quinta-feira, janeiro 31, 2013

Seguro

Um Benfica sóbrio e seguro conquistou, com uma exibição muito sólida, mais uma vitória numa deslocação complicada e colocou-se numa posição muito vantajosa no apuramento para a final.


Algumas alterações na equipa que jogou em Braga, mas a táctica manteve-se, com um único avançado (Lima), apoiado por um médio mais ofensivo, que desta vez foi o Aimar, com o Gaitán a passar para a esquerda. Mudanças também na defesa (André Almeida e Garay em vez do Maxi e do Jardel) e no meio campo (André Gomes no lugar do Enzo Pérez). O jogo na primeira parte foi aquilo que se previa. Pode ser um chavão, mas a verdade é que o Paços de Ferreira é mesmo uma equipa bem organizada. Os jogadores ocupam muito bem os espaços, jogam de forma apoiada e sabem pressionar bem o adversário, não sendo portanto surpresa nenhuma o bom campeonato que estão a fazer. O Benfica sentiu portanto naturais dificuldades para jogar o futebol que mais lhe agrada, e passou por um susto nos minutos iniciais do jogo, pois a boa entrada do Paços até lhe permitiu isolar o Cícero na cara do Artur, mas felizmente ele escorregou na hora de finalizar. Apesar das dificuldades, o Benfica aos poucos foi acertando o seu jogo, o que permitiu que alguns rasgos da qualidade individual dos nossos jogadores fossem criando desequilíbrios e sobressaindo num jogo essencialmente disputado a meio campo. O Lima, Aimar e Gaitán tiveram alguns lances perigosos, que foram desperdiçados ou anulados com alguma dificuldade pela defesa do Paços. O empate ao intervalo espelhava bem o equilíbrio da primeira parte, mas considerando a forma como o Benfica estava a conseguir controlar o Paços e as ameaças que os referidos rasgos individuais iam criando, parecia mais provável que na segunda parte fosse o Benfica a marcar.



E com o jogo a manter o mesmo perfil, foi mesmo um rasgo individual que permitiu ao Benfica adiantar-se no marcador. Pouco antes de se completar o primeiro quarto de hora o Salvio teve um lance individual pela direita, ultrapassou o defesa e fez o centro que deixou ao Lima apenas o trabalho de, à boca da baliza, encostar para o golo. Em desvantagem, o Paços tentou subir no terreno na procura do empate, mas o cenário ficou ainda mais complicado apenas dez minutos após o golo, pois o Vítor viu um cartão vermelho directo após uma entrada tardia com os pitons à canela do Gaitán - não me pareceu intencional, mas o lance é para vermelho, e este ano já vimos o André Gomes receber a mesma punição por um lance semelhante. Imediatamente a seguir à expulsão, o Benfica fez entrar o Rodrigo, que se foi colocar atrás do Lima para explorar precisamente o espaço extra que se abriu no meio campo. O resultado foi imediato, pois dois minutos após ter entrado o Rodrigo surgiu a rematar na zona frontal à baliza, e o Ola John marcou o nosso segundo golo na recarga. Com este golo o jogo ficou decidido, e a eliminatória muito bem encaminhada. A superioridade do Benfica até final foi evidente, e até poderíamos ter ampliado mais a vantagem, pois o Paços não desistiu de tentar atacar e dava cada vez mais espaço atrás.


Matic e Luisão em bom plano, o Garay regressou como se nunca tivesse estado ausente. A qualidade do Salvio e do Gaitán também foi importante, e o Rodrigo entrou bem no jogo. O Aimar acusou ainda muita falta de ritmo.

E assim fechámos o ciclo de quatro jogos fora. Ao contrário daquilo que certamente muitos desejariam, conseguimos um pleno: quatro vitórias, que significam a manutenção no topo da tabela da Liga, e um passo de gigante em direcção à desejada final do Jamor. Um último reparo em relação à arbitragem: pode ser muito embirração minha com o careca de Braga, devido ao muito mal que eu já o vi fazer ao Benfica, mas para mim hoje esteve ao nível que eu esperava: deplorável.

domingo, janeiro 27, 2013

Raça

Foi hoje, Jesus. Não foi fácil, foi preciso sofrer, lutar muito e mostrar muita raça, mas no final saímos da pedreira de Braga com o resultado desejado, que pode significar um passo importantíssimo na luta do título.


