terça-feira, setembro 20, 2016

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Ainda bastante limitado nas opções devido às várias lesões em jogadores influentes, o Benfica conseguiu impor-se a um adversário complicado num jogo em que a liderança isolada estava em disputa e assim fechou a quinta jornada sozinho no topo da tabela.


O regresso do Mitroglou ao lote dos disponíveis significou a saída do Cervi do onze, tendo o Pizzi ocupado a posição mais à esquerda do ataque - alternando frequentemente de posição com o Gonçalo Guedes durante o decorrer do jogo. A única outra alteração, para mim até um pouco surpreendente, foi na baliza. Pensei que o Ederson tivesse voltado a agarrar o lugar, até pela exibição que tinha feito contra o Besiktas, mas foi o Júlio César quem jogou de início. E face ao que aconteceu durante a partida, podemos dizer que foi uma opção muito acertada. O jogo começou de forma frenética, com duas oportunidades claras de golo para cada uma das equipas logo nos primeiros dez minutos. Logo a abrir o Mitroglou rematou a centímetros do poste, e na resposta o Fejsa ofereceu um golo ao Braga, que o Hassan, completamente isolado, falhou de forma inacreditável. Pouco depois foi o Júlio César que negou o golo ao Pedro Santos com uma grande defesa, e a seguir uma grande jogada do Benfica terminou com mais uma grande defesa, desta vez do Marafona a remate do Salvio (pouco antes o Guedes teve uma boa arrancada que foi travada em falta em posição frontal e perigosa, mas o Jorge Sousa - um dos meus ódios arbitrais de estimação - resolveu que não era nada). Interessante, sem dúvida, mas não fico exactamente descansado quando vejo um adversário jogar na Luz e a ter tantas oportunidades claras como o Benfica. Só que depois deste início electrizante entrou em campo o factor Marafona. Acredito que ele até se tivesse mesmo magoado porque me pareceu ter apoiado mal o pé. O que duvido é que a dor fosse assim tão forte para parar o jogo tanto tempo, e sobretudo que o parecesse atacar mais precisamente em alturas em que o Benfica acelerava e até dava um certo jeito quebrar o ritmo do jogo. E depois, sabemos que o crime compensa sempre e que os árbitros nunca compensam na totalidade todo este tempo pedido. 


O Benfica era a equipa que continuava a procurar o golo com mais insistência. Na esquerda, já que o Pizzi parece desaparecer do jogo sempre que ali joga, era o Grimaldo quem ia dando dinâmica por aquele lado, quase sempre a combinar bem com o Gonçalo Guedes quando este descaía para ali, e teve mais um remate a obrigar o Marafona a uma boa intervenção. Quanto à prova de que a dor do guarda-redes do Braga não devia ser assim tão forte foi que um par de minutos depois de mais uma longa interrupção o Benfica chegou ao golo, pelo Mitroglou, e daí até ao final do jogo o Marafona não voltou sequer a coxear. Quanto ao golo, nasceu de uma arrancada do Guedes pela esquerda, desmarcado por um toque de primeira, de calcanhar, do Pizzi, e depois do cruzamento rasteiro e algo atrasado para o interior da área (não sei se a direcção foi completamente intencional; no estádio até fiquei com a sensação de que o cruzamento saiu meio falhado) o Mitroglou ainda conseguiu recuperar a posição e rematar de primeira e cruzado para o golo. O golo aconteceu aos vinte e sete minutos de jogo, e durante mais algum tempo o Benfica continuou em cima do adversário em busca de um segundo golo. Mas nos minutos finais antes do intervalo pareceu-me haver algum relaxamento, o que permitiu que o Braga se aproximasse mais da nossa baliza e aí foi necessário um Júlio César inspirado para manter a vantagem no marcador. Primeiro, negou o golo ao Ricardo Horta quando este lhe apareceu isolado, descaído sobre a direita. Já quase sobre o intervalo mostrou grandes reflexos para evitar o golo do Braga, na sequência de um canto e cabeceamento ao primeiro poste, já muito perto da linha de golo. Na última jogada da primeira parte o Lisandro poderia ter feito melhor e permitido que o Benfica fosse mais tranquilo para o descanso, quando depois de um livre do Pizzi cabeceou ligeiramente ao lado. Já agora, diga-se que o tempo de descontos dados pelo Jorge Sousa foi de quatro minutos. O tempo gasto só a assistir o Marafona foi de cerca de seis minutos. O habitual, portanto.


