Fraco
Muito fraco mesmo. Para mim, foi bem pior o jogo desta noite do que o de sexta-feira. Jogámos pior, voltámos a asnear na defesa, e perdemos bem. Sim, eu sei que é preciso dar tempo ao novo treinador, e a conversa do costume. Não estou a fazer nenhuma futurologia em relação à nova época. Estou apenas a falar sobre o jogo que perdemos esta noite.
Irritou-me bastante o nosso meio campo. Foi demasiado complicativo, incapaz de jogar simples, e houve uma quantidade assustadora de passes errados, mesmo quando o colega estava a menos de cinco metros. Não sei que raio de táctica foi aquela com que começámos, sem avançados, mas quero acreditar que foi apenas para fazer experiências e que não terá nada a ver com aquilo que faremos nos jogos a sério. Até porque, se tivéssemos ido buscar o Aimar para o pôr a jogar assim, então ele não serviria para nada, e ao fim de um mês já estaria a ser assobiado pelo Terceiro Anel. A defesa em linha continua a deixar-me nervoso, e fiquei com a sensação de que se o árbitro assistente não fosse tão mau, teríamos assistido às suas consequências nefastas mais do que uma vez. E claro, seria fácil agora desatar também a bater no meu ódiozinho de estimação, e cascar forte e feio no Edcarlos. Toda a gente sabe o que penso dele, e que acho que não tem valor para ser titular do Benfica. É verdade que ele esteve directamente envolvido nos lances dos dois golos, e é o principal culpado (no primeiro então, se é verdade que o Quique já o estava a avisar antes do passe ser feito - e eu acredito que sim, porque até eu quando estou nas bancadas a ver jogos ao vivo consigo ver que ele se posiciona e movimenta mal, e por vezes dou comigo feito tonto aos gritos - então ele poderá começar já a fazer as malas) mas a falha é também, e muito, colectiva. Onde é que andava o Léo no primeiro golo, por exemplo? E no segundo, porque é que os outros jogadores (em particular do nosso meio campo) demoraram tanto tempo a tirar a bola dali, e preferiram complicar? Aquele passe à queima do Binya para o Edcarlos já era meio caminho andado para lhe complicar a vida. Depois houve mérito dos avançados adversários, que pressionaram bem e provocaram o erro.
De positivo pouco ou nada sobrou. Talvez a boa vontade do Urretavizcaya, que correu quilómetros a tentar pressionar os defesas adversários, e um ou outro pormenor do Fellipe Bastos. Julgo que no próximo fim-de-semana, no torneio de Guimarães, já poderemos ter uma ideia mais concreta de qual será o nosso plantel e esquema táctico para esta época. Este torneio serviu apenas para fazer experiências, que de positivo terão tido apenas o facto de dar ao treinador algumas certezas sobre quem não deverá ficar no plantel.
Ontem
Gostei sobretudo do Yebda, do Fellipe Bastos, do Nuno Assis e do Balboa - parece ser um extremo clássico, parte com a bola para cima dos adversários, e procura a linha para centrar (bem).
Não gostei das asneiras defensivas, em que curiosamente os marretas do costume, tal como o ano passado, apareceram de alguma forma envolvidos nos lances (excepção feita ao livre, que aquilo foi ingenuidade do pessoal todo da barreira e depois foi muito bem marcado). A avaliar pelo jogo de ontem, se tem que sair algum central com a chegada do Sidnei, não é o Miguel Vítor. Também fiquei desagradado com a exibição do Sepsi, muito nervoso e a fazer demasiados passes errados e erros de marcação. E eu até gostaria que fosse ele a ficar como reserva do Léo.
Os melhores períodos do Benfica foram os primeiros vinte minutos - altura em que ainda se viu o Carlos Martins, que depois se eclipsou e só voltou a aparecer, sem surpresa, quando a coisa ameaçou descambar para a pancadaria (nem era ele quem estava directamente envolvido no caso, era o Fellipe Bastos, mas mal ele viu uma oportunidade para a confusão foi-se lá meter); e os minutos finais, que se seguiram ao golo do Makukula. Por mim, o Binya voltou a mostrar que tem lugar no plantel, e a exemplo do pouco que vi do jogo contra o Estoril, o Amorim continua demasiado discreto.
