Desnecessário
Foi um sofrimento atroz e absolutamente desnecessário. Uma vitória arrancada a ferros, já em período de descontos, num jogo que podia (e devia) ter acabado numa goleada. Mas níveis de eficácia na finalização absolutamente inacreditáveis e inaceitáveis acabaram por deixar o resultado na incerteza até ao final e poderiam ter resultado na perda de pontos.
A lesão do Jonas no aquecimento em Setúbal continua a revelar-se uma coisa complicada de debelar, e mais uma vez não pudemos contar com o melhor marcador do campeonato e jogador mais decisivo da nossa equipa. E tendo em conta a abrupta queda de rendimento que se verificou na nossa equipa desde que isto aconteceu, estava preparado para mais do mesmo no Estoril. De forma até algo surpreendente para mim, não foi isso que vi. O Benfica entrou bem no jogo e dominou por completo a primeira parte. Boa capacidade de pressão e recuperação da bola em zonas adiantadas, jogo quase constantemente disputado no meio campo adversário, e o Estoril sempre muito bem controlado e incapaz de causar grandes calafrios à nossa defesa. Em cima disto, um golo logo na fase inicial (dez minutos) a ajudar a criar um cenário ideal, em que não se previam dificuldades de maior para o Benfica vencer este jogo. Foi um passe do Zivkovic a permitir ao Rafa explorar o espaço entre o lateral e o central, para depois entrar na área a finalizar bem com um remate cruzado. O Estoril é uma equipa que apesar da péssima posição na tabela é bastante aguerrida, sobretudo quando joga em casa, e essa postura já nos tinha criado bastantes dificuldades no jogo da primeira volta na Luz. Por isso o facto de os termos tão controlados durante a primeira parte apenas abona a favor da qualidade da nossa exibição. Infelizmente também foi logo na primeira parte que se começou a ver a principal pecha na nossa exibição: a má finalização/decisão junto à baliza adversária. À medida que o tempo passava, víamos o Benfica a desperdiçar ocasiões e jogadas para se colocar numa situação muito mais tranquila no encontro, e já se sabe que quando isto acontece e o resultado se mantém teimosamente equilibrado à medida que o tempo avança a probabilidade de termos chatices vai aumentando exponencialmente. O magro resultado que se verificava ao intervalo era portanto lisonjeiro para o Estoril e penalizador para o Benfica, que no entanto só se podia queixar de si mesmo e da sua incapacidade para transformar o domínio em golos.
Cedo se viu que a segunda parte seria bastante diferente da primeira. Sem nada a perder, o Estoril lançou-se para cima do Benfica e deixou logo um sério aviso nos minutos iniciais, quando chegou a um golo que só pela intervenção do VAR foi invalidado. Claro que o balanceamento ofensivo do Estoril também deixava mais espaço para o Benfica explorar, mas se houve uma coisa que se manteve constante da primeira para a segunda parte foi a péssima finalização da nossa parte. Continuámos a desperdiçar ocasiões flagrante para dar um golpe decisivo no jogo e a teimar em deixar-nos ao alcance de algum golpe de infortúnio, o que até se ia tornando mais provável tendo em conta que, ao contrário da primeira parte, o Estoril agora conseguia aparecer mais frequentemente em terrenos junto da nossa baliza. E pouco depois da hora de jogo o pior dos cenários concretizou-se, com o Estoril a alcançar o golo do empate na sequência de uma bola parada. Depois da marcação de um livre lateral, o Halliche antecipou-se a um quase estático André Almeida na zona do segundo poste e finalizou sem hipóteses para o Varela. E logo a seguir a coisa só não ficou ainda pior porque a sorte protegeu-nos, e um remate cruzado que desviou no Rúben acabou por bater no poste. Da nossa parte, a finalização desastrosa continuava a dar cartas e vimos o Rafa falhar duas ocasiões escandalosas, uma delas completamente isolado e a outra numa recarga a um primeiro remate de Jiménez que o guarda-redes defendeu por instinto. O Estoril, depois de obtido o empate, mudou de atitude a passou a focar-se quase exclusivamente em explorar o contra-ataque, com os seus jogadores a cederem à tentação do antijogo e a começarem a ficar lesionados com muito mais facilidade. O Benfica trocou o apagado Cervi pelo Salvio e posteriormente o Pizzi pelo Seferovic. Embora seja uma substituição que se compreende pelo resultado, esta última não resultou e achei o período menos inspirado do Benfica no jogo foi precisamente depois de colocar o segundo avançado em campo, já que deixámos de ser tão perigosos no ataque e o nosso futebol perdeu o rumo. Foi apenas no período de compensações e em fase de desespero, quando o Jardel já actuava como avançado, que o Grimaldo fez o cruzamento para o Salvio aparecer na zona central e à ponta-de-lança antecipar-se de cabeça ao central adversário, enviando a bola cruzada para o poste mais distante e garantindo os três pontos.
