domingo, fevereiro 13, 2011

Showtime

Não é que eu precisasse de grandes demonstrações, mas se alguém tinha dúvidas sobre a justeza das afirmações do Jorge Jesus de sermos a equipa que melhor está a jogar em Portugal, penso que o jogo desta noite terá sido brutalmente esclarecedor. O Benfica literalmente massacrou o Guimarães, que não é propriamente das equipas mais fracas da nossa Liga, e teve períodos no jogo que se podem mesmo classificar, plagiando a famosa expressão sobre os Lakers dos anos 80 na NBA, de 'showtime'.

Começando o jogo com aquele que poderemos classificar de 'onze base' desta época, o Benfica não perdeu tempo para mostrar que queria resolver o jogo depressa e bem. Não foi só a entrada no jogo: na primeira meia hora o Benfica foi um autêntico rolo compressor, com vagas de ataque sucessivas, oportunidades de golo umas atrás das outras, e uma posse de bola a roçar os 80%. Pressão muito alta, jogadores em constante movimento num autêntico carrossel, isto perante um Guimarães que se limitava a sobreviver como podia, e pouco mais conseguia fazer do que despejar a bola para a frente enquanto tentava respirar entre dois ataques do Benfica. Aguentaram vinte e quatro minutos (antes disso, já o inefável Nilson tinha tido uma das suas habituais lesões graves na Luz, obrigando a uma interrupção, tentando quebrar o ritmo do jogo), até que o Sídnei, num cabeceamento após canto do Aimar, desfez o nulo. Não abrandou o Benfica com o golo, e continuou a submeter o Guimarães a forte pressão, tendo o Salvio acertado no poste minutos depois. Só nos últimos dez minutos o Benfica abrandou um pouco a pressão, continuando no entanto a dominar o jogo com toda a autoridade, e acertando mais uma vez no ferro da baliza, desta vez pelo Gaitán em recarga a um remate do Maxi. A vantagem mínima ao intervalo era claramente insuficiente para o domínio avassalador do Benfica.

No início da segunda parte, felizmente, o Benfica encarregou-se de colocar imediatamente um pouco mais de justiça no marcador.
Depois do Aimar ter assistido o Sídnei no primeiro golo, os papéis inverteram-se: passe longo do Sídnei e depois a classe do Aimar fez o resto: dois toques apenas, o primeiro para controlar a bola de forma fantástica, e o segundo para a fazer passar pelo Nilson e parar no fundo da baliza. Se alguém tinha esperança ou medo de ver uma daquelas injustiças atrozes em que o futebol às vezes é fértil, este golo encarregou-se de afastar esse cenário. A vencer por dois, e com um jogo a meio da semana, o Benfica naturalmente não precisou de voltar a empregar o ritmo da primeira parte, e foi gerindo o jogo com tranquilidade. Mas a gestão de jogo do Benfica, apesar de permitir que o Guimarães tivesse um pouoc mais de bola, não impediu que continuássemos à procura do terceiro golo, que esteve perto de acontecer (ou aconteceu mesmo). Primeiro foi o Cardozo a introduzir a bola na baliza, mas o golo foi anulado por um fora-de-jogo duvidoso. Depois foi o Saviola a marcar, mas mais uma vez o golo foi anulado pelo árbitro. E muito mal anulado, pois não houve qualquer infracção no lance - segundo jogo consecutivo com um golo muito mal anulado ao Benfica.


A quinze minutos do final, penálti para o Benfica, que o Cardozo se encarregou de transformar muito mal, atirando para a bancada (acho que metade das vezes que ele tenta marcar para aquele lado, sai asneira). Só a cinco minutos do fim o Guimarães teve uma verdadeira oportunidade golo, mas a exemplo do que tem feito nos últimos jogos, o Roberto fez uma enorme defesa e negou o golo a um remate cruzado do isolado Edgar. E para fechar o jogo com chave de ouro, nada melhor que um grande golo. O Coentrão já tinha ficado muito perto de marcar um minuto antes, rematando ao lado após mais uma boa jogada do Benfica. Mas no último minuto do tempo de compensação o Carlos Martins recebeu a bola à entrada da área, e dali fez um chapéu perfeito ao Nilson para colocar o resultado em números um pouco mais justos. O Benfica acabou por vencer por três a zero num jogo em que ainda enviou duas bolas aos ferros, teve dois golos anulados, e falhou um penálti. Isto dá uma leve ideia dos números que o resultado final poderia ter atingido.

Não é fácil destacar alguém após um jogo destes, em que a equipa num todo voltou a estar a um nível excelente. O Sídnei continua a querer mostrar que não teremos muitos motivos para chorar a saída do David Luiz. O Aimar esteve excelente, e o golo que marcou está apenas ao alcance de muito poucos jogadores. Grande jogo do nosso lado esquerdo, onde o Coentrão e o Gaitán, sobretudo naquela primeira meia hora, estiveram brilhantes. E regressado ao nível do costume anda o Maxi Pereira, que voltou a fazer daquele lado direito uma auto-estrada para as suas constantes viagens entre a defesa e o ataque.

Impressionante também a moldura humana esta noite na Luz: cinquenta e cicno mil espectadores, uma assistência mais do que merecida para o futebol com que a nossa equipa nos tem presenteado. A equipa está claramente de regresso ao nível da época passada (se é que não está ainda melhor), e a onda vermelha parece estar de volta. Só é pena que haja quem ainda repouse sobre uma almofada de pontos roubados, e assim nos impeça de disputar o lugar que merecemos.

2 Comments:

At 2/14/2011 12:29 da manhã, Anonymous Anónimo said...

O Benfica jogou muito e bem

55000 espectadores. Quando a equipa corresponde os adeptos dão a resposta.
Quando a equipa não produz isso implica perca de pontos e de milhares de euros.

O Cardoso continua a sua caminhada para ser o atleta do Benfica que mais grandes penalidades falhou.
É impressionante o baixíssimo índice de aproveitamento que o Cardoso tem a marcar grandes penalidades.
Sem pressão, a equipa a ganhar por 2 golos, em casa com o apoio dos adeptos e,... falha, ...novamente, ... mais uma vez,...

 
At 2/15/2011 7:30 da tarde, Blogger joão carlos said...

Mais um post de grande qualidade.


Anonymous eu sou da opinião de que o marcador dos penalties deveria ter mudado depois do Cardozo ter falhado o penaltie na Madeira o ano passado, mas penso que ai falou mais alto a hipótese de ele vir a ser o melhor marcador agora este ano como essa questão não se coloca era uma boa ideia colocar outro a marcar até para defesa do próprio Cardozo. Agora tens razão no primeiro paragrafo seis penaltie é um numero considerável mas no segundo paragrafo acho que andas muito longe da verdade a quantidade de penalties que ele já concretizou é muito significativa e no terceiro se calhar o que faltou mesmo foi pressão se calhar pressionado tinha marcado.

 

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