quinta-feira, novembro 27, 2008

Descalabro

Foi um descalabro completo do Benfica esta noite, que resultou numa humilhação. Não há outro nome a dar-lhe. Este foi dos resultados que mais me custaram ver na história do Benfica. Quando perdemos em Vigo, daquela equipa do Benfica aproveitavam-se para aí o JVP e o Enke, e pouco mais. Mas esta equipa tem valor e obrigação para fazer mais, muito mais. Eu pelo menos espero muito dela. Antes deste jogo, a minha principal preocupação prendia-se com a ausência do Luisão. Infelizmente essa ausência notou-se muito mais do que eu esperaria.

Se a alteração na defesa, devido à ausência forçada do Luisão, não foi surpresa, já a presença do Binya a meio campo, no lugar do Katsouranis, foi uma meia surpresa. Talvez o grego não estivesse completamente recuperado. Mas a dada a sua experiência, ainda para mais jogando nós num ambiente que ele conhece bem, eu estava à espera que a sua inclusão na equipa fosse um dado adquirido. De resto, apresentámos o 4-4-2 tradicional. E quanto ao jogo, ele praticamente resume-se aos golos do Olympiacos, entrecortados pelo nosso ponto de honra. É que nem deu tempo para assentar: passados quarenta e dois segundos de jogo, já o primeiro golo tinha entrado. E logo nessa primeira jogada, ficaram expostas as fragilidades da nossa defesa neste jogo, em particular pelo lado esquerdo e pelo centro. O Galletti entrou, a exemplo do que fez durante todo o jogo, como quis pela esquerda, o Diogo apareceu solto pelo meio, e a bola acabou por ressaltar para o mesmo Galletti, que marcou. Tentámos reagir, marcámos um golo esquisito que foi bem anulado, e passado um quarto de hora os gregos resolveram atacar outra vez, fizeram o segundo remate, e marcaram o segundo golo. Desta vez um alívio do Maxi (que foi dobrar os centrais) caiu nos pés de um médio grego que, à vontade na área, rematou para o golo. Vinte e quatro minutos, o Diogo entra à vontade pelo meio, e três a zero. A estatística mostrava três remates para o Olympiacos, três golos. Eficácia absoluta (ou, se preferirmos, ineficácia total da nossa defesa). O Benfica até reagiu a esta desvantagem. Aproximou-se da área adversária, rematou, e marcou mesmo um golo, pelo David Luiz pouco depois da meia hora, na sequência de um canto. Mas quando acreditávamos que ainda seria possível entrar na discussão do resultado (eu pelo menos acreditava; mesmo se estivermos a perder por seis, se marcarmos um eu encaro sempre esse golo como o início da reviravolta), a fechar a primeira parte mais um golo ridículo, em que o Jorge Ribeiro ficou ali feito boi a olhar para um palácio enquanto o Galletti mais uma vez lhe fugia, para assistir o seu compatriota Belluschi, que entretanto aparecia mais uma vez à vontade no meio. Foi o quarto remate dos gregos na primeira parte. Quatro golos.

Sem alterações para a segunda parte, a única esperança que restava era a de conseguirmos amenizar o resultado, ou que pelo menos os gregos não o aumentassem, já que com tamanha ineficácia cá atrás as coisas poderiam ficar ainda pior. Não foi preciso esperar muito: mais uma bola para o Galletti, mais uma assistência do argentino, desta vez para o Diogo que, aproveitando uma saída algo estranha do Quim, conseguiu marcar de ângulo apertado. O Benfica fez entrar o Urreta e o Balboa, as coisas acalmaram um pouco, e o jogo foi-se arrastando. O Olympiacos felizmente não conseguiu rematar muito mais vezes à nossa baliza, e nós ainda construímos uma ou outra jogada decente, mas sem conseguirmos reduzir. Esta segunda parte para mim durou uma eternidade. Já só queria que o jogo acabasse (embora mantivesse a secreta esperança que, se marcássemos um, ainda iríamos ao empate - por isso fartei-me de chamar nomes ao Suazo quando este, isolado, em vez de rematar parecia querer entrar com a bola pela baliza e acabou desarmado). Acabou o jogo, sofremos um resultado humilhante, e praticamente acabou a Taça UEFA este ano, já que a vitória do Metallist em Istambul deixa a qualificação quase impossível.

