domingo, agosto 26, 2018

Pouco

Triunfo, ou melhor, empate do anti-jogo. Houve uma equipa que quis ganhar este jogo e outra que quis não perdê-lo. No final saiu feliz a equipa que não quis perder. E nós ficamos a lamentar mais um jogo perdulário, mais uma exibição anormalmente boa de um guarda-redes mediano, e mais um empate em casa contra uma equipa que nos é inferior e que sabe a muito pouco.



O Benfica era o favorito no papel, e a quem cabia a maior obrigação de ganhar. Ainda sem Salvio, o onze titular reservou-nos a surpresa de ver o Rafa assumir a titularidade na direita, com o resto da equipa a não ter qualquer novidade. Os primeiro minutos até deram a impressão de que o jogo poderia ser disputado de uma forma mais equilibrada entre as duas equipas. O Benfica deu o primeiro grande sinal de perigo, num cabeceamento do Rúben Dias que mostrou logo que o Salin estaria numa noite anormalmente inspirada, e o Sporting respondeu logo a seguir num remate do Montero. O jogo manteve-se mais ou menos nesta toada relativamente equilibrada durante o período inicial, ainda que fosse o Benfica quem criava mais perigo, sobretudo na sequência de bolas paradas (o que é algo bastante anormal para a nossa equipa). Também durante os primeiros minutos ficou logo a ver-se que os nossos adversários foram deixados perfeitamente à vontade pelo consócio Godinho (ter jogos contra o Sporting arbitrados por adeptos do Sporting também já se tornou um clássico do nosso futebol) para bater como e quando muito bem entendessem. Para pés de chumbo como um Battaglia ou um Ristovski então isto foi uma maravilha, tendo iniciado logo desde o início a azáfama de ceifar, pontapear e acotovelar tudo o que lhes passasse ao alcance, e ainda protestarem furiosamente sempre que a equipa de arbitragem tinha o desplante de assinalar alguma coisa (a contragosto, foi obrigada a amarelar o Ristovski depois de verificar que o Cervi estava a sangrar, isto depois de no instante inicial nem sequer ter assinalado falta). À medida que o tempo foi correndo no entanto o Sporting foi recuando cada vez mais e o Benfica tomou conta do jogo, embora quase só fosse capaz de continuar a criar perigo através de bolas paradas, já que o nosso ataque organizado era pouco mais que disparatado. 



Depois de nos minutos finais da primeira parte o Godinho se ter cansado de manter a compostura e resolver mostrar (para quem não soubesse ainda qual é a sua simpatia clubística) por quem estava, com um chorrilho de decisões erradas sempre a favorecer os mesmos, ao intervalo comentava com os colegas de bancada que o meu maior receio era o momento em que algum jogador às riscas caísse dentro da nossa área, porque não tinha dúvidas que não haveria qualquer hesitação da parte dele. O regresso dos balneários foi a continuação do fecho da primeira parte, com o Benfica por cima e à procura do golo, mas apanhando pela frente um anormal Salin que defendia tudo o que ia à baliza. E depois, completamente contra a corrente do jogo (não quero dizer que foi a única vez que o Sporting chegou à nossa área na segunda parte para não ser injusto, mas não devo andar muito longe) um jogador do Sporting caiu mesmo dentro da nossa área, na sequência de uma jogada que começa com um passe horripilante do Jardel. Escusado será dizer qual foi a decisão do sportinguista Godinho, e quase sem saber ler nem escrever o Sporting apanhou-se com a vitória no colo. A partir daí então os muitos jogadores típicos de clubes de meio da tabela que o Sporting tinha em campo esqueceram-se completamente do peso da camisola que tinham vestida e começaram a dedicar-se quase em exclusivo ao anti-jogo a que se devem ter habituado quando jogavam nesse tipo de equipas. Continuaram a distribuir bordoada, a cair que nem tordos no relvado, a protestar toda e qualquer decisão da arbitragem, e a defender com unhas e dentes um resultado que nunca fizeram por merecer. O Benfica mexeu na equipa, fez entrar o Seferovic e o João Félix para alterar o esquema táctico para 4-4-2 (ou mais 4-4-1-1, com o Félix a actuar mais como um falso ponta-de-lança ao estilo do Jonas) e o Sporting respondeu com mais um cepo a entrar em campo com a missão exclusiva de andar atrás do João Félix (Petrovic). Nem isso impediu que o miúdo chegasse ao golo do empate, correspondendo de cabeça a um cruzamento do Rafa (provavelmente a única coisa positiva que o Rafa fez no jogo), mas se já estávamos irritados com o anti-jogo do Sporting, depois do golo do empate então ele tornou-se uma obsessão da parte deles. Não fossem as camisolas e julgaríamos estar a defrontar uma equipa a precisar daquele ponto para não descer de divisão. Jogou-se muito pouco do tempo que sobrava até final, que incluiu seis minutos de descontos, mas ainda deu para o inacreditável Salin safar mais um golo, num livre do Grimaldo.