Já se viram alguns pormenores interessantes de jogo colectivo, com boas trocas de bola (sobretudo na primeira parte). No entanto, algo que me desagrada é a aparente intenção de jogarmos com a defesa em linha. Pode ser embirração minha, já que não sou adepto desta táctica, mas acho que não temos defesas suficientemente rápidos (e inteligentes) para defendermos assim. É que basta um deles errar para deixarmos um adversário isolado.
Triste
Quem quiser reclamar comigo, que reclame. Que digam que ainda o jogador não vestiu a nossa camisola num jogo e que já estou a falar mal dele, que a partir do momento em que ele assinou merece todo o nosso apoio, ou que o futebol profissional não se compadece com valores que tendem a ser esquecidos com o tempo. Eu tenho memória. E é por ter memória que para mim, como benfiquista, hoje é um dia triste. Para mim o Jorge Ribeiro, depois das atitudes abjectas que já teve, nunca voltaria à nossa casa. Nem que fosse o melhor jogador do mundo. Ainda por cima porque nunca ouvi uma única palavra da parte dele a pedir desculpa ou a justificar minimamente aquilo que fez, e em vez disso fala e comporta-se como se nada se tivesse passado. Ao abrirmos as portas ao seu regresso, para mim estamos também a abri-las para deixar sair mais um bocado da nossa identidade, e daquilo que faz o Benfica ser o Benfica.
Se alguma vez vir o Jorge Ribeiro jogar, não o vou assobiar ou apupar, até porque nunca o fiz em relação a qualquer jogador do Benfica. Mas posso garantir que não tenciono aplaudir uma única vez, faça ele o que fizer em campo.
P.S.- Quanto aos outros dois apresentados hoje, tenho que esperar para ver. Continuo a dizer que tenho confiança no trabalho dos actuais responsáveis pelo nosso futebol (muito bom o facto do Sidnei ter assinado e sobre este negócio não termos ouvido uma única palavra na imprensa antes do negócio ser consumado). Mas também devo dizer que, sinceramente, neste momento a sensação que continuo a ter quando penso no nosso futebol é que vejo jogadores a mais e equipa a menos.
RTP
Não sei se mais alguém terá a mesma opinião, mas quando hoje li a notícia que informava que os jogos da nossa Liga vão regressar à RTP, fiquei satisfeito. Se calhar é um pouco um efeito nostálgico, já que me habituei a ver a bola na estação pública quando era miúdo, ou então apenas um reflexo do desprezo total que sempre senti pela TVI (em minha casa a televisão sempre esteve programada para saltar do canal 3 para o 5). De uma coisa tenho a certeza: é que um serviço pior do que aquele que a TVI prestou ao nosso futebol nos últimos anos, é difícil a RTP fazer. Duvido que seja necessário esperar até à uma da manhã para poder ver os resumos da jornada, por exemplo. E mesmo quando tenho paciência para esperar, ter que ver alguns partidos ao meio, com anúncios e outros resumos pelo meio.
Um bónus extra poderá ser deixarmos de aturar as análises doutas do Sr.Coroado (embora não ponha as mãos no fogo - ele trabalha também para a RDP, por isso até é bem capaz de conseguir arranjar o tacho na RTP). Fico também na expectativa de um eventual regresso do senhor ali de cima à RTP, ou até do José Nicolau de Melo, que apesar de ser incapaz de disfarçar o seu facciosismo andradiano, muito me ensinou na arte da pronúncia dos nomes de jogadores de leste. Quem pode esquecer nomes como 'Muénárchique', 'Záhhhóviche', 'Félque', ou o incomparável 'Querálhe'?
Aimar
Custou, mas foi. A novela durou tempo a mais, já andávamos todos fartos de ver diariamente as capas dos jornais dizerem que ele já vinha a caminho, mas desta vez as coisas acabaram de forma satisfatória para nós. Confirmou-se a contratação do médio argentino, e o nosso novo director desportivo só pode mesmo sair bem na fotografia neste caso, sobretudo em comparação com um passado mais recente.
Não sei que Aimar é que vamos ter, mas que pelo menos ele é, potencialmente, um jogador claramente acima da média da Liga portuguesa, é, e é também a primeira contratação para a nova época que eu posso confessar que me entusiasma verdadeiramente. Parabéns ao Rui Costa pela paciência e perseverança na defesa dos interesses do Benfica em toda esta história, e em particular pela acção decisiva que terá tomado ao saber da existência de 'interferências' de terceiros (sejam lá quem forem) neste negócio.
