sábado, fevereiro 11, 2012

Vendaval

O Nacional bem pode dar-se por satisfeito por ter saído da Luz com uma derrota por 4-1. É que mesmo sem forçar muito, o vendaval ofensivo do Benfica criou oportunidades mais do que suficientes para chegar no mínimo aos oito golos, e isto já é uma estimativa conservadora.

No onze do Benfica destaca-se a inovação de ter sido o Witsel o escolhido para ocupar a vaga do Maxi na direita. Houve também uma alteração no meio campo, onde o Matic ocupou a vaga do indisponível Javi García. O que o Benfica tentou fazer foi juntar muito o Matic aos centrais, permitindo um maior adiantamento dos laterais e assim não obrigando o Witsel a jogar tanto como lateral puro. Os minutos iniciais até nem foram muito promissores: o Benfica parecia algo preguiçoso e preso de movimentos, e o Nacional conseguia ter quase sempre a bola, tendo feito os primeiros remates do jogo. Mas aos oito minutos o Benfica foi lá à frente praticamente pela primeira vez, e marcou logo, num cabeceamento do Garay após livre marcado na direita pelo Aimar. E depois do golo, iniciou-se uma avalanche ofensiva do Benfica e um autêntico festival, quer de futebol, quer de golos falhados. É que aos quinze minutos de jogo já o resultado poderia estar em três ou quatro: Nolito, Cardozo (ao poste) e Rodrigo (na recarga), e Luisão desperdiçaram oportunidades flagrantes para voltar a marcar. Foi portanto com naturalidade que, aos vinte minutos, surgiu o terceiro golo, depois de uma grande jogada individual do Gaitán, que entrou pela direita e deixou todos para trás antes de assistir o Cardozo para uma conclusão fácil à boca da baliza.

Este domínio do Benfica tinha a particularidade de aparentar ser conseguido quase sem grande esforço, com as coisas a saírem bem de uma forma muito natural, e a goleada a ser o desfecho mais expectável para o jogo a que se assistia. Também o deve ter pensado o bom do Jorge Sousa, e resolveu então introduzir alguma incerteza no resultado, descortinando um penálti pouco antes de chegarmos à meia hora que, sinceramente, me pareceu que só terá acontecido dentro daquela cabecinha azulada. O Benfica acusou um pouco o golo sofrido e demorou alguns minutos a reencontrar o ritmo de jogo que vinha impondo até então. Porém, esta fase não durou muito tempo, pois aos trinta e oito minutos uma boa jogada do Benfica resultou num passe do Nolito que isolou o Rodrigo sobre a esquerda, e este ultrapassou o guarda-redes para depois marcar de ângulo já apertado. Mesmo no último lance do primeiro tempo, mais uma jogada fantástica de futebol corrido do Benfica deixou o Aimar na cara do guarda-redes, mas o remate saiu fraco e à figura. À saída para o intervalo parecia ser evidente que, salvo alguma nova habilidade do Jorge Sousa, o jogo estaria praticamente resolvido para o Benfica, restando apenas a incerteza de se saber quantos mais golos conseguiríamos marcar.

Na segunda parte o Benfica pareceu ter consciência disso mesmo, e talvez pensando já no jogo com o Zenit nunca forçou muito o ritmo, não havendo grande história para contar a não ser o controlo quase total do jogo. Mas a qualidade dos nossos jogadores e do nosso jogo ofensivo é garantia de que mesmo sem forçar muito, os lances para golo continuam sempre a aparecer. Golos houve apenas mais um, que apareceu à hora de jogo num remate quase sem ângulo do Rodrigo, que conseguiu fazer a bola passar entre o guarda-redes e o poste. Oportunidades, foram várias, e muitas delas flagrantes: do Nolito, do Rodrigo - completamente isolado a falhar a possibilidade de um hat trick - e do Cardozo, por mais do que uma vez, tendo até desperdiçado um penálti a dez minutos do final (rematou por cima), que o Jorge Sousa deve ter assinalado por perceber que nem ele conseguiria evitar o desfecho lógico para este jogo. Depois do penálti falhado é que o Benfica fechou definitivamente a loja, e limitou-se a esperar que os minutos finais se escoassem até ao apito final.

Mais dois golos do Rodrigo, e mais uma demonstração da imensa qualidade que temos naquele jogador. E quando pensamos na idade que tem e no quanto ainda pode crescer e valorizar-se, só nos resta esperar que o consigamos manter por cá durante mais algum tempo. Porque a questão já não é se dará o salto para outros voos, mas sim quando o dará. Jogo perfeito do Garay, que não deve ter perdido um lance, ou deixado passar um adversário uma vez que fosse. Gostei também muito de ver o Matic. Hoje conseguiu, de facto, fazer de Javi García, mantendo-se concentrado e tacticamente disciplinado, em vez de o vermos a correr por aquele meio campo fora atrás da bola, estivesse ela onde estivesse. Fez bem a interacção com os centrais e ocupou bem os espaços à frente da defesa. Tal como outros jogadores esta época, está a mostrar uma boa evolução. Luisão, Aimar (claro) e Nolito também em bom plano.

Missão cumprida com distinção: vitória e resultado folgado sem ser necessário despender grandes esforços antes do importante jogo na Rússia. Quanto ao campeonato, seguem-se duas deslocações importantes e complicadas antes de recebermos o Porto. Para mim, poderemos praticamente decidir o título nas próximas três jornadas. E parece-me que o Benfica chega a esta fase em condições quase ideais: confiante, com um modelo de jogo bem implementado, jogadores motivados para mostrarem o seu melhor, e uma imensa onda vermelha atrás da equipa (mais de 53.000 esta noite na Luz).

1 Comments:

At 2/13/2012 7:42 da tarde, Blogger joão carlos said...

A analise mais uma vez esta no ponto.


As adaptações são boas ou más não só por aquilo que os jogadores jogam na nova posição mas sobretudo pela diferença de produção entre a sua habitual posição e a adaptação no caso do Witsel esta foi uma péssima adaptação como ficou bem vincado aquando da entrada do Miguel Victor e da passagem do primeiro para a sua posição usual, eu até percebia a sua utilização em caso de ultimo recurso mas este claramente não era o caso em que claramente existiam soluções mais naturais como de resto ficou bem demonstrado no jogo e esta opção não fez nada bem pela moral dos jogadores que foram preteridos, esta opção fez-me lembrar outro treinador aquele que fazia jogar sempre os mesmos catorze jogadores.

 

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