No onze apenas uma alteração em relação ao último jogo: Ola John no lugar do Cardozo. Mas tacticamente fomos uma equipa diferente, entregando ao Gaitán o papel de jogar solto nas costas do Lima, fazendo a ligação entre o meio campo e o ataque. E isso fez muita diferença, porque durante muito tempo o Braga não pareceu ser capaz de adaptar-se à mobilidade do Gaitán, que tanto aparecia a ajudar no meio campo como depois algures no ataque, fosse pela esquerda, direita ou pelo meio. E o Benfica dificilmente poderia pedir melhor entrada no jogo, pois após uma primeira ameaça do Enzo Pérez  acabou por colocar-se em vantagem logo aos cinco minutos. Gaitán na jogada, pela direita, passe para o centro da área, o Lima arrastou o defesa com ele e o Salvio acabou por marcar à segunda, aproveitando a lentidão do Haas a reagir após a defesa do Beto. O Braga reagiu bem ao golo e tentou responder, conquistando diversos cantos, e num deles obrigou mesmo o Artur a uma defesa muito apertada, mas na maioria dos casos os nossos jogadores iam conseguindo resolver as situações. Ambas as equipas pressionavam alto na tentativa de recuperar depressa a bola, o que resultou em muita luta na zona do meio campo, mas com o Benfica a ser progressivamente empurrado mais para junto da sua área, sem no entanto deixar de responder em saídas rápidas para o ataque. O Benfica insistiu mais pelo lado esquerdo, num jogo em que, para variar, o Melgarejo esteve bastante ofensivo e o Maxi mais contido do que habitualmente. A velocidade dos nossos jogadores da frente revelou-se decisiva para o segundo golo, que começa num livre a favor do Braga. Depois de recuperada a bola, o Gaitán levou-a até ao ataque e serviu o Lima, com um cruzamento demasiado largo, mas o brasileiro foi buscar a bola e fez o golo num remate cruzado que deixou o Beto mal na fotografia. O Braga acusou este segundo golo, o que permitiu ao Benfica jogar os dez minutos que restavam na primeira parte com relativa tranquilidade.


A segunda parte foi diferente, sobretudo porque o Benfica pareceu apostado em gerir o resultado de uma forma atípica para aquilo a que a nossa equipa está habituada. O Benfica abrandou claramente o ritmo e baixou as linhas para mais junto da sua área, entregando a iniciativa do jogo ao Braga. Mas apesar de dispor de mais bola, o Braga foi praticamente incapaz de criar qualquer lance de perigo, pois os nossos jogadores iam resolvendo as situações sem grande dificuldade - paradoxalmente, o Braga na segunda parte criou menos perigo do que durante a primeira parte. O Benfica tentava depois explorar o adiantamento do Braga, e assim até criou duas boas oportunidades para fazer o terceiro golo, mas numa a tentativa de chapéu do Lima saiu mal, e na outra foi o Beto que defendeu o remate do Salvio. As coisas passaram-se com relativa tranquilidade durante a primeira metade do segundo tempo, mas a partir do momento em que o Braga retirou o Amorim do campo e meteu um extremo, alargando a frente de ataque, complicaram-se um pouco mais. Gerir um resultado de 2-0 acarreta sempre o risco do adversário marcar um golo e depois motivar-se por se ver a apenas um golo de distância, e isto acabou por acontecer mesmo, com o golo a ser marcado precisamente pelo João Pedro, o extremo que tinha entrado, e que explorou bem o espaço entre o central e o lateral esquerdo. O Benfica acusou o golpe e durante uns minutos tremeu um pouco, mas a cinco minutos dos noventa o Haas resolveu fechar uma noite em grande (teve envolvimento directo nos dois golos do Benfica) com um cartão vermelho, por impedir que o Lima se isolasse, e o jogo praticamente ficou resolvido nesse instante. De assinalar, apenas o regresso do Urreta à equipa do Benfica.


Num jogo como este o principal destaque é mesmo a equipa. Este ano temos sabido mostrar humildade e capacidade para sofrer quando a situação a isso obriga, e hoje foi mais uma prova disso. No plano individual, o Gaitán teve um papel decisivo no jogo - esteve nos dois golos, e foi o elemento que baralhou a estratégia do Braga. É muitas vezes fácil o Enzo Pérez passar despercebido num jogo, e tenho até a sensação que ele é um pouco mal amado entre os benfiquistas, mas eu considero-o fundamental no Benfica desta época. Tem sido quase perfeito em termos tácticos, dando o equilíbrio necessário a um meio campo que diversas vezes luta em inferioridade numérica contra os adversários, e na minha opinião hoje voltou a fazer um jogo muito bom. Gostei também da exibição do Luisão, do Lima, e de ver o Maxi Pereira com muito 'juizinho' num jogo com esta importância.

