terça-feira, março 27, 2012

Complicado

O resultado obviamente que sabe a injustiça, face ao que o Benfica produziu no jogo. Mas não é surpreendente, e já vimos coisas destas acontecer-nos na Champions vezes suficientes. A este nível, falhar é quase sempre fatal, sobretudo contra equipas com jogadores que podem decidir num pormenor. O Benfica falhou e o Chelsea ganhou.

Tenho muito pouco a dizer sobre a primeira parte. O Benfica apresentou o onze esperado e anunciado na comunicação social, com o Cardozo como único ponta-de-lança, apoiado pelo Aimar. O jogo em si foi praticamente um enorme bocejo, com demasiado receio de parte a parte. O Chelsea veio claramente jogar para manter o nulo, tentando sempre adormecer o jogo o mais possível e mantê-lo num ritmo lento. O Benfica não quis arriscar lançar-se num ataque desenfreado, e portnato foram muito poucos os lances de perigo perto de uma ou outra baliza. A posse de bola foi repartida, mas com o Chelsea a mantê-la sobretudo na sua zona defensiva, enquanto que o Benfica conseguia fazê-la circular no meio campo adversário, sobretudo devido à superioridade que o nosso meio campo parecia ter sobre o do Chelsea, mas sem conseguir criar jogadas de grande perigo.

Na segunda parte o Benfica entrou mais decidido e pressionante, conseguindo empurrar mais o Chelsea para junto da sua área, e criando finalmente algumas boas ocasiões de golo. Nesta fase fomos muito mais rematadores do que o Chelsea, e vimos o David Luiz cortar um remate do Cardozo já sobre a linha, ou o Cech evitar que uma bola cabeceada pelo Jardel terminasse em golo. O Chelsea ia tentando responder em contra-ataque, normalmente sem criar muito perigo, mas tendo ainda assim atirado uma bola ao poste pelo Mata, num lance em que a nossa equipa pareceu ficar desconcentrada enquanto reclamava penálti por um corte com a mão do Terry. A melhor fase do Benfica terminou no entanto a vinte minutos do final, quando o Jorge Jesus fez duas substituições. Saíram o Aimar e o Bruno César, entrando o Matic e o Rodrigo. De uma assentada, o Benfica perdeu dois dos jogadores com melhor rendimento no centro do campo, já que o Witsel foi desviado para a direita. O Rodrigo nada trouxe ao jogo,pois continua numa forma deplorável, e o Matic continua a mostra muita indisciplina táctica, e não tem a menor capacidade para fazer aquilo que o Witsel tinha estado a fazer naquela zona até então. O Chelsea marcou cinco minutos depois, embora seja forçado dizer que foi consequência directa disto. O lance começa numa saída para o contra-ataque do Ramires pelo nosso lado esquerdo - durante o jogo ele já tinha mostrado que conseguia fazer praticamente o que queria do Emerson, dado que a diferença de velocidade entre os dois é gritante - que deixou a bola no Torres e depois este aproveitou talvez a única falha do Jardel no jogo para oferecer o golo ao Kalou. Ainda tentámos emendar um pouco as coisas, voltando a colocar o Witsel no centro com a entrada do Nolito, mas nos minutos finais as coisas já foram feitas mais em desespero e sem resultados práticos, até porque agora eram apenas dois jogadores no centro, e o Matic não defende como o Javi.

O jogador que mais gostei de ver foi o Witsel. Claramente um jogador que não ficará por cá muito mais tempo, porque o nível dele merece outras paragens que não a Liga portuguesa. Gostei do Maxi e do Aimar, e foi pena o Jardel ter borrado a pintura no lance do golo, porque até aí tinha estado bem. Não considero que faça parte do 'clube da fãs' do Emerson, e normalmente evito críticas gratuitas. Mas hoje ele esteve mal demais, cometeu muitos erros (quase ofereceu um segundo golo ao Chelsea na fase final, quando estava sozinho e conseguiu meter a bola nos pés do Mata para um contra-ataque perigoso) e o Ramires fez praticamente o que quis dele.