Piores do Benfica? Por onde posso começar? Não vou estar aqui a bater em todos, por isso escolho apenas alguns: Jorge Ribeiro, para começar. Um buraco autêntico. Ainda por cima num jogo em que quase nem apoiou o ataque. Mesmo assim, o Galletti fez o que quis por aquele lado. Ou, devido a deficiente marcação, recebia a bola à vontade e depois ia por ali fora, ou então, com a bola controlada, com um ou dois toques libertava-se facilmente do nosso número vinte e cinco. David Luiz. Marcou o golo, mas na defesa revelou-se lento a reagir, e distraído na marcação aos adversários. Bem sei que ainda tem falta de ritmo, mas deve ter sido um dos jogos mais fraquinhos que lhe vi fazer. Outro buraco. Para não falar só de defesas, menciono também o Suazo no ataque. Um avançado da qualidade dele não pode falhar golos como aquele cabeceamento isolado na primeira parte, ou na segunda parte quando, também isolado, demorou uma eternidade a decidir o que fazer e acabou desarmado por um defesa. Menos mau, para mim: Reyes. Foi dos poucos que tentou sempre remar contra a maré. Mesmo com as coisas a não sairem sempre bem. Correu, desmarcou-se, pediu a bola, fez o que podia. Bom esforço também do Binya no meio campo, mas acho que neste caso ele acabou por mostrar-se mais durante a segunda parte, quando o jogo estava mais equilibrado e até era o Benfica quem tinha mais bola. Durante o descalabro defensivo da primeira parte, foi ao fundo com o resto da equipa.

Julgo que pouco mais poderemos esperar desta competição. Sabemos que o objectivo primordial desta época são as competições internas, mas uma saída precoce da Taça UEFA, ainda para mais desta forma, só pode ser considerada uma desilusão. Enfim, agora há que levantar a cabeça, e vencer já o próximo jogo contra o Setúbal.

P.S.- Não estou satisfeito; não posso estar satisfeito depois de uma noite negra destas. Sei, tal como vocês sabem, que andam à nossa volta muitos abutres, desvairados na sua sanha antibenfiquista, e esfomeados devido à falta de ocasiões que ultimamente lhes temos dado para nos moerem o juízo. É de ocasiões destas que eles andam à espera; é para isto que eles vivem, por isso vão obviamente aproveitar este episódio negro para nos atacarem de uma forma raivosa, tentando colocar tudo em causa, guiando-nos para o precipício. Estou-me nas tintas para eles. Amanhã vou almoçar ao Estádio da Luz, e se for preciso saio à rua com o cachecol do meu clube ao pescoço. Se julgam que o benfiquismo esmorece por causa de uma derrota, por mais pesada que ela seja, não sabem o que é ser-se Benfiquista. No meio de toda a tristeza e negritude que me invade quando o meu clube perde, há sempre uma pequena luz que me alegra. É quando verifico que mesmo um episódio destes não abala o amor que sinto por este clube. Pelo contrário, sinto vontade de ajudar o clube como puder, quero voltar a vê-los jogar, se preciso amanhã já, para com o meu incentivo mostrar que estamos juntos nisto. Quero amparar a sua queda, sacudir-lhe os joelhos esfolados, e ajudá-lo a reencontrar o rumo certo. É o normal quando se ama incondicionalmente. Força Benfica!

Gestos

Aqui há uns tempos, se bem se lembram, durante um jogo em Braga o Nuno Gomes fez um gesto, batendo no braço. Caiu o Carmo e a Trindade. Vieram as Madalenas carpir que era uma falta de respeito, falta de desportivismo, que era denegrir a imagem do futebol, e outras coisas mais. Confesso que não me recordo se o gesto teve consequências para o Nuno ou não, mas a choradeira ficou.

O ano passado foi o Katsouranis a ter aquele gesto para o Luisão. As Madalenas voltaram, choraram, contorceram-se nos seus prantos e o resultado foi o sumaríssimo mais ridículo de que há memória em Portugal, que terminou numa suspensão do Katsouranis.

Este fim-de-semana o choramingas do Domingos, ainda o jogo não tinha um quarto de hora, resolveu brindar o árbitro assistente com o gesto que se pode ver nas imagens abaixo, certamente insinuando que ele estaria comprado (o Domingos, dada a sua experiência profissional, lá deve saber o suficiente sobre compras de árbitros). Onde é que andam as Madalenas? É que isto foi olimpicamente ignorado. Ninguém disse nada, não se passou nada. Suponho que isto já não seja danoso para a imagem do futebol. Certamente porque o Domingos não tem uma camisola vermelha vestida, e todos nós sabemos que só pessoas com camisolas vermelhas vestidas é que prejudicam o futebol (vide o Diabo de Gaia, que à primeira que fez acabou julgado e condenado, enquanto que certos macacos são useiros e vezeiros na invasão de recintos desportivos e saem no próprio dia - com polícias a apresentarem-se como testemunhas abonatórias e tudo).

