Magra
A primeira mão das meias-finais da Taça acabou com uma vantagem magra para nós, resultado de um jogo bastante diferente daquele que se disputou em Alvalade, como aliás era esperado.
Para além da alteração na baliza, houve outra mudança no onze, tendo entrado o Salvio para o lugar do Rafa, o que obrigou à deslocação do Pizzi para a esquerda. Percebeu-se desde o início que o objectivo do Sporting para este jogo era jogar para uma eliminatória a duas mãos, ou seja, conquistar um resultado que permitisse deixar a decisão da eliminatória em aberto para a segunda mão. E isto passou sobretudo por duas coisas: jogar com linhas mais recuadas e manter o mais possível a posse da bola. Não com a intenção de fazer algo de concreto com ela - o Sporting foi quase sempre inexistente no ataque durante toda a primeira parte - mas sim sobretudo com o fim de impedir que o Benfica a tivesse. Assistimos por isso a períodos prolongados de posse de bola na zona defensiva do Sporting, com a bola a circular entre os defesas e o guarda-redes e correndo o mínimo de riscos possível. Para tal até assistimos ao Bruno Fernandes a jogar muito mais recuado, ao contrário do que é habitual, cabendo ao Wendel o papel de apoiar o avançado. Outra das vertentes passou também, como aliás era mais do que previsível, por anular o João Félix seja de que forma fosse - começou logo com uma pantufada por trás que valeu um cartão amarelo praticamente no primeiro minuto, mas depressa o Sporting percebeu que tinha rédea mais ou menos livre para fazer o que quisesse, até porque uma boa parte das vezes nem falta era assinalada. O Benfica tentava aproveitar as situações em que recuperava a bola para trazê-la rapidamente até ao ataque, mas o desvio do Pizzi para a esquerda e a entrada do Salvio retiraram eficiência à equipa nesse aspecto. O Pizzi foi um jogador mais apagado na esquerda e o Salvio é um jogador que tem demasiada tendência a agarrar-se à bola, quando as melhores transições do Benfica são normalmente feitas com bolas ao primeiro toque a passar por vários jogadores. Ainda assim, como que para contrariar isto, o golo do Benfica, surgido aos quinze minutos, passou precisamente por estes dois jogadores. Uma perda de bola sobre a linha do meio campo deixou a bola nos pés do Salvio, que a conduziu até à entrada da área a depois passou-a para o Pizzi na esquerda. Depois de flectir para o meio, o Pizzi deixou para a entrada do Gabriel que, vindo de trás, rematou de primeira para o golo. Mesmo em desvantagem, o Sporting pouco mudou na sua forma de jogar e o jogo foi quase sempre aborrecido, com diversas paragens - jogadores como o Bruno Fernandes ou o Acuña passaram o jogo a atirar-se para o chão para arrancar faltas, que eram a forma mais frequente do Sporting fazer a bola chegar até à nossa área. De assinalar também a lesão do Jardel, que significou a estreia absoluta do Ferro pela nossa equipa principal para refazer a dupla que durante anos formou nos escalões de formação com o Rúben Dias.
