domingo, outubro 28, 2012

Folgado

Uma grande primeira parte - onde jogámos talvez o melhor futebol até agora esta época - permitiu ao Benfica resolver cedo um jogo que se adivinhava complicado, num campo tradicionalmente difícil.


Surpresa no remodelado onze titular do Benfica. Face às várias indisponibilidades (Salvio, Gaitán, Aimar, Carlos Martins e Nolito), em vez de trocas e adaptações, três estreias absolutas na Liga: Luisinho, André Gomes e Ola John. O Enzo Pérez voltou para a ala (embora com muita liberdade para vir fechar ao meio) e coube ao André Gomes a posição no centro do campo, auxiliando o Matic. A entrada do Benfica foi de rompante: ainda não tinham decorrido dois minutos e já o Lima fazia o primeiro golo, depois de uma boa jogada em que o Pérez libertou o Maxi na direita para fazer o cruzamento. O golo madrugador deu confiança à nossa equipa, que não tirou o pé do acelerador. Exercendo uma pressão bastante alta que nos permitia recuperar várias vezes a bola ainda no meio campo adversário, continuámos a carregar e a ameaçar constantemente o golo, perante um Gil Vicente que nada conseguia produzir em termos atacantes. O desfecho natural foi mesmo o segundo golo, pouco antes da meia hora, em mais uma excelente jogada de ataque, que envolveu o Luisinho, o Pérez e o Lima, com o primeiro a surgir solto no interior da área para finalizar o cruzamento atrasado do último. Tudo feito de uma forma tão perfeita que até pareceu fácil. E o ponto final em qualquer dúvida que ainda houvesse sobre o desfecho do jogo, e a confirmação do domínio total do Benfica no jogo foi dado já em período de descontos, altura em que a insistência do miúdo André Gomes numa bola cruzada pelo Pérez que a defesa do Gil Vicente não soube afastar lhe permitiu assinalar nova estreia com um novo golo.


Com o jogo praticamente decidido, a segunda parte foi apenas para gerir o resultado sem grande esforço. Baixámos claramente o ritmo de jogo, e controlámos sem qualquer dificuldade. Mesmo assim, ainda voltámos a ameaçar aumentar a vantagem no marcador, com a maior dessas ocasiões a aparecer nos pés do Lima, que acabou por permitir a defesa ao guarda-redes quando estava isolado. Calculo que se a lógica imperasse, o Benfica acabasse mesmo por voltar a marcar, mas com vinte minutos para jogar o Pérez viu o segundo cartão amarelo e foi expulso, o que alterou um pouco o cenário. O Benfica recuou um pouco as linhas e atacou bastante menos. Por outro lado o Gil Vicente passou a ter mais tempo de posse de bola, mas foi incapaz de ameaçar seriamente a nossa baliza, pois o Benfica manteve a organização defensiva, abdicando de um dos avançados. Apenas por uma vez criaram algum perigo, quando na sequência de um canto o Artur foi obrigado a desviar a bola para a barra após uma espécie de cabeceamento de um jogador do Gil Vicente. De resto, jogo muito tranquilo, em que nem a inferioridade numérica se fez notar muito.


Bom jogo do Lima, e é com muito gosto que reconheço que estava completamente enganado sobre ele, pois na altura em que o contratámos não acreditava que pudesse vir acrescentar muito ao Benfica. Gostei também muito da exibição do Enzo Pérez (participou directamente nas jogadas dos três golos), que infelizmente teve a nódoa da expulsão, mas isso não apaga tudo aquilo que fez de bom. O Maxi fez, na minha opinião, o melhor jogo desta época. Quanto aos três estreantes, todos cumpriram as suas funções sem quaisquer problemas. Para mim o Luisinho foi quem mais se destacou dos três, pois esteve perfeito a defender e ainda auxiliou sempre o ataque, sendo recompensado com um golo, mas o André Gomes também esteve num bom nível, e o Ola John (Alan John, nas palavras do sempre sábio Freitas Lobo) já mostrou alguns dos pormenores que levaram à sua contratação.