Terceiro importante jogo fora de portas seguido, terceira vitória. Objectivamente, creio que seria difícil pedirmos à nossa equipa mais e melhor do que têm feito até esta altura da época. Mantendo esta atitude, sobriedade e união, teremos todas as condições para um final de época muito feliz.

segunda-feira, janeiro 21, 2013

Trabalho

Pela terceira vez visitámos o Moreirense esta época, e pela terceira vez o jogo não foi nada fácil, apesar da enorme diferença pontual que separa as duas equipas. Foi preciso trabalhar muito para vencer este jogo, mas a nossa qualidade acabou por se impor e justificar a conquista dos três pontos.


Depois do jogo da Taça a meio da semana, dois regressos à equipa: Maxi e Gaitán, por troca com André Almeida e Ola John. Apesar do risco de ver um amarelo que o colocaria fora do jogo em Braga, o Matic manteve-se no onze e acabou mesmo por jogar os noventa minutos. A primeira jogada parecia querer confirmar as dificuldades que se previam, pois o Ghilas fugiu pela esquerda e, de ângulo apertado, rematou ao poste. Mas foi com naturalidade que o Benfica assumiu o controlo do jogo, embora revelasse dificuldades para atacar com a qualidade do costume - não sei se é do piso, mas sempre que jogamos aqui parece que a bola é mais lenta sobre o relvado. O Moreirense insistiu muito sobre o nosso lado esquerdo, com o Ghilas a fugir ao Jardel para cair nessa zona e a causar dificuldades ao Melgarejo, mas após os primeiros minutos os nossos jogadores acertaram com as marcações e o perigo desapareceu. No ataque é que os problemas eram maiores, pois faltou alguma qualidade no passe e sobretudo maior lucidez e rapidez de execução na altura da finalização. A melhor oportunidade para o Benfica surgiu já sobre o intervalo, numa iniciativa individual do Gaitán, que passou por toda a gente mas depois o passe final saiu mal, com o Salvio a conseguir ainda em esforço, e quase sobre a linha final, rematar ao poste.


O melhor que poderia ter acontecido ao Benfica foi mesmo marcar logo a abrir a segunda parte. A reentrada em jogo foi forte, e deu frutos logo após três minutos, quando o Salvio pegou numa bola recuperada pelo Lima ainda perto do meio campo, foi por ali fora deixando os adversários todos para trás, e rematou rasteiro para o segundo poste. Com o Benfica em vantagem o jogo mudou bastante, pois passámos a dispor de mais espaços para atacar, e deu para perceber que seria muito mais provável um novo golo do Benfica do que o Moreirense voltar a repor a igualdade. Poucos minutos após o golo, aliás, só mesmo um corte de um defesa do Moreirense em cima da linha de golo evitou que o Salvio voltasse a marcar. Apesar de se esforçar e lutar muito no meio campo, o Moreirense era incapaz de criar perigo, pois o seu ataque resumia-se praticamente a uma luta sem sucesso do abandonado Ghilas contra a nossa defesa. Foi uma questão de esperar até que o Benfica desse o golpe de misericórdia, o que sucedeu a vinte minutos do final. O autor do golo foi o Lima, que finalizou com calma à saída do guarda-redes, após receber um passe do Ola John - tinha entrado minutos antes para o lugar do Gaitán. Com a chuva a aumentar de intensidade o campo ficou cada vez mais pesado e a qualidade do jogo caiu ainda mais, havendo até ao final apenas a assinalar mais algumas ocasiões que o Benfica poderia ter aproveitado melhor para voltar a marcar.


O Salvio para mim foi o melhor jogador do Benfica esta noite. Gostei das exibições do Luisão e do Pérez também, e ainda da forma como o Melgarejo, depois de ter sido ultrapassado algumas vezes na fase inicial do jogo, depressa soube adaptar a sua forma de defender para não voltar a dar espaços pelo seu lado. Não gostei do jogo que o Cardozo fez.

