domingo, março 31, 2013

Seis

Mais uma exemplar 'gestão de esforço' da parte do Benfica, em vésperas de uma compromisso europeu: entrar forte, marcar cedo, resolver o jogo e depois, mesmo num ritmo mais pausado, deixar que a qualidade dos seus jogadores acabe por fazer o resultado avolumar-se de forma natural.


Apesar das muitas dúvidas que foram levantadas durante a semana sobre a condição física de vários jogadores do Benfica, só mesmo o Cardozo é que começou o jogo no banco. Maxi, Melgarejo, Garay e Enzo fizeram parte do onze inicial, que diante de mais de 45.000 benfiquistas se empenhou para resolver o mais cedo possível mais uma etapa no caminho do título. Boa posse de bola, bastante agressividade na recuperação da mesma, com a pressão a ser efectuada em zonas muito altas, e grande dinâmica de jogo. O Rio Ave apareceu a jogar com três centrais, talvez para tentar controlar os dois avançados do Benfica, mas como quer o Lima, quer o Rodrigo não são propriamente jogadores para se fixarem na frente, a estratégia não surtiu grande efeito. Para além disso, isto retirou um jogador da zona do meio campo, o que permitiu maior liberdade ao Matic e ao Enzo, que a exploraram de forma eficaz. O primeiro golo apareceu logo aos onze minutos, com o Melgarejo a fuzilar a baliza após assistência do Gaitán, numa jogada que tirou o melhor partido de uma recuperação de bola numa saída do Rio Ave para o ataque. Foi o primeiro rematar do Benfica à baliza, e para manter a eficácia, aos quinze, o segundo remate deu também golo, desta vez num cabeceamento cruzado do Matic após canto marcado pelo Gaitán. Entre os dois golos, o Rio Ave tinha enviado uma bola ao ferro na marcação de um livre. Ao fim de vinte minutos de jogo, e com dois golos obtidos, o Benfica pareceu abrandar um pouco o ritmo, o que permitiu ao Rio Ave respirar um pouco e levar algum perigo à nossa baliza, quase sempre através de iniciativas do Bebé, que mostrou ser um jogador com uma qualidade bastante acima da média da sua equipa. Mas mesmo a um ritmo convenientemente mais pausado o Benfica nunca deixou de ter o controlo do jogo, e a cinco minutos do intervalo chegou ao terceiro golo numa jogada muito bonita, em que a bola circulou por vários jogadores até chegar ao Enzo que, na direita do ataque, fez um centro perfeito para a finalização do Lima.


Os três golos de vantagem ao intervalo já ditavam um jogo mais do que decidido, pese embora a vontade e atitude do Rio Ave durante todo o jogo, que nunca deixou de tentar atacar. Mas mesmo sabendo-se que o Benfica logicamente não iria forçar muito o andamento na segunda parte, esta atitude do Rio Ave conjugada com a eficácia que o Benfica mostrou esta noite faziam adivinhar que poderíamos assistir a mais golos. Não foi preciso esperar muito, pois logo nos minutos iniciais do segundo tempo o Lima aproveitou um desarme ao Rodrigo sobre o limite da área para, com um pontapé colocado, fazer o quarto do Benfica e o seu segundo da noite. Mesmo o golo de honra do Rio Ave, obtido praticamente na resposta e quase por acaso (pareceu-me mais um ressalto no jogador do Rio Ave do que um remate intencional), nada alterou o panorama do jogo. O Benfica continuava a controlar o jogo ao ritmo que mais lhe interessava, e o Rio Ave procurava responder, ainda e sempre pelo Bebé. O jogo foi-se tornando ainda mais fácil para o Benfica com as expulsões, por acumulação de amarelos, primeiro do Wires, a meia hora do final, e depois do Edimar, quando ainda havia dezoito minutos para jogar - o árbitro Rui Costa foi demasiado generoso na amostragem de cartões e num jogo que não pareceu ser particularmente violento (a excepção deve ter sido um lance sobre o Salvio na primeira parte, que não teve cartão nenhum) conseguiu mostrar uma dúzia. Estranhamente, a jogar em superioridade numérica o Benfica revelou menos eficácia e falhou oportunidades de golo que poderiam ter contribuído para um resultado ainda mais folgado. Marcámos ainda mais dois golos durante o último quarto de hora, o primeiro pelo Lima, que completou o hat trick aproveitando uma assistência (involuntária, pareceu-me) do Melgarejo, e o segundo a oito minutos do final, pelo Enzo, que com muita calma recolheu uma bola rematada ao poste pelo Ola John (grande jogada individual pela direita), evitou um defesa e fez o golo. A pior mancha no jogo veio mesmo sobre o final, quando o Melgarejo viu o segundo amarelo e foi expulso, o que era perfeitamente evitável.


