Miserável(II)
Desabafado aquilo que me ia na alma no final do jogo, altura para tentar escrever um pouco sobre o jogo em si - não que haja grandes considerações a tecer. O jogo classifica-se exactamente pelo adjectivo que deu título ao post anterior: miserável.
Apenas duas alterações no onze que venceu o Rio Ave: Cortez em vez do André Almeida, e Markovic em vez do castigado Matic. O jogo esperava-se (exigia-se) fácil para o Benfica. O Arouca é uma das piores equipas da nossa liga, e o Benfica entrava em campo supostamente motivado com a ultrapassagem ao Porto. Praticamente na primeira jogada de ataque que fizemos, o golo esteve muito próximo de acontecer, mas o cabeceamento do Lima, em posição privilegiada após cruzamento do Rodrigo, passou ao lado. No pontapé de baliza que se seguiu (estamos a falar de algo que aconteceu aos três minutos de jogo), ficou evidente aquilo que o Arouca vinha fazer à Luz, pois imediatamente o seu guarda-redes tratou de queimar tempo de forma absurda para marcá-lo. Para quem se recordar, este tipo de antijogo total foi exactamente o mesmo que o treinador Pedro Emanuel apresentou o ano passado quando veio à Luz com a Académica, tendo na altura o Benfica ganho com um golo de penálti já a acabar o jogo. O Benfica durante a primeira parte tentou chegar ao golo de forma paciente, jogando pelos flancos e fazendo a bola viajar muitas vezes de um lado ao outro do campo, de forma a desposicionar a muralha defensiva do Arouca, que nada mais fazia do que defender - nove em cada dez passes que tentavam fazer para a frente eram praticamente alívios que saíam directamente para fora. Rematámos algumas vezes, mas com má direcção. Os problemas maiores para o Benfica começaram aos dezoito minutos. Na primeira vez que o Arouca foi ao ataque, o Fejsa cometeu uma falta na zona lateral esquerda da nossa área (depois de, mais uma vez, o Cortez ter sido batido após ter entrado 'à queima' ao adversário). O livre foi marcado pelo David Simão para o interior da área, onde o Artur, preocupadíssimo com a possibilidade da bola acertar no poste mais próximo, conseguiu precaver com sucesso essa situação, cobrindo-o com garbo. Pena foi que para o fazer tivesse deixado o outro lado da baliza completamente aberto, que foi onde a bola entrou sem que ninguém lhe tivesse tocado. uma espécie de déjà vu do golo do Estoril a época passada, que foi para mim o momento em que perdemos o campeonato. O Benfica acusou o golpe, e o nervosismo pareceu começar a tomar conta da nossa equipa. Ainda assim conseguiu continuar a tentar chegar ao golo de forma razoavelmente organizada. Teve oportunidades para tal, sendo um cabeceamento do Lima para grande defesa do Cássio uma das melhores, mas apenas a cinco minutos do intervalo marcou menos, numa finalização fácil do Rodrigo, à boca da baliza, após uma boa incursão do Maxi pela direita concluída com um cruzamento rasteiro.
Ao intervalo o Benfica deixou o Cortez no balneário para entrar o Sulejmani, com o Gaitán a fingir de lateral - apesar do péssimo jogo do Cortez, colocar aquele que tem sido um dos nossos maiores desequilibradores e criadores de oportunidades nessas funções se calhar já indicava algum desnorte na cabeça da nossa equipa técnica. A segunda parte deixou-me preocupado logo de início. Isto porque me pareceu que os nossos jogadores acusaram muito cedo demasiada ansiedade - decorridos poucos minutos parecia que já jogavam de forma precipitada, como se faltasse pouco tempo para terminar o jogo. O Arouca encolheu-se ainda mais dentro da sua área, e passou a queimar ainda mais tempo, o tempo foi correndo, e a verdade é que apesar da posse de bola esmagadora, raramente vimos o guarda-redes adversário ser posto à prova, ou mesmo qualquer remate verdadeiramente perigoso da nossa equipa. Depois foi o costume: o Arouca foi à frente, teve oportunidade para despejar a bola para a área em lançamentos laterais longos que não conseguimos afastar eficazmente, e num deles o Luisão tocou a bola de cabeça para trás, permitindo a um adversário um cruzamento acrobático de um poste para o outro, onde apareceu alguém completamente sozinho para marcar. Com pouco mais de quinze minutos para jogar até final, o espectro da derrota era bastante real. Chegámos ao empate através de um penálti convertido pelo Lima, depois de falta sobre o Sulejmani, deixando ainda sete minutos por jogar. E durante este período de tempo tivemos duas grandes oportunidades para vencer o jogo: primeiro num remate do Ivan Cavaleiro ao poste, e depois num cabeceamento do Luisão que, com a baliza escancarada, fez a bola bater no chão e subir demasiado. O ridículo período de compensações dado mostrou ainda que o estratagema de simulação de lesões e abusiva queima de tempo em qualquer oportunidade acaba sempre por compensar.