Terminamos assim a primeira volta sem perder qualquer jogo e no topo da classificação. Não foi uma primeira volta perfeita, já que empatámos três jogos, mas não esteve longe disso - o desempenho foi igual ao da primeira volta da época passada. Temos agora que tentar manter a concentração e o nível durante a segunda volta do campeonato, e para isso convém começarmos já com uma vitória no difícil jogo que se segue. Creio que se isso acontecer, será um ímpeto muito grande e talvez mesmo decisivo para que conquistemos este título.

sexta-feira, janeiro 18, 2013

Passeio

Passagem às meias-finais da Taça de Portugal garantida num verdadeiro passeio do Benfica até Coimbra. Com uma entrada fortíssima, resolvemos o jogo cedo e depois controlámo-lo sempre no ritmo que nos foi mais conveniente.


Três alterações no onze que defrontou o Porto: entraram Luisão, André Almeida e Ola John, e saíram Garay, Maxi e Gaitán. A entrada em jogo do Benfica foi simplesmente demolidora: logo na primeira jogada de ataque, só não houve golo porque o remate do Cardozo (que decidiu fazê-lo em jeito e não em força) foi cortado praticamente em cima da linha por um defesa adversário. Mas quase nem deu tempo para ficarmos irritados com essa jogada, visto que aos quatro minutos a bola entrou mesmo na baliza da Académica, num remate rasteiro e muito colocado do Ola John à entrada da área, após passe do Lima. Mais quatro minutos e o Lima agora no papel de finalizador, a surgir sobre a linha da pequena área para empurrar um passe do Matic da esquerda para o fundo da baliza. A Académica ficou completamente atordoada com este início de jogo, e nem sequer conseguia esboçar qualquer tipo de reacção, pois o meio campo do Benfica, com o Matic e o Pérez em bom nível, dominava completamente as operações. Toda a equipa pressionava alto, e como resultado disso a Académica perdia facilmente a bola, muitas vezes mesmo em posições comprometedoras. Antes da meia hora o Benfica acrescentou ainda mais certeza sobre quem passaria às meias finais, com um bonito golo do Lima, que fugiu descaído para a direita e depois fez um chapéu ao Peiser - um golo a fazer lembrar um pouco outro golo, também muito bonito, marcado pelo Miccoli em Leiria há uns anos. E o resultado não foi ainda mais dilatado ao intervalo porque o Peiser, por instinto, negou com a perna o golo ao Cardozo.


A Académica entrou um pouco mais decidida para a segunda parte, tentando no mínimo despedir-se do troféu que detém com uma imagem um pouco mais positiva, e até conseguiu obrigar o Artur a uma boa defesa, opondo-se a um remate de primeira de fora da área no seguimento de um canto, mas pouco mais conseguiu fazer do que isso. O Benfica guardava bem a bola, fazendo-a circular pelos seus jogadores e depois explorando o espaço que surgia entre a defesa e o meio campo da Académica quando os médios subiam no terreno para tentar recuperar a bola. Com metade do segundo tempo decorrido o Benfica mudou para uma táctica de apenas um avançado e três médios interiores, trocando o Cardozo e o Ola John pelo Gaitán e o Carlos Martins, e a partir daí então a Académica praticamente deixou de ter bola. A vinte minutos do final chegou um previsível quarto golo, pelos pés do Salvio após uma jogada em que a equipa do Benfica faz uma boa troca de bola entre vários dos seus jogadores - a jogada começou num livre directo marcado pelo Lima, que foi defendido para a frente pelo guarda-redes, e depois disso viajou sempre pelos pés dos nossos jogadores até ao meio campo e de regresso, até acabar dentro da baliza. Depois deste golo a Académica quase deixou de existir, e o Benfica poderia e até deveria mesmo ter construído um resultado ainda mais dilatado, dadas as oportunidades que teve para marcar - sendo particularmente flagrante um falhanço do Gaitán.


Lima o melhor em campo, terminando com dois golos e uma assistência. Salvio também muito bem, e a dupla central do meio campo a exibir-se a um nível alto. O André Almeida voltou a mostrar que não será por ali que a equipa vai tremer.

Temos o Jamor um passo mais próximo. Pela frente teremos agora o Paços de Ferreira, numa meia-final a duas mãos com o disparatado intervalo de dois meses e meio entre os dois jogos. O jogo de hoje foi uma boa demonstração que o resultado negativo contra o Porto não terá afectado a equipa, que transbordou confiança. Será necessário manter esta qualidade nas duas importantes saídas que se seguem para a Liga.

segunda-feira, janeiro 14, 2013

Equilíbrio

O empate é o resultado ajustado ao que se passou no jogo desta noite, marcado pelo equilíbrio. Sabe-nos talvez a pouco porque sabemos que o Benfica pode fazer melhor. Mas, mais uma vez, erros individuais graves de jogadores nossos acabam por permitir ao Porto sair de nossa casa sem ser derrotado.