O homem do jogo é evidentemente o Lima, graças ao hat trick que apontou. Esteve letal esta noite, aparecendo nos sítios certos para rematar com espontaneidade. Muito boa a exibição do Gaitán, que está a revelar ser o grande 'reforço' da nossa equipa nesta fase decisiva. Gostei muito da exibição do Melgarejo, apenas manchada pela referida expulsão, e para não variar a dupla do meio campo, Enzo e Matic, também esteve muito bem, com cada um dos jogadores a coroar a exibição com um golo.

Foram seis golos esta noite, faltam seis finais para que consigamos o grande objectivo da época. O Benfica é neste momento a melhor equipa do campeonato, e estamos a jogar com uma confiança que nos torna ainda mais fortes. Só dependemos de nós próprios, e agora é apenas uma questão de manter a atitude e continuar a fazer o que tão bem tem sido feito até agora.

segunda-feira, março 18, 2013

Vantagem

Está feito. O Benfica não tremeu numa jornada decisiva, goleou em Guimarães, e aproveitou da melhor maneira o deslize do rival mais directo na luta pelo título. Esta época parece que não somos nós quem mais treme nas alturas decisivas.


O regresso do Garay no onze aumentou muito a minha confiança para o jogo. Com a motivação extra do empate no jogo da Madeira, era uma oportunidade que o Benfica não poderia desperdiçar. O Benfica entrou bem no jogo, mas a primeira parte até foi algo complicada, com o Guimarães a dar boa réplica durante os primeiros minutos de jogo, conseguindo responder às iniciativas do Benfica e mantendo em aberto a expectativa quanto ao resultado. Esta toada de algum equilíbrio manteve-se durante cerca de vinte minutos, mas entretanto viu-se o Jardel falhar um golo de forma algo clamorosa, quando cabeceou ao lado da baliza uma bola cruzada pelo Salvio, e esse lance deu o mote para um período melhor do Benfica. A superioridade do Benfica começou a evidenciar-se, ganhámos a luta do meio campo e tomámos conta do jogo. A proximidade à baliza do Guimarães tornou-se mais constante, e a consequência acabou por ser mesmo o golo do Benfica. Foi na marcação de um penálti, um lance que começou com o Gaitán a marcar rapidamente um livre e a isolar o Lima, que depois sofreu falta de um defesa quando já tinha ultrapassado o guarda-redes. Na altura da marcação o Cardozo, ao contrário do ponta-de-lança do nosso rival, não tremeu, enviou a bola para um lado e o guarda-redes para o outro, e deu-nos a merecida vantagem no marcador, com trinta e sete minutos decorridos. O golo pareceu afectar o Guimarães, o que nos permitiu mantermo-nos por cima no jogo até ao intervalo.