Não houve nenhuma exibição muito meritória no Benfica. O Rodrigo foi dos menos maus, o Enzo dos que mais lutaram, e o Sulejmani agitou um pouco as coisas no ataque. O Fejsa consegue cumprir no apoio à defesa, mas está bastante longe de ser um Matic. O Markovic continua a ser um corpo estranho na equipa encostado a uma ala. O Cortez foi péssimo na parte que jogou. Perdeu várias vezes a bola a atacar por não se libertar rapidamente dela e insistir em iniciativas individuais, e na defesa cometeu erros infantis. Quando eu jogava futebol (e era defesa lateral) uma das coisas que os treinadores mais me martelavam na cabeça era para não ir 'à queima' quando o adversário vinha para cima de mim com a bola controlada. O Cortez fez isso diversas vezes. E em todas elas, sem excepção, foi ultrapassado com facilidade. Custa-me também compreender porque razão foi lançado a titular vindo de uma lesão quando o André Almeida até tinha cumprido em Vila do Conde. Quanto ao Artur, voltou a comprometer. Já disse aqui diversas vezes que não sou fã dele - não tenho qualquer confiança nele. Não vou dizer que é mau guarda-redes, porque isso seria um exagero. É simplesmente um guarda-redes normal, sem grande capacidade para o extraordinário - a melhor defesa do Artur desde que está no Benfica foi feita com o jogo já interrompido. Em dias bons cumpre e não compromete. Em dias maus tem falhas grosseiras que nos custam caro. Resumidamente, na minha opinião é um guarda-redes incapaz de nos valer pontos, mas perfeitamente capaz de no-los custar.
Mais uma exibição miserável em casa contra uma equipa fraquíssima, situada no fundo da tabela quando entrou no relvado da Luz, e mais dois pontos deitados fora. Tal e qual como contra o Belenenses, em vésperas de um confronto da Champions. Deve ser apenas coincidência, certamente.
1 Comments:
Tenho dito varias vezes durante estes últimos anos que as substituições, juntamente com a teimosia e a arrogância, os principais defeitos deste treinador e mais uma vez ficou provado foram três más substituições por diferentes razões alias todas elas dignas de figurar no livro “substituições que nunca se devem fazer”.
Se a primeira substituição não faz qualquer sentido a segunda então é pura estupidez num jogo em que eles se fechavam muito e a equipa teve quase sempre a tendência para jogar pelo meio, muito por culpa das características dos jogadores em campo, meter mais um avançado que só veio atrapalhar os que lá estavam e fazer deslocar aquele que mais motivado estava e que já tinha marcado da zona onde é letal foi pura e simplesmente um enorme tiro no pé.
A culpa principal deste empate foi do treinador e nem estou a falar das discutíveis opções para os titulares ou para a táctica utilizada ou na motivação dos jogadores para as dificuldades previsíveis das equipas do treinador adversário estou a referir-me ás alterações que foram sempre para piorar a equipa se na primeira parte não jogamos bem mas tivemos varias possibilidades para marcar depois das alterações a equipa continuou a jogar o mesmo mas incapaz de criar sequer perigo alterar por alterar não funciona muito menos quando grande parte da segunda parte cinco jogadores, metade da equipa, estiveram a jogar em posições que não são as suas e onde já se viu por mais de uma vez que não rendem ou rendem muito abaixo do que podem fazer e perante isto não existem equipas ou jogadores que resistam a tanta má decisão.
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