Equilíbrio
O empate é o resultado ajustado ao que se passou no jogo desta noite, marcado pelo equilíbrio. Sabe-nos talvez a pouco porque sabemos que o Benfica pode fazer melhor. Mas, mais uma vez, erros individuais graves de jogadores nossos acabam por permitir ao Porto sair de nossa casa sem ser derrotado.
Dois avançados de início (Cardozo e Lima), Gaitán a manter a titularidade na esquerda em detrimento do Ola John. Os minutos iniciais do jogo foram frenéticos, com o Porto a colocar-se em vantagem na primeira oportunidade de que dispôs. Aos oito minutos de jogo, livre a meio do nosso meio campo, sobre a direita, e golo do Mangala, que apareceu solto na cara do Artur para cabecear. A resposta do Benfica foi imediata, repondo a igualdade dois minutos depois, com um golo muito bonito: cruzamento do Melgarejo, toque de cabeça do Cardozo, novo toque de cabeça do Jardel para trás, e depois o Matic, à meia volta e sem deixar a bola cair, a encher o pé para um golão. Remediado o mal rapidamente, podia agora o Benfica procurar colocar-se em vantagem, mas o que certamente não estava nos planos era o erro grotesco do Artur, que por duas vezes na mesma jogada falhou com os pés, quando pressionado pelo Jackson: primeiro falhou o passe, e depois não conseguiu colocar a bola fora, permitindo que o adversário ficasse na posse dela e marcasse, pese o esforço do Garay para o impedir. Mais uma vez, a resposta do Benfica foi a melhor e imediata: dois minutos depois uma boa combinação pela direita entre o Maxi e o Salvio culminou num cruzamento rasteiro deste para a área. A defesa do Porto não conseguiu aliviar a bola e esta sobrou para o remate fulminante do Gaitán. Com quatro golos marcados nos primeiros dezasseis minutos, o jogo prometia muito, mas pareceu que depois disto ambas as equipas passaram a ter mais receio de voltarem a sofrer um golo, e arriscaram muito menos. Do outro lado, o Porto praticamente entregou as despesas de ataque pela direita ao lateral direito Danilo, com o Defour a juntar-se no meio e a criar uma superioridade numérica muito grande nessa zona do campo. Oportunidades de golo praticamente não se viram depois daqueles quatro golos, arrastando-se o empate até ao intervalo.
Mais de exactamente o mesmo na segunda parte. Jogo muito disputado a meio campo, posse de bola dividida entre as duas equipas, mas nada de ocasiões de golo. O Benfica mexeu tacticamente, primeiro trocando o Pérez pelo Carlos Martins, depois o Lima pelo Aimar, de forma a povoar mais o meio campo, e do outro lado ainda entrou o manco do Ismailov, mas o cariz do jogo nunca se alterou. Contei uma única verdadeira oportunidade de golo durante toda a segunda parte, e essa foi para o Benfica. Uma troca rápida de passes entre o Aimar e o Gaitán acabou por deixar o Cardozo completamente isolado a caminho da baliza, com tudo para fazer golo. Mas o paraguaio permitiu que o Hélton desviasse ligeiramente a bola, de forma a fazê-la embater no poste da baliza, perdendo-se aí a grande ocasião para o Benfica vencer este jogo. A intensa disputa a meio campo, aliada à teimosia do árbitro em mostrar cartões amarelos durante a maior parte do jogo acabou por resultar num aumento de quezílias à medida que nos aproximávamos dos noventa minutos, sendo que, honestamente, fiquei com a nítida sensação de que o Maxi Pereira poderia ter visto o vermelho já sobre o final do jogo, numa entrada perfeitamente disparatada e fora de tempo.
O melhor do Benfica foi o Matic, sem qualquer dúvida. O pior foi o Artur. O Pérez e o Cardozo também tiveram um jogo fraco, mas pelo menos nenhum deles ofereceu um golo ao adversário.
O empate é um mau resultado, obviamente, porque jogámos em casa e ainda por cima o Porto apresentou-se desfalcado do Rodríguez e, sobretudo, do Proença, pelo que desperdiçámos uma oportunidade soberana para nos isolarmos no topo da classificação. Mas não é propriamente o fim do mundo, e não é por causa disto que deixamos de ter intactas as aspirações a sermos campeões. Agora é tempo de nos concentrarmos no próximo objectivo, que é o jogo dos quartos-de-final da Taça já na próxima quinta-feira.
P.S.- O treinador do Porto, apesar de já não ser necessária qualquer confirmação a esse respeito, voltou a demonstrar que não passa de um qualquer dejecto, um traste da pior espécie que assim que não estiver no poleiro dourado que o Porto lhe proporciona depressa voltará à sarjeta onde merece estar.
P.P.S.- Antecipando-me já a algumas pessoas que eu sei que andam há muito a afiar facas à espera de uma ocasião, digo-o sem quaisquer dúvidas: se fosse eu a decidir, renovava esta noite com o Jorge Jesus.
2 Comments:
Eu também renovava com Jorge Jesus. É um grande treinador e a sua táctica resulta em 90% dos jogos que o Benfica joga numa época.
O problema é que o Porto faz parte dos outros 10%, para o qual seria necessário uma alteração táctica que permitisse uma maior ocupação do da nossa zona central.
Dejeto ou não, concordo com o Vitor Pereira quando diz que jogamos sempre da mesma forma contra o Porto(e não ganhamos sempre pelo mesmo motivo).
A diferença neste jogo foi que o guarda-redes deles evitou aquilo que provavelmente seria um golo enquanto o nosso ofereceu de bandeja o segundo e ai claro o treinador não tem a culpa, alias defensivamente nem lhe podemos apontar nada já que as duas oportunidades que eles tiveram, e que deram todas golo, resultaram de uma bola parada e de um erro individual do guarda redes independentes da táctica utilizada.
No entanto no capitulo ofensivo e como bem reconheces a equipa ficou aquém daquilo que se esperaria dela muito por culpa da táctica utilizada já que sempre em inferioridade numérica no miolo do meio campo nunca conseguimos pegar no jogo e logo ter o caudal ofensivo que nos é característico, alias só pegamos no jogo quando alteramos tacticamente e foi ai que tivemos a nossa oportunidade de marcar, e neste caso ter dois de nada nos serve já que a bola nunca lá chega.
Embora não concordando com a táctica de dois avançado para este jogo até admito que se utiliza-se dado que ambos estavam de pé quente agora quando ela claramente não resultou na primeira parte ele só tinha era que rectificar ao intervalo eu ainda tive uma esperança que podíamos ganhar o jogo quando vi o nosso extremo esquerdo a aquecer ao intervalo e pensei que ele ia tirar um avançado mas quando não o fez grande parte da minha esperança esfumou-se ai.
Filipe é isso mesmo e o meu não a este treinador desde á um ano a esta parte é precisamente a sua incapacidade para alterar a equipa para esses dez por cento em que a táctica dos dois avançados não resulta e sistematicamente durante estes três anos e meio perdemos esses jogos e se é inegável que ele nos tem mantido num nível alto como não víamos nos últimos vinte anos, não nos podemos esquecer no entanto como muito bem disse o presidente que também nenhum outro nestes vinte anos teve tanto investimento à sua disposição nem teve tão bons jogadores, mas não deixa de ser verdade que apenas tem para mostrar um campeonato e três taça da liga o que manifestamente é muito mas mesmo muito pouco, sobretudo para quem é o decimo quarto treinador mais caro do mundo.
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