Os melhores do Benfica foram para mim o Grimaldo e o Gedson. O João Félix teve uma boa entrada no jogo porque tem uma muito boa leitura do mesmo, e o golo que marcou foi mesmo 'à Jonas' (e espero que daqui a uns tempos possamos estar a falar de golos 'à João Félix') e o Zivkovic também ajudou a melhorar um pouco a qualidade no ataque. Sobretudo porque o Cervi e o Rafa tiveram um jogo mau (escapa o cruzamento do Rafa para o golo). Mau também foi o jogo do Ferreyra. É incompreensível que ele continue a mostrar tão pouco quando se sabe que vale muito mais do que aquilo. Parece um jogador desmotivado, incapaz de ganhar um único lance aos defesas adversários, que não tenta uma antecipação e prefere quase sempre resguardar-se à espera de uma falha da parte do defesa. Enquanto continuar neste nível não justifica a titularidade.

Objectivamente, jogámos pior do que contra o PAOK. Também o adversário teve uma postura diferente. O PAOK ainda tentou disputar o jogo e foi progressivamente empurrado para trás. O Sporting entrou em campo já com a ideia do empate e jogou quase todo o jogo para isso, tendo sido completamente ostensivo nas suas intenções durante toda a segunda parte. Contra o PAOK criámos várias situações de golo de bola corrida e fomos completamente ineficazes nas bolas paradas, enquanto que hoje a maioria das nossas situações de perigo resultaram de bolas paradas (isto só melhorou um pouco depois de abandonarmos o 4-3-3). Mas o resultado final de ambos os jogos foi o mesmo: empates frustrantes contra adversários mais fracos. O Sporting apresentou-se desfalcado na Luz e consciente de sua inferioridade, e nem assim conseguimos tirar proveito disso. Foi uma grande oportunidade para começar já a ganhar vantagem que desperdiçámos. Agora temos que nos concentrar já no próximo jogo. Mesmo não gostando de exageros, o resultado desse jogo pode determinar toda uma época.

1 Comments:

At 8/27/2018 6:33 da tarde, Blogger joão carlos said...

O nosso domínio nos jogos, e por momentos até sufocante, é a mais parte das vezes inócuo e não conseguimos traduzir esse domínio em oportunidade, por acaso nestes dois últimos até tivemos mais do que tem sido habitual, e isto foi o que se viu toda a época passada e que se tem visto neste inicio de época muito pouca objectividade e ainda menor acutilância o que nos valeu o ano passado foi ter um ponta de lança com índice elevadíssimos de finalização que foi disfarçando a falta de oportunidade mas este ano sem ele acaba por ficar mais evidente o domínio estéril que muitas vezes temos e fica evidente a dependência que temos dele para marcar.
Desta vez estivemos bem nas bolas paradas em que fomos perigosos e com varias oportunidades em contrapartida foram poucas as oportunidades de bola corrida, agora falta o mais difícil que é conjugar as duas coisas ao mesmo tempo que é ter jogos com oportunidades de bola corrida e bola parada, e para essa melhoria muito contribui o facto de não ser sempre o mesmo que as executa mas também só falta que os cantos sejam executados de fora para dentro eu é os que são mais perigosos.
Já nem existem palavras nem explicações para tanta e tão escandalosa lesão nem para indisposições que duram mais de uma semana e que depois são lesões noutro sitio neste aspecto é o desnorte completo de tudo e de todos sem qualquer explicação possível e neste aspecto acho que nem isto acontece em clubes das distritais e mais uma vez ou resolvemos de uma vez por todas esta situação e passamos a ter um número de lesionados insignificante ou não existe plantel que aguente tantas ausências e vamos continuar a ter os mesmos problemas que até aqui.

 

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