A superioridade do Benfica manteve-se na reentrada para a segunda parte, e ao fim de um quarto de hora essa superioridade ficou ainda mais definitivamente vincada, pois o Guimarães ficou reduzido a dez devido ao segundo amarelo mostrado ao Kanu, e o Benfica aumentou para dois a zero logo de seguida. Novamente o Gaitán no lance, a fazer o cruzamento da esquerda para uma finalização de classe do Garay, que fez o chapéu ao guarda-redes do Guimarães. Este golo atirou o Guimarães ao tapete, e com meia hora ainda para jogar, era previsível que o Benfica pudesse construir um resultado ainda mais dilatado, o que veio mesmo a acontecer. Apenas por uma vez o Guimarães chegou com perigo à nossa baliza, enquanto que da parte do Benfica os lances de perigo iam-se sucedendo, até que o terceiro golo aconteceu mesmo, aos oitenta e dois minutos, marcado pelo Salvio. O argentino já tinha estado perto do golo antes, e desta vez, isolado, ultrapassou o guarda-redes e marcou sem dificuldade. Para final de festa, o quarto golo na última jogada do encontro, pelo Rodrigo, que aproveitou uma defesa incompleta do guarda-redes do Guimarães após um cruzamento do Maxi.


Gostei de toda a equipa em geral. Mais uma vez pareceu mostrar uma boa condição física, não se notando consequências do jogo em Bordéus (houve quatro mudanças no onze inicial em relação a esse jogo). Tal como em França, gostei do jogo do Gaitán. Muito activo, esteve nas jogadas dos dois primeiros golos, e são muito boas notícias que ele tenha 'reaparecido' para a fase decisiva da época. O regresso do Garay à defesa foi também muito importante, e foi assinalado com um bom golo. Para mim é o melhor defesa a jogar em Portugal, e um jogador que eu espero sinceramente que consigamos manter no clube.

Só dependemos de nós próprios para ser campeões, e depois desta jornada já só há uma equipa que pode afirmar isso. Os quatro pontos de vantagem são uma barreira psicológica importante, porque retirou ao nosso adversário a possibilidade de se refugiar no conforto de saber que nos recebe em sua casa na penúltima jornada. Conforme escrevi no início, até agora nos momentos decisivos foram eles quem tremeu. Com esta pressão adicional, até pode ser que continuem a tremer. Nós só temos que continuar a trabalhar com a mesma concentração e humildade demonstradas até agora. A vantagem, neste momento, é toda nossa.

sexta-feira, março 15, 2013

Classe

Parece que o Bordéus ia em dez vitórias consecutivas em casa, em jogos europeus. É natural; ainda não tinha jogado contra o Benfica. Com concentração, personalidade, empenho e pinceladas de classe, o Benfica conquistou a vitória em Bordéus, deu uma grande alegria à maré vermelha que o apoiou em França, e passou aos quartos-de-final com relativa tranquilidade - mas apesar da passagem na eliminatória nunca ter chegado a estar em causa, o jogo em si foi muito pouco tranquilo.


Até nem foram muitas as supostas poupanças neste jogo. Dada a ausência da dupla de centrais titular, a escolha recaiu, sem surpresa, no Jardel e no Roderick. É verdade que o André Almeida jogou no lugar do Maxi, mas tal como já tinha escrito na eliminatória com o Leverkusen, o André Almeida tem sido, na prática, o lateral direito titular na Liga Europa. Na frente de ataque jogou o Rodrigo, apoiado mais de perto pelo Gaitán, com muita liberdade de movimentos. O Bordéus entrou forte, conforme esperado, mas após alguns sobressaltos durante o primeiro quarto de hora, resolvidos pelo Artur, o Benfica conseguiu acalmar o jogo e começar a jogar o seu futebol. Com o Gaitán muito activo, inclusivamente a auxiliar na recuperação da bola, o Benfica começava a dar sinais positivos nas saídas rápidas para o ataque, e a criar situações perigosas também. Na melhor de todas colocou o Salvio isolado, mas o remate foi defendido pelo Carrasso. Só que o guarda-redes francês já não esteve tão bem à meia hora de jogo, quando numa saída disparatada a punhos num canto acabou por permitir ao Jardel um cabeceamento para a baliza vazia, que aumentou a vantagem do Benfica na eliminatória para um nível que parecia ser inalcançável para o Bordéus. Os franceses acusaram o golpe, e foi sem grande dificuldade que o Benfica geriu o jogo até ao intervalo.


