segunda-feira, março 18, 2019

Distinção

Tudo indicava que seria um jogo muito complicado e uma prova de fogo para a nossa equipa no caminho para o título, quanto mais não fosse pela excelente exibição que o Moreirense fez na Luz no jogo da primeira volta. Mas num estádio pintado de vermelho a nossa equipa não deu quaisquer hipóteses e transformou o difícil em algo aparentemente fácil, não se notando quaisquer sequelas do esforço extra despendido a meio da semana.


Onze esperado e sem surpresas. Mas conforme já escrevi antes, o Benfica do Bruno Lage é uma equipa em constante adaptação e desenvolvimento que altera a sua forma de jogar consoante o adversário que defronta, como que se reinventando de jogo para jogo. Os jogadores podiam ser os mesmos mas desta vez o Pizzi apareceu muito mais fixo na direita, não se vendo por isso o João Félix a cair para esse lado e em vez disso jogou muito mais no meio. Foi o Jonas quem acabou por ser o avançado menos fixo, com o Rafa a fazer frequentes diagonais e incursões pelo centro. O Moreirense é uma boa equipa que procura sempre ter bola e jogar futebol, ao contrário de tantas outras que a entregam ao adversário e se fecham atrás para se dedicar ao antijogo. Por isso assistimos a um jogo aberto e disputado a um ritmo elevado, com a bola em constante movimento entre uma baliza e a outra. Começou o Benfica logo com uma enormíssima ocasião, na qual o Pizzi, isolado em frente ao guarda-redes, nem sequer acertou na baliza. Na fase inicial do jogo este foi repartido e o Moreirense conseguiu equilibrar as coisas, mas a partir do meio da primeira parte o Benfica foi ficando por cima, sobretudo no que diz respeito às jogadas de perigo. Pouco depois da meia hora marcámos pelo Jonas, mas o golo foi bem anulado por posição irregular do Pizzi no início da jogada. Mas cinco minutos depois valeu mesmo: passe longo do Grimaldo a solicitar o João Félix pelo meio, o defesa do Moreirense falhou a intercepção e o Félix finalizou com facilidade num remate potente. Pouco antes do intervalo surgiu o importante golo da tranquilidade, num cabeceamento do Samaris após um canto do Pizzi na direita. Sabíamos que o Moreirense não baixaria os braços - ainda obrigaram o Vlachodimos a uma grande defesa nos segundo finais da primeira parte - e além disso o jogo com o Belenenses reforçava a ideia de que não poderíamos relaxar, mas ao sairmos para intervalo com uma vantagem de dois golos achei que só muito dificilmente a vitória nos escaparia.


E quaisquer dúvidas sobre isso ficaram imediatamente desfeitas logo no início do segundo tempo, pois o Rafa encarregou-se de marcar o terceiro golo e deixar o Benfica completamente descansado no jogo. Solicitado por um passe do Jonas, isolou-se e à saída do guarda-redes picou-lhe a bola por cima. A partir daqui achei que o Benfica tentou mesmo acalmar o jogo e gerir o resultado e o esforço mantendo a posse de bola. Mérito do Moreirense em ter continuado sempre a tentar jogar e chegar ao golo - num livre do Chiquinho voltaram a obrigar o Vlachodimos a uma boa defesa - mas não parecia de todo que fossem capazes de anular uma desvantagem tão grande no marcador., até porque o Benfica parecia estar muito confortável e confiante no jogo. A gestão de esforço incluiu poupar jogadores nucleares aos minutos finais do jogo - o Pizzi e o Gabriel cederam os seus lugares ao Gedson e ao Florentino, e já muito perto do final também o Jonas foi substituído. Apesar da menor intensidade, não era por isso que deixava de ser provável o Benfica chegar a mais um golo. Até porque o Moreirense não abdicava de jogar com as linhas bem subidas e por isso expunha-se sempre a algum contra -ataque mais rápido caso a bola fosse recuperada numa posição mais comprometedora. Mas acabou por ser numa bola parada que o Benfica ampliou o resultado. Canto desta vez marcado pelo Grimaldo, confusão na área (apenas entre os defesas e o guarda-redes do Moreirense) e a bola acabou por sobrar para o Florentino se antecipar a um adversário e estrear-se a marcar pela equipa principal do Benfica. Os meninos do Seixal continuam a crescer a um ritmo acelerado, e duvido que haja alguém neste momento que ainda ache que a declaração de que os reforços de Janeiro estavam no Seixal é disparatada. Fim de jogo em festa para os muitos benfiquistas que tornaram o estádio do Moreirense uma casa longe de casa para o Benfica.


Melhor em campo, para mim, Samaris. Inúmeras recuperações de bola, muitas delas decisivas (como no terceiro golo) e um golo marcado em duas jornadas consecutivas. É difícil acreditar que até Janeiro era praticamente uma carta fora do baralho. Gostei também do Jonas e gostei muito do Rafa, que continuo a considerar ser um dos pilares do 'novo' Benfica de Bruno Lage. Elogios ao Ferro já começam a ser rotina.

Obstáculo ultrapassado com distinção. Agora faltam oito jogos, e destes apenas três serão disputados fora de portas. Se soubermos manter esta atitude e concentração, dificilmente não alcançaremos o objectivo do título. Só dependemos de nós próprios, e depois de ter visto a completa inversão de critérios do Capela de segunda para sábado mais reforcei a convicção de que de uma maneira ou de outra os nossos adversários mais directos não perderão mais pontos.

1 Comments:

At 3/18/2019 7:10 da tarde, Blogger joão carlos said...

A analise esta com a qualidade que nos tens habituado.


Finalmente alteramos a maneira de jogar conforme o adversário, algo que já venho a defender à muito tempo, e para isso nem sequer é necessário mudar o modelo de jogo nem muito menos perder a identidade da equipa e até acho que mesmo mudando um ou outro jogador, neste caso nem aconteceu, é possível fazer isso alias acho que é preferível mudar um ou outro jogador de jogo para jogo que o que vamos vindo fazer que é não alterar nada e depois em alguns jogos mudar meia equipa é que não foi coincidência que aquele que acabou por ser o nosso melhor jogador não ter actuado no ultimo encontro.
Com aquele falhanço escandaloso logo no inicio e depois aquela cerimonia, muito pouco habitual no nosso ponta de lança, em rematar pouco antes do lance que foi anulado comecei a pensar que estávamos num daqueles dias em que não acertávamos com o mais importante mas felizmente não foi assim e para isso depois muito contribuiu os lances de bola parada em que por norma fomos quase sempre perigosos e que diferença faz não ser sempre o mesmo a executar e de não serem marcados sempre da mesma forma.
Com este período alargado entre jogos, que tão necessário é para alguns jogadores demasiado desgastados, o mais importante era recuperar, se não todos, as grande maioria dos lesionados porque nesta fase precisamos urgentemente de opções, em duas ou três posições, e sobretudo de maturidade e ou aproveitamos este período para recuperar os lesionados ou vamos passar por dificuldades numa altura em que os jogos se vão sucedendo e num curto espaço de tempo.

 

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