Não creio que a eliminatória esteja já decidida, até porque o Chelsea não mostrou grande valor hoje. Mas que o cenário está muito complicado, isso está. Talvez nesta situação sejamos capazes de avaliar de forma sensata quais devem ser as nossas prioridades. Porque o que eu quero mesmo é ganhar ao Braga.

sexta-feira, março 23, 2012

Desastre

Empate no batatal de Olhão e enorme passo atrás na luta pelo título, num jogo em que a nossa equipa esteve mal dentro do campo e pior fora dele. Para além de termos perdido dois pontos, perdemos também o Aimar para o próximo jogo, pelo menos.

Se calhar é mania ou superstição minha, mas a minha confiança fica sempre um pouco abalada quando vejo que entramos em campo para um jogo fora de casa com dois avançados. Foi o que aconteceu esta noite, e obviamente não me parece que seja por isso que o Benfica não ganhou, mas pelo menos lá me deixou desconfiado. Sobre o jogo, não tenho muito a dizer. Durante a primeira parte jogou-se praticamente em meio campo, com o Olhanense acantonado no último terço e o Benfica a fazer a bola circular de um lado para o outro. Foi frustrante ver o Benfica ter tanta posse de bola (quase setenta por cento) e conseguir fazer tão pouco com ela. É que pode ser apenas distracção minha, mas eu não me consigo recordar de uma única defesa do guarda-redes do Olhanense, ou sequer de um remate perigoso da nossa parte. O Benfica insistiu sobretudo pelo lado direito, através do inevitável Maxi, mas até ele esta noite esteve desastrado nos cruzamentos, que se perderam quase todos sem quaisquer consequências. O Olhanense, como aliás fez durante os noventa minutos, não se preocupou com mais nada senão defender, queimar tempo e pedir a entrada da equipa médica em campo. Mas a principal responsabilidade é mesmo do Benfica, que tinha obrigação de vencer e consequentemente de ter feito mais, muito mais durante estes primeiros quarenta e cinco minutos.

Esperava obviamente a entrada do Aimar para a segunda parte, esperançoso que ele viesse trazer alguma criatividade ao nosso jogo atacante e ajudar a encontrar espaços por entre a muralha defensiva do Olhanense. Não esperava tanto era que o sacrificado fosse o Nolito - às vezes parece um contra-senso tirar avançados quando se quer ganhar, mas eu desejava mesmo era que tivesse saído o Nélson Oliveira, até porque o que vimos foi o Nélson ir-se encostar mais à esquerda. Dada a inépcia do Emerson para atacar, aquele lado quase nunca foi explorado, excepto quando o Gaitán se deslocou para lá. A segunda parte acabou por pouco diferir da primeira. O Olhanense continuou interessado em defender com unhas e dentes (já na primeira parte se andavam a atirar para o chão a torto e a direito, e na segunda com uma hora de jogo já havia jogadores a sofrerem de cãibras). O Aimar não conseguiu mudar muito o nosso jogo, e pior ainda, acabou por ser expulso. Depois disso a opção foi lançar todos os avançados para dentro do campo, e o Benfica acabou o jogo com Cardozo, Nélson Oliveira, Saviola e Rodrigo, com o Gaitán a fazer todo o lado esquerdo, e sem meio campo, pois a opção passou a ser, desde demasiado cedo, bolas directas para a frente. Com onze jogadores apenas me recordo de uma boa ocasião de golo, num cabeceamento do Javi. Com dez, apenas mais duas, já nos minutos finais. Uma cabeçada do Gaitán salva sobre a linha, e um remate do Saviola no último minuto de compensação. Muito pouco.

Não consigo destacar nenhum jogador do Benfica, porque nenhum me impressionou muito favoravelmente. Talvez seja de realçar a capacidade de luta do Maxi, que mesmo quando as coisas não correm bem não desiste, mas isso já não é novidade nele.

