Classe
Não demos sequer hipótese de haver dúvidas. Na sequência daquilo que temos feito nos últimos jogos em casa para o campeonato marcámos cedo, praticamente resolvemos o jogo ainda na primeira parte, e depois limitámo-nos a gerir e a controlar um adversário que acabou por ser talvez a segunda equipa menos incómoda que passou pela Luz neste campeonato - acho que só mesmo o Sporting conseguiu ser ainda mais inofensivo - deixando a tarefa de animar a segunda parte às pinceladas de classe dos nossos jogadores.
Duas alterações, esperadas, no onze-tipo: André Almeida no lugar do lesionado Fejsa e Sílvio no do castigado Siqueira. Desde o apito inicial que o jogo teve um só sentido. Nem sequer foi uma cavalgada frenética do Benfica na procura do golo, foi sempre algo feito com paciência e método, mas constante, com a bola a rondar a área e a baliza adversária, e sem que o Rio Ave conseguisse praticamente passar do meio campo. Foi portanto com alguma naturalidade que o Benfica marcou o primeiro golo, quando estavam passados dezassete minutos de jogo. Tudo começou num grande passe do Enzo, a levar a bola da direita para a esquerda do campo. O Sílvio amorteceu-a de primeira para o Gaitán à entrada da área, este tirou um adversário do caminho e em vez de rematar descobriu o Rodrigo dentro da área, que controlou e colocou a bola rasteira junto ao poste. Uma jogada muito bonita e fluida. Não entrámos imediatamente em modo de gestão a seguir ao golo: continuámos a procurar de forma paciente a baliza adversária, pressionando alto e impedindo que o adversário conseguisse sair de forma organizada, para depois causar perigo sempre que a bola era recuperada ainda em zonas adiantadas do campo. Logo no minuto seguinte ao do golo, o Gaitán teve oportunidade para aumentar a vantagem depois de uma dessas recuperações, mas se dessa vez o remate dele foi interceptado por um adversário, o mesmo já não se passou um pouco antes da meia hora, altura em que marcou mesmo. Foi depois de um remate do Rodrigo ter embatido num adversário, levando a bola a subir em balão para cair à entrada da área, onde surgiu o Gaitán para fazer um remate rasteiro de primeira que só parou no fundo da baliza. Jogo praticamente resolvido, mas o Benfica manteve o ritmo e com o Gaitán a espalhar classe de cada vez que a bola lhe chegava aos pés, o resultado parecia estar longe de estar feito. O resultado ao intervalo era lisonjeiro para o Rio Ave, porque o Benfica poderia ter feito o marcador funcionar novamente.
A segunda parte iniciou-se numa toada mais tranquila. O Benfica resguardou-se um pouco e o Rio Ave conseguiu ser um bocadinho mais atrevido,embora o Oblak tenha continuado a ser pouco mais do que um mero espectador na partida. Mas depois de uns primeiros vinte minutos algo aborrecidos, os nossos jogadores devem ter começado a sentir-se também aborrecidos e resolveram acelerar um pouco e abrir o livro. E em mais uma jogada colectiva muito bonita, em que a bola voltou a passar pelos pés de vários jogadores (foi quase um minuto e meio com a bola em nosso poder, 33 passes e todos os onze jogadores tocaram na bola), no final o Rodrigo deixou de calcanhar para o Maxi, já dentro da área, e este foi derrubado ara penálti. Oportunidade flagrante para o recém entrado Cardozo (tinha substituído o Lima) regressar aos golos, e desta vez o paraguaio não facilitou, convertendo o penálti ao seu melhor estilo: bola colocadíssima e em força para um lado, guarda-redes para o outro. Aconteceu aos setenta e sete minutos, e daqui até final a nossa equipa jogou de forma descontraída e alegre, mostrando sempre vontade de marcar mais golos e com o Gaitán, bem acompanhado pelo Enzo, a dar espectáculo. O Djuricic já estava em campo, no lugar do Rodrigo, e também ajudou a revitalizar o nosso ataque. Vimos a nossa equipa construir mais jogadas bonitas que só por muito pouco não acabaram em golo, e mesmo com três golos de vantagem parecia que isso nem se ajustava ao que o Benfica produzia em campo. O marcador compôs-se um pouco mais já em período de descontos, quando o Enzo teve uma das suas arrancadas habituais, deixando tudo pelo caminho até ser derrubado em falta já dentro da área. Chamado novamente para converter, o Cardozo voltou a fazê-lo de forma irrepreensível, enviando novamente a bola para um lado e o guarda-redes para o outro.
