Vantagem
Vantagem mínima conquistada na primeira mão da eliminatória, num jogo em que 'jogámos' talvez cerca de meia hora dos noventa minutos de jogo - por alguma culpa própria, mas também por culpa do adversário, que não é de forma alguma tão fraco como às vezes me parece que alguns estão convencidos.
A entrada do Benfica no jogo não foi a melhor (embora, curiosamente, tenha dado o primeiro sinal de perigo, pelo Gaitán logo no primeiro minuto) - ou poderíamos dizer que foi o PSG que começou bastante bem o jogo . Com a equipa sempre muito bem posicionada, conseguiu construir um bloco muito sólido à frente da sua área, que a nossa equipa não conseguia ter arte nem engenho para desorganizar - muito também por culpa da desinspiração ou falta de fulgor de vários jogadores nossos, em particular do Salvio (passou quase ao lado do jogo) e do Gaitán (não deve ter ganho um lance no um para um), o que deixou o ataque pelas alas praticamente entregue em exclusivo ao Coentrão e ao Maxi, com o consequente afunilamento do jogo. A equipa francesa procurava, sempre que possível, pressionar bastante alto, impedindo muitas vezes que saíssemos a jogar, e obrigando a pontapés longos - isto é algo que estamos habituados a ver a nossa equipa fazer, mas nesta fase não conseguíamos fazer nada disto, não sei se por cansaço. Recuperada a bola, eles contra-atacavam com bastante velocidade, conseguindo causar perigo em várias ocasiões. Rapidamente responderam àquela tentativa do Gaitán, e aos cinco minutos só uma defesa do Roberto impediu o golo a um adversário na sua cara. E quando marcaram mesmo, à passagem do quarto de hora (colocando mais uma vez um jogador isolado na cara do guarda-redes, após um passe entre os nosso defesas pela zona central, numa jogada em que me pareceu que o autor do passe teve demasiada liberdade para progredir sem ser pressionado), foi apenas o desenlace mais lógico para a o melhor futebol que iam mostrando durante esses primeiros minutos. Não ficaram por aqui, já que dois minutos depois atiravam uma bola ao ferro, após um cruzamento da esquerda a meter a bola no segundo poste, e mantiveram a nossa baliza sob ameaça durante quase toda a primeira parte.
Só perto da meia hora é que o Benfica começou lentamente a dar um ar da sua graça no ataque. Encarregou-se disso o Cardozo, primeiro com um remate de pé direito a proporcionar uma boa defesa ao guarda-redes francês, e depois num livre, que resultou em mais uma defesa difícil. Este livre deu o sinal de partida para uns últimos dez minutos em que aí sim, o Benfica foi claramente superior, e conseguiu encostar o PSG à sua área, criando várias situações perigosas - devido em boa parte ao maior atrevimento ofensivo dos dois laterais, que devem ter decidido que teriam que ser eles a assumir as despesas no ataque, visto que os seus colegas mais avançados não estavam claramente nos seus dias. Depois de ameaçar alguma vezes, o Benfica chegou mesmo ao empate, a quatro minutos do intervalo, e através do jogador que claramente mais merecia um golo - Maxi Pereira. Isolado nas costas da defesa por um passe fantástico do Carlos Martins, controlou a bola no peito e rematou de primeira, de pé esquerdo, para um bonito golo (o Maxi deve estar a tornar-se um personagem maldito para os franceses). Até ao apito para intervalo, mais uma boa situação para o Benfica, em que o Coentrão optou pelo remate quando me pareceu que o passe teria sido a melhor opção, e ainda um lance em que me pareceu ter havido falta sobre o Javi dentro da área - fora da área aquele lance seria sempre sancionado.