O início da segunda parte até parecia que ia ser uma cópia do que se tinha passado em igual período da primeira, com o Braga a fazer dois remates nos primeiros minutos e o Benfica a responder num livre do Gonçalo Guedes que desviou ligeiramente na barreira e proporcionou uma fantástica defesa ao Marafona. Mas depois disso as coisas acalmaram e nenhuma das equipas conseguiu ser particularmente perigosa no ataque. Nos minutos que se seguiram, aliás, o futebol até foi de baixa qualidade e aborrecido, com demasiados passes falhados de parte a parte ou iniciativas individuais sem qualquer consequência. O jogo mudou no entanto quando o Benfica trocou o Salvio pelo Carrillo. O Salvio estava a fazer um jogo muito fraco e o Carrillo, conforme já disse antes, é um jogador pelo qual eu não nutro qualquer admiração - acho que temos mais e melhores extremos no plantel e que foi uma contratação pouco útil - mas a alteração teve efeitos positivos, sobretudo porque o Pizzi quando joga na direita é um jogador completamente diferente daquele que é na esquerda. Na esquerda não consegue ser um extremo eficaz e parece que perde influência no meio. Na direita consegue ser as duas coisas. E a presença mais fixa do Carrillo na esquerda (ainda que quase sempre a jogar a passo) travou um pouco as subidas do Baiano por aquele lado, que tinham sido uma constante até então sem que o Pizzi lhes desse a atenção devida. O primeiro safanão na monotonia foi dado pelo Gonçalo Guedes, num grande remate de fora da área que voltou a exigir a atenção do Marafona. E pouco depois, aos setenta e quatro minutos, o Benfica chegou ao segundo golo. Fê-lo de uma forma algo feliz, aproveitando uma intercepção defeituosa de um jogador do Braga a um passe do Mitroglou, que deixou o Pizzi isolado dentro da área para rematar de primeira para o golo. Mas nessa altura já o Benfica era quem mais perto estava de marcar. E quatro minutos depois arrumámos a questão. Num lance de insistência em que o Braga nunca conseguiu afastar a bola da sua área, o primeiro cruzamento do Nélson Semedo acabou por ir ter aos pés do Pizzi, já dentro da área, e depois de alguma forma ele conseguiu ainda cruzar já sobre a linha fundo e pressionado pelos defesa para o Mitroglou cabecear a pouco mais de um metro da linha de golo. Depois disto deu para relaxarmos um pouco, dar uns minutos ao miúdo José Gomes - que esteve perto de marcar, mas o Lázaro Marafona voltou a fazer uma boa defesa para lhe negar essa alegria - e a já quase tradição de substituir o Fejsa nos minutos finais e sofrer um golo. Foi já nos descontos, na sequência de um canto, através de um cabeceamento já na pequena área. O Benfica até agora sofreu quatro golos no campeonato, e os quatro golos foram marcados de cabeça, três deles na sequência de bolas paradas (um livre e dois cantos). Algo certamente a rever, e que o regresso do Jardel poderá ajudar a resolver (a marcação do Lisandro ao central do Braga que marcou o golo foi uma demonstração de como não se deve marcar um adversário directo nestes lances).


