Camp Nou
Após diversas vindas a Barcelona sem que tivesse a oportunidade de assistir a um jogo do Barça, ontem resolvi aproveitar e ir ao Camp Nou para ver o jogo com o At.Madrid.
A primeira impressão que tive foi da enormidade do estádio. O tamanho e o lugar onde fiquei (lá para cima, ao centro) trouxeram-me algumas recordações da nossa velhinha Luz, porque foi mais ou menos nessa localização que eu assisti a centenas de jogos lá. Mas acho que já estou a ficar habituado aos nossos estádios novos, porque fiquei com a sensação de que é um estádio sombrio, à antiga. Quando andava por aqueles corredores um pouco apertados à procura do meu lugar até me fez mais lembrar o antigo Estádio das Antas. Depois os lugares são um bocado apertados, e a inclinação das bancadas é quase a pique, o que faz com que por motivos de segurança as filas de cadeiras sejam intercaladas por um corrimão de ferro, para evitar que aconteça alguma avalanche de espectadores caso alguém se desequilibre.
Começado o jogo, a primeira coisa que notei foi o ambiente. Ou melhor, a falta dele. Não sei se os apanhei num mau dia, mas a verdade é que o público do Barcelona estava quase apático, e por vezes o silêncio era tanto que dava para ouvir os gritos dos jogadores dentro do campo. E estamos a falar de um estádio enorme, dentro do qual deviam estar de certeza mais de 80.000 espectadores. Só que estes só se faziam ouvir para reclamar com o árbitro. Os espectadores de futebol são todos iguais em qualquer parte do mundo: o árbitro é sempre uma desgraça, qualquer queda de um jogador da casa é falta indiscutível merecedora de cartão, e as quedas dos adversários são sempre fita. Durante a maior parte do tempo o que se ouvia mais era a pequena falange de apoio do 'atleti', com cânticos frequentes de 'E viva España!' (ao que respondiam por vezes os culés com um cântico igual, mas com a letra 'E puta España') e do hino espanhol. Para além disso os adeptos do Barcelona passavam o tempo todo a falar mal dos próprios jogadores. Só posso dizer: felizes são os adeptos que se podem dar ao luxo de considerar o Van Bommel um empecilho (diziam que a função dele em campo era ser medio-estorvo) e o Henrik Larsson um reformado (el jubilat).
Como sou incapaz de ver um jogo sem tomar partido, segui a tendência natural de num caso destes ter simpatia pelos underdogs, pelo que dei comigo a torcer (sem dar nas vistas, claro) pelo At.Madrid. A verdade é que ambas são equipas de que não gosto particularmente (houve um pequeno período do excepção em que gostava do Barcelona, nos tempos do dream team treinado pelo Cruyff). O Barcelona, sem Ronaldinho e Eto'o, parecia completamente inoperante. Além disso o Rijkaard resolveu inventar (estou a ver que isto deve ser uma faceta da escola holandesa) e surgiu com um 4-3-3 no qual o Deco era extremo-esquerdo. Assim sendo os únicos lampejos de perigo só apareciam dos pés do Messi, que dava logo outra velocidade ao jogo assim que a bola lhe chegava. Para mais, estavam em campo alguns jogadores que me parecem ser de qualidade bastante duvidosa para uma equipa como o Barcelona, casos do Gabri e do Oleguer. O que lhes vale é que o Puyol vai fazendo o trabalho dele e dos outros dois ao mesmo tempo.
O atleti mostrou desde o início ter o jogo completamente controlado. Com o Luccin em frente à defesa em grande, e com quatro elementos do meio-campo para a frente muito inspirados - Galetti, Ibagaza, Martin Petrov e, sobretudo, Fernando Torres, fiquei com a sensação que seria apenas uma questão de tempo até surgirem os golos. Os adeptos do Barcelona antes do jogo mostravam um particular receio pelo Fernando Torres, porque diziam que ele tinha tendência para fazer grandes exibições e marcar golos no Camp Nou. E este fez questão de dar corpo a estes receios, marcando o primeiro golo após um lance me que dois defesas do Barcelona saltaram à mesma bola e o deixaram sem marcação.
A segunda parte começou literalmente com o segundo golo do Atlético, numa fuga do Martin Petrov (já o tinha em muito boa consideração, mas depois deste jogo ainda fiquei com melhor impressão) pela esquerda, concluida com um centro para a finalização do Maxi Rodriguez. O Barcelona, que ainda por cima tinha ficado sem o Messi ao intervalo, parecia quase perdido em campo. Pouco tempo depois, um livre espectacular do Petrov à barra. O pessoal do Barcelona só cascava forte e feio nos jogadores, sendo que com a saida do Van Bommel ao intervalo os alvos preferidos passaram a ser o Gabri e o reformado. Nem parecia que estes tipos eram líderes isolados, com doze pontos de avanço, e numa sequência de treze ou catorze vitórias seguidas. Foi só após o golo do Barcelona (marcado pelo 'reformado') que deu para ouvir um bocado o ambiente que se pode criar naquele estádio, mas durou pouco mais de cinco minutos até se calarem. E numa jogada de sucessivas trocas de bola quase sempre ao primeiro toque, o pesadelo barcelonista Fernando Torres matou o jogo a quinze minutos do fim, provocando a saída de quase metade do público.