Perdemos dois pontos e perdemos o Aimar, pelo que a visita a Olhão salda-se por um desastre. Mas nesta fase não há tempo para perder em lamúrias. Agora só resta mesmo levantar a cabeça e pensar no Chelsea.

terça-feira, março 20, 2012

Divertido

A meia-final da Taça da Liga deve ter sido um jogo divertido de seguir para quem estava 'de fora'. Golos e oportunidades não faltaram, e no final venceu o Benfica, num jogo cujas cambalhotas no marcador foram exactamente inversas à do último jogo com o Porto para o campeonato. Entrámos a ganhar, permitimos a reviravolta, e voltámos a virar o resultado.

Não foram assim tantas as poupanças de parte a parte para este jogo. No Benfica as novidades foram o Eduardo na baliza, o Capdevila na defesa, e o Nélson Oliveira como único avançado, deixando o Cardozo no banco. O início de jogo prometia um Benfica diferente daquele dos últimos jogos na Luz contra o Porto. Entrámos a pressionar alto, criámos logo uma ocasião de algum perigo, em que o Bruno César falha o remate, e aos quatro minutos, fruto precisamente de pressão sobre a defesa do Porto logo à saída da área, chegámos ao golo num remate cruzado do Maxi, após passe do Bruno César. Estranhamente, a consequência deste golo foi um apagão quase completo do Benfica, que se retraiu e permitiu uma reacção fortíssima do Porto, cujo resultado foi a reviravolta no marcador após apenas treze minutos. Primeiro marcou num remate do Lucho que desviou no Javi, aos oito minutos; e aos dezassete, na sequência de um livre lateral, a defesa do Benfica falhou rotundamente e permitiu um cabeceamento à vontade na zona central da área ao Mangala, que fez a bola passar entre as pernas do Eduardo.

Eduardo que finalmente deu um ar da sua graça perto da meia hora, ao negar o terceiro golo do Porto num remate do Sapunaru. Só depois desse lance é que o Benfica finalmente voltou a acordar e a pegar nas rédeas do jogo, e no espaço de cinco minutos levou-nos quase ao desespero, levando a bola a bater três vezes nos ferros da baliza. Duas vezes pelo Luisão, que cabeceou à barra e depois, na sequência da mesma jogada, rematou ao poste. E a terceira bola ao ferro foi do Aimar, que na marcação de um livre enviou a bola ao poste com o guarda-redes já batido. Acabou por ser uma consequência lógica deste ascendente do Benfica o golo do empate, obtido a três minutos do intervalo. Após um livre do Aimar despejado para a área, a bola sobrevoou quase toda a gente e foi ter com o Javi Garcia no segundo poste, que a controlou e passou para a finalização do Nolito à boca da baliza. E ainda antes do final da primeira parte, o Benfica criou nova boa ocasião de golo, num canto marcado pelo Bruno César que permitiu ao Nolito, solto dentro da área, um remate que deveria ter levado uma direcção melhor do que aquela que ele lhe deu, atirando-a sobre a baliza.

Seria demasiado esperar uma segunda parte tão animada como a primeira. Ambas as equipas pareceram querer jogar com mais algumas cautelas e, para além disso, a qualidade do próprio futebol jogado piorou. Houve muita luta na zona do meio campo, muitos passes falhados e perdas de bola desnecessárias, sendo poucas as jogadas organizadas construídas por uma ou outra equipa. O jogo estava num impasse e pressentia-se que poderia cair para o lado da equipa que conseguisse marcar mais um golo. O Benfica lançou em jogo os 'titulares' Gaitán e Cardozo, e o Porto respondeu na mesma moeda com o James e o Janko. Acabaram por ser os nossos 'titulares' a resolver, numa jogada de contra-ataque rápido em que o Gaitán desmarcou o Cardozo e este, depois de ganhar em velocidade(!) ao Mangala, marcou com um grande remate rasteiro ainda de fora da área o terceiro do Benfica e o seu quarto ao Porto esta época. O jogo ficou efectivamente decidido com este golo, pois passou a ser jogado ainda mais aos repelões e não houve mais jogadas dignas de realce. O Benfica limitou-se a aguentar a vantagem enquanto que o Porto tentava a fazer a bola chegar à frente o mais depressa possível, quase sempre da pior forma.

