quinta-feira, novembro 08, 2012

Primeira

Foi necessário meter o Cardozo em campo para finalmente dar expressão ao domínio e superioridade do Benfica sobre uns russos que acusaram em demasia a ausência daquele que tinha sido um dos seus maiores trunfos no passado jogo: o relvado sintético. No final, a natural primeira vitória do Benfica nesta edição da Champions, que apenas peca por não ter sido mais expressiva.


Conforme prometido, foi o André Almeida quem ocupou a posição do Matic no onze inicial, fazendo companhia ao Pérez na zona central do meio campo. Regresso do Melgarejo à esquerda da defesa, com o Ola John a agarrar a titularidade pelo terceiro jogo consecutivo. Na frente, a dupla de avançados foi constituída pelo Lima e o Rodrigo, ficando o Cardozo no banco. O jogo foi aquele que se previa: superioridade e domínio territorial do Benfica desde o apito inicial, com os russos a espreitar o contra-ataque sempre que possível. Logo a abrir fiquei com a nítida sensação de ter havido um penálti claro sobre o Garay, que a equipa de arbitragem alemã deixou passar em claro - os árbitros de baliza continuam a mostrar a sua inutilidade na Champions. Sem ser avassalador, o domínio do Benfica no jogo permitia-lhe ir somando jogadas de algum perigo, mas a finalização não foi a melhor, e muitos dos remates foram mal direccionados. Noutras ocasiões ganhávamos bem a linha de fundo, mas depois os cruzamentos não eram bem aproveitados por falta de presença na área - mais uma vez o Rodrigo pareceu algo perdido em campo, o que tem acontecido frequentemente sempre que lhe é pedido para jogar nas costas do ponta-de-lança. A melhor ocasião de golo do Benfica nesta primeira parte esteve nos pés do Salvio, que numa recarga a um primeiro remate do Lima tinha tudo para fazer golo, mas teve pouca calma e acabou por rematar ao lado.


Não era preciso ser adivinho ou um génio da táctica para antever que o Cardozo entraria ao intervalo, o que aconteceu mesmo, ficando o Rodrigo no balneário. Praticamente na primeira intervenção no jogo, fez a bola ir para o fundo da baliza, mas o golo foi invalidado por fora-de-jogo (aparentemente inexistente). O passe foi de um Ola John transfigurado da primeira para a segunda parte. Com dez minutos decorridos, foi o mesmo Ola John quem solicitou o Melgarejo para que o cruzamento deste fosse concluído de cabeça ao segundo poste pelo inevitável Cardozo, dando expressão à boa reentrada do Benfica no jogo. Após o golo, o Spartak expôs-se um pouco mais e o Benfica explorou bem isso, continuando a criar oportunidades de golo e deixando no ar a promessa de um novo golo poder aparecer a qualquer altura. Apareceu mesmo a vinte minutos do final, mais uma vez pelo Cardozo (que um par de minutos antes tinha desperdiçado de forma incrível uma oportunidade, ao cabecear sobre a baliza quando apareceu sozinho ao segundo poste no seguimento de um canto). Desta vez foi o próprio Ola John a fazer o cruzamento, para o remate de primeira do paraguaio. Ainda respondeu o Spartak, com uma clara oportunidade de golo, mas o Artur esteve sempre em bom nível e resolveu a situação. Pouco depois o jogo ficou efectivamente resolvido, devido à expulsão de um jogador do Spartak após cometer penálti sobre o Cardozo. Infelizmente ele desperdiçou a possibilidade do hat trick e de uma noite de glória, ao acertar na trave. A partir daqui o Benfica limitou-se a gerir o resultado até final, tendo ainda assim o Cardozo desperdiçado nova excelente oportunidade, ao rematar ao lado (de pé direito) quando estava isolado.


O homem do jogo volta a ser o Cardozo, que entrou para fazer aquilo que tão bem sabe fazer. Dois golos, mas as três oportunidades claras para voltar a marcar deixam o amargo de não ter conseguido fechar a noite com o hat trick. O Garay e o Enzo Pérez são neste momento os jogadores em melhor forma do Benfica; o primeiro o líder incontestável da defesa, tendo assumido com naturalidade essa função na ausência do Luisão, e o segundo uma peça chave no meio campo, quer nas ajudas defensivas, quer no transporte da bola e municiamento do ataque. Esta época tem mostrado as qualidades que exibia na Argentina e nos levaram a contratá-lo, e custa-me compreender como é que há quem insista em criticá-lo quase cegamente, porque o seu valor é por demais evidente. O André Almeida cumpriu a tarefa sem sobressaltos, optando sempre (bem) por jogar pelo seguro, e passando uma boa parte do jogo a dobrar as subidas constantes do Maxi. O Ola John transfigurou-se ao intervalo. Teve uma primeira parte discreta e até algo desastrada, e na segunda parte foi uma das figuras do jogo, com contribuição directa nos dois golos. O Artur esteve sempre seguro, e uma menção ainda para o Melgarejo, que está cada vez mais à vontade a defender e ainda arranjou tempo para ir assistir o Cardozo no o primeiro golo. Acho que neste momento me preocupo menos com o lado esquerdo da defesa do que com o direito.


O resultado do Celtic (que, não me canso de referir, é aquela equipa 'fraquinha' que, de acordo com aquilo que alguns especialistas afirmaram pelas caixas de comentários, não faria mais nenhum ponto no grupo a não ser aquele conquistado no empate connosco) deixa agora as contas do apuramento muito mais complicadas. Mas nem vale muito a pena estarmos a preocupar-nos antecipadamente com isso. A tarefa agora é simplesmente vencer o Celtic na próxima jornada, o que nos permitiria entrar para a última jornada em segundo lugar. Depois se verá o resto.

1 Comments:

At 11/09/2012 5:35 da tarde, Blogger joão carlos said...

Mais uma crónica muito conseguida.



Um dos defeitos deste treinador é, alias sempre foi, a falta de humildade só lhe tinha ficado bem admitir que a estratégia que planeou para o inicio do jogo não resultou e como tal, e bem, tinha decidido alterar mas não optou pelo discurso do sou o maior e nunca erro e esse discurso só serve para quem já o apoia incondicionalmente não o aproxima de quem tem duvidas sobre a sua continuidade e isso é mau não só para o treinador mas sobretudo para o clube já que aumenta o distanciamento entre alguns adeptos e o treinador que quando necessitar do seu apoio não o vai ter.
A desculpa que deu para justificar a decisão que tomou é lançar areia para os olhos dos adeptos se era para parar o meio campo defensivo deles então tinha metido mais um médio e não um avançado mais recuado como já se tinha visto na Rússia, onde ele jogou da mesma maneira com um avançado recuado e isso não resultou muito pelo contrario, os adeptos na sua grande maioria não são estúpidos e não sendo treinadores pelo menos sabem ver futebol.

 

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