Voltou o Bordéus para a segunda parte com nova alma, correndo muito e tentando obter algum golo que pudesse lançar uma ínfima esperança na discussão da eliminatória. O Benfica nunca passou por grandes apertos, é verdade, mas o jogo não foi propriamente o ideal para fazer grande gestão de esforço. É que o Bordéus, sem nunca ter estado sequer perto de poder evitar a eliminação, e mesmo em momentos em que tudo parecia estar mais do que decidido, numa demonstração de brio nunca virou a cara à luta e os seus jogadores correram até ao último segundo, disputando cada bola. Talvez tenha sido para defender o referido registo vitorioso na Europa, ou para responder às críticas do presidente, o que é certo é que isto obrigou também os nossos jogadores a correr bastante e a esforçarem-se para ganhar este jogo - a parte positiva é que se, supostamente, a equipa do Benfica está em défice físico, não notei nada disso neste jogo. Durante a segunda parte, aliás, apesar do esforço dos jogadores do Bordéus, fiquei sempre com a sensação de que seria muito provável o Benfica voltar a marcar, pois o Bordéus ia descuidando cada vez mais a defesa e sujeitava-se aos nossos contra-ataques. Quando faltavam pouco mais de vinte minutos para o final o Benfica trocou de avançados, e entrou o Cardozo, que acabou por se revelar absolutamente decisivo. O Bordéus, de forma um pouco inesperada, conseguiu chegar ao golo do empate quando ainda faltavam quinze minutos para o final, num lance em que o Diabaté aproveitou um corte defeituoso do Jardel, mas nem teve tempo para festejar, porque no lance seguinte o Gaitán fez uma óptima assistência para o Cardozo, que com toda a calma evitou o defesa e sentou o guarda-redes, para depois voltar a colocar o Benfica em vantagem. A eliminatória estava mais do que resolvida, e o que me interessava agora era mesmo vencer o jogo. Mesmo a finalizar os noventa minutos parecia que não iríamos consegui-lo, porque o Jardel desta vez marcou na baliza errada quando tentava aliviar uma bola defendida pelo Artur para a frente, mas no período de descontos o Cardozo voltou a entrar em cena e aproveitou uma bola longa para, mais uma vez com classe, sentar o defesa e colocar a bola rasteira fora do alcance do guarda-redes.


Inevitavelmente o Cardozo é o homem do jogo. Jogou apenas vinte e cinco minutos, mas fez dois golos com finalizações de grande classe que nos garantiram a vitória. Gostei bastante do Gaitán, nosso capitão esta noite. Esteve muito activo durante todo o jogo, e ao contrário do que muitas vezes é habitual, trabalhou bastante no auxílio às tarefas defensivas. Fez ainda o passe para o nosso segundo golo - hoje a braçadeira assentou-lhe muito bem. O Matic foi enorme no meio campo, bem ajudado pelo Pérez. O Roderick cumpriu sem comprometer, e até acabou por ser o Jardel a ficar mais directamente ligado aos golos do adversário.

Com toda a naturalidade, estamos nos quartos-de-final da Liga Europa. Desde que o Jorge Jesus é treinador, esta fase das competições europeias tem sido o mínimo todas as épocas (quartos-de-final da Liga Europa em 2009/10, meias da mesma competição em 2010/11, quartos da Champions em 2011/12). O campeonato terá que continuar a ser a grande prioridade, mas depois de tantas presenças seguidas nestas fases, não custa muito ambicionar a chegar um pouco mais longe.

segunda-feira, março 11, 2013

Perfeito

Marcar cedo, resolver o jogo, e depois baixar o ritmo e gerir o resultado é o tipo de gestão de esforço ideal, e o que mais me agrada. Foi o que o Benfica conseguiu fazer hoje, num jogo que fica sobretudo marcado pela eficácia da nossa equipa, e também por uma dose de alguma felicidade.