Para mim o melhor jogador do Benfica foi o Maxi Pereira. Não apenas pelo golo que marcou, mas também pela atitude guerreira durante todo o jogo. Mesmo durante o pior período do Benfica no jogo, foi ele quem nunca virou a cara à luta, não dando descanso aos dois laterais esquerdos com que o Porto alinhou de início. Gostei também do Witsel, que teve uma tarefa difícil na luta que travou sobretudo com o Moutinho e o Defour.

Para um clube que passa a vida a deitar a mão às Supertaças Cândido de Oliveira para ajudar a contabilidade de títulos com a qual vive obcecado, confesso que me parece agora um pouco hipócrita estarem a desvalorizar a Taça da Liga. O que é certo é que estamos na quarta final consecutiva à custa deles, e agora que lá chegámos o objectivo só pode ser vencer a competição. Acima de tudo, espero que a vitória de hoje sirva de tónico para a nossa equipa enfrentar a fase decisiva da Liga que se aproxima. Esse é mesmo o maior objectivo

sábado, março 17, 2012

Morno

Vitória segura num jogo muito morno, disputado quase sempre em ritmo de passeio e perante um dos adversários mais inofensivos que passaram esta época na Luz.

Mais uma vez foi o Witsel o eleito para ocupar a vaga do Maxi na lateral direita. Quanto ao resto, alas entregues ao Gaitán e ao Bruno César, e na frente de ataque apareceu o Nélson Oliveira a titular, para fazer dupla com o Cardozo. Do outro lado tivemos uma equipa completamente de acordo com aquilo que se esperaria do Ulisses Morais. Ou seja, extremamente defensiva, acumulando jogadores nas imediações da sua área, e esperando algum lance fortuito para sair em contra-ataque. A iniciativa do jogo foi, naturalmente, do Benfica desde o primeiro minuto. Mas pareceu sempre que a noite não estava para grandes correrias, e portanto vimos um jogo algo aborrecido, disputado quase sempre num ritmo bastante lento, e em que o Benfica parecia esperar por alguma aberta na muralha de jogadores montada à frente da baliza do Beira Mar. A jogar naquele ritmo adivinhava-se que não assistiríamos a um jogo com muitas oportunidades, pese o bom sinal dado pelo Nélson Oliveira, com um bom remate de fora da área travado por uma grande defesa do guarda-redes. Depois foi o Gaitán a ameaçar com uma cabeçada fora da área, e finalmente aos vinte e cinco minutos o Benfica construiu uma jogada rápida de ataque, libertando o Witsel na direita, que depois cruzou para a finalização do Cardozo à boca da baliza. O mais difícil estava feito, que era marcar o primeiro golo a uma equipa construída com o intuito de defender ao máximo. Obviamente que em vantagem no marcador e perante um adversário simplesmente inofensivo no ataque, a motivação para carregar no acelerador era pouca ou nenhuma. Apenas fixei dois lances, ambos do Nélson Oliveira: no primeiro, ganhou bem posição ao defesa mas depois não passou ao Gaitán numa primeira oportunidade nem ao Bruno César numa segunda, e acabou por fazer um remate disparatado para fora; e no segundo, depois de ganhar mais uma vez posição sobre a direita, saiu-lhe mal o centro para o Cardozo, que aguardava desmarcado no centro. Mesmo sobre o intervalo, o Benfica praticamente selou o destino do jogo, marcando o segundo golo num remate cruzado do Gaitán, a passe do Cardozo.

