sexta-feira, abril 11, 2014

Paciente

O Benfica soube ser muito paciente esta noite e tranquilamente resolveu a questão da passagem às meias-finais da Liga Europa, num jogo controlado de princípio a fim pela nossa equipa e que apenas ficou manchado pela grave lesão do Sílvio.


Uma vez mais meia dúzia de alterações no onze base do Benfica: Oblak, Enzo, Markovic, Lima, Gaitán e Maxi de fora (os dois últimos por castigo), e nos seus lugares Artur, André Gomes, Salvio, Cardozo, Sulejmani e Sílvio. O jogo começou da pior forma possível, já que praticamente na primeira jogada um choque entre o Sílvio e o Luisão resultou numa grave lesão do nosso defesa lateral, que foi substituído pelo André Almeida. O jogo foi, todo ele, a tender para o monótono. A atitude dos holandeses foi algo bizarra, uma vez que praticamente nunca abdicaram de extremas cautelas defensivas, tendo até durante várias ocasiões andado a perder tempo de forma ostensiva. O AZ meteu constantemente dez jogadores atrás da linha da bola, acantonados em frente à sua área, deixando apenas o avançado só na frente. E quando recuperavam a bola, raramente arriscavam vir para a frente com mais do que três ou quatro jogadores. A ideia com que se fica é a de que o maior receio deles era o de serem goleados caso arriscassem jogar olhos nos olhos, e portanto estava contentes a jogar pelo seguro e esperar por um qualquer lance fortuito que lhes pudesse proporcionar o golo que empataria a eliminatória. Como este tipo de postura não era exactamente um incómodo para o Benfica, não nos lançámos num ataque desenfreado, fazendo sim aquilo que tem sido apanágio da equipa este ano: circulação segura da bola e construção paciente das jogadas, na certeza quase absoluta de que a diferença de qualidade entre as duas equipas acabaria por fazer o jogo pender a nosso favor. Evidentemente que as únicas oportunidades que houve foram todas nossas, e a primeira delas até aparece cedo, num remate em arco do Cardozo de fora da área, que o guarda-redes do AZ defendeu bem. As outras oportunidades mais flagrantes tiveram o mesmo denominador comum: Cardozo. Primeiro viu o guarda-redes defender um remate seu perto da marca de penálti depois de um cruzamento do Rodrigo, e depois não conseguiu acertar na baliza quando estava em posição privilegiada para o fazer. Mas logo a seguir a este lance, quando faltavam cerca de cinco minutos para o intervalo, o Benfica chegou ao golo. O lance nasceu numa cavalgada fantástica do Salvio pela direita, junto à linha lateral, em que correu mais de metade do campo e foi deixando tudo e todos para trás, até centrar para a zona do segundo poste onde apareceu o Rodrigo para encostar. O golo dava justiça ao resultado e acrescentava ainda mais tranquilidade ao nosso jogo. Quanto ao AZ, durante toda a primeira parte, foi literalmente inofensivo. Não me recordo de um remate sequer, ou de uma defesa do Artur.


Na segunda parte a atitude dos holandeses continuou sem se alterar, mantendo a solidez defensiva como maior preocupação. O jogo foi por isso bastante monótono, sem qualquer lance digno de registo durante os primeiros minutos. Apenas quando se completou a hora de jogo assisti ao primeiro remate digno desse nome por parte do AZ, que passou fraco e rasteiro ao lado da baliza - cinco minutos depois disso voltaram a rematar, e finalmente o Artur foi obrigado a fazer algo que se podia classificar como defesa, embora o lance não tivesse trazido qualquer perigo à nossa baliza. Entretanto o Enzo foi chamado para o lugar do Fejsa, e assim que entrou começou a arrumar a casa, com efeitos práticos visíveis na qualidade do nosso jogo. O nosso segundo golo até surgiu pouco depois, a vinte minutos do final, mas num lance em que o Enzo não teve participação. Mais uma vez o mérito maior pertence inteirinho ao Salvio, que acreditou e insistiu num balão que parecia que levaria a bola a sair, levou a bola até perto da bandeirola de canto, e pressionado por dois adversários conseguiu cruzar por alto, novamente para a zona do segundo poste, onde o Rodrigo apareceu mais uma vez a encostar facilmente para o golo - a defesa holandesa não ficou nada bem na fotografia. Depois deste segundo golo o AZ (que já desde início não parecia ter grande crença na possibilidade de discutir a eliminatória) pareceu abandonar definitivamente qualquer tipo de esperança e relaxou mais em termos defensivos, o que fez com que até final o terceiro golo do Benfica fosse sempre uma ameaça. Falhou-o o Salvio (e bem teria merecido esse golo), que isolado após um passe do Luisão para as costas da defesa viu o seu remate ser defendido pelo pé do guarda-redes, e falhou-o o Cardozo, que não conseguiu controlar a bola após um passe açucarado do Enzo, depois de mais uma daquelas arrancadas em que foi deixando tudo e todos para trás. Um terceiro golo talvez deixasse a diferença de qualidade entre as duas equipas marcada de forma mais vincada, mas o Benfica também nunca pareceu ter necessidade de acelerar mais, e construiu a vitória de forma muito natural e sem grande esforço aparente.