Quanto a destaques, começo pelo Júlio César, que foi um dos grandes responsáveis por não termos sofrido golos na primeira parte. Na segunda parte já quase não teve trabalho. É bom ver que temos dois guarda-redes em condições de lutar pela titularidade. O Fejsa esteve ao nível do costume, e é neste momento um dos jogadores que mais gosto de ver jogar no Benfica. Tem uma capacidade superior para antecipar os lances e recuperar bolas em antecipação e ontem até esteve bem no passe, que é normalmente o ponto mais fraco do seu jogo. Gosto também muito do Grimaldo, e ontem voltou a deixar-me boa impressão. Está cada vez mais forte a defender, e a atacar mostrou a qualidade habitual. Duvido que fique muito tempo no Benfica. O Mitroglou voltou e fez aquilo que sabe fazer. É quase uma espécie de Cardozo, ou seja, está ali para marcar golos e não lhe peçam para fazer coisas muito complicadas. Mas quanto a marcar golos, tem instinto e capacidade de finalização, e isso ontem fez a diferença. Quanto ao Pizzi, reforço aquilo que já escrevi. Não gosto dele como solução para a esquerda, mas quando joga na direita é um jogador fundamental para esta equipa. E depois, quando parece que passa quase despercebido, de repente reparamos que esteve directamente ligado a todos os golos do Benfica. O primeiro começa com um passe de calcanhar para a desmarcação do Gonçalo Guedes, o segundo marcou-o ele, e fez a assistência para o terceiro. Já que falo no Gonçalo Guedes, já merecia um golo. Continua a trabalhar muito, ontem fez uma assistência, e a continuar assim o golo acabará inevitavelmente por aparecer.

Chegámos à liderança isolada à quinta jornada. Não é nenhum título ou motivo para grandes celebrações, mas é bastante motivante quando pensamos que isto acontece nas condições que sabemos. Continuamos com vários lesionados, incluindo o nosso melhor defesa central, o nosso reforço mais caro e também o melhor jogador e marcador da última época. E mesmo assim, sem grandes alaridos, sem lamentações quanto às ausências e sem bazófias, vão-se encontrando soluções e lá chegámos. A luta para estarmos neste lugar quando o campeonato chegar ao fim vai ser longa e muito difícil. Mas o facto de termos lá chegado nestas condições é a prova mais forte da nossa determinação e valor para defendermos o título que nos pertence.

1 Comments:

At 9/20/2016 7:31 da tarde, Blogger joão carlos said...

Post com a qualidade que nos tens habituado.


Numa equipa que este ano tem tido uma media de altura dos titulares muito baixa a que se soma o facto destes dois centrais não serem especialmente altos sendo que um deles tem no jogo aéreo a sua pior característica e o outro jogando bem de cabeça até o faz melhor ofensivamente que defensivamente causa muita estranheza a quantidade de cantos e de livres laterais que a equipa concede a maioria das vezes nem sequer se tenta evitar conceder este tipo de lances mais do que corrigir os erros, que passam muito pela mudança de alguns jogadores para dar mais e melhor altura, na defesa dessas bolas paradas convêm primeiro que tudo e principalmente a todo o custo evitar de conceder este tipo de lances.
Existe agora uma corrente do que é bom é ter avançados muito moveis, alguns nem avançados são, que se mexam muito com grandes movimentações se por um lado o jogo fica mais apelativo mais estético e até se calhar com mais oportunidades possíveis de serem concretizadas a verdade é que este jogo tem como objectivo marcar mais que o adversário e para isso como se viu tem de existir sempre na equipa um goleador um rato de área que pode ser mais ou menos móvel com mais ou menos técnica agora tem é de ter presença na área tem de lá estar muitos ainda não perceberam que a posição de ponta de lança é quase tão especifica como a de guarda redes ou defesa central e que para elas são precisas certas características e que não basta ser bom tecnicamente.
Por muito que se queira desvalorizar as lesões são um problema não só pelo numero ao mesmo tempo como pelo período de paragem que depois tem efeito na forma dos jogadores e se a procura de responsáveis não seja uma coisa importante, a não ser para que estes corrijam processos, as causas de tantas lesões devem ser procuradas e esse tem sido o grande problema não temos ido à procura das causas e as lesões acontecem umas atrás das outras anos após ano e ou vamos atrás das causas para as corrigir ou elas vão continuar a acontecer em grande quantidade.

 

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