Amorfo
Naquela que foi certamente a exibição menos conseguida da era Lage, trouxémos da Croácia uma derrota pela margem mínima. Um resultado que é perfeitamente recuperável mas que é também extremamente traiçoeiro, e que castiga um jogo anormalmente amorfo da nossa equipa.
Tivemos as esperadas alterações no onze titular, com quatro mudanças: Corchia, Florentino, Krovinovic e Gedson nos lugares de André Almeida, Samaris, Pizzi e Rafa. O jogo até não começou da pior maneira para nós, já que logo nos minutos iniciais o Grimaldo ficou isolado depois de um toque de calcanhar do João Félix, mas infelizmente acabou por permitir a defesa do guarda-redes. Mas esse lance acabou por ser uma excepção, já que o Benfica exibiu-se bastante abaixo daquilo que tem mostrado nos últimos jogos. E essa tendência ainda se agravou quando durante a primeira parte o Seferovic saiu lesionado, tendo dado o lugar ao Cervi. Para mim a maior diferença do Benfica neste jogo foi que não atacámos o espaço. Isto parece jargão de comentador da bola, mas basicamente nas boas exibições que o Benfica tem vindo a fazer um dos factores mais importantes é termos sempre os jogadores mais adiantados (não são os avançados, são aqueles que estão à frente da linha da bola) a atacar o espaço vazio, criando linhas de passe e dando profundidade e verticalidade ao nosso jogo. Neste jogo os jogadores ficavam à espera de receber a bola no pé, para depois atacar. Mesmo não querendo fazer de ninguém bode expiatório, jogadores como o Krovinovic, e depois o Cervi (e ainda mais tarde, o Zivkovic) foram dos maiores responsáveis por isto. Simplesmente a dinâmica que têm é diferente daquela que os jogadores que substituíram. Mesmo o Corchia, sendo um lateral ofensivo, não ataca o espaço da mesma maneira que o André Almeida o faz. Vi diversas vezes o Gabriel a ter que dançar de um lado para o outro com a bola nos pés à procura de alguém a romper em profundidade para lhe endossar a bola, sem o encontrar. Da parte do Dínamo, não pareciam criar grandes problemas e acabavam por optar quase sempre por remates de fora da área, mas demos um enorme tiro no pé quando o Rúben Dias cometeu um penálti disparatado que lhes permitiu colocarem-se em vantagem. E podia ter ficado pior porque mesmo a fechar a primeira parte o Dínamo teve uma ocasião idêntica à do Grimaldo, mas o Vlachodimos fez uma grande defesa. A segunda parte foi extremamente aborrecida, e não me consigo lembrar de uma única ocasião de perigo criada por nós, isto perante a crescente insatisfação do Bruno Lage no banco, a quem via frequentemente a incitar os jogadores para subirem e atacar os espaços. O Dínamo também foi praticamente inofensivo, mas mais uma vez as coisas poderiam ter ficado muito feias mesmo a acabar. Primeiro foi o Ferro com um grande desarme a impedir que um adversário se isolasse, e depois uma grande falha de marcação ao primeiro poste, na sequência de um canto, permitiu um cabeceamento à vontade que felizmente foi à malha lateral.
Não me ocorre nenhum jogador a destacar pela sua exibição. Foi enervante ver a quantidade de vezes que os nossos jogadores escorregaram ou pareciam ter dificuldade em manter o equilíbrio quando mudavam subitamente de direcção - é capaz de ter havido algum engano na escolha dos pitons a utilizar. Na minha opinião o Krovinovic não aproveitou esta oportunidade - tem que perceber que a dinâmica actual da equipa exige que procure o espaço e não que fique de costas para a baliza à espera de receber a bola no pé, para depois se virar e correr com ela. O Cervi ou o Zivkovic a mesma coisa. O penálti cometido pelo Rúben Dias teve tanto de desnecessário como de disparatado, e acabou por ditar a derrota.
Se estivermos ao nosso nível deveremos ser capazes de inverter este resultado na Luz. Mas será mesmo necessário jogar ao nível a que nos habituaram recentemente, porque outra exibição como a de ontem significará certamente a eliminação. Agora esperemos que a equipa regresse já ao seu nível contra o Belenenses na segunda-feira, porque é um jogo de capital importância.
1 Comments:
Mais do que as mudanças, e acabaram por nem ser assim tantas, ou mesmo a escolha de um ou outro jogador que não correspondeu ao que se esperava, embora alguns já seja recorrente o não corresponderem, penso que o grande erro esteve na estratégia escolhida que foi completamente errada até porque ela dependia de não se cometer erros básicos, como se acabou por cometer um, e que depois quando se pretendeu fazer diferente já não tínhamos referencia no ataque para jogar o tipo de jogo que habitualmente fazemos.
Foi um tremendo erro, e não foi por falta de avisos de muitos, ter ficado apenas com um ponta de lança para mais quando o outro jogador que pode fazer a posição nos últimos doze meses passa mais tempo lesionado que disponível e mesmo disponível tem muitas limitações físicas, o que irrita mais nisto tudo é que até simples adeptos que pouco ou nada percebem de futebol, a não ser como meros espectadores, viram esta situação quanto mais deveriam ver quem realmente percebe, ou deveria perceber, de futebol.
Mais uma lesão, mais uma substituição forçada, mais uma vez um lote enorme de jogadores lesionados se por um lado esta lesão era mais do que esperada, e previsível, pela nula rotação que existiu nos avançados as restantes já não são, muito menos recaídas poucos dias depois da recuperação e muito menos os tempos infinitos que lesões simples demoram a curar, ou rapidamente os jogadores lesionados recuperam e ao mesmo tempo se acaba com as quantidades industriais de lesionados ou então vamos passar por dificuldades.
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