O Salvio, pelas duas assistências, é o homem do jogo. foi muito bom ver, sobretudo no lance do primeiro golo, o 'velho' Salvio de regresso. Aquele que a complicada lesão nos retirou durante a maior parte da época, e que certamente teria sid muito útil. Mas ainda vem a tempo de ajudar. O Rodrigo teve o mérito de aparecer no lugar certo na altura certa, reforçando a sua confiança - a desmarcação para o primeiro golo é muito boa, e no segundo revelou grande oportunismo. Os centrais estiveram impecáveis, como habitualmente. O Sulejmani baixou muito de rendimento na segunda parte, e o Cardozo continua a revelar ainda muita falta de confiança, mas foi bonito ver e ouvir o apoio do público da Luz ao Tacuara na fase final de um jogo que não lhe correu bem.

A única coisa a lamentar foi mesmo a grave lesão do Sílvio. Nos últimos posts que tenho feito, por mais de uma vez o elogiei e revelei a minha vontade de passarmos a contar com ele no plantel de forma definitiva. Espero que possa recuperar rapidamente da lesão, e que esta não seja um entrave à sua eventual contratação. Para mim é um jogador que tem definitivamente lugar no nosso plantel. Quanto à Liga Europa, chegados a esta fase é óbvio que a possibilidade de conquistar um troféu que nos fugiu de forma tão injusta a época passada tem que ser considerada de forma séria. Vamos esperar pelo sorteio de amanhã e ver o que nos reserva. Gostaria de evitar a Juventus, porque não costumamos ser muito felizes contra equipas italianas. Mas a Liga Europa já passou, e quando regressar preocupar-me-ei com ela. Importante agora, mesmo importante, é ganhar ao Arouca.

1 Comments:

At 4/11/2014 5:51 da tarde, Blogger joão carlos said...

A crónica esta com a qualidade que nos vens habituando.


Mais uma vez me parece que estamos a arriscar em demasia com os centrais e que mais uma vez poderíamos ter feito descansar um deles alias o nosso capitão que até à umas semanas atrás estava num pico de forma absolutamente estrondoso esta agora um pouco mais abaixo desse nível e isso sem duvida é motivado pelo desgaste que ele já começa a acusar pela constante utilização a pausa num ou outro jogo permitia quase de certeza aumentar os níveis de forma eles que tão necessários são nestes jogos mais difíceis que vamos ter.
Esta malfadada lesão do nosso defesa lateral e principalmente a sua antevista duração vão provavelmente inviabilizar a compra do seu passe eu que até pensava que muito provavelmente o iríamos adquirir até porque a opção de compra do outro lateral emprestado em bastante alta para alem de que a polivalência entre os dois flancos e o facto de contar como formado no clube serem também mais valias importantes, existem determinados jogadores que a sua fragilidade física e o facto de atraírem lesões os impedem de irem mais longe este é claramente um dos casos e o pior é que no nosso clube nos últimos anos tem sido vários os casos.
Pela positiva temos os nossos outros dois jogadores que estiveram afastados quase toda a época por lesão a retomarem a sua boa forma um deles se não esta já ao seu melhor nível esta mesmo quase o outro para lá caminha e que falta fazem, alias fizeram, principalmente quando a grande maioria dos jogadores começa a baixar a sua produção é fundamental ter agora quem esteja em forma e a subir de produção e sobretudo com frescura física.

 

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