Claro que eu admito que possa estar a fazer um juízo precipitado, e que o gesto do Domingos seja algo mais inocente. Sei lá, talvez tenha perdido o seu Tareco no relvado, e estava simplesmente a tentar chamá-lo de volta: 'Xaninho... xaninho...'. Se por acaso alguém tiver uma explicação melhor para o gesto e palavras do Domingos, por favor diga.

domingo, novembro 23, 2008

Natural

Pois é. Durante a semana andaram para aí a anunciar que a Académica já não perdia em casa há um ano, e et cetera e tal. Pudera, já há um ano que não jogavam contra o Benfica em casa. Bastou uma visitinha nossa para acabar com esta bela história de invencibilidade caseira do Domingos 'estava a olhar para o chão' Paciência. Sem apelo nem agravo.

Estranheza foi a primeira reacção ao anúncio da constituição da equipa. Não tanto pela táctica, que foi o 4-4-2 que tem sido mais utilizado esta época. Mas o David Luiz na posição de lateral esquerdo e o Binya no lugar do Katsouranis já dava para achar estranho. E depois, mais algumas alterações em relação à equipa que jogou contra o Estrela: Cardozo em vez do Suazo, Reyes em vez do Aimar, Amorim em vez do Carlos Martins. No total, seis alterações. O Quique já disse várias vezes que todos os jogadores do plantel contam, e hoje voltou a mostrar isso mesmo. Quanto ao jogo em si, o Benfica até entrou relativamente bem no jogo, aproximando-se frequentemente da área adversária. Na esquerda a desadaptação do David Luiz à posição de defesa esquerdo era algo evidente, pois ele mostrava dificuldades em subir, e foi muito faltoso a defender. Mas o Reyes estava lá para assumir sozinho as despesas de ataque por aquele lado. Ao fim do primeiro quarto de hora pareceu-me que nos desconcentrámos um pouco, em particular a meio campo, o que permitiu a aproximação da Académica à nossa baliza, tendo eles até criado um lance de bastante perigo, em que a bola embateu no poste. Este período de algum desacerto terminou da melhor forma, ou seja, com um golo do Benfica. E foi um golo bonito, com um grande passe do Nuno Gomes (viste bem, ó Queirósz?) a solicitar uma diagonal do Rúben Amorim - que já tinha recuperado a bola - tendo a finalização deste sido perfeita. E a Académica acabou ali mesmo. Porque pouco mais se lhe veria durante o resto da primeira parte, e inclusivamente até ao final do jogo.

Para isto contribuiu obviamente o facto da segunda parte ter começado com o segundo golo do Benfica. O Reyes foi por ali fora, entrou na área, e foi derrubado em falta. Tive que esfregar os olhos e beliscar-me para me assegurar que, de facto, não estava a sonhar. O Pedro Proença assinalou um penálti a favor do Benfica? O que é que vou ver a seguir? Porcos a voar? O sportém não ganhar um jogo e a seguir não culpar a arbitragem?
Um lagarto admitir mérito numa vitória do Benfica? Mais estranho para mim é ainda o facto de um dos comentadores de serviço, depois de diversas repetições, conseguir classificar o lance de 'duvidoso' (que vergonha, Paneira...) e o outro, decerto perturbado pela azia que o consumia, afirmar peremptoriamente que o Reyes não tinha sido tocado. Indiferente a isto tudo o Cardozo fez o habitual e aumentou para dois a zero, acabando com as já ténues esperanças da Académica. Sim, porque o resto da segunda parte, sem ter sido deslumbrante foi uma exibição de controlo completo do jogo por parte do Benfica. Esteve até mais perto o terceiro do Benfica, em mais de uma ocasião pelo Suazo (entretanto entrado para o lugar do Cardozo), do que a Académica de reduzir. O apito final chegou, e com ele ficou uma sensação de uma vitória tranquila e, mais do que isso, perfeitamente natural, o que é uma sensação muito agradável. A única nota de preocupação foi mesmo a forma como o Luisão saiu, e espero que não seja nenhuma lesão muscular de gravidade. Como nota cómica, fica o esforço quase desesperado do repórter na flash interview para conseguir que alguém da Académica reclamasse da arbitragem, no que falhou miseravelmente.

Gostei muito do jogo do Reyes. Foi sempre dos jogadores mais decididos a atacar, sendo que a forma mais frequente que os jogadores da Académica encontraram para o travar foi mesmo a falta. Regra geral os jogadores estiveram bem, mas posso mencionar que gostei de ver o jogo do Nuno Gomes, Ruben Amorim, e mais uma vez do Maxi (o Maxi não esteve brilhante, mas andámos a cascar nele durante tanto tempo que ando particularmente agradado com a evolução dele, cada vez mais sólido a defender e participativo no ataque). Quem oscilou mais foi o David Luiz, o que não é estranho dado que jogou adaptado, e além disso vem de uma paragem de dez meses. Pareceu-me demasiado faltoso, e complicou alguns lances durante a primeira parte.