A segunda parte também poucas novidades trouxa. 1-0 era um bom resultado para o Sporting levar para a segunda mão e por isso não havia grandes pressas ou vontade de correr muitos riscos a chegar à frente. O jogo estava numa toada em que parecia que nada iria mudar, e o Benfica acabou por fazer a alteração óbvia e trocar o Salvio pelo Rafa, refazendo o esquema que tinha apresentado em Alvalade. A meio desta segunda parte, e numa altura em que honestamente nem sequer o justificava grandemente, o Benfica marca o segundo golo. Um cruzamento tenso do Seferovic na esquerda atravessa toda a área do Sporting sem que ninguém lhe toque e vai ter com o João Félix do outro lado. Depois a nova tentativa de cruzamento acaba por fazer a bola desviar no Illori e acabar dentro da baliza do Sporting. Isto já era um desvantagem pouco simpática para eles levarem para o segundo jogo, e aí finalmente subiram os níveis de pressão. O Bruno Fernandes e o Acuña intensificaram também as quedas, e num misto de livres assinalados a torto e a direito e uma maior assertividade, o Sporting passou a aparecer mais perto da nossa baliza. Tiveram apenas uma grande ocasião de perigo, num remate creio que do Wendel que fez a bola passar perto do poste, mas regra geral parecia pouco provável que conseguissem chegar ao golo, a não ser que algum dos sucessivos livres despejados para a área resultasse nalguma coisa. Por outro lado, também me pareceu que o Benfica descansou demasiado cedo e ficou satisfeito com o resultado. Ainda forçámos um pouco a seguir ao segundo golo e ameaçámos chegar ao terceiro mas depois, e sobretudo a partir da troca do Pizzi pelo Cervi, fomos ficando conformados e à espera que o jogo caminhasse para o final. Um erro, porque mais uma falta arrancada pelo Bruno Fernandes (na fase final os livres foram-se sucedendo a um ritmo incessante) resultou num livre bem ao seu jeito na zona frontal, que ele converteu na perfeição - tenho algumas dúvidas no entanto se a colocação do Svilar terá sido a ideal. O que significou acabar o jogo a ver os sportinguistas a festejar uma derrota, o que não deixa de ser uma imagem interessante.
Melhor do Benfica o Gabriel, que continua a mostrar o acerto do investimento que fizemos nele. À subida exibicional dos últimos jogos, onde mostrou a sua importância quer na recuperação da bola, quer na organização de jogo, finalmente acrescentou-lhes o golo. Sempre foi um médio com golos no seu jogo, e estava a faltar-lhe isso no Benfica. O João Félix não conseguiu ser o jogador decisivo do jogo anterior, muito por culpa da carta branca que foi dada aos adversários para o travarem de qualquer maneira - tivessem sido assinaladas as altas sobre ele com a mesma facilidade com que os sucessivos mergulhos do Acuña ou do Bruno Fernandes foram recompensados com livres e talvez a nossa vitória tivesse sido mais folgada. O Salvio foi um erro de casting para este jogo.
Tal como no jogo anterior, ganhámos mas cehgo ao fim do jogo com a sensação de que foi pouco. O Sporting foi uma equipa bastante melhor do que no jogo anterior, e nós não estivemos tão bem, mas mesmo assim tínhamos capacidade para conseguir um resultado mais confortável. De qualquer maneira, isto em nada afecta as nossas legítimas esperanças em qualificar-nos para a final.
1 Comments:
A crónica esta fiel aquilo que se passou em campo.
Não acho que tenhamos intencionalmente tentado gerir o jogo ou esperar que ele acabasse nos últimos minutos, alias a ultima substituição foi em sentido contrario, e eu até achava que deveria ter sido uma substituição para reforçar o meio campo e segurar o jogo porque o que para mim foi evidente foi o desgaste que vários jogadores acusavam e que necessitava de mais duas ou três substituições, com a agravante de termos gasto uma forçadamente, que já não podiam ser feitas muito por culpa da pouca ou nenhuma rotação que se acentuou pelo escasso tempo entre os dois jogos.
Sei que é sempre difícil entrar a meio de um jogo, ainda para mais nos centrais, ainda por cima em estreia absoluta e ainda para mais num jogo destas características mas o nosso central teve muito mal, alias na segunda parte a maioria das oportunidades que eles criaram resultaram de erros dele, e embora seja muito cedo para uma avaliação definitiva do jogador, e sobretudo do seu futuro, mas foi um tremendo erro não termos contratado um central experiente e de qualidade porque nem tudo o que vem da formação serve nem é fonte inesgotável.
Neste momento estamos dependente de uma dupla atacante e não só dependentes da sua condição física como para alem disso dependentes de estarem ou não num dia de acerto e sobretudo porque são sempre os mesmos, mesmo que apresentem uma ou outra variação de jogo para jogo, e por isso fácil de prever os meus movimentos e a sua maneira de jogar e ou passamos a ter alternativa a estes dois avançados ou vamos passar por dificuldades até porque o desgaste de jogarem sempre e o jogo todo cada vez vai aumentando.
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