domingo, fevereiro 22, 2015

Complicada

Foi uma vitória demasiado complicada para a superioridade que o Benfica demonstrou em campo durante todo o jogo. A falta de eficácia poderia ter custado caro, já que apesar do domínio completo do jogo não fomos capazes de o exprimir em golos e vimos o Moreirense colocar-se em vantagem no único remate que fez à nossa baliza, obrigando-nos depois a correr atrás do resultado.


Sem surpresa, o André Almeida foi o escolhido para ocupar a vaga no meio campo deixada pela suspensão do Samaris, mantendo-se o resto do onze como esperado. O Benfica entrou bem no jogo, instalando-se imediatamente no meio campo adversário e remetendo o Moreirense para junto da sua área. Ao contrário do que tinha visto nos três jogos anteriores contra esta mesma equipa, desta vez o Moreirense apostou numa atitude claramente defensiva, tentando tapar todos os caminhos para a sua baliza acantonando os seus jogadores na zona defensiva e tentando queimar tempo em qualquer reposição de bola em jogo desde o primeiro minuto. Apesar do domínio total do jogo, o Benfica não conseguiu traduzir isso em muitas ocasiões flagrantes de golo. Fomos evidentemente muito mais rematadores (quase mesmo a única equipa a rematar), conquistámos diversos cantos, mas apenas me recordo de uma ocasião flagrante de golo, na qual o Jonas acertou no poste depois de um centro do Pizzi. Foi portanto completamente contra a corrente do jogo que o Moreirense se colocou em vantagem. Tudo começou numa perda de bola do Salvio perto da linha do meio campo, que originou um contra-ataque pelo lado direito da nossa defesa. O André Almeida veio fazer a dobra, porque o Maxi estava adiantado, mas ninguém foi compensar a sua ausência no meio, o que permitiu que o jogador do Moreirense recebesse a bola na zona frontal à nossa área e tivesse todo o tempo do mundo para olhar e colocar o remate. Se as coisas já pareciam complicadas, pior ficaram, e se o Benfica já dominava completamente o jogo desde o apito inicial, era necessário imprimir mais velocidade no nosso jogo e maior agressividade na hora de atacar a baliza adversária, porque mais uma vez, e perante a floresta de jogadores do Moreirense, os nossos jogadores eram pouco expeditos e revelavam pouca vontade de arriscar rematar, perdendo-se jogadas sempre com mais um toque, um passe para o lado, ou uma finta.


Foi essa atitude que o Benfica trouxe para a segunda parte, e devido a isso a pressão sobre o Moreirense tornou-se cada vez mais intensa. Os pontapés de canto continuaram a acumular-se, o guarda-redes do Moreirense viu finalmente o amarelo por perder tempo (quando logo na primeira parte este amarelo já se justificava, isso diz muita coisa). O golo do empate acabou por aparecer ainda antes de se completar o primeiro quarto de hora. Depois de uma dúzia de pontapés de canto que nada deram, foi num que até nem era (o Salvio foi o último a tocar na bola) que chegámos ao golo. Canto marcado na direita pelo Pizzi e entrada fulgurante de cabeça do nosso capitão Luisão ao primeiro poste. Logo a seguir o Moreirense facilitou-nos a vida, já que ficou reduzido a dez devido a palavras dirigidas ao árbitro por um jogador seu. Por efeito directo da expulsão ou não, a verdade é que não tardou muito até que o Benfica resolvesse o jogo. Apenas cinco minutos depois da expulsão, e na sequência de mais um canto, num remate de ressaca de fora da área o Eliseu fez o segundo golo. O guarda-redes não ficou muito bem no lance, porque o remate foi relativamente fraco e feito com o pé direito, mas a bola passou pelo meio de um monte de jogadores e bateu à frente dele antes de entrar. E depois, para acabar com quaisquer dúvidas, bastaram mais sete minutos para marcarmos o terceiro golo. Cruzamento tenso e rasteiro do Salvio na direita, e o Jonas apenas teve que encostar quase em cima da linha. Com este golo o jogo ficou definitivamente resolvido, e os minutos finais passaram-se sem grande história, ficando no ar apenas a dúvida sobre se o Benfica ainda conseguiria ampliar a vantagem - e esteve muito perto de o conseguir, num grande remate do Talisca.


