quarta-feira, dezembro 05, 2012

Desperdício

Estamos fora da Champions e fomos relegados para a Liga Europa única e exclusivamente por desperdício próprio. O Barcelona estendeu-nos uma passadeira vermelha até aos oitavos-de-final, mas quem falha as oportunidades que o Benfica falhou e não consegue vencer um Barcelona tão desfalcado não pode ter aspirações muito sérias a continuar na Champions. Tão cedo o Barcelona não voltará a proporcionar-nos tamanha oportunidade para vencer em Camp Nou, e por vezes quase parecia que só faltava mesmo que algum dos jogadores do Barcelona marcasse um autogolo para nos dar ainda mais hipóteses de passar.


Dupla Rodrigo/Lima na frente, Nolito e André Gomes os escolhidos para ocupar os lugares dos lesionados Salvio e Pérez. Do outro lado, um Barcelona onde apenas o Puyol, recém-regressado de lesão, se poderá considerar um titular habitual do onze base. O Benfica aproveitou bem a equipa menos experiente apresentada pelo Barcelona para pressionar mais à frente, não deixando que o nosso adversário pudesse fazer o seu jogo habitual de posse de bola. Ou a bola era recuperada em zonas mais adiantadas do campo, ou então, quando chegava até aos avançados, a forma compacta como toda a equipa subia no terreno fazia com que estes fossem repetidamente apanhados em fora-de-jogo. Depois, recuperada a bola, sempre que conseguíamos colocá-la rapidamente nos homens da frente, com passes a rasgar, criávamos perigo. O Benfica foi assim claramente superior durante toda a primeira parte, mas mostrou uma falta de eficácia gritante, que acabou por ser o factor determinante para o afastamento da Champions. O primeiro mau sinal foi dado cedo, quando o Rodrigo, isolado perante o guarda-redes e com o Nolito completamente sozinho ao seu lado e em frente à baliza, preferiu chutar para fora. Ainda bem que não sou treinador, porque se o fosse numa situação destas substituiria imediatamente o jogador, e ainda o mandava um mês para a equipa B. Depois destas vieram outras, igualmente desperdiçadas, sendo as mais claras as do Lima, que o guarda-redes ainda desviou para o poste, e do Ola John, também defendida pelo guarda-redes. Do lado do Barcelona, nem um único sinal de perigo. O intervalo chegou com um sentimento de frustração por ver uma oportunidade única de vencer o jogo a ser desperdiçada desta forma, ainda para mais pairando sobre nós a ameaça de a qualquer instante o Messi entrar em campo e resolver as coisas sozinho.
 


No regresso do intervalo o jogo foi diferente. Não sei se foi consequência directa de algum cansaço dos nossos jogadores, mas deixámos de pressionar tão alto, e o Barcelona passou a dispor de mais espaço para jogar no meio campo, assistindo-se a diversas situações em que um jogador pegava na bola e progredia sem qualquer oposição até às imediações da nossa área. Na direita, o Maxi começou a ser repetidamente batido com alguma facilidade pelo Tello, e cheguei a pensar que se a situação se mantivesse ele nem sequer acabasse o jogo, pois a forma como passou a entrar à bola foi endurecendo progressivamente. O Messi lá acabou por entrar e o Benfica foi-se encolhendo cada vez mais para junto da sua área, com o Barcelona a jogar um futebol muito mais próximo daquele que lhe é habitual, embora seja um facto que raramente conseguiram colocar o Artur à prova. A única excepção foi mesmo um lance do Messi, que se isolou mas viu o Artur negar-lhe o golo por duas vezes: primeiro ao sair-lhe aos pés, e depois ao recuar para a baliza a tempo de evitar o chapéu na recarga. Neste mesmo lance o Messi lesionou-se, o que significou que ficámos com a oportunidade de jogar contra dez nos últimos minutos - era mesmo tudo a correr a nosso favor, mas nem assim conseguimos aproveitar. A equipa nesta fase já parecia demasiado fatigada, e não conseguimos pressionar os jogadores do Barcelona, que continuavam a conseguir ter mais posse de bola. As entradas do Bruno César e do Cardozo (conforme era previsível, praticamente não lhe chegou a bola) não foram felizes, e igualmente de nada serviu a ida do Luisão para a frente, onde apenas fez figura de corpo presente (ou estou enganado, ou ele estava em inferioridade física). Ainda assim, mesmo a fechar o jogo ainda dispusemos de mais uma ocasião, onde o Cardozo primeiro, depois de receber uma bola que a defesa do Barcelona deixou passar, conseguiu tropeçar umas três vezes na bola, e depois de mais uma série de passes meio atabalhoados e ressaltos esta acabou por sobrar para o Maxi que, dentro da área, a chutou para a bancada.