Dois avançados de início (Cardozo e Lima), Gaitán a manter a titularidade na esquerda em detrimento do Ola John. Os minutos iniciais do jogo foram frenéticos, com o Porto a colocar-se em vantagem na primeira oportunidade de que dispôs. Aos oito minutos de jogo, livre a meio do nosso meio campo, sobre a direita, e golo do Mangala, que apareceu solto na cara do Artur para cabecear. A resposta do Benfica foi imediata, repondo a igualdade dois minutos depois, com um golo muito bonito: cruzamento do Melgarejo, toque de cabeça do Cardozo, novo toque de cabeça do Jardel para trás, e depois o Matic, à meia volta e sem deixar a bola cair, a encher o pé para um golão. Remediado o mal rapidamente, podia agora o Benfica procurar colocar-se em vantagem, mas o que certamente não estava nos planos era o erro grotesco do Artur, que por duas vezes na mesma jogada falhou com os pés, quando pressionado pelo Jackson: primeiro falhou o passe, e depois não conseguiu colocar a bola fora, permitindo que o adversário ficasse na posse dela e marcasse, pese o esforço do Garay para o impedir. Mais uma vez, a resposta do Benfica foi a melhor e imediata: dois minutos depois uma boa combinação pela direita entre o Maxi e o Salvio culminou num cruzamento rasteiro deste para a área. A defesa do Porto não conseguiu aliviar a bola e esta sobrou para o remate fulminante do Gaitán. Com quatro golos marcados nos primeiros dezasseis minutos, o jogo prometia muito, mas pareceu que depois disto ambas as equipas passaram a ter mais receio de voltarem a sofrer um golo, e arriscaram muito menos. Do outro lado, o Porto praticamente entregou as despesas de ataque pela direita ao lateral direito Danilo, com o Defour a juntar-se no meio e a criar uma superioridade numérica muito grande nessa zona do campo. Oportunidades de golo praticamente não se viram depois daqueles quatro golos, arrastando-se o empate até ao intervalo.


Mais de exactamente o mesmo na segunda parte. Jogo muito disputado a meio campo, posse de bola dividida entre as duas equipas, mas nada de ocasiões de golo. O Benfica mexeu tacticamente, primeiro trocando o Pérez pelo Carlos Martins, depois o Lima pelo Aimar, de forma a povoar mais o meio campo, e do outro lado ainda entrou o manco do Ismailov, mas o cariz do jogo nunca se alterou. Contei uma única verdadeira oportunidade de golo durante toda a segunda parte, e essa foi para o Benfica. Uma troca rápida de passes entre o Aimar e o Gaitán acabou por deixar o Cardozo completamente isolado a caminho da baliza, com tudo para fazer golo. Mas o paraguaio permitiu que o Hélton desviasse ligeiramente a bola, de forma a fazê-la embater no poste da baliza, perdendo-se aí a grande ocasião para o Benfica vencer este jogo. A intensa disputa a meio campo, aliada à teimosia do árbitro em mostrar cartões amarelos durante a maior parte do jogo acabou por resultar num aumento de quezílias à medida que nos aproximávamos dos noventa minutos, sendo que, honestamente, fiquei com a nítida sensação de que o Maxi Pereira poderia ter visto o vermelho já sobre o final do jogo, numa entrada perfeitamente disparatada e fora de tempo.


O melhor do Benfica foi o Matic, sem qualquer dúvida. O pior foi o Artur. O Pérez e o Cardozo também tiveram um jogo fraco, mas pelo menos nenhum deles ofereceu um golo ao adversário.

O empate é um mau resultado, obviamente, porque jogámos em casa e ainda por cima o Porto apresentou-se desfalcado do Rodríguez e, sobretudo, do Proença, pelo que desperdiçámos uma oportunidade soberana para nos isolarmos no topo da classificação. Mas não é propriamente o fim do mundo, e não é por causa disto que deixamos de ter intactas as aspirações a sermos campeões. Agora é tempo de nos concentrarmos no próximo objectivo, que é o jogo dos quartos-de-final da Taça já na próxima quinta-feira.

P.S.- O treinador do Porto, apesar de já não ser necessária qualquer confirmação a esse respeito, voltou a demonstrar que não passa de um qualquer dejecto, um traste da pior espécie que assim que não estiver no poleiro dourado que o Porto lhe proporciona depressa voltará à sarjeta onde merece estar.

