domingo, dezembro 02, 2018

Panaceia

Uma vitória gorda sobre o Feirense, construída graças a uma segunda parte finalmente mas consentânea com aquilo que nós esperamos da nossa equipa, serviu para já de panaceia para os nossos males.



Foram-nos anunciadas ou prometidas mudanças, mas em termos de constituição da equipa titular ou mesmo variações tácticas elas foram quase imperceptíveis. Houve três alterações à equipa que tinha caído com estrondo em Munique, mas duas delas foram perfeitamente naturais (regresso do Jardel ao centro da defesa e do Gedson, que já tinha jogado a segunda parte na Alemanha, ao meio campo) e apenas a terceira foi uma pequena novidade: a titularidade do Zivkovic pela primeira vez no campeonato esta época - até agora acumulava apenas 79 minutos distribuídos por cinco jogos, sempre vindo do banco. Actuou na ala e não no meio campo, mas já foi alguma coisa. Se a constituição da equipa e a disposição táctica não acusavam as prometidas mudanças, aquilo a que assistimos drante a primeira parte confirmou isso mesmo. Foram mais quarenta e cinco minutos daquele Benfica que nos tem exasperado esta época, com uma imensa superioridade no que diz respeito à posse de bola e quase nenhuns resultados para mostrar. Não que não se notasse vontade nos jogadores para fazer mais, mas o futebol foi pobre e a escassez de ideias muita. Em termos de ocasiões de perigo e oportunidades de golo, foi quase um deserto, e só num livre directo marcado pelo Pizzi é que fizemos um remate à baliza digno desse nome. Muito pouco perante um Feirense completamente decepcionante. O treinador Nuno Manta Santos é frequentemente elogiado pelo bom futebol que a sua equipa pratica, mas esta noite na Luz não mostrou nada, nem sequer vontade de jogar. Apostou fortemente no antijogo praticamente desde o primeiro minuto, com vários jogadores a deixarem-se ficar no chão frequentemente para parar o jogo e o guarda-redes a queimar tempo em cada reposição de bola. Isto sempre perante a benevolência do árbitro, que perante tudo isto anedoticamente apenas concedeu dois minutos de compensação na primeira parte.


As mudanças prometida ficaram para a segunda parte. Os extremos Rafa e Zivkovic trocaram de lado, com o primeiro a ir para a esquerda e o segundo para a direita, e o Benfica surgiu a jogar mais agressivo, adiantando a linha de pressão vários metros - o Rafa foi um exemplo visível disso, aproveitando a sua velocidade para começar logo a pressionar as tentativas de saída de bola do Feirense, e com sucesso. Claro que o facto do génio do Jonas ter começado logo após quatro minutos a resolver o problema deverá ter feito maravilhas pela confiança de uma equipa que tem andado pela mó de baixo. O adjectivo 'brilhante' não faz justiça ao golo que ele marcou. Depois de uma combinação entre o Zivkovic e o Grimaldo na esquerda, com este último a fazer um cruzamento rasteiro para o centro da área, o Jonas com um primeiro toque de pé direito fugiu ao defesa que o marcava e depois de primeira e de pé esquerdo, já de ângulo apertado, colocou a bola no poste mais distante. Absolutamente genial. Era agora um Benfica completamente transfigurado que estava em campo, e que não se acomodou à vantagem como tantas vezes o tem feito esta época. Em vez disso foi à procura de mais como se isso fosse a coisa mais importante do mundo (não sei se mostraram isso na transmissão televisiva, mas no estádio eu reparei no pormenor do Rúben Dias a ir buscar a bola dentro da baliza e a levá-la para o centro do terreno). E percebemos logo que mais golos iriam acontecer. Num curtíssimo espaço de tempo a pressão do Rafa resultou numa recuperação de bola e no passe para o Jonas que, completamente isolado em frente à baliza, acertou mal na bola e levou-a ainda a raspar no poste. Depois o mesmo Jonas ainda marcou, mas estava em posição irregular. Mas ao fim de treze minutos a bola lá voltou a entrar na baliza do Feirense. Novamente com o Rafa na jogada: passe do Grimaldo em profundidade, o Rafa ganhou em velocidade ao defesa, passou pelo guarda-redes e sobre a linha de fundo tentou assistir o Jonas à boca da baliza, mas um defesa do Feirense antecipou-se e fez autogolo. Dez minutos depois, um merecedíssimo golo para o Rafa, numa jogada que começou precisamente numa recuperação de bola sua, e que terminou com uma finalização quase sobre a linha de golo depois de uma combinação entre o Zivkovic, Pizzi e Jonas. E o Benfica continuou sem tirar o pé, a controlar completamente o jogo e a procurar marcar mais golos que ajudassem a exorcizar os males que nos têm afectado. O Seferovic rendeu o Jonas a oito minutos do final e ainda entrou a tempo de ampliar o resultado mesmo sobre o minuto noventa, aproveitando uma má intervenção do guarda-redes depois de não ter conseguido desviar de primeira o cruzamento do Zivkovic.


