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Interrompemos finalmente o péssimo hábito, que já se vinha acumulando há nove épocas consecutivas, de não vencer na estreia no campeonato. Mas as coisas até poderiam ter sido bem mais complicadas, não fosse o Artur ter mais uma vez vestido o fato de herói para defender um penálti na fase inicial do jogo.
Entrámos em campo, sem surpresa, com o mesmo onze da Supertaça, onde o Talisca é quem tem a função de apoiar mais directamente o avançado. Não foi uma má entrada no jogo, pois cumprimos com a obrigação de entrar ao ataque e a tentar pressionar o adversário, mas a velocidade imprimida foi pouca e não criámos qualquer ocasião de golo durante os minutos iniciais. Quando o Paços respondeu e subiu até à nossa área, praticamente na primeira vez que lá chegou beneficiou de um penálti cometido de forma algo infantil pelo Eliseu - não sei se a famosa 'intensidade' terá sido suficiente para derrubar o adversário, mas a verdade é que ele lhe colocou as mãos nas costas e portanto a falta era o cenário mais provável. O árbitro era o Cosme Machado (que já tinha mostrado com o que se poderia contar ao amarelar o Enzo na primeira falta que fez, a meio campo) e portanto o desfecho foi previsível: penálti contra o Benfica. Mas o Artur adivinhou o lado e com uma boa defesa junto ao relvado evitou o golo. Este lance terá assustado o Benfica e motivado o Paços, que durante os minutos que se seguiram teve a sua melhor fase em todo o jogo, superiorizando-se ao Benfica no domínio da partida. No entanto, esta melhor fase do Paços, que durou cerca de um quarto de hora, terminou de forma abrupta com o golo do Benfica. No espaço de um minuto, primeiro ameaçámos numa boa jogada que terminou num remate do Lima a passar muito perto do alvo, após centro do Maxi, e logo a seguir marcámos mesmo, numa bonita tabela entre o mesmo Maxi e o Gaitán, que deixou o uruguaio isolado para finalizar de pé esquerdo com aparente facilidade. Com o golo veio um fase de equilíbrio no jogo e até mesmo de alguma monotonia, já que nenhuma das equipas foi capaz de criar qualquer ocasião de golo ou sequer construir uma jogada digna de realce. O único safanão na monotonia foi uma iniciativa individual do Gaitán, concluída com um remate torto quando tentou colocar a bola sobre o guarda-redes. Ainda antes do intervalo fomos obrigados a trocar o Enzo pelo Jara, o que significou o recuo do Talisca para uma posição mais central no meio campo.
A segunda parte iniciou-se mantendo a mesma toada de algum equilíbrio, embora fosse apenas o Benfica a conseguir aproximar-se da baliza adversária - o Paços apostava sobretudo em bolas longas para tentar tirar partido do físico do Cícero na frente, mas sem qualquer resultado prático. Com o decorrer do tempo o Benfica foi crescendo aos poucos no ataque e depois de algumas ameaças chegou mesmo ao golo que praticamente confirmava a vitória, quando faltavam pouco mais de vinte minutos para o final. Foi uma jogada argentina, em que o Jara ganhou a bola na esquerda, soltou-a para a corrida do Gaitán, e depois o pé esquerdo do nosso criativo enviou a bola teleguiada para a entrada do Salvio, de cabeça, do lado oposto, fazendo a bola entrar junto à base do poste. Uma jogada bonita e uma finalização muito boa. Este segundo golo confirmava a superioridade do Benfica no jogo e deixou o Paços praticamente entregue ao seu destino, já que continuou a ser incapaz de criar qualquer ocasião de golo - apenas em remates de longe, na marcação de livres pelo Sérgio Oliveira, conseguia tentar alvejar a nossa baliza. Até final ficou a ideia de que com um pouco mais de acerto e calma na altura da decisão até poderíamos ter marcado mais um golo, já que o Paços, na tentiva pouco eficaz de pressionar no ataque, ficou mais desorganizado atrás e passou a conceder mais espaços para explorarmos o contra-ataque. Mas creio que isso seria um castigo demasiado pesado para este Paços, que me pareceu uma equipa bem organizada durante uma boa parte do jogo. Mantenho uma boa opinião sobre o Paulo Fonseca como treinador, e duvido que o Paços passe pelas mesmas aflições que passou a época passada.
