Disparates
Vitória complicada mas preciosa, sobretudo considerando todas as condicionantes que enfrentámos antes deste jogo. Mas a maior parte da culpa pelas dificuldades acrescidas que enfrentámos, podemos assacá-la a nós próprios e aos cada vez mais frequentes disparates cometidos a defender.
Esperava algumas dificuldades neste jogo. Não tanto pela valia do adversário, que está numa situação difícil na tabela (mesmo considerando o nosso mau historial perante equipas na mesma situação), mas mais pelas várias indisponibilidades na nossa equipa. Para além do treinador continuar suspenso do banco, foram seis os potenciais titulares indisponíveis para este jogo: Cardozo, Salvio, Enzo (estes três são apenas jogadores importantíssimos na nossa equipa), Siqueira, Markovic e Rúben Amorim. Isto não pretende servir de desculpa única para más exibições ou resultados - uma equipa como o Benfica tem que ter um plantel preparado para fazer frente a contrariedades deste calibre, em particular perante adversários como Arouca ou Olhanense - mas por vezes parece-me que a crítica especializada tem a mão demasiado leve para bater no Benfica, ignorando sistematicamente pormenores destes. Se normalmente basta um pequeno pormenor para servir de motivo para regressarmos à dupla Lima/Rodrigo no ataque, então com tanta ausência nem sequer era preciso esperar pela constituição da equipa para saber que isto iria acontecer.
A entrada no jogo até me pareceu boa, com a equipa a pressionar bastante e agressiva. O pior foi que, para não variar, da primeira vez que o Olhanense foi à frente, marcou. Com sete minutos decorridos, um passe disparatado do Sílvio entregou a bola a um adversário, e no seguimento da jogada o Artur ainda defendeu o primeiro remate, mas nada podia fazer para evitar a recarga. Não sei se terá sido efeito do mau estado do relvado, mas a verdade é que sobretudo durante a primeira fase do jogo por diversas vezes vi os nossos jogadores fazerem passes disparatados, quer a atacar, quer a defender, e que nos causaram problemas. A equipa reagiu bem ao golo e continuou no mesmo registo de jogo, tendo chegado ao empate dez minutos depois, após um bom trabalho do Gaitán na esquerda, que centrou para um cabeceamento cruzado do Lima (estava em posição irregular) que fez a bola entrar junto ao poste oposto. Continuou o Benfica bastante por cima no jogo e a pressionar em busca da vantagem no marcador - tive sempre a sensação de que a defesa do Olhanense era bastante permeável, e que a pressão continuada do Benfica inevitavelmente acabaria por dar frutos. Mas o Olhanense teve uma eficácia quase total e, quando pouco se esperaria, voltou a colocar-se em vantagem. À passagem da meia hora, num remate desferido de muito, muito longe, a bola entrou mesmo na nossa baliza. É um grande golo, o remate é bom e bem colocado, e a bola ainda bate no chão antes de entrar, mas considerando a distância a que foi desferido, pareceu-me que só acabou por entrar devido à falta de reacção do Artur, que demorou demasiado tempo a lançar-se (a lentidão em chegar aos remates rasteiros é para mim um dos pontos mais fracos dele). O Olhanense ficou motivado e nos minutos seguintes tentou pressionar mais alto e impedir que o Benfica continuasse a dominar o jogo, mas de pouco lhe valeu, já que bastaram apenas seis minutos para que voltássemos a empatar o jogo, num grande remate do Matic de fora da área, que não deu qualquer hipótese de defesa ao guarda-redes.