Para além da exibição, hoje gostei da aposta ganha em jogadores menos utilizados. Talvez a resposta por eles dada ajude o Jesus a ter menos receio de voltar a fazê-lo quando ocasiões semelhantes se lhe apresentarem no futuro. Esta noite, o que ficou foi uma das exibições mais agradáveis da época e um resultado folgado num jogo que se previa difícil.

quarta-feira, outubro 24, 2012

Merecida

Foi melhor o resultado do que a exibição. Sim, eu sei que o Benfica perdeu, mas mesmo assim continuo a pensar que foi melhor o resultado do que a exibição, porque perdemos apenas por um golo. E até poderíamos ter conseguido um resultado muitíssimo melhor, tivéssemos nós tido calma e cabeça para aproveitar o autêntico pavor com que o Spartak abordou os últimos minutos do jogo.


Surpreendeu-me ver o Benfica entrar em campo de 'peito feito', ou seja, com dois avançados de início (Lima e Rodrigo). A estratégia parecia ser que quando o Benfica não tivesse a bola, o Bruno César se deslocasse para o centro, com o Rodrigo a fechar a esquerda, mas foram poucas as vezes em que isso foi posto em prática. Até porque não foi por esse lado que as coisas aqueceram, foi sim pelo lado direito, para onde dois dos médios do Spartak (Jurado e Ananidze) caiam repetidamente sem que houvesse a cobertura devida por parte dos nossos médios (em inferioridade numérica naquela zona) aproveitando os muitos espaços que foram concedidos pelo Maxi. A entrada no jogo foi péssima, e rapidamente deixou antever o pior. Com menos de um minuto decorrido já o Artur tinha sido obrigado a uma defesa difícil. E com três minutos passados o Spartak marcou mesmo, num contra-ataque após passe disparatado do Matic, explorando a direita da nossa defesa. 

E as coisas pareciam não ir ficar por aqui: o Benfica pareceu quase perdido em campo. Não sei se o problema foi também do sintético ou não, mas os nossos jogadores falhavam passes sem conta e pareceram ter dificuldades até em controlar simplesmente a bola. Ao Spartak bastava quase esperar calmamente pela recuperação da bola para depois partir com velocidade para o ataque, explorando os espaços deixados atrás para criar perigo. Vimos o Spartak ameaçar voltar a marcar, o que foi sendo evitado pelo Artur e até pelo ferro da baliza. Pelo meio, o único sinal dado pelo Benfica foi um remate do Rodrigo. Já depois de decorrida a primeira mei hora, o Benfica lá deu algum sinal de si e ameaçou marcar num remate do Matic, para pouco depois marcar mesmo num cabeceamento do Lima (que até aí nem se tinha visto, já que a bola praticamente nunca lhe chegou), que se antecipou à defesa do Spartak para aproveitar da melhor forma um bom cruzamento do Salvio. O empate era lisonjeiro para o Benfica, mas este golpe de felicidade não foi aproveitado e o jogo voltou à mesma toada. Que acabou em novo golo do Spartak, mesmo à beira do intervalo: uma mal acompanhada subida do lateral direito russo terminou com o Jardel a enviar a bola para dentro da própria baliza.

A segunda parte foi um bocadinho melhor, pelo menos porque os russos raramente criaram perigo. A nossa equipa pareceu ficar a ganhar com a troca do Bruno César pelo Gaitán, e o Enzo Pérez também resolveu aparecer em campo, porque na primeira parte mal dei por ele. O Benfica mostrou vontade de pressionar um pouco mais, mas nunca soube atacar de forma organizada. Apenas contei uma verdadeira oportunidade de golo, e que nasceu num erro de um defesa adversário, que com um mau atraso deixou a bola para o Salvio rematar ao lado à saída do guarda-redes. Os russos foram recuando cada vez mais no terreno, procurando guardar a vantagem, e o último quarto de hora foi de ataque e pressão constante do Benfica, mas sempre com as coisas a serem mal feitas - elogio pelo menos a vontade de lutar por um resultado melhor. Os jogadores tentaram resolver tudo individualmente, sem serem capazes de levantar a cabeça para passar a bola a algum colega mais bem colocado. A substituição, aos 88 minutos, do Matic - que me parecia estar nessa altura a ser um dos principais responsáveis por empurrar a equipa para a frente, dada a pressão imediata que fazia para recuperar a bola - pelo Ola John foi no mínimo incompreensível para mim.

A qualidade do nosso futebol foi má, e não encontrei muitos motivos de destaque nas exibições individuais. O Matic mostrou boa atitude, o Salvio e o Rodrigo a espaços mostraram inconformismo, e a entrada do Gaitán foi útil. O Artur fez o que era possível. Não gostei do Jardel, e para mim o Maxi teve uma noite para esquecer.