Esta foi uma daquelas vitórias que me deixam satisfeito. Não fomos espectaculares, mas fomos mais do que suficientemente bons, e a sensação com que fico no final é a de que a vitória foi um desfecho tão natural que só posso sentir-me muito optimista. Até porque acredito que esta equipa ainda pode (e vai) melhorar muito. Porque o potencial está todo ali. E potencial existe não só na equipa, mas também fora do campo. Viram quanta gente estava no estádio, num Domingo à noite? Agora imaginem o quanto mais a onda vermelha poderá crescer...

quinta-feira, novembro 20, 2008

No comment


P.S.- Face a alguns comentários que tenho recebido, gostaria de esclarecer que, de forma alguma, tenciono ofender a classe dos palhaços com este post. Tenho a maior consideração por eles e, aliás, estou convencido que qualquer palhaço no banco da selecção conseguiria fazer um trabalho muito mais competente do que o Sr.Queirósz (ainda não consegui descobrir se é com 's' ou com 'z', por isso leva com os dois).

domingo, novembro 16, 2008

Soporífero

Mais uma vez, o mais importante foi conseguido. Ou seja, a vitória, os três pontos, o manter a vantagem de quatro pontos sobre os andrades, e aumentar para cinco pontos a vantagem sobre os queques possidónios. Por aí não há queixas a fazer. Quanto à qualidade da exibição, isso já é outra história. Esta noite julgo que assisti ao jogo mais aborrecido do Benfica dos últimos tempos. Foi de tal forma que, durante certos períodos (em especial da primeira parte) cheguei a sofrer de sonolência profunda na bancada da Luz.

Afinal o Quique manteve mesmo o losango da Taça, trocando apenas alguns dos jogadores. Em particular, colocou o Nuno Gomes no lugar do Cardozo, e o Katsouranis no lugar do Binya. Na defesa, regressou apenas o número vinte e cinco para o lugar do Léo. E agora, se quisesse ser bastante preciso, não escreveria mais nada sobre a primeira parte. Porque quase nada se passou. O jogo foi feito praticamente a passo, com a maioria dos jogadores a parecerem demasiado relaxados. O maior sinal de perigo até foi dado pelo Estrela, que num cabeceamento obrigou o Quim a fazer uma boa defesa. Esse acabaria por ser o único remate digno desse nome que o Estrela fez em todo o jogo. Da parte do Benfica, uma jogada meio ao calhas com uns ressaltos pelo meio acabou por proporcionar ao Suazo uma grande oportunidade, mas o hondurenho acabou por rematar disparatadamente. Por falar em disparates, nesse particular aspecto houve a preciosa colaboração do Carlos Martins, que durante todo o tempo que esteve em campo empenhou-se em optar sempre pela solução mais complicada para qualquer situação, e foi coleccionando passes disparatados uns atrás dos outros. Zero a zero ao intervalo, e no ar uma sensação de que a equipa estava numa daquelas noites de 'isto vai acabar por resolver-se'. Pode ser que esta época ainda consigamos ver o Benfica marcar um golito antes do intervalo num jogo para o campeonato, para que as reuniões impromptu da Tertúlia durante aqueles quinze minutos não tenham sempre que ser passadas a reclamar dos jogadores, árbitros, treinador, tratadores do relvado ou, pior ainda, a ouvir o Leão Eça Cana a recordar nostalgicamente os belos tempos em que o Manuel José era o nosso treinador e a nossa equipa dava espectáculo a jogar à bola.

Não sei se o Quique terá barafustado muito com os jogadores ao intervalo, mas a verdade é que eles saíram um bocadinho mais espevitados do balneário. O Suazo começou a fazer umas corridinhas que mostravam que ele até era capaz de ser duas vezes mais rápido que os defesas do Estrela, o Katsouranis despertou estremunhado da sestazita que fez durante a primeira parte, e a equipa até começou a fazer uns quantos passes para a frente, em vez de andar por ali a trocar a bola lateralmente o tempo todo. Nem foi preciso esperar muito: após cinco minutos, estava o golo feito. Passe do Aimar para o interior da área, onde o Nuno Gomes recebeu e, de costas para a baliza e marcado por um defesa, atrasou para a entrada da área onde surgiu o Sídnei a rematar de primeira, com o pé esquerdo, para fazer a bola entrar junto ao poste. Estava feito o mais difícil. Diga-se de passagem que grande parte destas dificuldades foram criadas por nós próprios, já que o Estrela quase nunca conseguiu assumir-se como uma verdadeira ameaça durante todo o jogo, limitando-se a manter a organização defensiva e rechaçando os ataques previsíveis que iam sendo construídos pelo Benfica). Depois do golo, as coisas pareciam querer animar. Houve mais uns fogachos do Suazo, mas pouco depois voltou tudo à sonolência anterior, e depois da substituição do Nuno Gomes então foi uma autêntica pasmaceira até ao final. Claro que subsistiam alguns nervos perante a possibilidade de, com uma vantagem mínima no marcador, algum lance fortuito poder proporcionar ao Estrela o golo do empate. Mas conforme disse, o Estrela não conseguiu incomodar-nos durante quase todo o jogo, e por isso nem sequer chegou a haver alguma ameaça de um lance desse tipo poder acontecer.