O Pizzi voltou a ser dos jogadores que mais me agradaram. Tem obviamente que evoluir no aspecto defensivo - no golo do Moreirense pareceu-me que houve passividade - mas foi dos mais activos e criativos no ataque. Além disso dá jeito que saiba marcar cantos de uma forma mais eficaz do que o Talisca, porque já andava cansado de ver os nossos cantos serem quase todos cortado ao primeiro poste devido à bola nunca ser suficientemente levantada. Muito bem o nosso capitão, a liderar por exemplo e a dar início à reviravolta. O Salvio acabou por fazer a assistência para o terceiro golo, mas nos últimos jogos tem conseguido irritar-me por excessos de individualismo que resultam em diversas perdas de bola.

Obviamente que há gente suficientemente desonesta para tentar fazer um cavalo de batalha do canto que resultou no golo do empate. Não era obviamente pontapé de canto, já que foi o Salvio o último a tocar na bola e o auxiliar claramente enganou-se (e confesso que também não acho, ao contrário do que alguns defendem, que fosse lance para penálti sobre o Salvio). Mas o Benfica já tinha conquistado uma dúzia de cantos, e querer fazer passar uma imagem de benefício ao Benfica pelo facto do árbitro ter assinalado mais aquele, como se soubesse que era mesmo naquele que o Benfica iria marcar, parece-me profundamente estúpido. Como seria igualmente estúpido se eu achasse que tínhamos sido prejudicados quando o árbitro, na primeira parte, transformou um pontapé de canto a nosso favor em pontapé de baliza, porque tinha a certeza que era naquele que o Benfica marcaria. O importante é que passou mais uma jornada e mantivemos a nossa vantagem no topo da tabela. É isso que deixa alguma gentinha mais nervosa, e a põe a disparatar ainda mais do que é costume.

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Calmo

Um jogo muito calmo e quase sem história, de tão fraca que foi a réplica dada pelo Setúbal. O Benfica marcou cedo, controlou o jogo como quis, e conquistou uma vitória folgada que talvez só peque por escassa.


Neste momento o Pizzi parece levar vantagem sobre o Talisca na luta por um lugar no onze inicial, e foi ele quem surgiu ao lado do Samaris na zona central do meio campo. De resto vimos as escolhas que têm sido habituais ultimamente. Ao contrário daquilo que aconteceu no jogo da passada quarta-feira, o Benfica pegou no jogo desde o apito inicial, isto perante um Setúbal encostado à sua área e claramente apostado em defender o nulo. Não teve muito tempo para se dedicar a essa actividade, porque logo aos oito minutos o Benfica inaugurou o marcador. Canto na esquerda marcado pelo Pizzi, e cabeceamento vitorioso do Jardel. O golo no entanto não demoveu o Setúbal da intenção inicial, porque continuou a jogar com cautelas defensivas e sem grandes pressas, talvez ciente de que uma desvantagem mínima poderia ser anulada num lance fortuito. E aliás, pouco depois do nosso golo até teve mesmo uma ocasião (porventura a única durante todo o jogo) para fazer isso mesmo, quando aproveitou um livre para colocar a bola na área e obrigar o Artur a uma defesa que me pareceu quase que por instinto. Mas tirando esse lance, o Setúbal praticamente não existiu em termos ofensivos e limitou-se a tarefas defensivas. Mas nem foi tanto por mérito defensivo do Setúbal que o resultado se manteve teimosamente na diferença mínima. O Benfica pode-se, isso sim, queixar de si mesmo por não ter conseguido marcar o segundo golo mais cedo, porque construiu ocasiões para o fazer, desperdiçando algumas delas de forma quase escandalosa - ficou-me na memória uma situação em que primeiro o Jonas e depois o Maxi conseguiram aquilo que parecia ser mais difícil, que era não marcar. Foi já perto do intervalo que o segundo golo chegou, num lance em que o Ola John ganhou no corpo a corpo com um defesa do Setúbal, entrou na área pela esquerda, e já perto da linha de fundo esperou o máximo que podia até conseguir colocar a bola atrasada para o remate do Lima, e a quase certeza de que a vitória já não fugiria.