Apenas uma alteração no onze mais habitual do Benfica, onde o Jardel surgiu no lugar do Luisão. Depois de nos ter trocado as voltas na escolha de campo, o Gil Vicente até entrou bem no jogo, mas da parte do Benfica deu para ver desde o início pouca passividade e mais vontade de pressionar mais alto e jogar a um ritmo bem mais elevado do que aquele que empregámos nos últimos jogos. Foi do Gil Vicente o primeiro remate perigoso, que obrigou o Artur a uma defesa apertada, mas o Benfica chegou ao primeiro golo na resposta a este lance. Depois de um passe fantástico do Pérez a solicitar a entrada do Maxi pela direita, o cruzamento rasteiro do nosso capitão esta noite tabelou num adversário e acabou por trair o guarda-redes do Gil. Marcar cedo (o golo aconteceu aos onze minutos) era importante, mas desta vez não houve um imediato abrandamento da parte do Benfica. Pelo contrário, a seguir ao golo o Benfica continuou a marcar em intervalos de onze minutos, fez mais dois golos e praticamente arrumou de vez com a questão. Primeiro pelo Salvio, aos vinte e dois minutos, numa iniciativa individual em que furou pela direita e rematou de pé esquerdo para o poste mais distante, e depois pelo Melgarejo, aos trinta e três, numa finalização muito boa, em de um ângulo muito apertado conseguiu picar a bola sobre o guarda-redes e o carrinho feito pelo defesa. Com pouco mais de meia hora jogada, o Benfica tinha já resolvido o jogo com bastante tranquilidade e sem necessitar de grandes correrias.


Para a segunda parte, o Benfica veio naturalmente mais preocupado com a gestão de esforço, e baixou claramente a pressão, mantendo no entanto sempre a intenção de efectuar saídas rápidas para o ataque sempre que conseguia recuperar a bola. As coisas podiam ter ficado um pouco mais animadas logo nos primeiros minutos com um golo do Gil Vicente, mas a sorte bafejou-nos e o bonito remate colocado do Luís Martins levou a bola a embater na trave da baliza quando o Artur já nada podia fazer. Com o jogo a disputar-se num ritmo convenientemente lento, sempre que o Benfica metia um pouco mais de velocidade na saída para o ataque deixava antever que o resultado poderia avolumar-se. O Lima deixou uma primeira ameaça, num remate que passou perto, e depois marcou mesmo, numa finalização fácil após um centro do Ola John vindo da esquerda. O Gil Vicente até tinha entrado na segunda parte com empenho na procura de um golo que permitisse relançar um pouco o jogo, mas este quarto golo do Benfica pareceu matar-lhes de vez o ânimo, e ainda com vinte e cinco minutos por jogar até ao final a única dúvida que restava era saber se o Benfica ainda conseguiria marcar mais golos. Geriu-se mais algum esforço com a troca do Ola John e do Pérez pelo Aimar e o Gaitán, o Lima quase que marcou outra vez, o Cardozo falhou um golo que parecia quase certo, e foi mesmo para fechar da melhor forma que o Benfica fez o quinto. Foi numa jogada em que o Aimar rouba a bola a um adversário ainda no nosso meio campo, leva-a para a frente e solta-a no momento certo para a desmarcação do Salvio na direita, que depois centrou rasteiro para a finalização do Gaitán. Simples, bonito, e eficaz.


Matic e Garay dois dos melhores. Com o sérvio em campo o Benfica joga vários metros mais adiantada e consegue pressionar o adversário muito mais cedo. E depois tem ainda muita qualidade a distribuir jogo nas saídas para o ataque, ou até mesmo a organizar ele os ataques. O Garay esteve intransponível, como de costume. Gostei também do Pérez, para não variar. O Salvio e o Maxi estiveram bem no lado direito, e o Ola John, apesar de se ter escondido muito do jogo, saiu do campo com duas assistências feitas.