Ao intervalo trocámos o Ivan Cavaleiro pelo Sulejmani, que se foi encostar à esquerda e veio o Gaitán para a direita. A troca não podia ter sido mais feliz, já que um minuto após o reinício foi do pé do Sulejmani que surgiu o nosso terceiro golo. A passe do Rodrigo, entrou na área pela esquerda e depois finalizou com um remate cruzado de trivela para o poste mais distante. O Benfica entrou muito forte nesta segunda parte, com o Matic e o Fejsa a aparecerem em terrenos muito adiantados para pressionar a saída de bola do Olhanense, e nesta fase parecia que não teríamos grande dificuldade em voltar a marcar, o que nos deixaria a salvo de mais alguma asneira na defesa e resolveria definitivamente o jogo. Durante quase vinte minutos a presença do Benfica no meio campo contrário foi constante, a bola rondou várias vezes as imediações da baliza adversária, e o Olhanense praticamente não existiu em termos ofensivos, já que se limitava a despejar a bola para a frente e era incapaz de construir qualquer jogada de ataque devido à pressão dos nossos jogadores. Mas depois deu-se o lance da lesão do Artur, que provocou uma interrupção relativamente extensa do jogo, e isto parece quebrar bastante o ritmo da equipa. O Artur teve mesmo que ser substituído (nunca é agradável quando um jogador se lesiona, mas gostei de ver o Oblak estrear-se na nossa baliza em jogos para o campeonato) e depois disso o jogo não voltou a ser o mesmo. Foi quase sempre mal jogado de parte a parte, com o Olhanense nos minutos finais a conseguir subir um pouco mais, fruto da aposta num futebol directo, mas sem conseguir causar qualquer tipo de perigo junto da nossa baliza - as melhores oportunidades ainda assim foram todas nossas.
Matic e Fejsa foram, para mim, os jogadores de melhor rendimento no Benfica. Na ausência do Enzo o Matic pegou na batuta do meio campo e foi o principal dinamizador da equipa, tendo marcado um grande golo. O Fejsa recuperou inúmeras bolas, mesmo em terrenos mais adiantados do que aqueles que lhe são mais familiares, e até esteve mais activo na própria fase de construção de jogo. O Maxi deu seguimento à subida de forma que pareceu mostrar nos últimos jogos e esteve bem também. E o Sulejmani entrou muito bem no jogo, marcou o golo decisivo e foi dos jogadores mais em jogo durante toda a segunda parte, explorando sempre bem o lado esquerdo. Um bocado surpreendentemente o Ola John voltou a jogar, mas continuou a mostrar uma falta de empenho nas jogadas que não lhe permitem aspirar a mais minutos de jogo.
Mais uma vez conseguimos dificultar a nossa tarefa com erros tontos na defesa, e é preocupante que esta época continuemos a cometer estes erros com tanta frequência. Mas pelo menos conseguimos dar a volta às contrariedades e regressar do Algarve com os três pontos. Dadas as condicionantes já referidas, no fim de tudo acabo por me dar por satisfeito com o resultado final.
1 Comments:
A analise esta mais uma vez com a qualidade que tem sido usual.
Mais uma vez vemos os nossos jogadores entrarem em campo sem a noção do estado do relvado e completamente impreparados para o seu estado e com a consequente perda de tempo no sentido de adaptar a forma de jogar ao mesmo, eu não sei de quem é a culpa mas a verdade é que esta situação se vê muito pouco noutras equipas sobretudo nas que jogam contra nós e que sofrem os efeitos dos mesmos relvados.
A quantidade de bolas perdidas no nosso meio campo é assustador com a penalização imediata em jogadas de perigo para os nossos adversários e o pior é que por um motivou ou outro quase todas, se não todas, terminam em golo neste momento a equipa defensivamente é um passador e o que mais chateia é que ninguém parece estar preocupado ou a fazer alguma coisa para inverter esta situação.
Uma das principais qualidades de um guarda redes é a tranquilidade coisa que o nosso titular já não tem vai para ano e meio, e que teve no primeiro ano e que foi a chave do seu sucesso, e o lance onde se lesionou foi bem o espelho disso teve sorte que a bola ficou na posse da equipa mas com aquela atitude completamente despropositada acabou por ter de sair queimando uma substituição.
Enviar um comentário
<< Home