A segunda parte iniciou-se praticamente com o terceiro golo, novamente do Cardozo, que aproveitou um passe de calcanhar do Nélson Oliveira para evitar o guarda-redes e rematar para a baliza deserta. E depois foi como se o jogo tivesse acabado. Parecia ser evidente que o Benfica poderia ampliar o resultado caso forçasse um pouco (até a jogar quase a passo ficávamos com a ideia de que mais golos poderiam surgir), mas o Benfica limitou-se a gerir o resultado e o esforço, deixando o tempo correr até final. Apenas o Cardozo, talvez motivado com a possibilidade de obter um hat trick, fez mais alguns remates que levaram algum perigo à baliza do Beira Mar, mas aparte isso o resto do jogo teve muito poucos motivos de interesse. No último minuto de jogo, e para manter a má tradição de sofrer golos em praticamente todos os jogos em casa, acabámos por deixar o Beira Mar chegar ao golo de honra, num remate do Cássio já no interior da área após centro atrasado do Balboa.

Com dois golos e uma assistência o Cardozo é naturalmente o homem do jogo. O Gaitán parece estar mesmo a melhorar aos poucos, e marcou pelo segundo jogo consecutivo. Gostei também do Jardel, do Javi e do Nélson Oliveira, embora este ainda continue a alternar o muito bom com alguns disparates.

Obrigação de vencer cumprida sem quaisquer sobressaltos e aparentemente sem grande esforço. Aproxima-se agora um período decisivo, com vários jogos em poucos dias, muitos deles decisivos e de dificuldade elevada. A nossa época vai praticamente jogar-se durante as próximas quatro semanas. Para mim, o objectivo principal deveria ser só um: sermos campeões nacionais. Sinceramente, gostaria que a Champions não desviasse as nossas atenções desse objectivo.

domingo, março 11, 2012

Complicada

Vitória muito complicada em Paços de Ferreira, num jogo que acabou por ser decidido por pormenores de talento dos nossos jogadores, e que nos permite agora estar a um ponto do primeiro lugar.

Gaitán no banco e titularidade do Saviola no lugar deixado vago pelo Aimar foram as principais novidades no onze, onde também esteve, conforme esperado, o Capdevila em vez do castigado Emerson. Logo nos primeiros minutos deu para ficar com uma boa imagem daquilo que o jogo seria. O Benfica com muito mais posse de bola, a tentar construir com paciência os seus ataques face a uma equipa que acumulava jogadores em frente à sua área, e o Paços a sair com muita velocidade - quase sempre através do Melgarejo - para o contra-ataque assim que recuperava a posse de bola. Na fase inicial conseguimos criar boas oportunidades para marcar, pelo Nolito e pelo Saviola, mas o Cássio opôs-se bem aos remates. Depois vimos o Cardozo não conseguir chegar a tempo de emendar um cruzamento que fez a bola passar ao longo da linha de golo. Até que, em mais um contra-ataque conduzido pela esquerda, e já depois de ter ameaçado num canto, o Paços chegou ao golo pouco antes da meia hora, contra a corrente do jogo, diga-se. O Artur ainda se opôs ao primeiro remate, com uma grande defesa, mas depois chegou a ser irritante ver como três jogadores do Benfica perto do lance ficaram literalmente a olhar enquanto o Michel controlava a bola, a passava para o pé esquerdo, e rematava para a baliza. O Benfica acabou por acusar o golo, e a qualidade do nosso futebol piorou, tendo mesmo o Paços, mais uma vez pelo inevitável Melgarejo, estado perto de voltar a marcar, tendo sido novamente o Artur a evitar males maiores. Pouco antes do intervalo, mais uma demonstração cabal das instruções que os árbitros têm tido nestas últimas jornadas para não assinalar penáltis a favor do Benfica - foi um em Guimarães, dois em Coimbra, e hoje pelo menos outros dois, que resultaram em amarelos para os nossos jogadores.

