quinta-feira, agosto 30, 2018

Natural

Óptimo resultado obtido na Grécia, que acaba por ser algo que me parece perfeitamente natural. Como escrevi depois do frustrante empate no jogo da primeira mão, considero o Benfica muitíssimo superior a este PAOK e portanto a goleada obtida esta noite não foi mais do que a expressão normal dessa superioridade, e aquilo que já deveria ter acontecido no primeiro jogo. Levaram esta noite aqueles que já mereciam ter levado há uma semana.


O onze titular teve o regresso do Salvio e reservou-nos a novidade do Seferovic na frente de ataque. O que, face às opções disponíveis e ao sub-rendimento do Ferreyra nos últimos jogos, até acabou por não ser uma surpresa assim tão grande. A nossa entrada no jogo foi francamente má. Logo na primeira jogada um mau passe do Seferovic originou um contra-ataque que terminou com uma falta do André Almeida mesmo sobre o limite da área e um cartão amarelo. Durante os minutos iniciais a nossa equipa foi incapaz de manter a posse de bola e teve grandes dificuldades para lidar com a pressão agressiva dos jogadores do PAOK, que recuperavam rapidamente a bola e causavam perigo nas consequentes saídas para o ataque. Aos seis minutos o golo grego esteve muito próximo de acontecer, e só um desvio do Grimaldo fez com que a bola passasse ligeiramente ao lado. E aos treze, o previsível golo aconteceu mesmo, numa jogada de laboratório em que a nossa equipa foi completamente ludibriada, o que permitiu ao Prijovic limitar-se a empurrar a bola para a baliza. As coisas não pareciam nada famosas, mas num abrir e fechar de olhos tudo mudou. Aos vinte minutos o Jardel empatou num cabeceamento após canto do Pizzi, e seis minutos depois já estávamos em vantagem. O Cervi foi derrubado na área depois de um erro grosseiro do guarda-redes grego (depois da exibição inacreditável há uma semana na Luz alguma vez haveria de regressar à normalidade) e o Salvio converteu o penálti, com a bola ainda a bater no poste antes de entrar. O PAOK acusou muito estes dois golos, que fizeram muito bem à nossa equipa e lhe permitiram começar a jogar de forma bem mais confiante. Ainda passámos por um susto, quando no seguimento de um livre o Odysseas foi obrigado a uma defesa por instinto após um cabeceamento quase à queima-roupa, mas nesta fase já era o Benfica quem mandava na partida, e pouco depois o Seferovic esteve perto de marcar por duas vezes no mesmo lance. Não marcou ele, mas marcou o Pizzi logo a seguir numa das jogadas mais bonitas de todo o jogo. A combinação entre o Grimaldo e o Cervi pela esquerda foi perfeita, o passe atrasado deste último saiu teleguiado para o Pizzi à entrada da área, e este teve tempo para parar a bola e rematá-la direitinha para entrar junto do poste. Jogo e eliminatória praticamente resolvidos.


Embora no futebol nunca haja certezas, seria precisa uma hecatombe para que o Benfica não estivesse amanhã no sorteio da Champions, e logo nos primeiros minutos da segunda parte as coisas ficaram ainda mais decididas. Segundo penálti a favorecer o Benfica, desta vez a punir uma placagem do Varela sobre o Jardel (pena que cá em Portugal não punam mais vezes este tipo de lances) e mais uma vez o Salvio a converter, desta vez com um remate para o meio da baliza. A partir daqui o Benfica limitou-se a gerir com calma o resultado, ainda que aqui e ali houvesse um sobressalto - levámos com uma bola na barra, e o Odysseas ainda teve que fazer mais uma grande defesa por instinto já perto do fim. Mas da parte do Benfica o interesse era sobretudo ir deixando o tempo correr e gerir o esforço, que têm sido muitos jogos seguidos nesta fase da época, e quase sempre com os mesmos jogadores no onze. A tarefa ficou ainda mais facilitada na fase final do jogo quando o senhor Felix Brych mostrou que não só sabe assinalar penáltis a nosso favor como também é capaz de expulsar adversários do Benfica quando assim se justifica. Uma carga desnecessária sobre o Cervi valeu o segundo amarelo ao Léo Matos e o PAOK ficou reduzido a dez. Uma pena que este mesmo árbitro não tenha aplicado estes critérios naquela inacreditável final da Liga Europa em Turim, frente ao Sevilha. Pode ter-se redimido um pouco neste jogo (não fez mais do que a sua obrigação, ou seja, uma boa arbitragem) mas eu nunca mais vou conseguir esquecer aquela final. No final, uma vitória sem contestação da equipa mais forte e a importantíssima qualificação para a fase de grupos da Champions, para alegria de muitos e desespero e azia de uns quantos.