Céptico
Confesso que desde que foram conhecidas as conclusões da atribulada reunião do Conselho de Justiça da FPF, a semana passada, ando a evitar escrever sobre o assunto, ou fazer grandes considerações sobre ele, mesmo tendo essas mesmas conclusões sido favoráveis às nossas pretensões de vermos a batotice, a corrupção e a 'chico-espertice' punidas. A minha primeira reacção foi mesmo de espanto perante o súbito aparecimento de uma espinha dorsal nos membros do CJ. Depois, face ao comportamento ridiculamente comprometido do presidente do CJ, Gonçalves Pereira (de facto, é mesmo preciso uma pessoa não ter vergonha nenhuma para expor ao país de uma forma tão clara a sua falta de ética, tentar apresentar as suas atitudes conspurcadas de caciquismo e compadrios como um comportamento correcto, e ainda manter uma cara séria enquanto o faz) e face a tudo o que temos visto acontecer neste processo até agora, limitei-me a ser o mais céptico possível.
Imediatamente pensei que o curso 'normal' das coisas levaria a que os lacaios e avençados do costume imediatamente começassem a necessária campanha não de crítica ao comportamento do presidente do CJ, mas sim dos outros cinco membros, e pensei que o resultado mais óbvio ainda acabaria por ser destituir os cinco membros em questão (ou até o CJ inteiro), substituindo-os então por outros que garantissem o resultado da avaliação dos recursos de Boavista e PC que Gonçalves Pereira, apesar de toda a sua diligência, não conseguiu obter. Primeiro comecei por ouvir adeptos em geral do FCP (e mais uma vez com uma cara séria) acusarem os cinco membros em questão - e não os outros dois, claro - de terem sido corrompidos (pelo Benfica, claro) - percebe-se que para alguém habituado à corrupção como moeda corrente em sua casa não consiga imaginar outro tipo de cenário. Ontem já o MST, como não podia deixar de ser, e perante a inevitabilidade do comportamento vergonhoso de Gonçalves Pereira, adoptou a via de colocar todos os membros do CJ dentro do mesmo saco. Ou seja, admite que o presidente do CJ não era isento, mas depois acusa os outros cinco de serem exactamente a mesma espécie de vermes sem espinha dorsal, só que defendendo o Benfica. Hoje já o fantástico Gonçalves Pereira - palavra de honra que eu estou estupefacto com a forma como este fantoche continua a agir como se fosse uma pessoa idónea em todo este processo, e de cada vez que o vejo falar sobre o assunto só me vem à memória o saudoso Muhammed Saïd Al Sahaf - vem dizer mais uma vez que não se demite, mas vai pedir ao presidente da AG da FPF que demita os cinco membros malvados que não lhe fizeram o favorzinho que ele tinha prometido aos padrinhos. E apesar de achar que esta situação é quase demasiado surreal para ser verdade, continuo convencido que vão arranjar maneira de descalçar esta bota, e que isto não vai dar em nada.
Entretanto, e para falarmos mesmo da futebol, a nossa época arrancou ontem. Não vi grandes diferenças em relação aos últimos anos, pois mais uma vez ainda temos o plantel longe de estar fechado, e até aposto que vamos andar a gramar com 'contratações' virtuais para o Benfica até ao dia 31 de Agosto, porque me custa acreditar que, chegada essa data, o plantel já esteja de facto completo. Tendo em conta o início de campeonato que vamos ter (ao menos não vamos ter que esperar muito para percebermos se este ano a candidatura ao título é séria ou não), convinha que se resolvessem estes assuntos o mais depressa possível. Acredito muito no trabalho do Rui Costa, mas já estou farto de andar há duas semanas a ouvir que o Aimar 'está por horas' ou que 'já fez as malas'. Detesto estas novelas de pré-época, e já começo a ficar ansioso para que a bola comece a rolar, com ou sem Aimar.
Jantares
Realizou-se ontem uma Assembleia Geral do nosso clube, tendo como ponto único da ordem de trabalhos a discussão do Orçamento para a época desportiva de 2008/2009. Tendo em conta o que vi durante a assembleia da passada semana, esperava que a de ontem fosse ainda mais 'animada', e não me enganei. Não me parece que o que se passou tenha sido tão mau como as imagens que passaram cá para fora farão crer. Mas não deixou de ser uma situação triste.