Menos maus esta noite, talvez o Nuno Gomes, que mesmo durante os momentos de maior marasmo tentou sempre espevitar as coisas. O Yebda também foi dos mais activos, tal como o Maxi Pereira, que tentou inúmeras incursões pelo seu lado. O nosso número 25 também não esteve mal, sendo até dos melhorzitos durante aquela soporífera primeira parte. Quando jogamos em losango, os laterais terão obrigatoriamente que ter uma intervenção mais activa nas jogadas de ataque da equipa, e nesse aspecto ambos cumpriram. Quero também agradecer em particular ao Carlos Martins o facto de me ter mantido acordado durante vários dos períodos mais aborrecidos do jogo. Não fosse a irritação pelas sucessivas opções erradas de passe e remates disparatados, e seguramente teria adormecido.

A verdade é que, mais uma vez, mesmo sem jogarmos particularmente bem conseguimos conquistar os três pontos. Isto é muito importante, até porque, apesar de ainda haver muito campeonato pela frente, é sempre motivador ver os andrades e os queques possidónios a uma distância confortável. Agora falta-nos 'apenas' apanhar o imperturbável Leixões para ascendermos à liderança.

segunda-feira, novembro 10, 2008

Tranquilamente

E não 'com tranquilidade'. É preciso não confundirmos as coisas. Foi tranquilamente que o Benfica assegurou esta noite a passagem aos oitavos-de-final da Taça de Portugal. A obrigação foi cumprida, com mais ou menos brilho, mas sempre sem sobressaltos.

O Quique tinha dito que a Taça de Portugal era para levar muito a sério, e depois da brincadeira contra o Penafiel foi isso que se viu esta noite. Apresentámos de início uma equipa muito pouco de segundas escolhas, sendo que apenas o Moreira, Léo e Binya se poderiam considerar 'mais suplentes'. Em termos tácticos, o Benfica apresentou-se ligeiramente diferente esta noite, parecendo jogar num losango, com o Binya mais recuado, o Aimar a jogar com bastante liberdade nas costas dos dois avançados (Suazo e Cardozo), e com o Carlos Martins e o Yebda a preencherem os lados. A falta de vontade para brincadeiras cedo ficou expressa no marcador, já que entrámos praticamente a ganhar. Na sequência do primeiro canto do jogo, marcado pelo Carlos Martins aos dois minutos de jogo, o Yebda mergulhou e de cabeça fez o primeiro golo. Continuando no mesmo ritmo, fomos criando oportunidades de golo, sobretudo pelo Suazo, mas o hondurenho hoje estava em noite de pouco acerto. Ainda assim, à passagem dos vinte minutos o resultado subiu para 2-0, na sequência de mais uma bola parada do Carlos Martins. Desta vez foi um livre na esquerda, ao qual correspondeu o Luisão com o peito para o golo. E à meia hora já marcávamos o terceiro, desta vez de bola corrida, com um passe de calcanhar do Aimar (não sei se intencional ou não; no estádio fiquei com a sensação de que ele quereria fazer outra coisa) a desmarcar o Maxi, que finalizou com facilidade. Por esta altura parecia possível que deste jogo saísse uma goleada, mas depois disto sim, o Benfica baixou a velocidade, já que o Aves parecia incapaz de incomodar-nos, e o jogo aparentemente estaria resolvido.

Como a segunda parte continuou nesta tendência, o resto do jogo acabou por parecer-se mais com um treino um bocadinho mais sério. Mesmo num ritmo mais pausado, o Benfica conseguia ir criando oportunidades para dilatar a vantagem, sendo que agora eram sobretudo o Cardozo e o Aimar a substituirem o Suazo na função de falhar golos. O jogo acabou por dar-nos a possibilidade de assistir ao regresso do David Luiz, que mostrou manter algumas das qualidades que aprecio nele (desarmes em antecipação, e subidas com a bola controlada), mas também mostrou estar com alguma sofreguidão em mostrar serviço, o que nem sempre deu bons resultados. Do outro lado do campo, o Moreira era quase mais um espectador, já que quase não teve que fazer uma defesa digna desse nome. O tom mais marcante destes segundos quarenta e cinco minutos foi mesmo o desperdício por parte do Benfica. Por vezes aparecia tanta gente em posição de remate que os nossos jogadores acabavam por atrapalhar-se uns aos outros, ou rematar em esforço quando tinham colegas melhor colocados. Face às oportunidades criadas, o Benfica deveria ter conseguido aumentar a vantagem, mas tal não aconteceu e o 3-0 manteve-se até final.