Esperava uma entrada para a segunda parte no seguimento daquilo que tinha sido o final da primeira, mas tal não aconteceu. O PSG pareceu apostar numa toada um pouco mais cautelosa, procurando manter mais a bola em seu poder, e arriscando pouco, e o Benfica voltava a mostrar dificuldades para causar perigo no ataque e até mesmo para conseguir ter bola. O jogo caiu assim numa toada algo aborrecida, em que as ocasiões de perigo eram quase inexistentes - apenas numa ocasião, pelo Saviola, o Benfica ameaçou a baliza adversária. O Jorge Jesus, a meio da segunda parte, acabou por fazer as substituições mais evidentes, e no espaço de cinco minutos retirou do campo o Salvio e o Gaitán, entrando para os seus lugares o Jara e o Aimar. Quando o Aimar entrou em campo, faltavam vinte minutos para o final, e na sua primeira intervenção colocou a bola no Cardozo, que com um toque desmarcou o Saviola. Este tirou um adversário do caminho, e quando estava isolado foi claramente derrubado em falta no interior da área. Penálti claríssimo (e consequente expulsão do jogador que faz a falta) que, incrivelmente, nenhum dos membros da equipa de arbitragem quis ver. Toda a gente continua a perguntar-se para que servem os árbitros de baliza. Este penálti não marcado pareceu espicaçar a nossa equipa, que nos vinte minutos finais submeteu o PSG a uma grande pressão. Os franceses foram recuando cada vez mais as linhas para perto da sua baliza, e praticamente já não tentavam contra-atacar de forma organizada, parecendo estar mais empenhados em manter o empate. Não o conseguiram, porque com nove minutos para jogar, o Jara recebeu uma bola do Aimar, à entrada da área e descaído sobre a esquerda, rodou sobre o adversário, e rematou rasteiro e cruzado para o fundo da baliza, fixando o resultado final. Nos minutos finais o Benfica ainda procurou um terceiro golo, mas apenas num remate do Saviola conseguiu criar algum perigo.
O melhor jogador do Benfica foi o Maxi. Qual cansaço, qual quê. Joga sempre com o mesmo ritmo, tem pulmão que nunca mais acaba, e passou os noventa minutos a subir e a descer aquele lado direito. Mereceu plenamente o golo. Gostei também do Carlos Martins, sendo de destacar o grande passe para o golo do Maxi. O Coentrão e o Roberto também estiveram em bom plano. E mais uma vez, entrada importante do Jara no jogo - o sua mentalidade batalhadora que não lhe permite dar um lance por perdido é importantíssima. Outros jogadores houve que estiveram muito abaixo do seu normal. O Sídnei teve uma primeira parte horrível, com inúmeros passes e cortes a acabarem sempre nos pés de um adversário. Os já citados Gaitán e Salvio passaram praticamente despercebidos, sendo a sua deficiente condição física a explicação mais provável para o jogo que fizeram.
Mais uma vez 'demos' um golo de avanço a jogar em casa, para depois operarmos a reviravolta e acabarmos por vencer. Foi assim nos últimos quatro jogos: Estugarda, Marítimo, sportém e PSG. Isto revela uma boa capacidade anímica da nossa equipa, mas seguramente que termos que andar a correr atrás do resultado também implicará um maior desgaste físico. O mais importante é mesmo irmos para a segunda mão com vantagem. Acredito plenamente na passagem aos quartos-de-final, mas teremos que trabalhar muito no segundo jogo. Roubado que está o campeonato, é capaz de ser boa ideia deixar alguns jogadores de fora do próximo jogo com o Portimonense.
2 Comments:
Acho que a primeira parte é relativamente fácil de explicar. O PSG conhecia muito bem a nossa equipa, enquanto para nós, via das muitas mudanças, eles eram essencialmente desconhecidos. As marcações funcionaram mal, sobretudo o posicionamento Luisão-Sidnei. Parece-me óbvio que o Benfica esperava outro tipo de movimentações.
É nestas alturas que tenho saudades de um médio tipo Paulo Sousa, que teria corrigido o posicionamento automaticamente. Ao Javi falta-lhe essa clarividência. Na segunda parte o Jesus corrigiu facilmente a coisa, reposicionando o Javi e o Carlos Martins. Tardou no entanto demasiado em meter o Jara, que está com uma pedalada uns furos acima dos restantes.
Parece-me que o Saviola anda um pouco em baixo de forma, este jogo era de feição para ele.
Muito boa esta tua crónica.
Mais que o cansaço físico estes virar de resultado provoca um enorme desgaste psicológico. A equipa tem feito uma rotatividade aceitável no meio do terreno mas nas alas não o tem conseguido para muito contribui as lesões do César Peixoto mas sobretudo do Ruben mas sobretudo continua a ser estranho com tanta quantidade de avançados num ou noutro jogo não se tente o modelo alternativo que se experimentou na pré época.
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