Para mim o homem do jogo foi o Gaitán. É dele que espero os rasgos de criatividade e as acelerações que decidem jogos. Quando a bola lhe chega aos pés antecipo sempre algo especial, e ele correspondeu com as assistências para os dois golos do jogo. Gostei também das exibições do Maxi, Salvio e Amorim. Menção também para o Artur, que com ou sem confiança, com ou sem simpatia por parte dos adeptos, cumpriu quando foi chamado e foi novamente decisivo. O Talisca ainda não me convenceu. A qualidade existe, mas parece-me jogar ainda com um ritmo e intensidade desadequados para o nosso estilo de jogo, e muitas vezes parece até travá-lo. Posicionalmente, sentiu dificuldades quando foi obrigado a recuar no terreno após a saída do Enzo, e o 'raspanete' que levou do Luisão após um lance em que um adversário apareceu completamente sozinho a receber a bola numa zona que seria supostamente sua foi plenamente justificado. O Jardel será provavelmente uma aposta do nosso treinador para esta época, e se isso se confirmar espero que seja um pouco mais expedito a jogar simples quando a situação a isso obriga. Continuo a achar que em algumas situações arrisca demasiado ao tentar sair a jogar, e isso poderá vir a causar sérios dissabores.
Foi importante iniciar o campeonato com uma vitória, e assim permitir que se continue a trabalhar na formação e entrosamento de uma equipa para atacar os objectivos desta época sem estarmos sujeitos à enorme pressão negativa que outro resultado provocaria - o exemplo do que se passou depois dos maus resultados nos jogos de preparação é suficiente para ter uma ideia do que um mau resultado num jogo 'a sério' poderia causar. O jogo de hoje voltou também a mostrar (e não me parece que tenhamos grandes dúvidas sobre isso) que muitas das nossas probabilidades de sucesso passarão pelos pés de jogadores como o Luisão, Enzo (mesmo que hoje tenha estado apagado). Gaitán ou Salvio. Tendo em conta que nesta altura se continua a falar com alguma insistência nas saídas de três destes jogadores, acho que só mesmo quando chegar o dia 1 de Setembro é que poderei ficar mais descansado (ou não).
1 Comments:
A crónica esta muito fiel aquilo que se passou em campo.
Continuo sem perceber a razão porque época atrás de época se continuam a contratar jogadores que actuam em posições que não são utilizadas por este treinador, independentemente da muita qualidade que eles possam ter, e por via disso terem de obrigatoriamente terem de ser adaptados, não faz muito mais sentido contratarmos um jogador já feito na posição em vez de adaptar um eu até percebia se fosse um jogador da formação e perante a possibilidade de não ser utilizado porque a sua posição não é utilizada na equipa principal sofre uma reciclagem para pelo menos se aproveitar agora gastar dinheiro naquilo que não se quer com o consequente risco de não resultar não tem pés nem cabeça.
Continuamos a precisar de um avançado com características diferentes daquelas que existem nos que fazem parte do plantel isso ficou uma vez mais evidente quando só jogamos com um avançado ele não pode sair tantas vezes da área quanto o que acontece quando jogamos com dois e um compensa a saída do outro existindo sempre uma presença na área alem de que neste momento todos os avançados tem como característica jogarem no espaço e muito deles nem goleadores são.
Quanto à nossa defesa parece-me que as lesões que afectaram quase todos os defesas centrais dois deles não fizeram um único jogo de preparação terá condicionado a escolha que foi feita até agora pareceu-me que não se quis arriscar primeiro em dois jogadores ao mesmo tempo que não tinham feito um único minuto sequer e depois com pouco ou nulo entrosamento mas como o sector é daqueles que o treinador não gosta de mexer esta decisão muito provavelmente vai condicionar o resto da época.
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