A segunda parte foi ainda mais calma do que a primeira. Jogou-se uma grande parte do tempo apenas no meio campo do Setúbal, e a exemplo do que aconteceu noutras ocasiões o Benfica fica a dever a si próprio um resultado mais dilatado do que aquele que conseguiu, porque desperdiçámos ocasiões de sobra para marcar mais golos. Até o Luisão esteve perto de marcar com uma nota artística elevada, num chapéu ao guarda-redes que saiu ligeiramente por cima. O terceiro golo lá acabou por surgir inevitavelmente, a vinte minutos do final, e de uma forma talvez mais difícil do que noutras ocasiões que desperdiçámos. Numa jogada de insistência do Salvio e do Maxi pela direita, em que pressionaram os defesas do Setúbal, conseguiram recuperar a bola junto à área e ao cruzamento do Salvio correspondeu o Lima com um cabeceamento junto à relva, marcando assim um bonito golo. Depois disto vimos o Rúben Amorim e o Gonçalo Guedes ganharem mais uns minutos na equipa principal, o primeiro para ganhar ritmo e o segundo para ganhar calo. Continuámos a falhar golos - o Jonas não esteve nos seus dias em termos de finalização e teve mais uma perdida incrível - e na fase final do jogo os nossos jogadores entretiveram-se a coleccionar cartões amarelos, o que inclusivamente serviu para que o Samaris ficasse excluído do nosso próximo jogo.


O Lima merece ser distinguido pelos dois golos que marcou. É bom que se reencontre com o golo, uma vez que esta época parece andar menos concretizador do que é habitual. Gostei bastante do Pizzi mais uma vez. A qualidade de passe naquela zona do campo é uma mais valia, e quando conseguir adquirir as rotinas defensivas poderá ser um caso sério. Por falar em rotinas defensivas, o Samaris tem mostrado uma evolução brutal na sua posição, e hoje voltou a fazer uma exibição muito boa. Os nossos centrais mostraram a segurança do costume. Por último, acho que hoje vi o Ola John correr mais do que o tinha feito nos últimos três meses juntos.

Passou mais uma jornada e mantemo-nos como a única equipa dependente apenas de si própria para chegar ao título. Quanto mais tempo conseguirmos manter esta situação, maior será a frustração e pressão sobre o nosso adversário na luta pelo título. A margem é curta e não permite falhas de concentração.

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Fácil

Jogo que começou mal mas que acabou por se tornar demasiado fácil para o Benfica, que assim garantiu a passagem à sexta final da Taça da Liga em oito edições.


O Benfica apresentou um onze com várias alterações em relação ao do último jogo: Sílvio, Lisandro, Cristante, Pizzi, Gonçalo Guedes, Talisca e Derley foram titulares esta noite, mantendo-se no onze apenas Artur, Jardel, Eliseu e Ola John. O Setúbal entrou de rompante no jogo e esteve muito perto de marcar logo nos minutos iniciais, com o Benfica a ser salvo por um corte quase milagroso do Lisandro. Só a partir dos dez minutos é que me pareceu que o Benfica conseguiu assentar um pouco o seu jogo, mas mesmo depois disso jogámos sempre numa toada algo lenta e devido a isso não foi fácil ultrapassar a organização defensiva do Setúbal, que quando perdia a bola acumulava vários jogadores em frente à sua área. Só a cinco minutos do intervalo é que as coisas se começaram a facilitar, com um penálti cometido sobre o Gonçalo Guedes que custou a expulsão ao jogador do Setúbal, já que o nosso jogador estava em posição privilegiada para marcar. O Talisca converteu no primeiro golo e, quatro minutos depois, esteve na origem do segundo, já que depois de uma perda de bola infantil da defesa do Setúbal foi sobre ele que novo penálti foi cometido. Desta vez foi o Pizzi a convertê-lo, o que levou a equipa para intervalo a vencer por dois e com mais um jogador em campo.