Foi uma vitória robusta, moralizadora, obtida de forma simples e aparentemente sem exigir demasiado esforço. O jogo perfeito, portanto.

quinta-feira, março 07, 2013

Resultado

Num jogo de qualidade muito baixa, ao menos no final pudemos sorrir com o mais importante: o resultado, já que o Benfica, apresentando uma equipa com várias alterações, conseguiu vencer o Bordéus pela margem mínima, tendo ainda evitado sofrer golos, o que é sempre um factor a não menosprezar nas competições da UEFA.


Muitas poupanças mais uma vez, com o André Almeida (já quase que se pode considerar que é o lateral direito titular na UEFA), Roderick, Carlos Martins, Gaitán e Rodrigo no onze inicial, o que permitiu deixar descansar outros tantos jogadores. Sobre o jogo, não posso alongar-me muito, porque conforme referi no primeiro parágrafo, a qualidade foi muito má. Da parte das duas equipas. O Benfica jogou bem menos do que aquilo que sabemos ser capaz, e o Bordéus mostrou muito poucos argumentos. O resultado disso foi um jogo em que se calhar os dedos de uma mão chegam para contar as jogadas com princípio, meio e fim que conseguiram ser construídas pelas duas equipas. O futebol foi quase sempre aos repelões, jogado a um ritmo extremamente baixo, os passes disparatados foram de uma quantidade absurda, e as más decisões tomadas pelos jogadores uma constante. A opção pelo Roderick na posição à frente da defesa mostrou que não passa mesmo de uma opção de recurso, pois ele ocupa aquela zona do terreno, mas obviamente não consegue fazer a posição de forma minimamente semelhante ao Matic, pelo que a equipa perde bastantes metros no posicionamento em campo. Ganhou o Benfica o jogo porque, num momento de maior inspiração do Rodrigo, saiu um pontapé de fora da área que, com a colaboração entre a barra e as costas do guarda-redes, acabou por fazer a bola parar dentro da baliza francesa.


A segunda parte nem sequer foi mais do mesmo, porque conseguiu ser ainda mais mal jogada do que a primeira. Mesmo as alterações feitas na equipa, que lançaram o Lima, Pérez e Salvio no jogo, pouco ou nada conseguiram mudar. O Benfica teve talvez duas jogadas de perigo, uma que foi bem construída e que terminou num remate do Cardozo para defesa mais apertada do guarda-redes, e outra uma incursão do Melgarejo pela esquerda que depois foi mal finalizada, com algo que acabou por ficar a meio caminho entre o remate e o cruzamento para dois colegas que estavam mais bem colocados. Perto do final o Bordéus também dispôs de um lance de relativo perigo, em que o Artur foi obrigado a aplicar-se para defender o remate cruzado do jogador francês. A exibição do Benfica foi má - aliás, o jogo todo em si foi bastante mau - mas é sempre desagradável estar no estádio e ouvir a equipa a ser assobiada durante o jogo. E isto começou muito cedo, porque antes dos dez minutos já os assobiadores profissionais estavam no seu labor. Os jogadores claramente sentiram-no, mas também me desagradou a atitude do Luisão no final, que chamou imediatamente a equipa para sair do campo sem sequer agradecer aos adeptos, o que é algo que quase nunca vejo acontecer na Luz. Se é verdade que houve assobios, também houve muitos que apoiaram a equipa e certamente não mereciam isso.


Os mais certinhos da nossa equipa acabaram por ser os dois centrais, que mantiveram a serenidade e evitaram males maiores para a nossa equipa. De resto, a mediania foi geral, mas o Gaitán destacou-se pela negativa no capítulo do passe, porque não creio que alguma vez o tenha visto fazer tantos maus passes num jogo.