As contas da qualificação (mesmo para a Liga Europa) ficaram agora muito mais complicadas depois desta derrota, merecida sobretudo pelo avanço dado na  paupérrima primeira parte. É imprescindível vencer os dois jogos em casa, e depois é preciso esperar que a 'normalidade' aconteça nos jogos do Barcelona - o que esteve muito perto de não acontecer hoje, mais uma vez com a 'fraquíssima' equipa do Celtic a estar perto de contrariar as probabilidades. Mesmo não considerando eu a Champions como uma prioridade, não espero outros resultados que não vitórias em casa frente ao Celtic e ao Spartak.

quinta-feira, outubro 18, 2012

2+2

Dois golos em cada parte numa vitória natural e relativamente tranquila do Benfica sobre um Freamunde batalhador mas sem andamento para a equipa menos rodada que apresentámos hoje.


Muitas presenças menos habituais no onze desta noite, que incluiu Paulo Lopes, André Almeida, Luisinho, Sidnei e Carlos Martins. Na frente, a dupla Cardozo/Lima. Durante a primeira parte destacou-se a ala direita, com o Salvio e o André Almeida a terem bastante facilidade em entrar por esse lado para criar perigo. Também em bom plano esteve o Carlos Martins, nas funções de organizador de jogo. A resistência do Freamunde durou um quarto de hora, altura em que a bunda do Sidnei passou à frente da bola após um canto do lado esquerdo, e acabou por assistir o Lima para uma finalização simples. O Freamunde chegou poucas vezes à frente, mas das poucas vezes que o conseguiu fê-lo com perigo, permitindo ao Paulo Lopes assinalar a sua estreia oficial pelo Benfica com um punhado de boas intervenções. Na primeira parte foram duas as vezes em que evitou o golo ao adversário. Já mesmo a fechar o primeiro tempo, numa saída rápida para o ataque após um canto para o Freamunde, os nossos dois avançados combinaram bem entre eles e o Cardozo apareceu finalmente no jogo para fazer o segundo golo.


Na segunda parte a superioridade do Benfica foi ainda maior, pois o Freamunde pareceu ir perdendo capacidade física, sendo por isso previsível que o resultado se avolumasse. Com o Luisinho muito mais activo do que na primeira parte, foi dos pés dele que surgiu o cruzamento para o terceiro golo da noite, da autoria do Salvio. Com ainda meia hora para jogar, e o Freamunde já completamente fora do jogo (apenas uma asneira do Jardel, num mau atraso, lhes permitiu mais uma flagrante oportunidade de golo, com o Paulo Lopes a brilhar novamente), o Benfica pôde fazer a gestão do esforço, certamente já a pensar no jogo em Moscovo. O momento mais agradável foi a estreia oficial do André Gomes pela equipa principal, e foi com muita satisfação que o vi marcar o quarto golo do Benfica menos de dez minutos depois de ter entrado, matando no peito uma bola passada pelo Jardel para depois finalizar com calma. Nos quinze minutos que se jogaram até final a oposição foi quase inexistente, e foi apenas por acaso que o Benfica não voltou a marcar, pois criou oportunidades para isso.


Num jogo em que a superioridade do Benfica era esperada, e portanto as facilidades concedidas pelo adversário foram mais, os destaques foram aqueles que já mencionei, ou seja, Salvio, André Almeida (embora precise de melhorar os cruzamentos) e Carlos Martins na primeira parte, Luisinho na segunda, o Paulo Lopes sempre que foi chamado a intervir, e a estreia do André Gomes.

Obrigação cumprida sem sobressaltos nem demasiado esforço, altura agora para preparar o jogo decisivo para a nossa carreira na Champions, a disputar na terça-feira em Moscovo.

domingo, outubro 07, 2012

Susto

A noite previa-se tranquila, mas por culpa própria não nos livrámos de um pequeno susto contra uma das equipas mais fracas desta liga, orientada por aquele que na minha opinião será um dos piores treinador da mesma.


