domingo, março 18, 2018

Incontestável

Era a última saída do Benfica até ao Norte esta época e previa-se uma tarefa complicada. Mas se alguma complicação houve, foi exclusivamente da nossa responsabilidade. Porque o adversário ou o péssimo relvado nada puderam fazer para impedir um jogo de sentido único do primeiro ao último minuto, no qual o Benfica dominou todos os seus aspectos de forma incontestável.



O natural regresso do Pizzi ao onze foi a única alteração na equipa. E logo nos instantes iniciais deu para perceber que a intenção do Benfica era ir atrás da vitória e não esperar que esta lhe caísse no colo. Imediatamente vimos o Benfica instalar-se no meio campo adversário, e mesmo jogando num relvado cujo estado deixava muito a desejar - pesado, irregular, onde a bola prendia e não rolava, sendo que pelo menos podemos estar gratos pelo facto de não ter chovido durante o jogo - conseguimos fazer um jogo onde a toda a (pouca) largura do campo, com ambos os laterais muito subidos no terreno e a conseguir com bastante frequência explorar com sucesso as alas, com os nossos jogadores a ganharem por diversas vezes a linha de fundo e assim a poderem cruzar com relativo à vontade para a área. Já o destino e direcção desses cruzamentos é que nem sempre foi o melhor, porque encontravam quase sempre algum dos muitos adversários acantonados à frente da sua baliza. Mas mesmo assim a aparentemente permeabilidade da equipa do Feirense a defender deixava-me a impressão de que os golos seriam uma inevitabilidade neste jogo, e só mesmo muita inépcia na finalização da nossa parte é que poderia impedir isso de acontecer. Convenhamos no entanto que durante a primeira parte até tivemos exemplos de que essa inépcia estava presente, a começar pela primeira ocasião em que o Rafa se apanhou isolado em frente ao guarda-redes, fez tudo bem, e atirou a bola ao poste. Mas eu nem posso estar a descrever as ocasiões flagrantes de golo de que o Benfica dispôs neste jogo, porque se o fizesse nunca mais sairia daqui. O facto é que mesmo com total supremacia no jogo e com as ocasiões a surgirem fomos para intervalo ainda empatados, mas com o Feirense reduzido a dez depois de uma expulsão quase a fechar a primeira parte antevia-se um verdadeiro massacre na segunda parte.


E foi mais ou menos isso que aconteceu, tendo apenas o resultado ficado muito longe de corresponder ao que vimos no campo. Já escrevi antes que não posso estar a descrever ao pormenor todas as ocasiões flagrantes de golo que o Benfica criou porque foram demasiadas, mas mesmo que o Benfica tivesse concretizado apenas metade delas, muito provavelmente teríamos saído de Vila da Feira com a maior goleada desta liga. Foi preciso esperar pela hora de jogo e pela entrada do Jiménez para desfazer o nulo. E foi literalmente esperar pelo mexicano, porque ele marcou no primeiro toque que deu na bola, aproveitando um ressalto em si próprio após um mau corte de um defesa adversário. A direcção queria 'três bancadas pintadas de azul' e proibiu a entrada de símbolos do Benfica para as tais bancadas, mas quando aconteceu o golo percebeu-se que o que havia eram três bancadas e meia de benfiquistas (meia bancada atrás da baliza do Feirense é que parecia estar ocupada por alguns azuis que se calhar não conseguiram bilhete para o derby da invicta). Normalmente eu sou sempre desconfiado e acho que um jogo nunca está resolvido até ao apito final, mas com o que tinha visto até então pareceu-me que seria impossível o Feirense recuperar - o Varela não tinha feito uma única defesa. Mas mesmo achando que o jogo estava resolvido, o desperdício contínuo do Benfica no ataque era suficiente para aumentar os meus níveis de irritação, pelo que foi com bastante satisfação que vi finalmente o Rafa aproveitar mais uma ocasião flagrante para marcar o segundo golo. Desmarcado pelo Jiménez ainda antes da linha do meio campo, correu isolado em direcção à baliza, evitou o guarda-redes e rematou para a baliza deserta. Ainda havia mais quinze minutos para jogar e portanto, para manter a tendência, mais quinze minutos de desperdício. Num jogo onde ainda vimos a bola bater no poste mais duas vezes os grandes mistérios para mim foram: como é que o Jonas acabou o jogo em branco, e como é que o Rafa acabou o jogo apenas com um golo marcado. Antes do final, nota ainda para mais uma expulsão de um jogador do Feirense, um rapaz que começou o jogo como se estivesse a jogar futsal, celebrando cada intercepção como se tivesse ganho o jogo. Nesta ocasião, varreu o André Almeida pela raiz com uma entrada de sola e foi festejar para o chuveiro.


