quinta-feira, dezembro 17, 2009

Normal

A nossa segunda linha chegou e sobrou para cumprir o dever de obter uma vitória normal e esperada no último jogo da fase de grupos da Liga Europa, frente ao adversário que nos impediu de fazer o pleno de vitórias. Era um jogo sem qualquer importância para a competição, e cujo interesse residia apenas na possibilidade de ver em acção vários jogadores menos utilizados.

E oportunidades para isso não faltaram, já que o Benfica mudou quase por completo, apresentando no onze inicial apenas o Di María e o Coentrão do grupo de jogadores mais utilizados. De resto, uma defesa nova, com o Luís Filipe e o Shaffer nas laterais, os dois miúdos Miguel Vítor e Roderick no centro. Meio campo com Carlos Martins, Coentrão, Menezes e Di María, e a dupla de avançados constituída pelo Nuno Gomes e o Weldon. Um factor interessante para mim foi ver o Carlos Martins jogar na posição mais recuada do meio campo. Obviamente, não podia ser um recuperador de bolas ou sequer ser uma grande ajuda aos centrais, como normalmente faz o Javi. Acabou por ser um distribuidor de jogo numa posição mais recuada, tirando partido da boa capacidade de passe que tem, e não se saiu mal nesse papel. Como resultado disto, o médio à sua frente ficou liberto de grande parte da responsabilidade de organizar o jogo, tendo maior liberdade para se movimentar no campo e juntar-se ao ataque. Os três médios mais ofensivos alternaram frequentemente de posição durante a primeira parte, acabando por fixar-se o Menezes no centro.

O jogo até se iniciou numa velocidade interessante, com o Benfica a criar uma oportunidade logo no primeiro minuto, e a beneficiar de um penálti aos doze. Chamado a marcá-lo, o Felipe Menezes atirou ao poste. A partir daqui, a qualidade do jogo caiu, e tornou-se mais desinteressante. Muitos passes falhados, más decisões na altura da finalização, e erros individuais eram as características dominantes. O Benfica ia mantendo um certo ascendente, mas o nosso jogo ficava marcado pela insistência do Di María em iniciativas individuais sem resultados práticos, e pelo jogo muito mau do Felipe Menezes, talvez marcado pelo penálti falhado. O AEK apenas por uma vez assustou, num remate defendido pelo Júlio César que ainda levou a bola ao poste. E quando já se esperava pelo intervalo, o Di María, entretanto regressado à direita, flectiu para o centro e com um bom remate cruzado fez o primeiro golo do jogo. Este golo serviu também para reconciliá-lo com os adeptos, já que até então não se podia dizer que o argentino estivesse a ser particularmente feliz nas suas intervenções.

Para a segunda parte o Benfica deixou o Coentrão no balneário - que na minha opinião estava a ser um dos melhores na primeira parte - regressando o Peixoto no seu lugar. Depois de algum equilíbrio no início, o Di María, ainda do lado direito, mostrou ser o jogador com maior capacidade para desequilibrar, já que fugia com facilidade à marcação e aparecia solto nas costas da defesa grega. Esteve perto de marcar mais um golo quando, isolado, tentou um chapéu 'à Saviola', mas a bola bateu na barra. O jogo foi-se desenrolando numa toada equilibrada, sem grandes oportunidades de golo, e as coisas só animaram quando o Di María voltou a desequilibrar. Solicitado pelo Carlos Martins, ultrapassou um adversário e, de letra, marcou o segundo golo. Faltava pouco mais de um quarto de hora para o final, e o jogo parecia estar resolvido. Mas a nossa equipa deu um estoiro enorme em termos físicos, e o AEK conseguiu então encostar-nos à nossa área e ameaçar marcar. Começou por fazê-lo num remate ao poste, e isto deu o mote para uns últimos dez minutos de grande pressão dos gregos. Acabaram por conseguir chegar ao golo após uma perda de bola desnecessária do Di María, aproveitando depois uma falha do Miguel Vítor. Os minutos finais foram uma espécie de déjà vu Trapattoniano, já que praticamente não deixámos que se jogasse, gastando a maior parte do tempo de compensação junto à bandeirola de canto.