O melhor do Benfica neste jogo foi para mim o Cervi. Dá sempre o que tem, mesmo quando as coisas não lhe correm bem. Mas hoje correu-lhe quase tudo bem. Arrancou o penálti que permitiu a reviravolta, o que só foi possível por acreditar sempre no lance e fez a assistência para o terceiro golo, depois de toda uma jogada brilhante entre ele e o Grimaldo. O Grimaldo é também outro dos destaques, tendo estado bem a atacar (o que é habitual) e a defender (o que já não é tão habitual). O Fejsa tremeu um pouco naqueles péssimos minutos iniciais, tendo até feito alguns passes muito maus, mas depois acertou agulhas e foi o pêndulo a que nos habituou. Uma palavra para o Seferovic, que não era titular há muito tempo. Hoje teve a missão de sacrifício de jogar sozinho na frente e mesmo não tendo feito um jogo exuberante, cumpriu. Fez certamente mais do que aquilo que o Ferreyra tem feito nos últimos jogos, lutando com os defesas pela bola e segurando-a na frente de ataque.

Está ultrapassada esta etapa decisiva da época. Uma não qualificação poderia afectar de forma extremamente negativa toda a época, sobretudo em termos anímicos. Isto para não falar do enorme rombo em termos financeiros que o falhanço acarretaria. Agora é preciso não pensar que a missão está cumprida com o apuramento. Temos a obrigação de tentar limpar a péssima imagem deixada a época passada. O prestígio do Benfica assim o exige.

1 Comments:

At 8/30/2018 6:59 da tarde, Blogger joão carlos said...

A análise é um espelho daquilo que se passou em campo.


Vamos do oito ao oitenta ou desperdiçamos quase todas as oportunidades temos durante o jogo, ainda conseguindo a proeza de o fazer em dois jogos consecutivos, ou então conseguimos converter todas as oportunidades como foi este o caso seria era interessante arranjar um equilíbrio pelo menos só se pede que não exista desperdício em tão larga escala como aconteceu nos jogos recentes.
Pelos visto a gestão física é só feita com os avançados, e até resultou em certa medida, era bom é que se estendesse aos médios é que a utilização intensiva e sem descanso deles leva não só a risco muito mais elevado de lesão como ainda a um menor rendimento, que é notório em um ou outro jogador, mas sobretudo a quebrar acentuadas, no rendimento e na disponibilidade física, a partir de certas altura do jogo.
Vamos dando sinais de que estamos a melhorar nas bolas paradas ofensivas que seja para continuar e que de repente não se volte atrás como já aconteceu varias vezes, agora o que continua por solucionar são as bolas paradas que continuam a ser um suplicio, como se viu neste jogo em que quase todas as oportunidade deles foram de bola parada, sobretudo as bolas pelo ar a que não é estranho não só o facto de termos uma media de estatura muito baixa como um guarda redes que não é famoso nos lances de bola pelo ar mas continuamos sem conseguir colectivamente disfarçar, ou mitigar, estes problemas e ou rapidamente resolvemos esta situação ou vamos continuar a passar por dificuldades.

 

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