O jogador em maior destaque voltou a ser o Rafa. Acho que mais de metade das jogadas mais perigosas do Benfica tiveram a sua intervenção. Mas ser o jogador em maior destaque não é o mesmo que ser o melhor em campo. Seria impossível classificar a exibição dele como negativa, apenas tenho dificuldade em classificar como melhor em campo um jogador que tem seis ocasiões flagrantes de golo, cinco das quais isolado em frente ao guarda-redes, e marca apenas um golo. De resto, atirou duas vezes ao poste, deixou-se desarmar por um defesa vindo de trás noutra, e por duas vezes permitiu a defesa ao guarda-redes. De qualquer forma, e como já tinha previsto há umas semanas, é um dos grandes dinamizadores do nosso jogo de ataque e a jogar assim o Salvio não terá uma tarefa fácil para regressar ao onze. O homem do jogo para mim é mesmo o Jiménez. Voltou a ser decisivo após entrar. Marcou o golo que desfez o nulo, assistiu o Rafa para o segundo e ainda esteve envolvido em diversos outros lances de perigo, tendo enviado uma bola ao poste. O Benfica beneficiou muito de uma presença mais constante dentro da área adversária e o mexicano entra sempre com muita vontade de mostrar serviço, o que acaba por contagiar toda a equipa. De resto, os suspeitos do costume como o Fejsa, o Cervi ou o Zivkovic (sobretudo quando se encostou à esquerda) fizeram um bom jogo, mas no cômputo geral toda a equipa esteve bem.

Mais uma etapa ultrapassada. Faltam sete, e em relação à última, agora já só dependemos de nós próprios para chegar ao objectivo do penta. Daqui até final da época iremos andar perto de casa, e será necessário que os benfiquistas daqui respondam presente de forma tão convicta como os benfiquistas do Norte o fizeram. Com o apoio de todos e da forma como estamos a jogar, será muito difícil travarem-nos.

1 Comments:

At 3/20/2018 5:14 da tarde, Blogger joão carlos said...

O post esta muito bem conseguido.


Não concordo que os cruzamentos, sobretudo no primeiro tempo, tenham sido mal executados o que aconteceu é que temos muito pouca presença na área e a que temos, que quase sempre se resume ao nosso único avançado, fica por isso muito mais fácil de marcar e não raras as vezes tem dois ou três na sua marcação alias era previsível em quase todos os lances onde é que a bola ia ser colocada e para quem e se quem esta de fora consegue ver isso muito mais quem está lá dentro.
Mais uma vez perante determinadas equipas só um avançado não chega mais ainda quando eles ficam com menos um em campo por isso ainda se percebe menos não termos feito logo a alteração ao intervalo é que após a alteração feita conseguimos em metade do tempo de jogo ter quase o dobro das oportunidades para marcar isso é bem significativo do que foi a falta de presença na área até essa alteração.
Mais uma vez foi enorme o desperdício e valeu neste caso a quantidade enorme de oportunidades criadas algumas delas, para não dizer a maioria, falhadas de forma escandalosa e ou melhoramos rapidamente os nossos níveis de finalização ou então vamos passar por dificuldades, porque nem sempre vamos ter o numero de oportunidades que tivemos, sobretudo perante equipas que se fecham muito e quase não saem do seu meio campo.

 

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