domingo, fevereiro 16, 2020

Incompetência

Continuamos a sequência de exibições menos conseguidas e perdemos pela segunda vez consecutiva na liga, algo que não acontecia há largos meses. Foi uma derrota algo absurda, apenas possível pela conjugação de muita incompetência em diversos aspectos.


Nada de assinalável no onze apresentado: foi o esperado, no qual o Weigl regressou à titularidade e o Florentino regressou à bancada. Jogámos no esquema táctico habitual frente a um Braga que se apresentou com três defesas centrais e dois laterais projectados para o ataque,  que se dispunha em 3-4-3 quando em posse. Com excepção do guarda-redes e de um dos centrais, o execrável Raúl Silva (não é de ontem, detesto este tipo desde os tempos do Marítimo) que se dedicaram a perder tempo desde o apito inicial, a atitude do Braga foi tentar jogar o jogo pelo jogo. Tentavam sempre sair a jogar, o que acabou por lhes provocar vários calafrios sempre que o Benfica conseguia fazer a pressão de forma exigida. Infelizmente, cedo se começou também a perceber que estávamos em dia não no que à finalização diz respeito. O Rafa deu o sinal inicial quando, depois de recuperar bem uma bola depois de pressionar um defesa, ficou isolado e nem sequer conseguiu acertar na baliza. Foi só uma situação, à qual se seguiram outras do Cervi, do Pizzi, e sobretudo do Vinícius, que ontem esteve absolutamente desastrado na finalização - e não só isso, como parece andar a aprender com o Seferovic a deixar-se apanhar quase sempre em posição irregular. O golo que ele falha quando depois de um centro do Pizzi apareceu completamente sozinho em frente à baliza, nem sendo necessário tirar os pés do chão para cabecear, é inacreditável. O Braga, pese a tentativa de jogar e atacar, na verdade só conseguia chegar perto da baliza do Benfica de uma forma: qualquer livre conquistado no meio campo do Benfica era despejado para a área. Em bola corrida o Benfica até conseguiu controlar de forma bastante eficaz o Braga, inclusivamente quando tentavam entrar pelo nosso lado esquerdo - e foram diversas as tentativas de solicitação de entradas do Esgaio por aquele lado. Infelizmente para nós, já em tempo de descontos, lá arrancaram mais um livre ameio do nosso meio campo e depois do Vlachodimos ter salvo o golo com uma grande defesa, no canto que se seguiu nada conseguiu fazer perante um cabeceamento à queima-roupa do Palhinha, que surgiu solto entre os nossos centrais. Uma falha de marcação imperdoável.


Neste momento o meu raciocínio quando o Benfica chega ao intervalo de um jogo em desvantagem é sempre o mesmo: que consigamos marcar antes que o Seferovic entre. Nem é só pelo Seferovic em si - embora o absoluto desastre que ele tem sido esta época já seja suficientemente desmotivante - é sobretudo pelas mudanças tácticas que essa substituição acarreta. E normalmente, quando nada resulta dessa substituição (o que é o mais normal) depois vamo-nos enterrando cada vez mais à medida que novas alterações vão sendo feitas. O Benfica até começou bem a segunda parte, com o Vinícius a acertar no poste logo nos primeiros minutos. O jogo foi decorrendo com o Benfica naturalmente mais em cima do Braga, e poucos minutos depois vimos o Rafa a isolar-se em direcção à baliza, descaído sobre a direita. Com imenso tempo para decidir o que fazer, hesitou, hesitou, e acabou por preferir tentar um passe para o Vinícius no meio, que foi facilmente interceptado. Parece-me que o facto de não ter tentado finalizar será um reflexo da falta de confianção. Depois disto, começou o disparate que eu temia. Entrada do Seferovic, saída do Cervi, o nosso lado esquerdo desapareceu e a partir daqui foi sempre a descer. A única ocasião de real perigo que conseguimos criar foi uma iniciativa individual do Pizzi, que foi ultrapassando vários adversários pela zona frontal da área até rematar de pé esquerdo para um grande defesa do guarda-redes. Houve ainda outra situação em que o Pizzi se isolou pelo meio, e pressionado por um defesa tentou ultrapassar o guarda-redes em vez de rematar, acabando o lance por se perder. O Braga também criou uma grande ocasião, mas felizmente o remate do Ricardo Horta saiu quase à figura do Vlachodimos, que defendeu por instinto. Depois fizemos entrar o Chiquinho para o lugar do Weigl, o que na prática significou fazer o único jogador que estava a ser capaz de acelerar e causar desequilíbrios (Taarabt) recuar para junto dos centrais e assim afastá-lo da zona de decisão. Finalmente, para os minutos finais, o golpe fatal, que foi exactamente igual ao do Dragão: fazer entrar o Dyego Sousa. Gosto muito do Lage, acho que percebe de futebol a rodos e certamente muito mais do que eu, mas por mais voltas que dê à cabeça não consigo perceber esta opção dos três avançados. Ainda por cima duas vezes seguidas. É que depois não só deixamos de construir o que quer que seja como nem sequer conseguimos fazer a bola chegar à área através de futebol directo - tenho sérias dúvidas que o Dyego tenha sequer chegado a tocar na bola. Por isso o apito final chegou sem sobressaltos e voaram três pontos, dando oportunidade para o Raúl Silva ter mais uma atitude de desrespeito para com o Benfica, acabando expulso já depois do fim do jogo.


