, e falhou mais de metade dos passes; o Petit insistia sempre em complicar, dando mais um toque na bola, e houve alturas em que parecia perdido em campo; do Katsouranis nem sequer vale a pena falar: mal dei por ele; o Luisão parecia um infantil, com medo de meter o pé aos lances em não sei quantas ocasiões; o Rodríguez, o Pereira, o Luís Filipe, todos estiveram mal. Mal, mal, mal. Foi uma espécie de pesadelo dos piores dias do Nandinho. Para vencer, ao nosso adversário bastou manter sempre a sua organização, e explorar os nossos erros. Quanto a nós, apesar de alguma vontade demonstrada na segunda parte, apresentámos um futebol demasiado lento e previsível para conseguirmos furar essa mesma organização.

Nem vou escrever mais nada, porque senão só vou continuar a bater nos nossos jogadores, que hoje me entristeceram muito. Foi um dia demasiado mau. Paciência. Lá teremos que ir ganhar ao Porto na segunda volta.