A discussão do orçamento em si não teve problemas de maior. Foi apresentado, foram feitas perguntas, a que a direcção tentou responder. Em relação ao ponto mais polémico - a redução do orçamento das modalidades - gostei da intervenção do responsável por elas, Fernando Tavares, que deu explicações bastante concisas para as decisões tomadas. Pelo meio, foram-se começando a ouvir alguns distúrbios, que aumentaram de tom e frequência após a intervenção do Jorge Máximo, vindos invariavelmente do mesmo grupo de pouco mais de duas dezenas de adeptos - e discordo com as notícias que vi hoje, que apontam o dedo às 'claques' como causadoras dos distúrbios na assembleia geral. Estavam lá imensos membros das claques, e a grande maioria deles não teve qualquer comportamento censurável, sendo que muitos deles estavam em desacordo com o comportamento daquele grupelho desordeiro. Eu compreendo que as pessoas se possam sentir insatisfeitas e que queiram pedir satisfações, mas quando a crítica mais articulada que conseguem fazer ouvir é 'Chulos! É só jantares!', não percebo onde é que querem chegar. Além disso, não percebo muito bem a embirração particular que aqueles consócios têm para com o acto de se jantar.
Após a aprovação do orçamento, seguiu-se o período de intervenções dos sócios sobre temas livres. Ouviram-se várias intervenções muito válidas e interessantes, com acusações e questões pertinentes feitas à direcção e ao LFV. Nesta fase, o referido grupelho de adeptos começou a tornar-se cada vez mais insuportável, quase sempre instigado pelos mesmos que eu já tinha lá visto a semana passada. Não percebo que raio de discussão válida querem ter quando semeiam imediatamente a desordem de cada vez que alguém diz algo com o qual não concordam. Não percebo para que é que serve insultarem os sócios que votam a favor de algum ponto, acusando-os de não terem opinião própria (entre outros impropérios) e depois votarem cegamente contra todo e qualquer ponto, mesmo quando acabam por manifestar opiniões contraditórias - a semana passada votaram contra um ponto que, a ser chumbado, provavelmente representaria o fim do rugby do Benfica, e esta semana andam irritados com a redução do orçamento das modalidades.
Fiquei muito curioso em saber as respostas que a direcção teria para todas aquelas questões que lhe foram postas. Só que assim que chegou a altura de responderem, como não foi o presidente da direcção a dirigir-se aos sócios, imediatamente o grupo desordeiro semeou uma confusão tal que ao Vilarinho não restou alternativa senão dar por terminada a assembleia. E ninguém ganhou nada com isso. Compreendo que possa haver frustração com o silêncio a que o LFV se remete durante as assembleias gerais, até porque é nele que se centram a maioria das críticas dos adeptos. Mas com atitudes daquelas, o que acabou por acontecer foi que não ouvimos o que a direcção tem a dizer sobre todos aqueles assuntos. Depois gerou-se alguma confusão na saída do LFV, com o referido grupo a rodear o presidente, e não sei o que se passou lá fora, ou o que terá sido captado pelos jornalistas sedentos de sangue.
Em relação ao orçamento em si, apenas duas observações. Primeiro, preocupa-me muito a enorme descida nas receitas da quotização. Estamos a falar de uma descida de mais de um milhão e meio de euros, o que, feitas as contas por alto, representará uma perda de cerca de 10.000 sócios pagantes num único ano. Nos pressupostos, isto é justificado pela 'conjuntura socioeconómica do País'. Isto não passa de um eufemismo, para não lhe chamar outra coisa. Todos sabemos muito bem os motivos principais que levam à desistência/demissão de sócios, e estar-se a justificar isto com a tal 'conjuntura socioeconómica' é um acto de pura desresponsabilização. Depois, quanto à quota das modalidades, apenas uma correcção em relação ao eventual número de cerca de 5.000 aderentes de que falei a semana passada. Mais uma vez fazendo as contas, a realidade é ainda pior, já que o número de aderentes nem sequer chegará aos 3.000.
Neste momento não me agrada nada o ambiente que sinto no interior do nosso clube, que põe sócios contra sócios, e em que o benfiquismo de cada um está constantemente a ser posto em causa pelos outros. Talvez devessem começar a vender réguas especiais para medir benfiquismos. Nesta situação, está-me a ser muito difícil sentir-me sequer motivado para a época que ainda nem sequer começou.