No final do jogo até houve alguns aplausos, enada de assobios ou apupos. Bem, na verdade um velhota uma filas à minha frente resolveu acenar com um lenço branco, provocando a risada geral. Foi uma experiência interessante ter conhecido um dos estádios míticos do futebol mundial. Tive pena de não ter podido ver o Ronaldinho jogar, mas gostei de ver um pouco do Messi, e muito do Fernando Torres, Petrov e Ibagaza. Acho que o próximo passo é conseguir assistir a um jogo da Premier League.
15 Comments:
O saudoso Maxi!
NO Slb jogam de tal forma dopados em excesso, que por vezes não sabem bem o que andam a fazer em campo!
Crónica muito bem feita (digo eu tentando esconder aquela inveja miudinha que nos roe quando vemos o puto do lado com um brinquedo mais giro que o nosso :) )
Diz-me lá se a sensação que tiveste ao assistir a este jogo não foi como se a tua parte etérea se tivesse libertado da tua parte física (e da tua parte de Benfiquista igualmente) e de repente dás contigo a observar o D'Arcy a assistir à U.Leiria/Benfica?, ainda que com as devidas diferenças, até o resultado final bateu certo, assim como o desenrolar do jogo e a ordem em que os golos foram marcados para um lado e para o outro?
Então e o Maxi Lopez? Vem ou não vem?
Harry, e onde é que esse gajo anda? :))
PS - E o Adriano? Vem ou não vem? Ah, pois veio mas já foi!
O Maxi que marcou um golo foi o Maxi Rodriguez, do Atlético. O outro Maxi, o Lopez, estava no banco do Barcelona.
Bem, o Adriano não veio e ainda bem que não veio! OP homem é um nojo, até o Deivid é melhor do que ele!
Ó apre, não é esse Maxi!
Já percebi o teu ódio ao SLB: não percebes a ponta de futebol. Dedica-te à pesca, meu!
Toda a gente sabe que o Maxi Rodriguez é do Atletico de Madrid.
A questão que aqui se impõe é saber porque é que o Maxi lopez preferiu ir para o banco do Barcelona a vir para a equipa principal do SLB...
Daqui a um tempos é emprestado ao Ossassuna, ao Alaves ou ao Racing Santander e mesmo assim não se vai arepender da escolha que fez ao recusar o SLB. Assim, se vê o prestigio de que goza o SLB nos grandes areopagos do futebol mundial...
E já agora, o Robinho não esteve também para vir para o SLB?
E eles a darem-lhe com o robinho...para quê o robinho quando temos o BETO?eheheh....
ora bom, invejo a tua ida a nou camp, principalmente por teres assistido a algo raro...o barça enchapar e curiosamente veres um furacão ao vivo...o el niño...rsss.
Camp nou 4 estrelas, os lugares deixam-me desconfortável as pernas não me cabem lá!
saudações
Como eu te invejo. Gosto do Atlético desde puto e tinha-me deliciado a ver esse jogo ao vivo. É que se Barcelona é uma das minhas cidades favoritas, o mesmo não direi do clube.
Post muito interessante. Um blog de futebol na minha opinião deve também ser assim. Dando outras perspectivas sobre outros assuntos que não apenas o clube do coração e que não apenas o desporto em Portugal.
Muito interessante a descrição. Já tive oportunidade de estar e de assistir a jogos em vários estádios míticos mas o de nou camp têm-me escapado...até um dia destes.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
A questão que aqui se impõe é saber porque é que o Maxi lopez preferiu ir para o banco do Barcelona a vir para a equipa principal do SLB...
Esta questão é idiota, nunca se pode pôr, simplesmente porque ele nunca poderia adivinhar que ía para o banco. Achas que qualquer jogador sabe de antemão que vai para o banco. Mesmo que a concorrência seja brutal, esforçam-se para serem titulares.
Talvez a questão que se possa pôr seja: será que ele está satisfeito de estar no banco?
Falta de assunto, period!
E já agora, o Robinho não esteve também para vir para o SLB?
Mais falta de assunto?
Ao menos nenhum deles disse que ao escolherem o clube que escolheram (em detrimento de determinado outro) tinham subido 10 degraus.
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