Repetindo-me: o mais importante foi o resultado. A vitória, ainda que pela margem mínima, sem sofrer golos deverá ser suficiente para nos permitir discutir a passagem aos quartos sem muitos sobressaltos, a não ser que no espaço de uma semana o Bordéus sofra uma transfiguração surpreendente e mostre algo que eu nunca vi durante este jogo (nem sequer no jogo contra o Dínamo Kiev, a que eu também assisti). A exibição do Benfica é naturalmente preocupante, porque esteve muito abaixo daquilo a que esta equipa nos habituou. Espero que no Domingo, contra o Gil Vicente, consigamos dar uma imagem mais positiva, que permita aos adeptos encarar esta fase decisiva da época com confiança acrescida - a maré vermelha também depende, e muito, disso.

domingo, março 03, 2013

Obrigação

Cumpriu-se o objectivo e trouxemos os três pontos de casa do último classificado, três pontos esses que nos permitem agora estar isolados no primeiro lugar da classificação. Mas foi um jogo de muito mais sofrimento do que seria expectável, em que o Benfica decidiu abrandar demasiado cedo.


A entrada do Benfica no jogo foi entusiasmante. Num jogo em que a vitória oferecia a liderança isolada, entrámos em jogo a mostrar que o objectivo era para ser alcançado de forma decisiva e o mais depressa possível. Praticamente na primeira jogada de ataque o Lima dispôs de uma oportunidade flagrante de golo, mas atirou por cima. A superioridade do Benfica durante os primeiros minutos foi clara, e procurámos o golo com empenho, tendo o esforço sido recompensado ao fim de um quarto de hora, com um penálti convertido pelo Cardozo - a castigar uma mão do Hugo após cabeceamento do mesmo Cardozo. Em vantagem no marcador, o Benfica abrandou um pouco o ritmo, sem deixar no entanto de ter o jogo sob controlo. O problema é que na próxima quinta-feira temos um jogo para a Liga Europa. E talvez por isso, a partir da meia hora de jogo, a 'gestão' do jogo tornou-se quase ficar a ver o adversário jogar. Por mais que eu ouça dizer que não há poupanças no campeonato, porque este é o principal objectivo, acabo sempre com a sensação de que na cabeça dos jogadores os jogos europeus estão sempre presentes. O Benfica pouco ou nada produziu em termos atacantes até ao intervalo, enquanto que o Beira Mar cresceu no jogo e começou a ameaçar a baliza do Benfica.


Se o final da primeira parte já não tinha sido brilhante, a segunda parte foi ainda pior. O Benfica efectivamente decidiu que não queria assumir as despesas do jogo, encostou o Pérez ao lado do Matic, e remeteu-se ao seu meio campo, deixando que o Beira Mar tivesse mais bola para depois eventualmente explorar algum contra-ataque. Se olharmos para o resultado final, que foi a desejada vitória, poderemos considerar que a estratégia surtiu efeito. Mas as coisas podiam perfeitamente não ter acabado assim. O Beira Mar foi mais rematador e até dispôs de algumas situações em que poderia ter marcado, não o fazendo quase mais por falta de jeito dos seus jogadores do que por mérito dos nossos - embora o Artur tenha, já perto do final, negado o golo ao Beira Mar com uma defesa por instinto. No ataque, o Benfica teve duas oportunidades dignas desse nome para colocar um fim no nosso sofrimento, nos pés do Cardozo e do Lima, mas de resto pouco mais conseguiu produzir, fruto de passes falhados e perdas de bola em demasia para aquilo que lhe é habitual. O Beira Mar, esse, surpreendeu-me por me ter parecido que conseguiu correr mais neste jogo do que nas vinte jornadas anteriores. Deve ser a motivação extra de jogar contra o Benfica, ou o encorajamento da parte do antibenfiquista assumido que têm como novo treinador.


Não consigo mesmo destacar um jogador na nossa equipa. Acho que estive demasiado nervoso a ver o jogo e a certa altura parecia que todos eles me conseguiam irritar com o que faziam em campo.

A obrigação era vencer este jogo. Com maior ou menor dificuldade (neste caso, com muito maior do que esperaria) conseguimo-lo. Apesar do menor fulgor e do jogo menos conseguido, o importante são os três pontos, e estes também contam para nos ajudar a ser campeões. Estamos agora isolados no primeiro lugar, posição que espero não larguemos mais nas nove jornadas que restam.