P.P.S.- Antecipando-me já a algumas pessoas que eu sei que andam há muito a afiar facas à espera de uma ocasião, digo-o sem quaisquer dúvidas: se fosse eu a decidir, renovava esta noite com o Jorge Jesus.

quinta-feira, janeiro 10, 2013

Calafrio

Ainda deu para apanhar um pequeno calafrio, mas o Benfica lá cumpriu a sua obrigação de vencer, carimbando assim a passagem às meias-finais da Taça da Liga, e mantendo a invencibilidade nas provas internas esta época.



Já é habitual nesta competição apresentarem-se equipas menos rodadas, e a noite de hoje não foi excepção. Dos jogadores mais utilizados habitualmente apenas jogaram de início o Jardel, Lima e Ola John, sendo que a titularidade do holandês poderá querer dizer que será o Gaitán a alinhar de início no jogo de Domingo. Destaque para o regresso do Aimar à titularidade, o que já não acontecia há bastante tempo. O recentemente regressado Roderick também foi titular no centro da defesa. O jogo não foi muito diferente daquilo que seria previsto. O Benfica a ter naturalmente maior iniciativa no jogo, e a Académica fechada mais atrás, tentando sair rapidamente para o contra-ataque sempre que possível. O ritmo imposto pelo Benfica é que nunca foi muito forte; jogou-se de forma pausada e sem muita qualidade, com demasiados passes falhados e muitos deles pelo Aimar, que mostrou estar ainda longe da melhor forma. Com o Ola John e o Bruno César também bastante abaixo do expectável, isso reflectiu-se na qualidade do nosso jogo ofensivo, com pouquíssimas ocasiões de golo a serem criadas. Apenas por uma vez durante a primeira meia hora se viu uma real ocasião de golo, com o Nolito a rematar e a bola a sair muito perto do poste. À medida que o intervalo se aproximava o Benfica aumentou um pouco mais a pressão e foi recompensado a cinco minutos do apito, quando o Lima, isolado após um bom passe do Bruno César, contornou o guarda-redes e marcou com facilidade. Infelizmente o Bruno César decidiu que não se ficaria por aí em matéria de assistências, e no último lance da primeira parte colocou a bola nos pés do Makelele, que seguiu em direcção à baliza e empatou o jogo.


Se a primeira parte acabou mal, a segunda pior começou. Estavam passados cinco minutos e já o Benfica se via numa situação de virtualmente eliminado, após o segundo golo da Académica, numa jogada muito semelhante à do nosso primeiro golo: passe para as costas da defesa e o Saleiro, isolado, marcou. A Académica revelava-se extremamente eficaz, marcando dois golos nas duas oportunidades de que dispôs, e cabia agora ao Benfica inverter esta situação. Isto não aconteceria certamente se continuássemos a jogar da mesma forma, e foi portanto com toda a lógica que vimos o nosso treinador mexer na equipa pouco antes de termos completado uma hora de jogo, retirando dois dos jogadores com menor rendimento (Bruno César e Aimar) para colocar mais um avançado (Kardec) e o Carlos Martins, o que fez o Benfica regressar ao esquema táctico mais habitual esta época, com dois avançados. As alterações depressa surtiram efeito, pois cinco minutos após ter entrado em campo foi mesmo o Kardec quem, aproveitando um centro do Ola John na direita, cabeceou para o golo do empate. E decorridos mais quatro minutos, novamente o Kardec a ter uma intervenção decisiva, combinando com o Lima para que este, isolado, marcasse o terceiro golo. Já com o Salvio em campo (entrou imediatamente a seguir ao empate) e o Ola John na esquerda, onde claramente está mais à vontade, o Benfica jogava agora num ritmo bem mais elevado e que a Académica já não conseguia acompanhar. Mais facilitada ficou ainda a nossa tarefa para os últimos vinte minutos, quando a Académica ficou reduzida a dez, permitindo-nos gerir tranquilamente o resultado, sendo que até poderíamos tê-lo ampliado, pois oportunidades para isso não faltaram.


O Lima foi o man of the match esta noite, com dois golos marcados e ficando perto do hat trick. Gostei da exibição do André Gomes, e a entrada do Kardec revelou-se decisiva para o desfecho do jogo. O Salvio também entrou muito bem na partida.