Para variar, desta vez destaco um jogador que não costuma ser mencionado por mim muitas vezes nesta coisa dos melhores em campo. O Maxi Pereira fez um jogo muito bom hoje. Sempre seguro a defender, também apoiou muito o ataque (mais do que, por exemplo, o Léo, que continua a mostrar-se atipicamente tímido a atacar) e foi recompensado com um golo, na jogada mais bonita da noite. Bem sei que a oposição hoje não foi das mais fortes, mas foi um prazer ver jogar o Aimar. Pelo toque de bola, e pela inteligência que mostra na forma como se movimenta e passa. No que toca aos piores, o Cardozo esteve mauzito. Se calhar o Suazo até falhou mais golos do que ele, mas o Cardozo fez sobretudo uma segunda parte muito fraca, tendo também a sua quota-parte de golos falhados.

Este era mais um daqueles jogos em que o que havia a perder (uma eliminação seria um escândalo) era muito mais do que o que havia a ganhar, já que em teoria o Benfica tinha a obrigação de vencer tranquilamente o Aves. Foi isso que fez, e por isso pouco mais há a dizer.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Acontece

Este é, obviamente, um daqueles jogos sobre o qual não me apetece nada escrever. Perdemos, acontece. Perdemos por culpa própria, também porque nos terá faltado uma pontinha de sorte (e de acerto) na primeira parte, e se calhar também porque o Quique esta noite não terá estado muito feliz nas substituições, que na minha opinião tiveram efeitos mais negativos que positivos na equipa. A derrota foi injusta para o Benfica da primeira parte, mas foi bastante merecida para o apático Benfica da segunda. Foi pena que a derrota tenha fechado da pior forma uma noite que, no que à Tertúlia diz respeito, até aí tinha sido extremamente agradável.

Mais uma vez num jogo europeu o Quique optou por ter o Di María e o Reyes simultaneamente no onze inicial. Normalmente isto não costuma resultar muito bem, porque acaba por ficar um vazio demasiado grande no centro do campo, e o Yebda não dá para tudo. Mas hoje, durante a primeira parte, o Reyes esteve sempre bastante activo no meio, e ajudou nas tarefas de recuperação, pelo que isso não se notou tanto. A nossa primeira parte, apesar de no início parecermos demorar um pouco a entrar no jogo, foi agradável. Conseguimos jogar um futebol relativamente rápido, e criar boas oportunidades de golo. Mas a falta de pontaria umas vezes, falta de sorte noutras, e ainda as intervenções do guarda-redes adversário acabaram por negar-nos um golo que poderia ter mudado o jogo. Isto porque o Galatasaray apresentou-se de início a jogar de uma forma muito cautelosa e pausada, sendo óbvio que o empate seria sempre um resultado que lhes seria satisfatório. Um golo nosso certamente obrigaria a que os turcos tivessem que alterar esta forma de jogar, mas apesar de termos andado lá perto, sobretudo pelos pés do Suazo, infelizmente esse golo não surgiu. Assim sendo, ao intervalo os turcos já tinham metade do trabalho feito.

A segunda parte acabou por mostrar-nos um jogo muito diferente. Cedo o Galatasaray falhou (ou melhor, viu o Quim negar ao Baros) uma oportunidade flagrante de golo. E na sequência do canto daí resultante, a bola sobrou para um adversário completamente solto na área, e estava feito o primeiro golo. É certo que o golo madrugador do Galatasaray teve muita influência no desenrolar do resto do jogo, mas o Benfica não soube reagir a esta adversidade. Para mim foi visível a forma como a equipa foi abaixo com este golo, e depois, conforme disse, não me pareceu que as substituições feitas pelo Quique tenham ajudado muito. Não percebi, por exemplo, a saída do Reyes. Teria sido mais lógico que fosse o Di María a sair. Em termos tácticos seria mais ou menos o mesmo, mas comparando a produção dos dois jogadores, o argentino pedia muito mais a substituição. Depois veio a troca do Yebda pelo Carlos Martins, e aí as coisas ficaram muito piores. Não digo que o Yebda estivesse a fazer um bom jogo - pelo contrário, até foi um dos mais fracos que o vi fazer, particularmente ao nível do passe - mas ele é o principal jogador que no centro do campo faz pressão constante sobre o jogador adversário que tem a bola. O Katsouranis não tem velocidade ou mesmo disponibilidade física para isso, já que joga muito mais encostado aos centrais. E quanto ao Carlos Martins, nesse aspecto o melhor é esquecer. A partir da saída do Yebda o Galatasaray gozou da maior liberdade possível para andar a trocar a bola naquela zona, esperando pela melhor ocasião para lançar um ataque. Pouco depois sofremos o segundo golo, e o jogo para nós acabou ali, já que até parecia mais provável sofrermos o terceiro golo do que reduzirmos a desvantagem.

