terça-feira, março 03, 2020

Desperdício

E pronto, está consumado o desperdício completo da vantagem confortável que tínhamos conseguido construir no topo da tabela. Oito pontos perdidos em apenas quatro jogos significaram a literal entrega do ouro aos bandidos, depois de mais um jogo em que repetimos os equívocos que já se vão tornando um hábito.


Começámos o jogo com o mesmo onze que venceu em Barcelos na última jornada. Uma dupla de médios de maior contenção no Samaris e no Weigl, mas neste jogo o alemão apareceu mais frequentemente em zonas um pouco mais adiantadas, ficando o Samaris mais recuado. O Benfica tomou conta do jogo desde o apito inicial, com o Moreirense a responder apenas em contra-ataques muito esporádicos, mas que ainda assim deram para criar uma ocasião de perigo, resolvida pelo Vlachodimos. Achei que mais uma vez voltámos a mostrar falta de agressividade na reacção à perda da bola, sendo frequentes as situações em que o jogador adversário, depois de recuperada a bola, conseguia progredir quarenta ou cinquenta metros sem que nenhum jogador do Benfica lha caísse em cima ou apertasse. Para isto contribui bastante a falta de apetência dos nossos alas para defender quando perdemos a bola, em especial do Pizzi, que eu vejo repetidas vezes a recuperar a passo. Mas o Benfica esteve claramente por cima durante toda a primeira parte e conseguiu criar diversas oportunidades para marcar, que foi desperdiçando ou por má finalização, ou por infelicidade, ou por mérito da defesa e guarda-redes adversários, que se acantonavam na sua área e iam barrando os caminhos para a baliza. Hoje aliás voltámos a ver um Benfica muito mais rematador, algo que tinha andado ausente dos últimos jogos. Taarabt, Pizzi, Rafa, Samaris e até o Rúben Dias, que apareceu a apoiar o ataque como se fosse um avançado ou extremo, tiveram ocasiões que podiam e deveriam ter acabado em golo, com a bola em algumas dessas ocasiões a passar a centímetros da baliza. Como vem sendo habitual, Taarabt e Rúben Dias eram dos principais impulsionadores da equipa, com o Tomás Tavares demasiado encolhido e a evitar aventurar-se no ataque, preferindo jogar quase sempre pelo seguro - já agora, os assobios por parte do público a um jogador que, não estando a jogar com confiança, opta por não arriscar certamente que não serão uma ajuda para lhe recuperar a confiança.


Isto alterou-se logo no início da segunda parte. O Benfica continuou bastante por cima do adversário - aliás, ainda mais por cima, porque conseguiu aumentar o ritmo do jogo. Imagino que alguma coisa terá sido dita ao Tomás Tavares, porque ele apareceu muito mais adiantado e os resultados foram imediatos. Um passe longo a solicitar a sua entrada acabou num penálti assinalado a nosso favor quando o seu cruzamento foi cortado pelo braço de um jogador do Moreirense. Chamado à conversão, o Pizzi fez o guarda-redes cair para um lado e atirou para o outro... ao lado da baliza. Quase na jogada seguinte, novo passe longo do Samaris a abrir no Tomás Tavares na direita, cruzamento perfeito para a boca da baliza, e de alguma forma o Pizzi conseguiu não marcar golo e acertar de forma atabalhoada na bola de forma a enviá-la ao poste. Depois o Rafa aproveitou a atrapalhação entre um defesa e o guarda-redes do Moreirense e fez golo, mas o VAR assinalou um toque do Pizzi com a mão e o golo foi invalidado. Obviamente que estes dois lances terão contribuído para aumentar o nervosismo de uma equipa que está numa sequência má de resultados e que via o tempo passar sem que o golo chegasse, apesar de estar claramente a dominar o jogo. Nestas situações o meu nervosismo aumenta também porque acho que é imperioso conseguirmos marcar antes que o treinador decida mexer na equipa. É que nos últimos tempos é mais que certo que a primeira alteração é sempre para meter mais um avançado. Desta vez não havia o Seferovic (lesionado) mas havia o Dyego Sousa (eu ainda estou a tentar perceber qual a utilidade desta contratação). Vejamos: o Benfica está claramente em cima do adversário, está a construir ocasiões de golo umas a seguir às outras, temos pelo menos mais meia hora para jogar. Qual a necessidade de fazer alterações tácticas? Se fosse trocar um jogador por outro para refrescar a equipa, acharia normal. Mas ao trocar o Weigl pelo pinheiro Sousa o equilíbrio da equipa foi destruído. O Samaris a descair mais sobre a esquerda e o Weigl sobre a direita iam dando o equilíbrio necessário a uma equipa cujos alas não defendiam. Não foi coincidência que apenas minutos depois desta alteração, e praticamente na primeira vez que o Moreirense passou do meio campo na segunda parte, tivesse chegado ao golo. Vejam, se puderem, a repetição do lance. O lateral esquerdo do Moreirense arranca ainda antes do meio campo e o Pizzi fica literalmente a marcá-lo com os olhos, sem reacção. Depois foi fazer um 2x1 fácil sobre um desprotegido Tomás Tavares, cruzamento e golo. A partir daqui todos percebemos que seria muito difícil darmos a volta à situação. Não critico muito os jogadores, que bem ou mal continuaram a dar tudo para chegar ao golo, mas o Moreirense fechou-se ainda mais atrás e a tendência do Benfica era agora tentar cruzamentos que eram na maioria das vezes facilmente afastados. A troca do Rafa pelo Cervi foi positiva e dinamizou a ala esquerda, mas a troca do Taarabt pelo Jota foi difícil de perceber. Até percebo a lógica de colocar o Jota em campo, já que a estratégia passava por cruzar bolas para a área, mas retirar um dos principais dinamizadores do jogo e deixar o Pizzi em sub-rendimento até final para mim não fez sentido. Um penálti sobre o Cervi ainda nos permitiu chegar ao empate pelo Pizzi, na recarga depois de ter voltado a falhar o penálti, mas já não deu para mais e acabámos assim por entregar a liderança num jogo em casa contra o Moreirense.