Não se esperava por isso uma segunda parte particularmente emotiva ou problemática para o Benfica, e foi o que aconteceu. A exibição do jovem Gonçalo Guedes estava a ser um motivo de interesse e ele até esteve perto de marcar um grande golo, mas o remate desferido de bastante longe embateu com estrondo na barra. Pouco depois foi substituído pelo Salvio. O Setúbal não conseguiu fazer qualquer tipo de oposição e a segunda parte foi por isso jogada quase por inteiro em metade do campo, com a bola a rondar muito a área mas houve pouco acerto da nossa equipa, que desperdiçou várias jogadas em que poderia e deveria ter feito melhor. Mas o jogo continuou a ser disputado a um ritmo pouco intenso e por vezes foi até monótono de assistir - não sei se me recordo de estar num estádio a assistir a outro jogo durante o qual tenha bocejado tanto. Ainda acertámos mais uma vez a bola nos ferros da baliza adversária, desta vez pelo Salvio, e só mesmo o inevitável Jonas (tinha entrado para o lugar do Cristante ao intervalo) acabou por fazer o gosto ao pé, após jogada de entendimento que envolveu o Ola John e o Derley. É de assinalar também o momento do regresso aos relvados do Rúben Amorim, que pode ser um importante reforço para estes últimos meses da época.


Gostei do Lisandro. Já disse antes que tenho pena que ele pareça render mais a jogar na posição do Luisão, porque assim tem a presença no onze muito mais dificultada. O Gonçalo Guedes teve bons pormenores e é bom vê-lo ir ganhando experiência. Também fiquei agradado com a exibição do Pizzi.

Passagem à final sem grande esforço ou sobressaltos era o que eu esperava. Expectativas cumpridas. Agora é preparar novo jogo contra este mesmo adversário no domingo.

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Sorte

Tendo em conta as circunstâncias tenho que considerar o resultado do jogo desta noite como um mal menor, que nos mantêm em posição privilegiada na luta pela renovação do título de campeão. Mas não deixo de me sentir algo desapontado pelo facto do Benfica ter passado a maior parte do jogo numa estratégia de risco mínimo e aparentemente satisfeito com o empate. É certo que o jogo era muito mais decisivo para o Sporting do que para nós e que não pudemos contar com o nosso maior desequilibrador, mas esperava mais da nossa parte.


A estratégia de maior segurança ficou visível logo na escolha do onze inicial - visto a olho, já que o clube anfitrião fez questão de não anunciar a constituição da equipa do Benfica, ou melhor, do 'visitante', porque durante todo o tempo foi assim que se referiram à nossa equipa (certamente em casas de viscondes e gente diferente é assim que se demonstra classe). André Almeida em vez do Talisca, com a equipa a dispor-se em campo num 4-4-2 em que o Samaris e o André actuaram praticamente lado a lado, em vez do mais habitual 4-1-3-2. Sobre o jogo jogado, tenho pouco a dizer. Foi um jogo bastante táctico, em que as defesas se superiorizaram aos ataques e não houve uma única ocasião de golo para qualquer uma das equipas durante os primeiros quarenta e cinco minutos. Senti bastante a falta do Gaitán, uma vez que o seu substituto Ola John foi um dos jogadores mais desinspirados de toda a equipa e não fez uma contribuição positiva que fosse para o nosso jogo. Atrás dele também o Eliseu esteve longe do desejável, pelo que a nossa asa esquerda praticamente não serviu para nada. Também é justo referir que na direita o Salvio foi tudo menos brilhante, pecando por individualismo excessivo e por complicar jogadas em que se impunha a opção mais simples. No centro o Samaris, pelo contrário, esteve sempre muito bem e juntamente com o André e os frequentes recuos no campo do Jonas encaixaram no meio campo do Sporting, impedindo que tirassem partido de alguma teórica superioridade numérica nessa zona do terreno. 