É difícil escolher melhores e piores. O Suazo e o Reyes fizeram uma boa primeira parte, mas o hondurenho eclipsou-se na segunda, enquanto que o espanhol, apesar de ter saído cedo, já tinha mostrado não ter voltado para o campo com a mesma inspiração. Voltei a não gostar dos laterais, o Cardozo não fez nada desde que entrou, e o Di María, salvo um ou outro pormenor excelente, em termos de jogo de equipa foi quase desastroso. A verdade é que a apreciação aos jogadores fica marcada pela fraquíssima segunda parte, porque é esta a imagem com que voltamos para casa, apagando aquilo que de positivo poderão ter feito durante o primeiro tempo.

Para mim, o mais importante esta noite acabou por ser o que se passou no final do jogo. Não se ouviram assobios à equipa. Houve muita gente a sair antes do final, em silêncio. E houve também muita gente que lá ficou, e que no final despediu a equipa com palmas e gritos de 'Benfica' (bravo aos NN por terem tido a iniciativa). Apesar da má noite, continuamos a acreditar nestes jogadores, nestes técnicos, neste Benfica. As coisas nem sempre podem correr bem. Agora é irmos ganhar a Atenas.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Critérios

Epá, expliquem-me lá outra vez, muito devagarinho, quais são os critérios para se instaurar um sumaríssimo. É que eu devo ter um problema de audição, porque por mais que tentem explicar só consigo ouvir um critério: O jogador em causa deve envergar a camisola do Sport Lisboa e Benfica.

"Bruno Alves não vai ser alvo de um sumaríssimo pela Comissão Disciplinar da Liga. O lance com Davide (Naval), apesar da sua violência, escapa ao âmbito daqueles processos pela simples razão de que ocorreu numa disputa de bola e, portanto, necessariamente visível pela equipa de arbitragem."

É que isto só pode ser brincadeira. Nem é pela possibilidade do Bruto Alves ser suspenso ou não; por mim podem mantê-lo lá onde está por muito tempo, enquanto os jornaleiros avençados nos tentam convencer que está ali um novo Maldini, marcador exímio de livres, pelo qual os grandes clubes estrangeiros fazem fila para pagar trinta milhões. É simplesmente uma questão de um mínimo de decência. O lance em questão até resultou numa lesão do jogador da Naval, que acabou por ser substituído. Se me estão a dizer que assumem como uma certeza que, por ser uma disputa de bola, o lance foi "necessariamente visível pela equipa de arbitragem" então estão basicamente a dizer-me que a referida equipa de arbitragem roubou descaradamente a Naval. Se viram uma agressão daquelas e permitiram que o Bruto Alves continuasse em campo, então das duas uma: ou não percebem nada de arbitragem, e nesse caso não se percebe o que é que estão a fazer na primeira categoria; ou então percebem daquilo e, intencionalmente, resolveram beneficiar o fóculporto.

Já nem sequer há vergonha.

domingo, novembro 02, 2008

Vitória

Só posso mesmo considerar a nossa vitória desta noite como uma grande vitória. Porque ganhámos a uma série de gente. Ganhámos contra os nossos adversários em campo, ganhámos contra nós próprios, que a partir de uma determinada altura parecia que estávamos decididos em dificultar-nos a vida, e ganhámos ainda contra uns personagens estranhos que andaram lá pelo campo e que, com uma presença tão assiduamente notável nos nossos jogos até agora, já começam a nem ser assim tão estranhos.

Em relação ao último jogo, apenas duas mudanças: regresso do Katsouranis ao meio campo, por troca com o Carlos Martins, e ainda a entrada do Aimar na equipa, ocupando o lugar do Nuno Gomes, e servindo de apoio ao Suazo na frente. Confesso que me sentia confiante para este jogo, porque parecia ter, em teoria, um grau de dificuldade suficientemente elevado. E se há coisa que os nossos jogadores têm mostrado esta época, é que quando os jogos são teoricamente mais difíceis, eles não nos defraudam. Por isso não surpreendeu a boa entrada do Benfica no jogo. E logo aos três minutos, o lagarxistra de serviço ao apito voltou a mostrar a tal instrução (cada vez menos) secreta que foi dada aos árbitros da Liga: não se marcam penáltis para o Benfica. Porque o Aimar foi claramente atingido dentro da área, e o lagartito albicastrense lá fez vista grossa à coisa. 'Ah, e tal, ele já ia em desequilíbrio...' tentou justificar-se o comentador. Pois, mas que foi atingido com os pitons no tornozelo, lá isso foi, e que era mesmo falta, isso também era. Enfim.