Rúben Dias, Taarabt ou Samaris foram os que estiveram em maior evidência. O Cervi entrou bem no jogo e acho que não se justifica que tenha perdido a titularidade. O Pizzi esteve desastroso neste jogo. Não vou fazer dele o vilão, até porque já perdi a conta ao número de vezes em que foi ele a resolver jogos a nosso favor. Mas o Pizzi atravessa uma fase de claro sub-rendimento e dar-lhe lugar cativo na equipa ou mantê-lo em campo o jogo todo, ainda por cima quando ele parecia claramente afectado pelo penálti falhado, é na minha opinião um erro.

Estamos agora na situação em que ninguém quer estar: dependentes de terceiros. A culpa é exclusivamente nossa. Não podemos estar sempre a repetir erros e a fazer as coisas exactamente da mesma maneira à espera de resultados diferentes. Não é assim que conseguiremos dar a volta a esta situação.

1 Comments:

At 3/04/2020 6:26 da tarde, Blogger joão carlos said...

São três anos consecutivos com planteis mal construídos com algumas posições deficitárias em qualidade e outras em opções aos titulares já são demasiados erros demasiadas vezes sem que se aprenda com os mesmos repetindo tudo novamente e pese embora os vários erros do treinador, já por varias vezes apontados não é ele o maior culpado o problema é mais profundo até porque nem sequer foi o treinador que se escolheu a ele próprio.
Já tinha aqui referido varias vezes que insistir em todos os jogos, todo o tempo, em alguns jogadores era uma coisa absolutamente parva porque os jogadores cada vez iam mostrando um desgaste maior com efeito na sua produção que claramente era cada vez pior com a agravante de quanto mais se insistia nesses jogadores menor era a probabilidade de ele recuperarem o seu bom desempenho com claro prejuízo para a equipa e para os jogadores que cada vez se queimam mais, é utilizar até rebentar fisicamente ou rebenta por lesão, como aconteceu com vários, ou rebenta por falta de forma.
Desde o inicio da época que não temos um único segundo avançado e o mal não esta em se ter metido um segundo avançado, que era preciso, mas no facto de se ter metido outro ponta de lança para mais quando esse é o sinal dado à equipa para bombear bolas para a área e se essa estratégia já é de muito duvidosa eficácia muito mais o é quando não temos um único jogador que saiba fazer um cruzamento sequer em condições pelo ar ficando todos invariavelmente ou no primeiro defesa, trás da baliza, ou na linha lateral contraria é uma táctica de desespero e que transmite esse desespero para o jogadores que estão em campo mas depois alguns acham que são os adeptos é que passam o desespero para a equipa.

 

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