No Benfica acho que posso destacar o Vlachodimos, que não teve quase trabalho nenhum, mas no pouco que teve fez duas grandes defesas e nada podia fazer no golo. Também o Taarabt voltou a ser dos jogadores com nota positiva. O Tomás Tavares estava em crescendo quando saiu da equipa, e neste jogo pareceu ter revertido ao estado inicial, quase incapaz de ter qualquer tipo de contribuição na manobra ofensiva da equipa. O Pizzi claramente precisa de descanso. Está num momento muito mau - basta atentar que das primeiras três ou quatro vezes em que tocou na bola no jogo acabou por perdê-la para o adversário - mas como num momento fugaz pode sempre decidir, acaba por ter lugar cativo. O Rafa também está claramente longe do melhor. E agora até o Vinícius parece estar longe do ideal em termos físicos, para além de ter desperdiçado ocasiões que não são nada habituais nele. Basta ver que de cada vez que perdíamos uma bola no ataque este trio (Rafa, Pizzi e Vinícius) deixavam-se lá ficar e recuavam a passo, o que era logo meio caminho andado para que algum deles voltasse a ser apanhado em posição irregular.

Estamos a atravessar a pior fase da era Lage. Parece-me que a equipa está em défice físico e também numa crise de confiança. A exibição na primeira parte até nem foi das piores, mas quem falha tanto no ataque num jogo destes acaba inevitavelmente por sofrer as consequências, e uma vez em desvantagem a falta de confiança vem ao de cima e torna tudo pior. Uma vez mais voltamos a fazer aquilo em que parecemos ser especialistas: dar vida e confiança a um adversário que estava quase de rastos. Fazer as coisas da maneira mais fácil não é para nós. Espero bem que saibam dar a volta a esta situação rapidamente, porque agora a margem de manobra acabou.

1 Comments:

At 2/17/2020 6:39 da tarde, Blogger joão carlos said...

Mas isto era mais que previsível varias posições no plantel em que as alternativas ao titulares deixam muito a desejar e por muito que o treinador diga que todos contam a verdade é que alguns não contam só assim se percebe que alguns jogadores joguem todos os jogos e todos os minutos com o evidente desgaste e com exibições que deixam muito a desejar e que cada vez se vão mais acentuado já que os mesmo continuam a jogar e cada vez mais cansados estão para mais com a tendência que o nosso treinador tem para fazer as substituições nos instantes finais a situação ainda se agrava mais.
Pois mas esta nova mania de despejar pontas de lança para dentro do campo só demonstra o desespero em que o nosso treinador se encontra sem saber o que fazer para resolver qualquer situação negativa e pelos vistos ele não aprendeu com o erro e voltou a cometer o mesmo para mais a coisa para alem de não fazer sentido nenhum ainda pior é quando não temos ninguém, mas mesmo ninguém, que saiba executar um centro nas devidas condições invariavelmente não passam do primeiro defesa ou então acabam na lateral contraria.
O grande mérito do nosso treinador foi o ano passado ter adaptado a táctica aos melhores jogadores que tinha disponíveis este ano pelo contrario sem lhe terem dado os jogadores para a táctica que ele implementa, principalmente um segundo avançado, quer na pré época quer agora neste mercado de inverno a posição dele sempre foi adaptar os jogadores a uma táctica e pelo que se tem visto não resulta até porque na posição se segundo avançado só falta lá testar os defesas porque de resto já quase todos lá passaram sempre com o mesmo proveito, nenhum, e ou alteramos a táctica para adaptar aos jogadores que temos disponíveis ou a continuar esta teimosia vamos passar por dificuldades.

 

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