Não foi preciso esperar muito tempo para o primeiro golo. Aos quinze minutos, o Aimar inventa um passe 'de letra' para as costas da defesa do Vitória, e depois a classe do Suazo, sozinho contra dois defesas, fez o resto. Isto é aquilo que eu espero ver deste jogador, já que foram inúmeros os golos que eu o vi marcar assim na Serie A. Quase de seguida, o Aimar foi travado em falta do lado direito do nosso ataque. No livre que se seguiu, e tal como se passou a semana passada contra a Naval, o Reyes colocou a bola na cabeça de um dos nossos centrais (desta vez foi o Sídnei) que elevou para 2-0. A estratégia do Benfica ia dando resultados, jogando com todos os jogadores atrás da bola, mas pressionando o adversário logo à saída do seu meio campo. Depois, assim que a bola era recuperada nessa zona, as saídas rápidas para o ataque (sobretudo se a bola chegava aos pés do Aimar) iam quase sempre criando perigo. Por isso não parecia crível que viéssemos a passar por grandes dificuldades neste jogo. Só que nos últimos minutos da primeira parte veio então o período em que mais parecia que estávamos cheios de vontade em fazer as coisas mais difíceis. Sofremos o golo, quando o Luisão falha um corte (naquela que terá sido a sua única falha em todo o jogo). Depois o Reyes viu dois amarelos num curtíssimo espaço de tempo (o segundo foi verdadeiramente infantil - já se sabe que não se pode dar ao lagarxistra oportunidades de ouro como aquela; basta lembrarmo-nos do amarelo ridículo que ele resolveu mostrar ao Aimar) e ficámos reduzidos a dez.

A inferioridade numérica teve influência óbvia no nosso jogo. Por isso, pouco se pode falar sobre a parte ofensiva durante a segunda parte, porque ela praticamente não existiu. Mas pode-se falar na forma como a equipa defendeu, que foi quase exemplar, já que apesar da superioridade numérica do adversário, e da inclinação do campo para a nossa baliza, raras foram as vezes em que o Vitória conseguiu provocar sobressaltos. Na frente de ataque, o Suazo ficou entregue a um papel solitário e de sacrifício, tendo como missão principal segurar a defesa adversária, o que cumpriu - o Cardozo, quando entrou para o seu lugar, já não conseguiu fazer o mesmo e aí a pressão do Vitória acentuou-se - mas quase não conseguimos criar lances de perigo durante toda a segunda parte. O lagarxistra voltou a mostrar um estranho critério, já que foi tão lesto a expulsar (bem) o Reyes por atingir um adversário na zona da anca, mas uma patada do Andrebruceleezinho na cara do Suazo passou sem sequer uma falta assinalada (pelas reacções que fui vendo ao Quique no banco, está-me cá a parecer que o homem já se começou a aperceber de como é que certas coisas funcionam cá no burgo). Se calhar pode ser algo preocupante a forma como, mais uma vez, a equipa não pareceu capaz de gerir o resultado de uma forma mais inteligente, guardando a bola na sua posse, mas a desvantagem numérica teve influência nisto.
A verdade é que o vitória não mostrou imaginação suficiente para furar a forma organizada como a nossa equipa defendeu, nem a garra demonstrada pelos nossos jogadores, que conseguiram segurar um resultado importante.

O Luisão, conforme disse, teve aquele lapso no golo do Guimarães, mas foi grande neste jogo. Então na fase final do jogo, em que o Guimarães resolveu desatar a despejar bolas pelo ar, aquilo foi tudo dele. Para não variar, o seu colega Sídnei voltou também a estar em bom nível. O Suazo fez também um grande jogo, marcou um grande golo, e mostrou a sua qualidade. O Aimar mostrou, acima de tudo, classe. O que não é surpresa nenhuma. E o Yebda voltou a mostrar aquilo a que nos tem vindo a habituar desde que chegou: uma disponibilidade física enorme, parecendo estar um pouco em todo o lado ao mesmo tempo. Quanto a pontos negativos, a verdade é que não tenho vontade de apontar o dedo a ninguém.

Foi uma vitória moralizadora num campo difícil, em condições bastante desfavoráveis, e que mostrou um Benfica muito solidário e com uma atitude muito positiva. E com esta atitude, quando se tem um plantel com jogadores como Suazo, Reyes, Aimar, Cardozo, Sídnei e tantos outros, a qualidade deles acabará sempre por ser decisiva. Mesmo que, na próxima jornada, mandem o Paulo Costa arbitrar o jogo (e se os critérios de nomeação continuarem a ser coerentes, mandam mesmo).