Houve duas alterações ao intervalo (Nélson Oliveira e Gaitán nos lugares do Saviola e Nolito) e esperava uma reacção forte do Benfica na segunda parte, mas não foi nada disso que aconteceu. Nos primeiros minutos da segunda parte só deu Paços mesmo, e se o Paços se apanhou a ganhar com alguma felicidade, agora fomos nós quem teve a felicidade de não nos apanhámos a perder por dois golos de diferença. Ainda e quase sempre com intervenção do Melgarejo nas jogadas (tendo até acertado uma bola no poste), foram várias as situações em que o Paços esteve perto de marcar. Só ao fim de quinze minutos o Benfica pareceu finalmente conseguir acalmar um pouco, mas o cenário não parecia ser nada favorável, pois não havia grande inspiração na construção de jogadas de ataque, e começava-se mesmo a ver demasiadas situações em que os centrais eram obrigados a despejar bolas directamente para o ataque. Foi pois quase surpreendente que chegássemos ao empate, numa jogada em que grande parte do mérito vai para o Nélson Oliveira, que fugiu à marcação pela direita e centrou rasteiro para a área, onde o Cardozo deixou a bola passar para a zona do segundo poste, permitindo a finalização fácil do Gaitán. Tínhamos agora vinte e cinco minutos para tentar o segundo golo, mas não foi preciso tanto. Cinco minutos depois, livre perto da área, descaído para a direita e bem à medida do Cardozo. E quando quase todos esperariam o pontapé do paraguaio, foi o Bruno César quem marcou o livre na perfeição, levando a bola ao fundo da baliza. Com a vantagem no marcador obtida, o Benfica tentou claramente acalmar o ritmo do jogo e manter o mais possível a posse da bola, conseguindo que o jogo decorresse até ao seu final sem grandes sobressaltos. A nossa tarefa acabou por ficar mais facilitada pela expulsão do Michel, a um quarto de hora do final, e já mesmo a terminar o jogo, por uma segunda expulsão de um jogador do Paços.

Muito bem o Artur, sem quaisquer culpas no golo sofrido, onde até fez uma defesa brilhante ao primeiro remate, e tendo evitado em mais de uma ocasião que o Paços ampliasse a vantagem. Importante mais uma vez a entrada do Nélson Oliveira, que mexeu bastante com o jogo e fez a jogada do golo do empate (e foi-se familiarizando com a realidade de ver um cartão amarelo caso sofra algum toque na área). Mas o melhor jogador do Benfica esta noite foi claramente o Melgarejo.

Era imperioso vencer para aproveitar a escorregadela do Porto e aproximarmo-nos do primeiro lugar, colocando mais alguma pressão sobre eles. O objectivo foi, portanto, alcançado. Agora é continuar a ganhar os nossos jogos, porque ainda há muito campeonato pela frente.

terça-feira, março 06, 2012

Incontestável

O Benfica não fez uma grande exibição esta noite mas fez um grande jogo, sobretudo a nível táctico, que proporcionou uma vitória incontestável sobre o Zenit e selou o apuramento para os quartos-de-final da Champions League.

Sem Garay e Aimar, avançaram Jardel e Rodrigo para a titularidade, tendo ainda sido dada a titularidade ao Bruno César, por troca com o Nolito. A responsabilidade pelas despesas do jogo pertencia ao Benfica, e nós assumimo-la. De forma algo titubeante de início, talvez porque o momento não é o melhor e os últimos resultados certamente terão feito mossa num grupo pouco habituado a essa situação. Mas sob a liderança do Luisão, com a garra do Maxi e a classe do Witsel o Benfica foi conseguindo soltar-se e não se deixou enervar pela estratégia adoptada pelo Zenit para o jogo. Houve alturas em que quase parecia estar a ter um déjà vu de uma qualquer equipa italiana dos anos 80 ou 90, tal era a forma ostensiva como os jogadores russos queimavam tempo e se deixavam ficar no chão para serem assistidos. O Benfica controlava o jogo e os russos pareciam satisfeitos em deixar o Benfica ter esse controlo, pois mantinham-se organizados e conseguiam evitar situações de grande apuro para a sua baliza, esperando explorar algum eventual erro para dar um golpe decisivo na eliminatória. Esse erro aconteceu mesmo, pelo Artur já perto do intervalo, mas não foi aproveitado e quase na resposta o Benfica marcou. Foi no primeiro minuto de compensação (as perdas de tempo por parte do Zenit foram tantas e tão ostensivas que o árbitro acabou por dar uns raros quatro minutos extra) e através do Maxi, que finalizou uma assistência de calcanhar do Witsel, após uma defesa incompleta do guarda-redes a um primeiro remate do belga. O mais difícil estava feito, agora era ver como reagiria o Zenit (e o Benfica) a esta situação.

