sábado, janeiro 11, 2020

Massacre

A prova de que não há jogos ganhos à partida. Apesar de favoritíssimo no papel, o líder Benfica teve que suar as estopinhas para arrancar a vitória frente a um Desportivo das Aves que está isoladíssimo no último lugar da tabela. Mas bem podemos queixar-nos e nós próprios por todo este sofrimento, porque a finalização esta noite foi simplesmente atroz.


Algumas surpresas no onze: face à suspensão do Taarabt, o Weigl foi titular. O Jota e o Seferovic ocuparam os lugares do Cervi e do Vinícius. Houve também o regresso do André Almeida após lesão, que ocupou o seu lugar na direita e relegou para o banco o jovem Tomás Tavares. O jogo iniciou-se com o Benfica no comando, conforme esperado, mas com o Aves, onde alinhavam três ex-jogadores nossos (Mangas, Estrela e Zidane), a explorar quase sempre o adiantamento do Grimaldo para contra-atacar por esse lado. E foi precisamente por aí, já depois de um primeiro aviso, que surgiu o golo deles, aos vinte e dois minutos. O Ferro foi à dobra, entrou à queima e acabou ultrapassado pelo iraniano Mohammadi, que depois progrediu em direcção à baliza e finalizou com um remate forte de ângulo muito apertado. A partir deste momento, o Aves acabou no jogo em termos ofensivos e passámos a assistir a uma inacreditável sucessão de ocasiões de golo falhadas por parte da nossa equipa. Em várias delas houve mérito quer do guarda-redes Beunardeau, que teve uma noite incrivelmente inspirada, quer dos defesas do Aves, que conseguiam de alguma forma interceptar os remates no limite, cortar bolas em cima da linha, ou antecipar-se aos nossos jogadores. Mas noutras o demérito foi muito nosso, com finalizações a deixarem muito a desejar - como a situação em que o Pizzi recebeu um passe do Grimaldo e, completamente sozinho na marca de penálti atirou para fora, ou as várias situações em que o Seferovic conseguiu sempre acertar no guarda-redes quando estava isolado. Fosse como fosse, o certo é que fomos para o intervalo a perder.


Regressámos para o segundo tempo já com o Vinícius no lugar do Jota - o Pizzi foi encostar-se à esquerda e o Chiquinho foi para a direita. A segunda parte foi simplesmente exasperante. Um daqueles jogos à antiga, com o Aves a jogar nos 25 metros à frente da sua baliza, completamente dedicado à defesa e sem qualquer tipo de iniciativa de ataque. Infelizmente, o avassalador volume ofensivo do Benfica (foram mais de 30 remates e 17 pontapés de canto) continuava a esbarrar na determinação dos jogadores do Aves e a ser sabotado pela deficiente finalização dos nossos jogadores. Findo o primeiro quarto de hora o Cervi entrou para o lugar do Weigl, dando à equipa um pendor ainda mais ofensivo - o Chiquinho foi para o meio e o Pizzi regressou à direita, ficando o Gabriel como médio mais recuado. Nesta altura assistia-se mais a um jogo de probabilidades: com tanto volume ofensivo, o cenário mais provável era mesmo que o Aves acabasse por ceder e a bola entraria finalmente na baliza. Mas isso só aconteceu a quinze minutos do final, num penálti marcado pelo inevitável Pizzi. A falta foi cometida sobre o Vinícius e o Pizzi não tremeu - o penálti teve mesmo que ser muito bem marcado, porque o Beunardeau adivinhou o lado e acho que ainda deve ter tocado na bola com a ponta dos dedos. Conseguido o empate, o massacre não abrandou - e massacre é mesmo o único termo que consigo encontrar para descrever o jogo. Há muito tempo que não via tanto caudal ofensivo num jogo, infelizmente para tão pouca produtividade. O golo da salvação acabou por aparecer ao minuto oitenta e nove, e o herói improvável foi o André Almeida (que chegou a ser expulso pelo Xistra, valendo a intervenção do VAR para reverter a decisão). Depois de uma sequência de três pontapés de canto seguidos, o Cervi entrou na área pela esquerda, colocou a bola no meio para o Vinícius, e este de costas para a baliza trabalhou bem e deixou-a para o remate do André Almeida, que ainda assim só entrou porque a bola ainda tabelou num defesa do Aves que tentava o corte em desespero.


Para mim o homem do jogo foi o Vinícius. Entrou ao intervalo e esteve nos dois golos do Benfica. Boas exibições do Rúben Dias e do Gabriel, e o Weigl deixou boa impressão enquanto esteve em campo, sobretudo se tivermos em conta que apenas tem uma semana de trabalho com a equipa. O Ferro teve uma exibição sofrível, já que fica ligado ao golo do Aves. O Seferovic foi simplesmente pavoroso na finalização, capítulo no qual foi aliás acompanhado pelo Pizzi.

São mais três pontos e quinze vitórias em dezasseis jogos. Não foi daqueles jogos que me tivessem deixado muito satisfeito, mas estaria mais preocupado se a equipa tivesse jogado mal e não fosse capaz de criar ocasiões. Assim a minha insatisfação deve-se sobretudo ao mau aproveitamento das situações criadas - normalmente tanto desperdício paga-se caro. Depois da eficácia que nos valeu os três pontos em Guimarães, hoje estivemos no extremo oposto da escala.

1 Comments:

At 1/11/2020 11:32 da tarde, Blogger joão carlos said...

A analise esta com a qualidade que nos tens habituado.


O desperdício foi a nota mas nem é assim tão surpreendente é que jogadores que saibam finalizar bem temos dois ou três sendo que um esta lesionado, o outro foi poupado e esteva no banco e o terceiro esteve num dia menos bom nesse aspecto e se formos a ver a grande maioria dos lances desperdiçamos, se formos a ver mais de metade dessas oportunidades foram desperdiçadas pelos jogadores que foram titulares nos dois lugares mais adiantados e nenhum dos dois sabe finalizar se um ainda tem desculpa por não ser avançado e estar a jogar adaptado o outro não já que é e sempre foi ponta de lança, agora não sabe é finalizar.
Desta vez substituições quando o jogo as pede independentemente de ser cedo ou não pena que seja só assim quando se esta em dificuldade e não em todas as ocasiões ainda por cima quando, tirando uma ou outra excepção, as substituições são bem feitas e por norma conseguem acrescentar mais do que aquilo que tínhamos antes delas com médios, no campo e no banco, com capacidade para jogarem a centrais e com um dos centrais a jogar horrivelmente podia ter arriscado mais mas percebo a ideia de não desequilibrar a equipa.
As alterações não podem explicar tudo, alias se contra o ultimo não se podem fazer alterações com quem é que se podem, já se calhar explica alguma coisa é a falta de opções á altura para algumas das posições e no caso muito particular na de ponta de lança acabamos por vender um deixando no plantel aquele que é sem duvida o pior dos três que tínhamos e como ficou bem patente sem a qualidade que se exige para ser alternativa e ou aproveitamos esta janela de mercado para colmatar a situação, até porque também não temos opções a segundo avançado, ou vamos passar por dificuldades.

 

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