De regresso aos dois avançados, com o Rodrigo a juntar-se ao Lima, o Benfica pareceu entrar no jogo com vontade de resolver cedo o assunto. O que certamente não entrava nos planos era que com quatro minutos de jogo, e na primeira vez que deve ter conseguido passar do meio campo, o Beira Mar chegasse ao golo. Após livre na esquerda, o Artur teve um erro crasso ao atacar a bola e permitiu que esta seguisse para a cabeça de um adversário, que a enviou para a baliza deserta. O golo em nada alterou o cariz do jogo, que foi de sentido único conforme esperado - até porque o Beira Mar nada mais fez do que defender, e nem muito bem, porque as oportunidades para o Benfica continuavam a surgir - mas a nossa equipa pareceu ficar intranquila. Apesar de jogarmos com alguma velocidade e das oportunidades de finalização, na altura do remate ou do passe decisivo as coisas eram feitas de forma precipitada, com o Rodrigo a destacar-se nesse aspecto. Quando a meio da primeira parte o Salvio acertou no poste, comecei a temer que isto fosse um daqueles jogos em que tudo nos corria mal e o adversário acabava por ganhar quase sem saber como. Temor que se acentuou quando, já sobre o intervalo, o Rodrigo deu seguimento à noite desastrada falhando um penálti, permitindo a defesa ao guarda-redes do Beira Mar.


Sem alterações para a segunda parte, o Benfica regressou a jogar pior. A velocidade foi menor, vimos demasiados passes falhados e perdas de bola no meio campo, e na maior parte das vezes víamos o Matic encarregado da construção e distribuição (quando não eram os centrais - por mais do que uma vez vi o Garay a ter que subir com a bola por não ter alternativas de passe à frente dele). Mas como a lógica nem sempre faz parte do futebol, foi a jogar menos bem que o Benfica chegou aos golos - ainda que nunca, em qualquer altura do jogo, o Benfica tenha deixado de dominar. No espaço de dois minutos, a fechar o primeiro quarto de hora, conseguimos dar a volta ao resultado. Primeiro, com um remate acrobático do Maxi, que surgiu inesperadamente no centro da área para aproveitar um toque de cabeça do Salvio. E logo a seguir foi o Rodrigo que se redimiu da noite de pouco acerto marcando um golo fácil à boca da baliza, após assistência do Lima, aproveitando uma bola recuperada pelo próprio Rodrigo. Feito o mais complicado, ainda tivemos algumas ocasiões para ampliar o resultado e colocarmo-nos a salvo de alguma surpresa, mas não o conseguindo, a opção para o período final da partida foi a de gerir o resultado. O meio campo foi reforçado com mais um jogador, os dois alas (Salvio e Gaitán) foram trocados numa altura em que pareciam estar já a acusar fadiga, e a vitória foi alcançada sem termos que passar por grandes sobressaltos.


Não me pareceu que tivesse havido qualquer jogador a evidenciar-se muito esta noite. Merece destaque o golo do Maxi, recompensa pelo apoio constante prestado ao ataque. Agrada-me ver a progressiva adaptação do Matic e do Melgarejo às suas posições, e mesmo sem que as coisas lhe tivessem corrido particularmente bem, gostei do Gaitán, porque nos períodos mais parados do jogo era sobretudo ele quem assumia a responsabilidade de pegar na bola e ir para cima do adversário, tentando agitar as coisas.

Foi mais difícil do que o previsto, mas foi inteiramente merecida a vitória, conseguida com a segunda reviravolta consecutiva a um resultado negativo. O Benfica foi a única equipa a querer ganhar o jogo, perante uma equipa que apenas quis defender e teve a felicidade de se apanhar em vantagem. Há dias em que, como hoje, não conseguimos uma exibição em cheio. E é muito importante que em dias como esses acabemos por conquistar na mesma os três pontos.

terça-feira, outubro 02, 2012

Natural

As minhas expectativas para esta noite já eram praticamente nulas, e o jogo em nada as contrariou. Superioridade claríssima do Barcelona, que fez o seu jogo do costume sem que nós conseguíssemos fazer o que quer que fosse para o contrariar. A derrota por dois golos sem resposta foi perfeitamente natural.


