domingo, dezembro 16, 2012

Isolados

A vitória folgada assenta bem ao Benfica, após um jogo de sentido único em que o Marítimo pouca ou nenhuma oposição conseguiu fazer, e em que Guilherme Espírito Santo foi recordado antes do apito inicial. Mas ainda assim o Benfica passou por algumas dificuldades, fruto do desperdício e do facto de ter concedido um golo na meia oportunidade que o adversário conseguiu construir ao longo de todo o jogo.


O Benfica apresentou o mesmo onze da jornada passada, com o André Gomes a manter a titularidade apesar do Enzo Pérez já estar recuperado. O jogo pouca história tem: foi um domínio constante do Benfica desde o apito inicial, com o Marítimo remetido quase sempre ao seu meio campo. Mesmo sem acelerar muito o jogo, parecendo por vezes jogar quase ao ritmo de treino, o Benfica circulava bem a bola e ia abrindo brechas na defesa adversária. Só que depois, na hora de concretizar, é que a história era outra, e revelámos desacerto e falta de decisão. Como tantas vezes acaba por acontecer, quando não convertemos a nossa superioridade em campo em golos, acabamos por sofrer. O Marítimo, que até aí se tinha revelado inofensivo, aos vinte e cinco minutos dispôs de um livre a meio do nosso meio campo, mandou gente lá para a frente, despejou a bola para a área e esta acabou por sobrar de forma algo fortuita para o remate de um jogador seu, que assim os colocou em vantagem. Respondeu o Benfica metendo mais velocidade no jogo, mas continuando com o desperdício. Foram apenas oito os minutos que decorreram entre o golo do Marítimo e o golo do empate, mas pelo meio conseguimos desperdiçar umas três ocasiões de golo, a última delas a mais flagrante, pelo Cardozo. Redimiu-se logo a seguir, marcando num cabeceamento fácil à boca da baliza, após assistência de cabeça do Salvio, que do lado oposto devolveu um cruzamento do Ola John. Apesar do constante domínio até ao intervalo, o marcador não voltou a funcionar e assim saímos para o balneário com um empate muito injusto no marcador.


Para a segunda parte a equipa regressou com o Enzo Pérez no lugar do André Gomes - eu até gostei bastante da exibição dele na primeira parte, mas já tinha um amarelo e julgo que a intenção talvez tenha sido dar mais alguma velocidade na construção dos lances e capacidade para transportar a bola para o ataque. O jogo, esse, em nada mudou: o Benfica continuou a mandar como quis no jogo, e o Marítimo a defender-se como podia, sem sequer construir uma jogada de ataque que fosse. O tempo foi no entanto passando, e o Benfica teimava em não marcar o golo que nos colocaria em vantagem. Só após vinte minutos decorridos é que o nó se desatou, com um penálti assinalado por mão na bola de um jogador do Marítimo. O Cardozo marcou-o a papel químico daquele que tinha marcado em Alvalade, e tarefa do Benfica ficou muito mais facilitada, até porque o Roberge, na sequência do penálti, viu o segundo amarelo e foi expulso. Três minutos depois, o Cardozo aproveitou uma série de ressaltos após uma insistência do Lima para fazer o hat trick (e o seu centésimo golo na Liga ao serviço do Benfica) e sentenciar o jogo. Daqui até final a expectativa passou a ser apenas quantos golos mais marcaria o Benfica, pois praticamente cada ataque nosso deixava uma sensação de perigo, já que a defesa do Marítimo abria cada vez mais espaços. Mas apesar de várias tentativa, sobretudo da parte do Cardozo, foi só apenas a dois minutos do final que o marcador voltou a funcionar, e por intermédio do jogador que substituiu o paraguaio, o Rodrigo. E foi mesmo o golo mais bonito da noite: um grande passe do Matic a desmarcar o Melgarejo na esquerda, que de primeira assistiu de cabeça o Rodrigo, com este a finalizar com um remate também de primeira.


A figura do jogo tem que ser o Cardozo, porque fez um hat trick e chegou à marca assinalável dos cem golos na Liga. Mas o melhor jogador do Benfica em campo foi, para mim, e para não variar, o Matic. Já começam a faltar adjectivos para descrever a forma recente dele. Encheu literalmente o campo, porque parecia que estava em todo o lado. Recupera bolas na luta do meio campo, e depois revela ainda uma qualidade técnica assinalável na forma como conduz e distribui a bola. A continuar assim, será certamente a próxima grande venda do Benfica. Gostei bastante da exibição do Melgarejo também, e o Maxi deve ter feito um dos melhores jogos dos últimos tempos.

A obrigatoriedade de vencer foi cumprida, com um resultado confortável e que nos permite passar o ano na liderança isolada, já que no jogo do nosso adversário directo o Proença deve ter tido receio que os seus meninos se constipassem.  Não dou particular importância ao adiamento (já conhecemos o final habitual da tradicional peça entre chocos e portistas, independentemente da data em que se realiza). Acho apenas muito incorrecto da parte dele estar a obrigar o Alguidar e os seus pares a contorcerem-se outra vez cada vez que tiverem que ouvir a expressão 'campeões de inverno'.

1 Comments:

At 12/17/2012 7:43 da tarde, Blogger joão carlos said...

Mais um post de um nível muito elevado.



Pese embora a vitoria e que acabou por ser folgada no fim a verdade e que continuamos muito perdulário e a desperdiçar muitas oportunidade com isto estamos a deixar durante muito tempo arrastar os jogos com resultados que de todo não nos interessam, é verdade que depois quando em vantagem temos resolvido de imediato os jogos, mas mesmos assim o problema do baixo índice de concretização já se vem a arrastar á muito tempo sem melhorias visíveis.
Seria de extrema importância que os lesionados recuperassem o mais breve possível para permitir alternativas e rotatividade na equipa sobre pena de sobrecarregarmos em demasiado alguns jogadores principalmente agora que os campos estão a ficar pesados.

 

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