Não vi grandes diferenças no início da segunda parte. Nenhuma das equipas parecia querer correr grandes riscos, e da parte do Benfica via uma aparente ainda maior vontade em deixar correr o marfim e satisfazer-se com o nulo. Uma vez que era ao Sporting a quem menos interessava este resultado, na fase final do jogo foi por isso natural que tentassem carregar mais na procura do golo. O facto de termos ficado com ambos os laterais e os dois médios centro (o Samaris já perto do final) amarelados creio que também contribuiu para uma menor agressividade a defender e para que os extremos do Sporting passassem a ter um pouco mais de liberdade - vi vários lances em que claramente os nossos jogadores se retraíram e não arriscaram meter o pé. Mas apesar disso o jogo nunca ficou particularmente desequilibrado, e recordo-me apenas de uma boa ocasião para o Sporting, num cabeceamento do Carrillo (no qual o Eliseu ficou a assistir de cadeirinha) que obrigou o Artur a uma boa defesa. No Benfica apenas me chamou a atenção um bonito passe do Samaris para o Jonas, que dentro da área decidiu tentar assistir o Lima quando me pareceu que poderia ter rematado. Parecia-me que o jogo estava inevitavelmente destinado a um nulo, e que apenas algum lance fortuito poderia alterar o estado das coisas. E nos minutos finais, foi mesmo isso que acabou por acontecer, e por duas vezes. Primeiro, e porque no melhor pano cai a nódoa, o Samaris, que estava até então a fazer um jogo sem mácula, teve um mau corte que isolou o João Mário entre os nossos centrais. O Artur defendeu o remate, mas já não conseguiu evitar a recarga do Jefferson. Um duro golpe a três minutos dos noventa, ainda por cima sendo o golo marcado por um dos jogadores que eu mais detesto à face da terra (desde que lesionou o Salvio por seis meses que não suporto aquele animal). Claro que os adeptos da casa soltaram logo a sua tradicional arrogância e desataram a dar 'olés', como se o jogo medíocre a que se assistia sequer o merecesse. Levaram o castigo merecido para isso, porque já em período de descontos uma confusão dentro da área que se seguiu a um lançamento lateral do Maxi e posterior insistência com um despejo da bola para lá acabou com a bola a sobrar para o Jardel, que rematou no meio da confusão para o golo do empate.


Apesar da má intervenção que resultou no golo do adversário creio que o Samaris fez um jogo muito bom. O Artur também merece referência porque depois da campanha vergonhosa levada a cabo pelo Record durante a semana para o desestabilizar fez um jogo seguro e defendeu o que havia para defender. Não foi muito, mas o que fez fê-lo bem e nada mais poderia fazer no golo sofrido. O Jardel mereceria destaque quanto mais não fosse pelo golo, mas também esteve sempre bem na defesa, sobretudo tendo em conta o trabalho adicional a que foi muitas vezes sujeito para compensar o Eliseu. E também gostei do Maxi, que nunca revelou grandes dificuldades para controlar o jogador potencialmente mais desequilibrador do Sporting. O Nani passou praticamente ao lado do jogo, e isso muito por culpa do Maxi.

Perdemos dois pontos para o rival na luta pelo título, mas objectivamente mantemo-nos como a única equipa que depende apenas de si própria para conquistar o título. Espero que a sorte que tivemos hoje ao obter o empate no último fôlego de um jogo que poderíamos perfeitamente ter deixado fugir tenha sido também uma boa injecção de motivação adicional para que consigamos fazer a festa no final do campeonato.

domingo, fevereiro 01, 2015

Inequívoca

Ganhámos tranquilamente e sem aparente grande esforço ao Boavista, mas não terão sido muitas as vezes em que saí da Luz irritado depois de vencer um jogo por três a zero. Irritado por causa da lesão do Júlio César, e também porque a nossa superioridade sobre o Boavista foi tão inequívoca que o resultado me soube a pouco. Talvez seja eu que estou a ser demasiado exigente, mas fiquei mesmo com a sensação que os nossos jogadores nos ficaram a dever uma goleada das antigas.


Foi quase o mesmo onze que alinhou em Paços de Ferreira que entrou hoje em campo. Uma única alteração, que foi o Pizzi no lugar do Talisca. Não tenho acompanhado com muita atenção os jogos do Boavista esta época, por isso não sei se hoje foi um dia particularmente mau ou se isto tem sido o padrão da época, mas muito sinceramente, ao fim de dois ou três minutos de jogo já tinha uma opinião formada, que era que só mesmo um alinhamento absolutamente impossível dos astros conseguiria fazer com que conseguissem sacar qualquer coisa deste jogo. Juro que não estou a exagerar no que digo, até porque tenho respeito pelo Petit por motivos óbvios, mas o Boavista foi uma das piores equipas que eu vi jogar na Luz esta época, se não mesmo a pior. O único objectivo que pareceram ter foi acantonar jogadores à frente da área, e nos raros momentos em que conseguiam recuperar a bola não pareciam sequer saber o que fazer com ela. Quase todos os jogadores pareceram-me bastante limitados e sem qualidade suficiente para uma primeira liga normal, mas nesta aberração de dezoito equipas que temos o Boavista até consegue estar fora da zona de despromoção (embora desconfie que o sintético do Bessa seja o seu maior trunfo). Assim se compreende que durante a primeira parte o Boavista não tenha construído uma jogada de ataque (ou melhor, uma jogada sequer que os fizesse passar do meio campo sem ser através de chutões para a frente). E que mesmo com o amontoado de jogadores em frente à sua área tenha parecido relativamente simples ao Benfica ultrapassar a muralha defensiva: uma tabela rápida ou um passe de ruptura para as costas da defesa e aparecia logo um jogador nosso solto. Só mesmo algum nervosismo ou falta de confiança da nossa parte pode explicar a falta de eficácia que fez com que demorássemos vinte e três minutos a chegar ao golo. Foi nessa altura que o Lima aproveitou uma assistência do Maxi, que picou a bola sobre os defesas, para de cabeça fazer a bola passar sobre o Mika e desfazer o nulo. Isto já depois de um par de perdidas algo flagrantes da parte do Ola John e do Salvio. Não demorou muito até surgir o segundo golo, da autoria do Maxi, que depois de um canto marcado à maneira curta entrou à vontade pela quina da área e rematou cruzado de pé esquerdo. Até ao intervalo o resultado podia e devia mesmo ter sido ampliado, com destaque para a segunda perdida do Salvio, isolado em frente ao guarda-redes.