Para mim o melhor jogador do Benfica no jogo foi o Zivkovic. Jogou, fez jogar, transportou, distribuiu, assistiu e recuperou. Correu do primeiro ao último minuto e encheu o campo. Poderia ter sido acompanhado pelo Rafa, mas mais uma vez muito daquilo que ele fez de bom fica indelevelmente manchado pela finalização. Começou bem ao marcar o primeiro golo mas depois desperdiçou três ocasiões de golo feito, duas delas completamente isolado em frente ao guarda-redes. Tivesse ele melhor capacidade de finalização e já há muito que não estaria no Benfica, por troca com uns contentores de euros. Também gostei do jogo que fez o Jiménez, embora tal como o Rafa tenha pecado na finalização, já que apesar de talvez não terem sido tão flagrantes teve ocasiões suficientes para ter saído da Amoreira com um ou mais golos marcados. Por último o Fejsa, que como sempre não sabe jogar mal.
Conseguimos evitar aquilo que com toda a probabilidade seria o KO na luta pelo título. A probabilidade de o conquistarmos continua a ser diminuta depois do enorme erro cometido na recepção ao Porto, mas temos a obrigação de continuar a lutar até ao último segundo por todos os pontos em disputa. Infelizmente agora a bola já não está do nosso lado, e o máximo que podemos fazer é cumprir a nossa obrigação e esperar por um deslize dos nossos adversários.
P.S.- Mais uma arbitragem ordinária de um dos árbitros mais perigosos que há para o Benfica - o lagartão Hugo Miguel. Ele nem sequer disfarça, e de cada vez que é nomeado para um jogo nosso eu espero o pior. Inacreditável a tolerância para a pancadaria a que os nossos jogadores foram sujeitos, sobretudo na primeira parte. O Ailton nem sequer meia parte deveria ter ficado em campo, quanto mais ter feito os noventa minutos, e no entanto foi-lhe permitido quase tudo, o que incluiu uma agressão à cotovelada ao Jiménez dentro da área (seria penálti) que o deixou a sangrar da cara - antes já o tinha varrido por trás num lance para amarelo alaranjado. A única coisa positiva disto é que não será possível ter esta criatura a arbitrar mais uma vez o nosso jogo contra o seu clube do coração, mas suspeito que acabará por ser o seu colega na paixão clubística e parceiro no crime no jogo da primeira volta (Tiago Martins) a arbitrar esse jogo.
1 Comments:
O post é um espelho daquilo que se passou em campo.
Acho que o pior até nem foi a finalização que embora com vários lances alguns até só com o guarda redes pela frente já se repetiram em outros jogos, alguns até com mais oportunidades falhadas como em vila da feira, foi mesmo o numero de lances que nem sequer existiu finalização vários em superioridade numérica em que os nossos jogadores incrivelmente acabaram por fazer de defesas.
Se esta passividade que a equipa trás do intervalo já não se percebe, ainda mais quando o treinador previu que o adversário iria entrar com tudo, muito menos se percebe a passividade do banco com vários avisos que a equipa levou um deles o golo anulado e mesmo assim nenhum sinal vem do banco, ou alteração, que modifique, ou pelo menos tente, o estado de coisas e é preciso a equipa ficar sem a vantagem para que finalmente se faça uma alteração esta passividade à espera que as coisas se resolvam por si quando toda a gente percebe que não é uma coisa incompreensível e inconcebível.
Qualquer equipa do fundo da tabela consegue ter lances de bola parada trabalhados, alias não se percebe é como é que eles marcam num lance igual ao que fizeram na jornada anterior até parece que ninguém estudou o adversário, e nós com variadíssimos lances de bola parada nem num único conseguimos criar perigo, isto num jogo em que tivemos imensas oportunidades, é que nem é o não criarmos perigo é a forma patética como são executados é que desta forma o mais surpreendente era criarmos perigo.
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