Mais uma vez nas meias-finais da Taça da Liga, e mais uma vez com a ambição de a vencer. Já o disse antes: gosto de ver o Benfica vencer este troféu repetidamente, e gosto de ver a urticária que isso provoca aos nossos rivais, que os obriga a esforçarem-se para desvalorizá-lo. E não percebo muito bem porque é que este troféu há-de valer menos do que outro para o qual basta um único jogo para o conquistar. Deve ser porque, ao contrário do que se passa com esse, somos nós quem tem mais Taças da Liga.

segunda-feira, janeiro 07, 2013

Classe

O jogo era previsivelmente complicado, face ao bom futebol que o Estoril tem apresentado, ainda demorámos um pouco a assentar o nosso futebol, mas no final conseguimos uma vitória incontestável e sem grandes sobressaltos, decidida com pinceladas de classe dos nossos jogadores.


O Rodrigo e o Gaitán mantiveram a titularidade que lhes tinha sido dada no jogo com o Aves para a Taça de Portugal, deixando o Lima e o Ola John no banco, sendo também de destacar a presença no mesmo do Aimar, finalmente de regresso após a longa ausência por lesão. Não foi muito boa a primeira parte do Benfica. Apesar de estarmos sempre mais por cima no jogo e pressionarmos mais na procura do golo, foram poucas as vezes em que conseguimos atacar bem ou criar lances de grande perigo junto à baliza do Estoril. O jogo foi muito disputado na zona central, e o Matic e o Pérez estiveram algo apagados durante os primeiros quarenta e cinco minutos, o que acabou por atrapalhar a nossa construção de jogo ofensivo. Durante a primeira meia hora, apenas por uma vez o Benfica desenhou uma boa jogada, em que o Cardozo acabou por desperdiçar de uma forma um pouco escandalosa um cruzamento do Rodrigo da esquerda. Nos dez minutos finais começámos a apertar um pouco mais, e fomos recompensados. Primeiro vimos o Melgarejo, isolado sobre a esquerda, ver o guarda-redes defender para canto. Na sequência do canto (marcado, de forma pouco habitual, pelo Cardozo), à segunda tentativa, saiu um remate fantástico no Gaitán, de calcanhar, que resultou no primeiro golo. E ainda antes do intervalo, nova oportunidade para o Benfica, mas o Rodrigo rematou com pouca força e acabou por ser um defesa do Estoril a conseguir aliviar quase sobre a linha de golo.


Para a segunda parte veio o Lima no lugar do desinspirado Rodrigo, e veio um Benfica a pressionar bastante mais em busca do golo da tranquilidade. O Lima jogou mais próximo do Cardozo - na primeira parte o Rodrigo andou mais solto, tendo inclusivamente chegado a trocar de posição com o Gaitán - e deu bastante mais trabalho aos defesas do Estoril, ajudando assim a que forçássemos o adversário a encolher-se cada vez mais para junto da sua área. No nosso meio campo o Matic e o Pérez (sobretudo este) subiram muito de produção, e contribuíam para matar quase à partida as saídas do Estoril para o ataque, aspecto em que costumam ser fortes. Foi aliás de uma recuperação de bola do Pérez numa destas situações que resultou o segundo golo do Benfica. A bola seguiu para o Gaitán, que fez um grande passe para o Lima. E se o passe foi bom, o trabalho do Lima foi melhor ainda, controlando a bola com o peito para depois fuzilar a baliza do Estoril. Uma hora de jogo estava passada, e tínhamos a sensação de que a vitória já não escaparia. E a sensação ficou reforçada seis minutos depois, com mais um grande golo do Benfica, num remate acrobático do Salvio, de primeira, que levou a bola a bater na barra e depois a cair já para lá da linha de golo, valendo-nos a atenção do auxiliar para confirmar o golo. Com um resultado dilatado no marcador, o Benfica relaxou um pouco e passou a gerir o jogo com tranquilidade, sendo-nos até proporcionada a alegria de assistirmos ao regresso do Aimar, para os últimos quinze minutos do jogo. A única mancha aconteceu mesmo a fechar, quando um erro do Artur, largando uma bola vinda de um cruzamento da esquerda, permitiu ao Estoril marcar o golo de honra, mas não foi nada que colocasse em causa a nossa vitória ou a justeza da mesma.


