Tripleta
Foi difícil, bem mais difícil do que se poderia esperar. Mas após o sofrimento o jogo teve um final feliz, e o Benfica pôde celebrar a conquista da sua vigésima-quinta Taça de Portugal, recuperando um troféu que nos fugia há dez anos. A conquista significou ainda a nossa décima 'dobradinha', o que já não acontecia desde a longínqua época de 1986/87 (ainda me lembro bem dela, e dos dois golos com que o 'Diamante' abateu o Sporting no Jamor), e ainda uma inédita tripleta, que ainda não havia sido conquistado desde que existe a Taça da Liga.
O jogo teve duas partes muito distintas. Na primeira o Benfica, que teve o Enzo e o Salvio de regresso mas não viu o Siqueira recuperar a tempo de jogar, foi claramente superior. O Rio Ave optou por uma estratégia de contenção pura, sem ter sequer um ponta-de-lança em campo, e o Benfica dominou como quis, com uma posse de bola esmagadora e o jogo a disputar-se quase todo no meio campo do Rio Ave. Chegámos à vantagem num belíssimo golo do Gaitán, que mesmo à entrada da área controlou a bola e num pouco usual remate de pé direito levou a bola a entrar imparável junto ao ângulo. Poderíamos até ter ampliado a vantagem e estivemos perto de o fazer num cabeceamento do Garay, que só precisava ter desviado a bola um pouco mais do guarda-redes. Na segunda parte o Rio Ave entrou mais forte e pressionante, enquanto que a nossa equipa deu o estouro fisicamente. Os primeiros minutos foram complicados, depois conseguimos sacudir um pouco a pressão, mas à medida que o jogo ia caminhando para o final o objectivo passou mesmo a ser aguentar o resultado, já que não conseguimos responder muitas vezes aos ataques do Rio Ave (lembro-me apenas de uma grande ocasião do Markovic). Passámos por alguns sustos (levámos com uma bola no poste), mas o espírito de sacrifício e entreajuda dos nossos jogadores e intervenções do nosso fantástico guarda-redes impediram males maiores e deram-nos o direito a festejar com o apito final.
Nos jogadores, destaque óbvio para o Oblak - às vezes é fácil esquecer que tem apenas vinte e um anos. Temos aqui um guarda-redes para muitos e longos anos, se não no-lo vierem buscar entretanto. Bom jogo da dupla de centrais e do Maxi.
Depois da tempestade que foi o final da época passada, que se arrastou para o início desta, era difícil prever que este fosse o resultado final. Acabou por ser uma das melhores épocas da história do Benfica, e que só não foi ainda mais memorável por termos falhado a conquista da Liga Europa da forma que sabemos. Estas conquistas são acima de tudo o resultado da crença no trabalho desenvolvido até aqui e na viabilidade de um projecto para o futebol. Quem lê o que eu escrevo aqui sabe bem que mesmo nos piores momentos do final da época passada defendi a continuidade do Jorge Jesus. Para mim, sempre foi uma questão meramente racional: quando se falham objectivos por meros pormenores, parece-me mais lógico trabalhar para corrigir esses pormenores que falharam do que deitar tudo abaixo e recomeçar do zero. Fico satisfeito pelo facto dos resultados terem recompensado quem se atreveu a decidir por essa via e não pela previsivelmente mais fácil via populista.
O final do jogo de hoje não significa que o trabalho esteja terminado. Pelo contrário, espera-nos ainda mais trabalho para a próxima época. Porque se a exigência no Benfica já de si é alta, depois de uma época destas aumenta ainda mais. Não queremos que se repita 2010/11, em que depois de sermos campeões na época anterior perdemos tudo. É fundamental mantermos a nossa posição de supremacia no futebol português, continuando a vencer jogos e a conquistar troféus. E para isso seria importante tentar manter o máximo possível desta equipa - é que confesso que há muito, muito tempo que não tinha a sensação de termos um grupo tão unido como o que vi esta época, e isto foi para mim uma das principais chaves do sucesso.
1 Comments:
A crónica é um fiel retrato daquilo que se passou em campo.
Sendo verdade que o que se passou no final da época passada foram erros de pormenor não é menos verdade que isso foi o resultado de vários erros que se foram cometendo durante a época e que foram desaguar naqueles momento eu disse-o na altura que a minha opção teria sido outra precisamente porque nos três anos anteriores o que se tinha visto era a continuação dos mesmo erros de sempre e sem nunca se ver qualquer coisa, nem que fosse mínima, de tentativa de os corrigir mas felizmente que contra aquilo que era previsível alguns desses erros, não todos, foram corrigidos de destacar a gestão do plantel e do seu tempo de jogo e sobretudo acabar com aquela vertigem pelo golo que rebentava com os jogadores mas o facto de ele ter perdido o apoio de muito e a contestação ter aumentado contribuiu em muito para essa mudança.
Neste jogo o nosso treinador voltou a repetir o mesmo erro do ano passado colocou em campo o onze mais forte em vez de ter colocado o onze em melhores condições físicas e psicológicas e o que mais me irrita e que ele no fim tem o desplante de dizer que já sabia que os jogadores não aguentavam o jogo todo se era assim porque persistir no erro tanto mais que na defesa nem havia nada a fazer porque não existiam mais opções mas pelo menos nos casos em que elas existiam não as fazer foi arriscar sem necessidade valeu que tivemos neste caso a sorte que nos faltou noutras alturas.
Eu sei que as ultimas imagens é que ficam e não vou negar que o nosso guarda redes esteve muito bem e esteve bem naquilo que o diferencia do nosso anterior titular a tranquilidade e frieza e naquela defesa simples em que raramente erra mas se verificarmos ele apenas teve uma grande defesa e uma mais complicada já nos descontos e até se formos comparar com o guarda redes do adversário que fez duas grandes defesas evitando outros tantos golos uma por instinto sobre a linha de golo a outra já quase no fim mas para muito acabou por ficar a ideia que ele é que nos salvou o que me parece um pouco exagerado.
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