Acho que as facilidades que o Benfica encontrou ou soube criar fizeram com que a equipa jogasse de forma mais relaxada na segunda parte, e tivesse perdido uma boa ocasião para construir um resultado ainda mais desnivelado. Logo a abrir, pareceu-me ter ficado um penálti por assinalar após falta sobre o Lima, em mais uma tabela rápida com o Jonas que o deixaria na cara do golo. Não foi assinalado esse lance, foi erradamente assinalado outro com dez minutos decorridos. Um slalom individual do Samaris terminou com uma falta perto do limite da área, mas ainda fora, que o árbitro Hugo Miguel transformou em penálti e o Jonas converteu. De assinalar também que este lance ocorreu imediatamente a seguir a mais uma perdida escandalosa do Benfica, na qual o Luisão surgiu completamente sozinho quase na pequena área e com tempo para tudo, mas rematou de forma a permitir a defesa do Mika quando tinha o Lima completamente solto ao seu lado. A ganhar por três o nosso treinador mesmo assim resolveu arriscar a entrada do Talisca, e deu ainda oportunidade ao Gonçalo Guedes de somar mais alguns minutos pela equipa principal.  Quanto ao jogo, foi um desfilar de ocasiões perdidas ou mal aproveitadas, com os nossos jogadores a parecerem querer sempre dar mais um toque na bola, fazer mais um passe ou uma tabela, como se quisessem entrar com a bola pela baliza dentro. Pelo meio o Boavista teve a sua primeira e única ocasião no jogo, quando após um livre despejado para a área o Júlio César foi obrigado a fazer uma defesa fantástica para evitar o golo após um cabeceamento. E ate final, duas situações a mencionar: primeiro, a incrível lesão do Júlio César, que depois de passar o jogo quase todo ao frio e sem nada para fazer fez um sprint para tentar evitar um possível canto e ficou agarrado à coxa. Isto significa que há agora a possibilidade de para a semana o Sporting poder contar com o jogador que foi mais decisivo para que conseguisse arrancar um empate no jogo da primeira volta. A segunda foi mais um penálti evidente cometido sobre o Lima, já perto do final, e que não só não foi assinalado como resultou ainda na expulsão do Pietra do banco. Até estranharia se o lagartão Hugo Miguel acabasse um jogo nosso sem um saldo negativo para nós.


Na minha opinião o destaque em termos individuais vai para o Maxi, sobretudo pelo que fez na primeira parte. Assistência para o primeiro golo e marcador do segundo, para além de ter sido sempre dos mais activos e lutadores da equipa. O Samaris voltou a fazer um bom jogo e está a crescer bastante naquela posição. Gostei também do Jonas e do Lima, e quanto ao Salvio, apesar de muito participativo esteve trapalhão hoje. Não é normal vê-lo desperdiçar duas ocasiões isolado em frente ao guarda-redes.

Obrigação cumprida sem sobressaltos, e agora é começar a pensar no jogo que se segue. Com Artur ou Júlio César na baliza, é indiferente. O objectivo é o mesmo de sempre e em todos os jogos, seja qual for o adversário.