O Di María é o jogador que fica obviamente na história do jogo. Era o único titular habitual presente no onze, e foi decisivo, marcando os nossos dois golos, o segundo deles excelente. Mas não posso esquecer que teve uma primeira parte bastante fraca. Primeira parte em que gostei bastante do Coentrão. O Roderick, sem surpresas, não tremeu na estreia e fez um óptimo jogo, durante o qual não lhe contei nenhuma falha. Vendo a calma e autoridade com que joga, é difícil acreditar que ainda tem idade de júnior. O Miguel Vítor estava a acompanhá-lo até ter aquela falha no golo do AEK (e logo a seguir, se calhar ainda afectado pela falha, teve um mau passe que poderia ter tido más consequências). O Carlos Martins não se saiu mal na posição mais recuada do meio campo, mas acabou, tal como outros dos seus colegas, o jogo de rastos. Ao contrário do habitual, hoje não gostei de ver o Felipe Menezes. Se calhar foi reflexo pelo penálti falhado, mas na minha opinião fez uma primeira parte desastrada, com muitos passes falhados e iniciativas individuais disparatadas. Melhorou na segunda parte, mas o saldo geral é negativo. Também não fiquei agradado com o jogo do Weldon. Mal na finalização, mal nas combinações com os colegas, e mais outro jogador que acabou o jogo de rastos. O Shaffer, não tendo estado particularmente mal, não me convenceu com a exibição desta noite.

Vamos agora esperar por amanhã para conhecer o nosso adversário. Julgo que podemos ter aspirações legítimas a chegar longe nesta competição (pelo menos amanhã não há a possibilidade de apanharmos com uma equipa italiana). Se pudesse escolher algum adversário, era o Fulham.

8 Comments:

At 12/18/2009 1:51 da manhã, Anonymous JFilipe said...

Agora que venha o Hertha e ao Sporting que calhe o Everton... Concordo contigo que o Shaffer foi a aposta falhada desta época.

Não percebi terem colocado a Menezes a marcar o penalti. Naquela situação ou era um jogador que não falha (Nuno Gomes) ou então um jogador que tem valor de mercado (Di Maria). Com o Menezes o risco era exactamente o que aconteceu. Já vinha afectado pela má exibição do último jogo, isto enervou-o ainda mais.

Para ser um grande jogador ao Di Maria faltavam golos, hoje marcou, é pena a outra jogada ter ido à barra, era uma obra prima. Espero que venham muitos mais, é que se já me conformei com a saída dele no final da época ao menos que bata recordes na transferência.

 
At 12/18/2009 10:29 da manhã, Blogger joemorales said...

O Fulham? Não achas o Standard Liége ou o Twente mais acessíveis?

 
At 12/18/2009 10:56 da manhã, Blogger D'Arcy said...

Gosto sempre de ver o Benfica jogar contra equipas inglesas. Estão mais interessadas em jogar futebol do que em impedir que o adversário jogue. E acho que não nos podemos queixar muito dos resultados que ultimamente temos conseguido contra ingleses.

 
At 12/18/2009 10:57 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Não conseguido depreender o que é que o Shaffer faz pior que qualquer outro defesa esquerdo que jogou na nossa equipa esta época,... e de melhor consigo referir algumas.

O Miguel Vitor continua a não me convencer, não é embirragação mas não será um central para o futuro da nossa equipa.
Onde há golo do adversário,... está lá o Miguel Vítor.

Qual é o número oficial de espectadores deste encontro ?

 
At 12/18/2009 12:38 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Hertha-Benfica
Everton-Sporting

O Sorteio que muitos queriam...


Qual é o número oficial de espectadores do Benfica-AEK ? ?

 
At 12/18/2009 2:51 da tarde, Anonymous JFilipe said...

Caramba, tenho que ver se não me esqueço de jogar no euromilhões...

 
At 12/18/2009 3:33 da tarde, Anonymous 1benfiquista na Inbicta said...

E agora força Arsenal....

 
At 12/19/2009 7:16 da tarde, Blogger joão carlos said...

Grande analise como sempre.

JFilipe o Schaffer tem sido aposta falhada não pela sua qualidade ou falta dela mas porque o treinador embirrou com ele, e ele que no inicio até fez uns jogos prometedores agora esta muito sôfrego quer fazer tudo e muito rápido, falta-lhe tranquilidade. Provavelmente vai-lhe acontecer o mesmo que ao Leo.

No caso do penaltie não percebo essa do valor de mercado se o Di Maria não souber marcar penalties (e eu não sei se sabe ou não) não é o valor de mercado que o salva. E é fácil de entender porque a escolha recaiu no Menezes dos três é o único que vai jogar no domingo e no caso de marcar podia motiva-lo para o resto do jogo e logo para domingo.

 

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