Não creio que tenha havido uma má exibição no jogo de hoje, mas o homem do jogo é indiscutivelmente o Gaitán. Abriu caminho à vitória com a assistência para o primeiro golo e marcando o segundo. Está numa forma fantástica, e neste momento eu fico antecipadamente entusiasmado quando a bola lhe chega aos pés, porque espero que dali saia sempre algo interessante. Depois do jogo apagado em Braga, o Enzo voltou às boas exibições. A importância dele no nosso jogo é imensa, devido às inúmeras opções de ataque que cria. Quando os colegas estão todos marcados e não tem linhas de passe, tem a capacidade para pegar na bola e ir para cima dos adversários, deixando-os pelo caminho. Nessas altuas torna-se verdadeiramente num extremo a jogar pelo meio, e o lance do último golo é um exemplo disso. O Rodrigo continua num grande momento, e o André Almeida cumpriu na perfeição o papel que lhe foi entregue. Não sei qual terá sido o motivo para o 'castigo' que o fez ficar sem jogar durante tanto tempo, mas é um jogador com o qual podemos contar, e é ali no meio campo que pode render mais. Por último, mais uma menção para o Sílvio. Gosto quase sempre de o ver jogar, e se me parece que o Siqueira é excessivamente caro, gostaria que pelo menos o Benfica fizesse os possíveis para manter o Sílvio no plantel.
Com esta vitória garantimos que na pior das hipóteses poderemos decidir o campeonato nos próximos dois jogos que faremos em casa, contra Olhanense e Setúbal. Na melhor das hipóteses até poderíamos resolver o assunto já na próxima jornada, mas para isso dependemos ainda de terceiros. A cerca de apenas um mês do final da época, a exibição de hoje deixa-nos cheios de confiança para tudo o que ainda há para jogar e decidir.
1 Comments:
A analise esta mais uma vez muito fiel aquilo que se passou em campo.
Esta primeira parte foi uma das melhores da era deste treinador mas com ainda mais realce porque foi conseguida jogando bem mas de forma inteligente sem ser preciso cavalgadas estonteantes, e sobretudo esgotantes, sem sofreguidão e sem precipitações fica demonstrado que se pode jogar também com nota artística sem termos de utilizar a vertigem atacante como vinha sendo até aqui.
Já no jogo anterior não tinha percebido a opção utilizada na escolha do primeiro avançado a sair neste jogo voltou a repetir-se, tal como no jogo anterior o jogador escolhido foi sempre o que estava menos bem, não é por ai a minha discordância mas no aspecto físico e da gestão do esforço parece-me que foi sempre a opção errada.
Concordo no que se refere aquele que neste jogo foi o nosso médio defensivo de que está é a posição em que pode render mais e aquela que se adapta melhor às suas características já o ano passado achava que deveria ser ele a segunda opção para a posição raramente o foi, nunca o foi para fazer descansar o titular e isso foi uma das razões para aquilo que se passou o ano passado e velo a jogar como esta a faze-lo este ano ainda se percebe menos a opção feita nos últimos minutos no jogo do titulo do ano passado, este treinador tem feito muitas adaptações a maioria com sucesso já que muitas vezes que num jogador aquilo que de facto ninguém vê mas noutra, e não são tão poucas assim, ele não consegue ver aquilo todos conseguimos ver e este é um dos casos ele pode jogar nas laterais e fá-lo com acerto mas só ai deve ser utilizado como ultimo recuso porque ele é muito melhor a médio defensivo.
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