domingo, dezembro 10, 2017

Superioridade

Uma vitória justa do Benfica, num jogo que até poderia ter sido mais fácil do que efectivamente foi. A nossa superioridade foi evidente, mas se o resultado acabou por não ser muito dilatado foi também por mérito do Estoril, que nunca se deu por vencido e veio à Luz para jogar futebol e não para tentar impedir-nos de jogar.


No regresso ao onze base do campeonato, assistimos a um jogo que no papel seria extremamente desequilibrado, já que defrontávamos o último classificado. Mas no campo acabou por ser bastante interessante, também por mérito do Estoril, que se apresentou interessado em jogar um futebol positivo, sem exageradas cautelas defensivas e sem recorrer ao antijogo. Foi por isso um jogo aberto e disputado a um bom ritmo, por oposição à grande maioria dos jogos com este perfil a que acabamos por assistir na Luz durante uma época. O Estoril tentava jogar com as linhas bastante subidas e em todo o campo, e com isso deixava sempre muito espaço nas costas da defesa, o que até obrigava o Moreira a jogar quase mais como líbero. Foi explorando esse espaço e as faixas que o Benfica ia criando perigo. O primeiro grande momento de perigo surgiu quando o Moreira foi desarmado pelo Pizzi, mas depois o nosso jogador foi demasiado egoista e optou pelo remate quando tinha colegas em melhor posição no centro da área. De qualquer maneira o jogo começou a simplificar-se cedo, já que não foi preciso esperar muito para que, no espaço de cinco minutos, marcássemos dois golos - aos treze e aos dezoito minutos. Um prova da forma relativamente aberta como o Estoril tentou jogar é o facto dos nossos dois primeiros golos terem surgido em lances de contra-ataque. O primeiro começou com o Krovinovic a conduzir a bola desde a entrada da nossa área até ao meio campo, onde foi desarmado mas a bola seguiu para a esquerda, onde o Cervi continuou a progressão até fazer o passe para o interior da área. Parece-me que a intenção dele seria servir o Jonas no meio, mas ainda houve um ligeiro desvio por parte de um defesa do Estoril e a bola acabou por seguir para o segundo poste, onde surgiu o Salvio para marcar sem grande dificuldade. No segundo, foi o Salvio a desmarcar-se pela direita após uma tabela com o André Almeida, a seguir até à linha de fundo, e a assistir o Jonas no meio para ele marcar facilmente. Continuando a tentar aproveitar o muito espaço nas costas da defesa adversária, o Benfica ia-se mostrando perigoso e ameaçando voltar a marcar. Mas como disse o Estoril nunca baixou os braços, e apesar de não ter conseguido pressionar-nos de forma consistente, conseguia esporadicamente chegar com perigo à nossa baliza, tendo obrigado o Varela a fazer uma grande defesa durante a primeira parte. Já mesmo a acabar a primeira parte, nada pôde fazer perante o cabeceamento fulgurante do Kléber, que ainda fez a bola embater na barra antes de entrar e assim recolocou o Estoril na discussão do resultado.


E começámos a segunda parte com um enorme susto, quando um remate de fora da área ainda desviou num jogador nosso e obrigou o Varela a mais uma enorme intervenção. Teria sido o golo do empate, e provavelmente significaria um jogo completamente diferente. O Benfica pressentiu o perigo e foi à procura do golo que desse maior tranquilidade na partida, o que acabou por conseguir ao fim de um quarto de hora. Desta vez não foi num lance de contra-ataque, mas sim numa boa jogada ofensiva, na qual o Krovinovic parecia estar já em boa posição à entrada da área para tentar o remate, mas em vez disso optou por soltar a bola mais para a esquerda no Cervi, que depois a devolveu já para o interior da área, onde o mesmo Krovinovic se antecipou a um defesa e a empurrou para a baliza. Poder-se-ia pensar que o jogo estaria mais ou menos resolvido mas, conforme disse, o Estoril não nos fez a vida fácil e continuou a lutar por um resultado positivo. O Benfica também me pareceu ter mostrado aquela sua má faceta de descansar imediatamente a seguir a marcar, e nos minutos que se seguiram ao nosso golo o Estoril apareceu mais junto da nossa área. E voltaram a assustar, porque a bola chegou mesmo a entrar na nossa baliza, numa recarga do Kléber após uma defesa por instinto do Varela. Mas logo na altura pareceu-me que o golo tinha sido obtido com o braço, e após alguns momentos de expectativa o vídeo-árbitro acabou por confirmar isso mesmo, poupando-nos a uma fase final do encontro cheia de preocupações. Provavelmente pensando já no jogo a meio da semana o Benfica foi também poupando alguns jogadores (Fejsa, Jonas, Salvio) mas mesmo assim, à medida que o jogo caminhou para o seu final, os riscos corridos pelo Estoril davam espaço suficiente para que o Benfica ameaçasse ampliar a vantagem - num desses lances só mesmo uma saída quase suicida do Moreira que resultou num corte quase miraculoso com a cabeça é que evitou o golo. Mas em geral parece-me que o resultado final se ajusta ao que se viu em campo, e se fosse mais dilatado talvez fosse uma penalização excessiva para o Estoril.


Começo por destacar neste jogo os extremos, Salvio e Cervi. Um golo e uma assistência para o primeiro e duas assistências para o segundo são números que mostram a influência que tiveram neste jogo. Gostei também do Krovinovic, embora ache que por vezes tem tendência para se agarrar demasiado à bola e com isso acaba por travar algumas possibilidades de contra-ataque. Por último, uma menção para o Varela. Já escrevi anteriormente que parece ter regressado à baliza com muita motivação para agarrar a oportunidade, e neste jogo voltou a mostrá-lo. Não teve muito trabalho, mas conseguiu ter pelo menos três intervenções de altíssima qualidade.

Era importante vencer, e de forma convincente. Creio que esse objectivo foi conseguido, e que conseguimos também fazer uma boa gestão do esforço para o difícil jogo que se segue contra o Rio Ave, a contar para a Taça de Portugal. Não sendo uma exibição deslumbrante, foi minimamente segura para me deixar confiante em relação ao jogos que se seguem.

1 Comments:

At 12/12/2017 5:04 da tarde, Blogger joão carlos said...

A crónica esta muito bem conseguida.


Com esta nova táctica a equipa consegue disfarçar algumas das suas dificuldades mas os problemas continuam a maioria lá continuamos só aquele vicio irritante de em vez de adormecer o jogo, e sobretudo o adversário, adormecem isso sim os jogadores só desta forma se explica que uma equipa que não marcava à uma serie de jogos o tivesse feito precisamente num período de adormecimento da equipa que voltamos a repetir no reinicio da partida e novamente após termos dilatado a vantagens.
Não concordo que o nosso médio croata se agarre muito á bola, até o acho razoavelmente rápido, mas se calhar até tens razão mas como o outro nosso médio é lento de processos, sempre foi mas agora é de uma lentidão exasperante, e demora tanto tempo a executar que lhe caiem em cima e ou perde a bola ou só pode jogar para trás e faz parecer outro qualquer que jogue a seu lado como o sppedy gonzales.
Tal como no caso das bolas paradas finalmente conseguimos fazer jogadas de contra ataque e com perigo, o que era inexplicável era na anterior táctica não as fazermos e pior até desistíamos de as fazer quando tínhamos hipóteses, agora continuamos sem resolver a falta de presença na área que terá de ser feita ou com outro tipo de movimentação, ou com mexidas em jogadores, sob pena de passar ainda mais dificuldades porque nem todos os adversários vão ter a postura deste.

 

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