Melhores do Benfica: Garay (cortou tudo o que era humanamente possível), Matic (deve ter sido o jogador do Benfica que mais pressionou os adversários do primeiro ao último minuto) e Ola John na primeira parte (depois foi-se apagando ao longo da segunda). Nada mal também o André Gomes, mas pareceu-me igualmente que terminou o jogo quase sem fôlego. O pior jogador do Benfica foi o Rodrigo. Aquele falhanço é imperdoável, não tanto pelo falhanço em si, mas sobretudo pelo egoísmo. Não gostei muito do Maxi também. Foi batido demasiadas vezes pelo adversário directo, deixou espaços atrás, e passou por uma fase em que entrava às bolas como se estivesse a pedir para ser expulso.

Não me posso queixar da atitude da equipa. Fomos dignos, os nossos jogadores tentaram e lutaram, e saímos de cabeça erguida. Mas uma equipa que exibe tamanho desperdício não pode ter lugar na próxima fase da Champions. Ontem se calhar avaliaríamos as nossas hipóteses de prosseguir na prova como diminutas, mas hoje, depois de visto o jogo, fica a frustração e até irritação por não termos conseguido aproveitar a oportunidade dourada que o Barcelona nos concedeu. Agora resta-nos colocar isto para trás das costas, recuperar os jogadores, e concentrarmo-nos no próximo jogo do campeonato, que é o principal objectivo.

1 Comments:

At 12/06/2012 7:40 da tarde, Blogger joão carlos said...

Sempre que na liga dos campeões jogando fora utilizamos a titular dois pontas de lanças nunca ganhamos mas parece que só este treinador é que não vê isso.
Neste jogo demonstra-mos os erros de sempre péssimo índice de concretização que nos tem acompanhado ao longo da época mas que nesta competição acentuamos aliás fomos a única equipa do grupo a não marcar um único golo ao adversário de ontem.
Se ao treinador não podemos imputar os falhanços que tivemos, alguns clamorosos, já a completa ineficácia nas inúmeras bolas paradas que tivemos demonstra uma falta tremenda de trabalho ou então de um trabalho muito mal feito o numero de cantos, livres e lançamentos longos que tivemos neste jogo e apenas por uma vez conseguimos criar alguns perigo é muito pouco não se pode ser o decimo quarto treinador mais bem pago no mundo e depois ter este desempenho.
O grande sucesso da primeira época deveu-se ao grande número de golos de bola parada que concretizamos atrevo-me a dizer que durante estas três épocas e meia o número de golos de bola corrida por época terá sido muito constante e que muda e tem sido sempre a piorar de época para época é a quantidade de bolas paradas que dão em golo neste caso temos indo de cavalo para burro.
Pelo segundo ano consecutivo vamos para um jogo fora decisivo para o campeonato depois de vitorias morais, ou seja de derrotas, o pior é que jogadores e treinador acham que esta tudo bem, o que não esta porque se estivesse tínhamos ganho e não perdido, o que tal como o ano passado não augura nada de bom para o que se segue.

 

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