O Benfica reagiu de forma inteligente. Com vantagem na eliminatória, assumimos uma atitude mais cautelosa, dando mais iniciativa de jogo ao Zenit mas mantendo uma grande concentração táctica. Resultou em pleno, porque em toda a segunda parte o Zenit não conseguiu criar uma única oportunidade de golo, e durante uma boa parte dela a maior parte das jogadas que fez consistiu simplesmente em passes longos do Bruto Alves da defesa directamente para o ataque, porque o meio campo do Zenit foi bloqueado com eficácia. Seria natural para quem assistiu ao jogo sentir que o Benfica poderia forçar ou arriscar mais para resolver a eliminatória mais cedo, mas na minha opinião a inteligência do Benfica revelou-se precisamente no aspecto de ter sabido resistir a essa tentação. A partir de certa altura a equipa do Zenit ficou quase partida em duas, com os jogadores do ataque a não recuperarem para defender, mas o Benfica evitou sempre entrar em situações de saídas desenfreadas para o ataque, que só favoreceriam o Zenit por abrirem mais o jogo e permitirem situações perigosas em caso de perda de bola. Não nos podemos esquecer que estamos na Champions, e o ano passado já sofremos demasiado por adoptarmos essa atitude. As saídas em contra-ataque foram sempre feitas de forma mais organizada, com dois, três, no máximo quatro jogadores, nunca deixando a retaguarda desprotegida. O Jorge Jesus esteve bem nas substituições: fez aquelas que a lógica impunha, e acertou em cheio. O progressivo reforço do meio campo e o safanão final dado pela entrada do Nélson Oliveira revelaram-se decisivos, com a cereja no topo do bolo a chegar num golo do próprio Nélson Oliveira mesmo sobre o apito final. Mais um contra-ataque construído de forma simples, com o Witsel a passar a bola ao Bruno César e este, já perto da área, a soltá-la para a entrada vitoriosa do Nélson.

Maxi, Witsel e Luisão foram para mim os melhores da noite, bem secundados pelo Bruno César, Javi e Jardel. Os três suplentes (Nolito, Matic e Nélson Oliveira) entraram bem no jogo, mesmo que o Nélson tenha revelado uma vez mais alguma inexperiência na altura de decidir os lances. Menos bem os dois avançados titulares - o Cardozo teve uma perdida incrível, e o Rodrigo não parece estar bem fisicamente, para além de ter parecido andar algo perdido nas funções que lhe foram entregues. O Gaitán continua em sub-rendimento, e colabora muito pouco nas tarefas defensivas - foi notória até a subida de rendimento do Emerson quando passou a ter o Nolito à sua frente.

Julgo que o objectivo mínimo para a Champions foi atingido. A partir de agora, tudo o que vier a mais será um bónus. Acredito que o Benfica, jogando de forma concentrada e realista, poderá fazer a vida difícil a qualquer adversário que nos calhe em sorte, mas teremos que esperar pelo resultado do sorteio para podermos avaliar mais precisamente as nossas possibilidades. Nesta fase, diga-se, também já não há muito por onde escolher.

sexta-feira, março 02, 2012

Farto

Haveria muito para dizer sobre o futebol jogado neste jogo, mas não me apetece. Estou farto e com a sensação de que não vale a pena falar de futebol jogado. Depois do que aconteceu em Coimbra, quando foi anunciada a nomeação do Proença para mais um jogo importante do Benfica, fiquei com a noção de que o destino do jogo estava traçado.

Terça-feira lá estarei no meu lugar.