segunda-feira, dezembro 18, 2017

Passeio

O Benfica não mostrou quaisquer sequelas da eliminação da Taça a meio da semana ou do esforço extra a que tinha sido obrigado, ao jogar um prolongamento reduzido a dez unidades, e acabou por transformar esta visita a Tondela num verdadeiro passeio.


Foi mesmo com quase o mesmo onze do jogo em Vila do Conde (a excepção foi a obrigatória troca do Luisão pelo Lisandro) que o Benfica entrou em campo. Os minutos iniciais até chegaram a fazer crer que teríamos uma noite complicada. O Tondela entrou no jogo fiel aos princípios que o Pepa tem apresentado esta época, a jogar sem exageradas cautelas defensivas e a pressionar alto. A equipa mudou mesmo o esquema táctico habitual, abdicando do segundo avançado para colocar mais um médio, muito provavelmente com a intenção de anular os nossos médios criativos. Mas ao fim de dez minutos o Benfica já tinha conseguido assentar o seu jogo e começou a impor-se com toda a naturalidade. Agressividade na procura da bola - muito importante pressionar imediatamente o jogador do Tondela que tinha a bola, para cortar logo as saídas para o ataque - jogadores próximos uns dos outros, laterais muito ofensivos, combinações rápidas a explorar os flancos e bastante dinamismo no jogo. Depois foi não sermos traídos pela falta de eficácia, como aconteceu noutros jogos, e o resultado começou a construir-se naturalmente. Porque dos dez minutos de jogo para a frente, só deu Benfica no jogo. O primeiro golo apareceu aos dezassete minutos, depois de um cruzamento largo do André Almeida que foi encontrar o Pizzi junto ao poste mais distante, com tempo para controlar a bola e rematar rasteiro para o golo. Nove minutos depois o resultado aumentava, desta vez na sequência de uma jogada pelo flanco oposto. Cruzamento do Grimaldo após tabela com o Pizzi e o Salvio cabeceou no centro da área, sem sequer precisar de tirar os pés do chão. O terceiro golo foi a forma ideal de encerrar uma primeira parte na qual o Benfica foi dono e senhor do jogo. Foi já no período de compensação, na melhor jogada de toda a partida, em que a bola andou pelos pés do Krovinovic, do Jonas, do Cervi, do Salvio, e acabou com um passe artístico deste para um remate cruzado de primeira do Pizzi, a colocar a bola junto ao poste mais distante e bem fora do alcance do guarda-redes. Simplesmente perfeito.


A segunda parte do Benfica foi naturalmente bem mais relaxada. Sem nunca perder o controlo do jogo, tirámos obviamente o pé do acelerador. O Tondela ao intervalo até tinha revertido para o esquema mais habitual de dois avançados, mas isso não teve qualquer influência no desenrolar dos acontecimentos, apesar de ter tido uma reentrada na partida a mostrar muita vontade de fazer melhor. O Benfica continuava perfeitamente tranquilo no jogo e a sensação que se tinha era a de que nem seria preciso acelerar muito para que surgissem mais golos, porque mesmo num ritmo mais controlado, as ocasiões acabariam por surgir. O Jonas estava estranhamente ainda em branco, mas a situação ficou corrigida à hora de jogo. Uma jogada estudada na marcação de um canto, que aliás o Benfica já fez esta época. O canto foi marcado pelo Grimaldo e a bola foi enviada rasteira para a zona central do limite da área, onde o Jonas surgiu a rematar de primeira para o golo. Depois deste quarto golo pareceu-me que o Benfica reduziu ainda mais o ritmo de jogo. Com tudo mais do que resolvido, trocámos o amarelado Fejsa pelo Samaris, e a equipa parecia mais apostada em trocar a bola à espera que o tempo fosse passando, por vezes até com toques de sobranceria - a superioridade no jogo era tão evidente que os excessos de confiança acabam por acontecer. Acabou por acontecer um golo do do Tondela a um quarto de hora do final, num erro da nossa equipa. Um mau passe do Krovinovic quando estava pressionado fez a bola passar fora do alcance do Jardel e ir para os pés de um adversário, que progrediu em direcção à baliza, ultrapassou facilmente o Lisandro, e fez o remate que o Varel ainda conseguiu defender. Mas não segurou a bola e esta seguiu para uma recarga fácil à boca da baliza. O golo serviu para despertar um pouco a nossa equipa e não é que fosse propriamente uma necessidade, mas rapidamente foi reposta a diferença. Apenas quatro minutos depois, o Jonas voltava a marcar, assistido pelo Pizzi depois de um bom passe do Salvio para as costas da defesa adversária. No fundo, uma espécie de confirmação daquilo que se percebia: que o Benfica tinha tudo perfeitamente controlado que que lhe bastaria apenas acelerar um pouco mais para causar perigo.


Os melhores neste jogo foram, para mim, o Pizzi e o Salvio. Não distingo entre os dois, porque para mim estiveram ambos a um nível muito elevado, com golos, assistências e intervenção directa em quase todas as jogadas de perigo. Destaque também para os dois laterais, muito ofensivos e interventivos no ataque (somaram três assistências entre eles, duas para o Grimaldo e uma para o André Almeida). Outro bom jogo do Krovinovic, a quem destaco sobretudo a leitura de jogo, com uma grande capacidade para ocupar os espaços certos, mas acho que pode evoluir um pouco na questão de por vezes ter tendência para se agarrar demasiado à bola - quando a soltar mais rapidamente poderá dar mais dinamismo às nossas jogadas de ataque. Gostei também do Cervi (conforme disse no início, gostei bastante do nosso jogo pelas alas, por isso é natural que destaque os laterais e os extremos) e uma menção inevitável para o Jonas, que somou mais dois golos ao registo fantástico que leva esta época.

Na minha opinião nem sequer jogámos particularmente melhor do que o fizemos a meio da semana em Vila do Conde. As grandes diferenças foram uma muito maior eficácia no ataque, ao nível do que se exige aos nossos jogadores, e mais agressividade a defender, o que terá certamente contribuído para que o adversário não precisasse de meia oportunidade para marcar um golo. A nossa consistência esta época tem deixado muito a desejar, mas espero que os últimos jogos sejam uma indicação de que a solidificação dos processos associados ao novo esquema táctico seja uma realidade.

1 Comments:

At 12/18/2017 7:11 da tarde, Blogger joão carlos said...

O post é o espelho daquilo que se passou em campo.


Passamos de um jogo em que a nossa eficácia deixou muito a desejar e foi horrivelmente baixa para uma eficácia de cara tiro cada melro e isto tem sido também uma constante esta época alternamos entre o oito e o oitenta de um momento para o outro sem explicação aparente já que por norma quanto tem acontecido nem existem grandes mudanças nem as que por vezes ocorrem, como foi o caso, explicam esta radical mudança.
Num jogo que ficou cedo bem encaminhado e com tantos jogadores a precisarem de ser substituídos, uns pelos desgaste verificado no jogo anterior e outros por questões disciplinares, ou até alguns pelas duas, não se percebe a razão porque tardaram as substituições, especialmente a segunda e terceira, acabando por correr riscos completamente desnecessários.
Mudamos de sistema táctico mas continuamos sem conseguir baixar o ritmo do jogo sem que os nossos jogadores não adormeçam eles, e no caso em vez de adormecer o adversário adormecemos nós, somos incapazes de trocar a bola e sobretudo de a guardar sem cometer disparates sem sentido e ou resolvemos esta situação ou vamos continuar a ter problemas porque nem todos os jogos vão ter folga para os disparates que cometemos.

 

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