Garay, Gaitán e Lima são os destaques maiores da nossa equipa. O primeiro continua praticamente sem cometer um erro. É quase intransponível no um para um, e ainda parece aparecer em todo o lado para fazer cortes incríveis ou compensar falhas dos colegas. O segundo confirmou neste jogo as boas indicações que tinha deixado a meio da semana, contra o Aves, e ajudou a decidir o jogo com pormenores de classe: um golo incrível e um grande passe para outro. O terceiro foi decisivo para a melhoria do jogo do Benfica na segunda parte, tendo marcado um grande golo que sentenciou o vencedor.

Mais uma vez o Benfica soube tornar fácil um desafio que se previa complicado. A nossa equipa está a jogar com muita confiança, e vai chegar ao importante jogo do próximo fim-de-semana num pico de forma. Basta-nos agora manter as coisas simples e continuar a fazer aquilo que sabemos. Confio muito no nosso valor.

quinta-feira, janeiro 03, 2013

Fácil

Noite tranquila para o Benfica, que carimbou a passagem aos quartos-de-final da Taça de Portugal com uma goleada num jogo que cedo soube tornar muito fácil.


Nem vale a pena estar a escrever muito sobre um jogo cuja história praticamente se resume à meia dúzia de golos que o Benfica marcou. Com meia equipa titular de fora, não foi por isso que a equipa se ressentiu, e os jogadores que alinharam tiveram vontade de mostrar serviço. Mesmo sem impor um ritmo elevado ao jogo, o Benfica marcou logo aos cinco minutos, praticamente na primeira oportunidade de que dispôs, com o Rodrigo a aproveitar a assistência do Gaitán (grande passe do Cardozo a desmarcá-lo) para finalizar de forma muito fácil à boca da baliza. A defesa em linha do Aves foi muito pouco eficaz, as marcações quase não existiram, e os nossos jogadores aproveitavam para surgir diversas vezes soltos nas costas da defesa. Com pouco mais de meia hora de jogo decorrido já o Benfica tinha a questão mais do que resolvida, com quatro golos marcados sem resposta, depois do Cardozo ter feito um hat trick (dos verdadeiros) no espaço de catorze minutos - começou aos dezoito e acabou aos trinta e dois. Primeiro aproveitou um mau atraso de um adversário para contornar o guarda-redes e marcar, e depois cabeceou de forma certeira dois cruzamentos do Rodrigo. E se calhar o resultado ao intervalo até poderia ser mais dilatado, mas entre algum excesso de confiança, alguns foras-de-jogo mal tirados e até o que me pareceu um penálti claro sobre o Gaitán que ficou por marcar, nada se alterou.


A segunda parte trouxe a experiência (forçada) do Matic a central, dada a lesão do Jardel, mas nada de diferente no jogo. O Benfica nem sequer forçou muito, foi simplesmente jogando, sabendo que mais um ou outro golo acabaria por aparecer. O Aves continuava a defender mal - com uns dez ou quinze segundo decorridos já o guarda-redes tinha oferecido a bola ao Rodrigo, e o lance só não resultou em golo porque nem ele, nem o Nolito quiseram rematar - e o resultado acabou por ser ampliado num bom lance individual do Rodrigo, que sobre o lado direito tirou um adversário do caminho e rematou cruzado para o poste mais distante. Depois disto o Aves criou finalmente algum perigo num curto espaço de tempo, primeiro num remate que não passou longe da barra, e depois num cabeceamento que obrigou o Artur à defesa da noite. O nosso sexto golo chegou da marca de penálti, quando à terceira falta dentro da área (antes já tinha havido outra sobre o Nolito) o sportinguista Hugo Miguel lá se decidiu a apitar - deve ter sido esse o nosso erro o ano passado em Coimbra: só houve dois lances para penálti. Pareceu-me que o Lima, que tinha sofrido a falta, iria deixar o Nolito marcar, mas o Jorge Jesus mandou que fosse mesmo o Lima, e este não falhou. Ainda faltavam dezoito minutos para o final, mas o marcador não voltou mais a funcionar.


Os destaques maiores da equipa vão para a dupla de avançados: o Cardozo fez três golos e teve participação decisiva noutro, e o Rodrigo marcou dois e deu outros dois a marcar ao parceiro de ataque.

Demos mais um passo na direcção do Jamor, onde já não vamos há demasiado tempo. Espera-nos agora um adversário complicado nos quartos-de-final, que em casa defende o troféu conquistado a época passada. Mas se o campeonato é o principal objectivo, a Taça deverá ser o que se lhe segue. Teremos apenas que jogar o nosso futebol e provar que o empate com o Xistra no jogo para a Liga naquele estádio não foi mais do que um acidente de percurso.