A fórmula do Benfica para tentar fazer frente ao jogo do Barcelona nada teve de diferente em relação ao que quase todas as equipas tentam fazer. Meio campo reforçado com a entrada de mais um jogador (Bruno César), abdicando-se do segundo avançado (Rodrigo), e depois tentar juntar as linhas o mais possível, abrindo o mínimo de buracos possível para que, uma vez recuperada a bola, se tentasse sair rápido para o ataque. Muitos já o tentaram e falharam, e o Benfica junta-se a essa lista crescente. Até porque a estratégia começou a ruir logo aos cinco minutos, quando o Messi se escapou pelo lado direito da nossa defesa e centrou para o golo do Alexis, que na pequena área se antecipou aos nossos defesas. A resposta do Benfica foi a melhor oportunidade que tivemos durante todo o jogo, mas o Lima permitiu a defesa ao Valdés. Durante alguns minutos desta primeira parte o Benfica ainda foi dando um ou outro sinal de inconformismo, mas foi perdendo cada vez mais velocidade nas saídas para o ataque, até se tornar inofensivo. Muitos dos nossos jogadores mostravam excesso de respeito (ou receio mesmo) do Barcelona, sendo os casos mais evidentes o Artur e, estranhamente, o Garay. O Barcelona ia fazendo o seu jogo e ameaçando o segundo golo, com o Alexis Sánchez a conseguir ter demasiada liberdade pelo nosso lado direito. Só uma grande defesa do Artur negou esse segundo golo, num remate do Messi após mais uma jogada do Alexis.


A segunda parte foi ainda pior. A entrada do Carlos Martins para o lugar do Bruno César revelou-se absolutamente inútil, e a posse de bola do Barcelona foi ainda mais avassaladora. Logo a abrir, e praticamente sem que o Benfica tocasse na bola durante mais de um minuto após o apito do árbitro, o Messi ofereceu o segundo golo ao Alexis, mas o remate deste passou ao lado. Com dez minutos decorridos, o Barcelona praticamente sentenciou o jogo, mais uma vez com o Messi a decidir. Depois de progredir com a bola pelo meio, rodeado de uma multidão crescente de jogadores do Benfica, soltou-a no momento certo para o Fàbregas que, descaído para a direita da nossa área, fez o segundo golo. O único sinal de relativo perigo dado pelo Benfica foi um remate de meia distância do Salvio, que o Valdés defendeu com alguma dificuldade para canto. De resto, a maior parte do tempo foi passada a ver os jogadores do Barcelona a trocar a bola entre si. Eles nem criam muitas oportunidades de golo (o Benfica até terá rematado mais), mas quase sempre que criam uma, é uma oportunidade clara. As entradas do Aimar e do Nolito nada alteraram (pelo contrário, notou-se a saída do Pérez) e os últimos quinze minutos de jogo foram passados perante um Estádio da Luz (que esteve cheio e com um ambiente fantástico esta noite) quase silencioso, também ele adormecido pelas soporíferas trocas de bola do Barcelona, e que apenas despertou quando o Busquets conseguiu ser expulso sobre o final do jogo.


É difícil julgar o desempenho dos nossos jogadores num jogo em que quase não tivemos bola, mas creio que o Matic terá estado a um nível aceitável - talvez se tenha destacado mais por ser dos poucos que constantemente arriscava meter o pé para tentar roubar a bola ao Barcelona. Por muito receio que se possa ter da adaptação do Melgarejo, a verdade é que os lances de maior perigo do Barcelona aconteceram quase todos pelo outro lado, o do Maxi, que foi várias vezes ultrapassado pelo Alexis. Aliás, já em jogos anteriores tem sido o corredor direito a dar-nos mais motivos de preocupação. A entrada do Carlos Martins no jogo saldou-se por um zero absoluto. O Bruno César não tinha estado particularmente feliz na primeira parte, mas o Carlos Martins conseguiu estar ainda pior.

Em décadas a ver jogos do Benfica, julgo que este terá sido o jogo em que eu mais vi uma superioridade tão avassaladora de um adversário sobre a nossa equipa. Era esperada, diga-se. Pelo menos por mim, embora um dos poucos factores de algum interesse neste jogo tenha sido o facto de ter alguns benfiquistas à minha volta que aparentemente nunca tinham visto um jogo do Barcelona, e como tal indignaram-se por ver o Barcelona conseguir trocar a bola daquela forma. O Barcelona não é do nosso campeonato, há muito tempo que não o é, e esse é um dos motivos para que eu me irrite quando vejo o objectivo do campeonato ser hipotecado por causa da Champions. Devemos aspirar a tentar conquistar o segundo lugar no grupo, em disputa com o Spartak e o Celtic (aquela equipa fraquíssima em casa de quem empatámos, que não iria ganhar um único jogo nesta Champions, mas que trouxe os três pontos de Moscovo), mas sem nunca esquecer que a conquista do campeonato tem que ser o grande objectivo.