domingo, janeiro 10, 2010

Mérito

O jogo era difícil, o adversário ainda não tinha perdido em casa esta época, mas após uma primeira parte complicada, uma segunda parte de bom nível chegou para arrancar uma vitória preciosa, com um golo do suspeito do costume.

Com o David Luiz suspenso e o Sídnei lesionado, coube ao Miguel Vítor a tarefa de ocupar o lugar ao lado do Luisão. No meio campo, regressos do Di María e Ramires, e meio regresso do Aimar, que ficou no banco, jogando o Carlos Martins nessa posição. Esperava-se um jogo complicado e não foi preciso esperar muito para verificarmos que seria mesmo esse o caso. O Rio Ave cedo mostrou a razão pela qual tem feito um campeonato tranquilo, montando uma teia a meio campo da qual os nossos jogadores não se conseguiam libertar. Aplicando uma pressão alta sobre o portador da bola, e bloqueando eficazmente as subidas dos nossos laterais, o Rio Ave conseguiu anular grande parte do nosso jogo ofensivo. Daqui resultou uma primeira parte muito disputada a meio campo, sem muitas oportunidades de golo. As excepções acabaram por acontecer sobretudo depois de erros individuais de parte a parte, sendo que no que nos diz respeito, o maior calafrio resultou de um erro incrível do Maxi, que perdeu a bola à saída da nossa área, deixando um adversário isolado (que depois chutou ao lado). Apenas num par de vezes conseguimos criar maior perigo junto à baliza do Rio Ave, uma num remate do Carlos Martins que acertou no guarda-redes adversário, e outro num centro do Cardozo da esquerda, ao qual o Ramires poderia ter dado melhor seguimento.

Quanto à segunda parte, é difícil dizer se o Benfica entrou com uma melhor atitude e daí resultou o golo, ou se foi o golo que alterou completamente o figurino do jogo, permitindo ao Benfica exibir uma superioridade clara durante todos os segundos quarenta e cinco minutos. O certo é que o golo apareceu muito cedo. Logo depois do reinício, canto na esquerda do nosso ataque, marcado pelo Carlos Martins, com o Cardozo a aparecer num molho de jogadores a ganhar de cabeça e a desviar para trás, onde ao segundo poste apareceu o inevitável Saviola solto de marcação (dê lá por onde der, ele consegue sempre libertar-se de qualquer marcação e aparecer quase sozinho a finalizar), a rematar de primeira para o golo. E apesar do muito tempo que faltava para jogar, o jogo pareceu ficar decidido ali mesmo. É que nunca o Rio Ave conseguiu dar sequer a impressão de poder voltar à discussão do jogo. O controlo do Benfica foi constante, e ainda mais evidente se tornou com a entrada em campo do Aimar. O Rio Ave só conseguia fazer a bola aproximar-se da nossa baliza quando a despejava para a frente, e foi sempre o Benfica quem pareceu mais perto de poder voltar a marcar.

Para não fugir à regra dos últimos tempos, tenho que destacar o Saviola. Já não sobram muitos adjectivos para qualificá-lo. O argentino exibe classe em quase tudo o que faz, e a forma como finalizou o lance do golo só está ao alcance de um jogador com uma qualidade muito acima da média. Gostava também de mencionar a exibição do Miguel Vítor. É, em teoria, o quarto central da equipa, mas não me parece que seja por ele jogar que vamos tremer ou fraquejar. Sorte da equipa que pode contar com tantos centrais de qualidade. Gostei também da exibição do Ramires. Pela negativa, não gostei da exibição do Di María, nem dos dois laterais, embora o Maxi tenha melhorado muito na segunda parte. Já o Peixoto, nunca me pareceu ter estado a um nível convincente.

O mais importante, a vitória num campo difícil onde ainda ninguém tinha passado esta época, foi conseguido com mérito, e nem sequer se notou o terror na nossa equipa causado pela dinâmica de mercado da lagartagem. Gostei muito de ver também a enorme mancha vermelha que apoia a nossa equipa, e que praticamente encheu o estádio esta noite, dando de certeza aos nossos jogadores a sensação de estarem a jogar em casa. Acabamos a primeira volta no primeiro lugar empatados com o Braga, e não duvido que uma segunda volta do mesmo nível chegará e sobrará para sermos campeões.

5 Comments:

At 1/10/2010 11:50 da manhã, Blogger 1234567vv said...

Estando longe, é um prazer ler as tuas crónicas.

Este Benfica está cada vez mais consistente, tem muita qualidade e demonstra ter o querer e a vontade de um campeão.

Jorge Jesus conhece o futebolzinho Português e sabe quando jogar as cartadas. Ele sabe que contra o Benfica todos jogam o máximo e por isso é acima de tudo necessário jogar concentrado e esperar pela oportunidade certa.

O Benfica não tem de pressionar e atacar sempre, deixando o corredor aberto para o contra-ataque. Deve sim ser pragmático e esperar o momento certo para desferir o golpe fatal.

Importante agora é o jogo no Funchal. Temos que vencer lá e manter o ritmo... Os outros pouco importam, o que importa é continuar a ganhar.

Abraço,

V.

 
At 1/11/2010 4:47 da tarde, Anonymous JFilipe said...

O Di Maria foi algo incosequente mas isso também resulta do medo que as equipas começam a ter dele. O Rio Ave mesmo a perder nunca ousou afrouxar as marcações.

 
At 1/11/2010 7:34 da tarde, Blogger joão carlos said...

Mais uma analise em cheio.

Em abono do César Peixoto neste jogo, em que teve muitos erros, foi o facto deles praticamente só atacarem pelo lado direito e ter sido sujeito a muito trabalho.
Agora já não é nem a primeira nem a segunda vez que as equipas praticamente só atacam pela direita tentando tirar partido do nosso lado defensivo mais fraco, todos estão a ver que o César Peixoto é o defesa mais fraco menos o treinador.
Quanto ao César Peixoto existe aquela expressão, mais vale cair em graça que ser engraçado, neste caso o Schaffer não caiu em graça ao treinador. Esta escolha do César Peixoto é a única que não tem lógica porque ele é fraco a defender, coisa que é acusado o Schaffer, e quase não faz uma jogada de ataque pelo menos o Schaffer é muito melhor a atacar e faz uns cruzamentos muito bons.

 
At 1/11/2010 10:24 da tarde, Anonymous Anónimo said...

"Já o Peixoto, nunca me pareceu ter estado a um nível convincente."

Falta referir que é este é um aspecto recorrente.

Deset encontro gostaria de salientar a abordagem ao jogo dos jogadores. Não têm que fazer "bonito", têm que fazer "bem" e, aparentemente, foi esse o aspecto trabalhado durante a seman ana abordagem ao jogo em Vila do Conde.

Vem aí um jogo em Guimarães, adversário que nos eliminou na Taça de Portugal em plena Luz e depois uma viagem à Madeira para jogar com o adversário que nos causou a primeira decepção da época.

não vai ser fácil, mas se a abordagem for semelhante...

 
At 1/13/2010 4:24 da tarde, Anonymous Anónimo said...

ainda o assunto "efesa esquerdo" :

BATE Borisov confirma: Benfica quer Bordachov

 

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