Apesar da maioria provavelmente eleger o Jonas como o homem do jogo, a minha escolha vai para o Rafa. Foi sempre o elemento mais desequilibrador no nosso ataque e esteve em quase todas as jogadas de maior perigo da nossa equipa. Claro que entre ele e o Jonas não houve grande diferença, e o golo do Jonas foi algo de sublime. Pareceu-me que o Zivkovic aproveitou bem a oportunidade. Estranhamente, até o fez mais na segunda parte a jogar na esquerda, onde acabou por estar envolvido nas jogadas de três dos quatro golos. Digo 'estranhamente' porque por norma ele costuma render mais na direita do que na esquerda. Bom jogo também do Grimaldo.

Lá diz o velho ditado que uma andorinha não faz a Primavera, mas esta equipa estava claramente a precisar de um resultado destes e de uma exibição como a da segunda parte. Foi notório o alívio dos jogadores e a forma muito mais solta como jogaram à medida que o resultado começou a correr a seu favor. Resta agora saber se vão saber aproveitar isto e dar-lhe continuidade, ou se foi um mero fogacho. Espaço para mais passos em falso já deixou de haver.

2 Comments:

At 12/02/2018 6:54 da tarde, Blogger joão carlos said...

A crónica é o espelho do que se passou em campo.


Deve ter sido das poucas vezes em que se viu que a acção do treinador ao intervalo tenha dado resultados e que a equipa tenha vindo de lá com outra motivação e ideias, já que atitude já ele tinha mostrado desde o inicio, mas curiosamente o treinador veio dizer que nada tinha dito e que apenas tinha corrigido um ou outro ponto, fica a duvida quando ele intervêm em grande medida depois a equipa não corresponde e quando não o faz vem transfigurada, mas depois ele também acha que fizemos uma grande primeira parte agora não sei o que é mais preocupante ele ter dito isto ou ele acreditar mesmo nisso.
Foram prometidas varias mudanças mas elas foram mínimas a maioria até mais de cosmética do que outra coisa e a mais importante a atitude e determinação dos jogadores até se deve mais á intervenção do presidente do que a qualquer outra coisa, a fazer fé naquilo que foi dito, e a primeira parte não é apenas explicada pelo nervosismo ou pela ansiedade nem a segunda é a prova de que não existem problemas muito profundos ou de que esses estão ultrapassados.
Aquilo que mais rapidamente se trabalha são as bolas paradas, até quando acontecem as chicotadas psicológicas, é aquilo que mais rapidamente surte efeito muito mais do que uma mudança radical da maneira de jogar ou uma mudança táctica e o que vimos foi mais do mesmo, sempre os mesmos a executarem sempre da mesma forma sem imprevisibilidade e logo sem qualquer resultados práticos, nem sequer um lance de perigo sequer de livres laterais ou cantos, e isto vai muito para alem da má qualidade que quem executa os lances e se nem não coisas mais simples se viu melhorias fica muito mais difícil acreditar que seja possível alterar aquilo que demora mais tempo e que é mais difícil de alterar.

 
At 12/03/2018 12:42 da manhã, Blogger Maximus Vermillus said...

https://1comando1904.blogspot.com/2018/12/shadows-um-alegado-benfiquista-anti.html

 

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