domingo, janeiro 21, 2018

Agridoce

Depois de ter visto o jogo de ontem, fiquei a perceber o motivo pelo qual os nossos adversários acusam descaradamente as outras equipas de facilitarem quando jogam contra nós. Porque de facto, frente a uma equipa que não perdia há oito jogos, fizemos a nossa vitória parecer tão fácil, com domínio completo sobre o adversário e momentos que chegaram a ser brilhantes. Foi simplesmente demasiado Benfica para este Chaves.


O onze base está escolhido (neste jogo houve apenas uma única alteração, forçada, tendo o Douglas ocupado a posição que normalmente pertence ao André Almeida) a táctica está estabilizada, e o que vemos em campo é uma equipa que parece perfeitamente afinada, onde toda a gente parece saber exactamente quais as suas funções e o que deve fazer. Resumindo tudo numa palvara, seria harmonia. Tem sido um prazer ver a equipa jogar nos últimos jogos, e depressa se percebeu que este jogo iria confirmar esta tendência. Mais uma vez vimos aquilo que tem sido a imagem de marca da equipa nesta que parece ser a melhor fase da época até agora: linhas muito subidas, pressão altíssima e agressiva, a permitir a recuperação da bola de forma rápida e diversas vezes em zonas bastante adiantadas do campo,e o habitual carrossel ofensivo, com Jonas, Salvio, Cervi, Pizzi e Krovinovic em constante movimento e trocas de posições, contando com o apoio constante dos laterais e um Fejsa uma vez mais monstruoso a impor a sua presença no meio campo. O Chaves bem tentou ser fiel ao seu estilo de jogo, mas o Benfica simplesmente não lhes deu quaisquer hipóteses de sequer sonhar em conseguir trazer alguma coisa positiva da Luz. Demorou doze minutos até ao inevitável Jonas abrir o marcador, num remate imparável de fora da área, a culminar uma série de vagas sucessivas de ataque do Benfica. Seis minutos depois, mais um golo do Jonas, que em frente à baliza concretizou facilmente um passe atrasado do Salvio, que numa iniciativa individual tinha ganho a linha de fundo. E o vendaval continuou durante toda a primeira parte, com o resultado a ser escasso para tanto domínio da parte do Benfica. O Chaves foi praticamente inofensivo, e a única situação de perigo que causou foi num lance que seria de qualquer forma invalidado por fora-de-jogo, mas onde o Varela fez bem a mancha.


Não era crível que o jogo mudasse muito na segunda parte e que o Chaves de repente se mostrasse capaz de ameaçar a vitória do Benfica. E se alguém ainda tinha alguma esperança irrealista que isso acontece, num instante ficou a viu defraudada. Isto porque o Benfica fez logo a abrir aquilo que não tinha conseguido (e que tinha merecido) durante a primeira parte: um terceiro golo, que garantia que os três pontos ficavam na Luz. O golo nasceu pelo lado esquerdo, onde o Cervi recebeu a bola do Krovinovic, progrediu, e devolveu-a num passe atrasado para a entrada da área. Onde estava o Pizzi completamente sozinho, e com tempo para controlar a bola e escolher para onde a queria rematar. O golo garantia a vitória, mas significou também um bocado o fim da diversão, porque o Benfica tirou naturalmente o pé do acelerador e durante toda a segunda parte não voltámos a ver aquele vendaval da primeira parte. Controlámos o jogo por completo - não me recordo de um único remate particularmente perigoso da parte do Chaves - e fomos gerindo o tempo e o esforço com segurança, com a certeza de que com mais ou menos golos, a vitória estava garantida. E isto tudo foi feito quase sempre dentro do meio campo adversário, onde conseguíamos trocar a bola e manter a posse sem grandes problemas. O facto de maior realce no resto do tempo acabou mesmo por ser pela negativa. Mesmo sobre o final do jogo e num lance completamente inofensivo, num esforço para impedir que uma bola saísse pela linha lateral o Krovinovic ficou estendido no relvado agarrado ao joelho. Qualquer lesão nos joelhos, ainda por cima quando os jogadores se lesionam sozinhos, é logo motivo de preocupação e por isso mesmo saí do estádio com um sentimento agridoce. Contente pela vitória e exibição, mas muito preocupado com a lesão do Krovinovic. E infelizmente o pior acabou por se confirmar: uma rotura do ligamento no joelho, que na prática significa o fim da época para um dos nossos jogadores em melhor forma e dos principais responsáveis pela dramática melhoria da qualidade exibicional da nossa equipa.


Destaques numa exibição com tanta qualidade há sempre muitos que se podem fazer. O inevitável Jonas, que depois de tanto tempo a pensarmos que não funcionaria sozinho na frente é precisamente nessas funções que parece atravessar o seu melhor período de sempre desde que está no Benfica. Os extremos Salvio e Cervi, o Krovinovic, o incomparável Fejsa, todos eles com exibições de altíssima qualidade.

O nível exibicional da equipa é a melhor da época, um pouco a exemplo daquilo que já aconteceu em épocas anteriores com o Rui Vitória. Demoramos um bocado até encontrar a fórmula certa, mas quando isso acontece ficamos quase imparáveis. Agora teremos que ver como reagirá a equipa à perda de um dos seus jogadores mais influentes - pessoalmente, espero que se encontre uma solução para a posição do Krovinovic e que não se regresse aos dois avançados, porque isso seria um retrocesso. Este é o rumo certo para o penta, e o momento é para manter.

1 Comments:

At 1/23/2018 5:17 da tarde, Blogger joão carlos said...

O post é o espelho daquilo que se passou em campo.


Continuo sem perceber a demora em fazer substituições num jogo que estava perfeitamente controlado até porque existem jogadores que a partir dos sessenta minutos fisicamente estão esgotados, e insistir neles só os desgasta mais para alem de que o seu rendimento cai a pique e com ele o da equipa, para alem de que os jogadores que estão no banco precisam de minutos para manter ou ganhar ritmo para mais quando não temos mais nenhuma competição para alem desta onde eles o possam fazer.
Mais do que a exibição ou o futebol mais ou menos bonito, sempre subjectivo, neste jogo o melhor foi que a equipa só abrandou o ritmo quando alcançou uma vantagem bastante confortável ao contrário do que até aqui vinha acontecendo em que abrandava cedo demais e quando a vantagem era mínima e demasiado escassa este foi o factor que mais gostei e que seja para continuar.
Desde o inicio da época que alguma posições estão desfalcadas, mesmo que não de titulares indiscutíveis pelo menos de suplentes ao mesmo nível ou muito próximo, continuamos ainda sem resolver nenhuma dessas posições para alem disso ainda ficamos mais desfalcados, por saídas e lesões, noutras que nem estávamos por isso não podemos deixar de reforçar o plantel até porque as lesões não nos largam e ou o fazemos ou vamos ficar dependentes de opções, que continuam no plantel e nem estão lá a fazer nada, que comprovadamente dá deram mais que provas que não servem os nossos interesses.

 

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