sábado, novembro 01, 2014

Pontapé

Salvos por um pontapé inspirado do suspeito do costume, arrancámos uma vitória magra e suada sobre o Rio Ave. A vitória do Benfica é justa porque foi a equipa que mais procurou a vitória e melhores oportunidades criou durante o jogo, mas a qualidade de jogo apresentada foi pouco mais do que serviços mínimos.


Não gostei da primeira parte. Um raciocínio que me pareceu pouco linear da parte do nosso treinador - 'tenho um jogador num óptimo momento de forma, é o melhor marcador do campeonato, vou afastá-lo da posição em que tem rendido mais e amarrá-lo ao flanco' ou 'tenho um lateral esquerdo no banco, mas vou adaptar o melhor trinco de que disponho neste momento a essa posição' - fez com que o nosso lado esquerdo fosse simplesmente inexistente durante todo esse tempo. A ausência do Gaitán já seria complicada, mas as opções tomadas não me convenceram nada. Do outro lado as coisas não foram muito melhores, já que o Salvio em particular cada vez mais insiste em jogar sozinho e perder bolas atrás de bolas em iniciativas individuais condenadas ao insucesso. No centro o Samaris continua a mostrar estar ainda demasiado perdido relativamente às funções que deve desempenhar em campo. Hoje por diversas vezes o Enzo surgiu numa posição mais recuada para pegar na bola e tentar organizar o jogo desde trás, mas mesmo jogando um pouco mais adiantado o grego pareceu-me claramente o jogador em menor rendimento durante os primeiros quarenta e cinco minutos, e a aposta óbvia para a substituição ao intervalo. Salvaram-se então, para mim, as iniciativas do Enzo e as movimentações do Jonas, a recuar para encontras espaços à frente da área adversária, mas na maior parte dos casos o Benfica foi demasiado confuso e lento a atacar, não sabendo tirar partido disso. Em termos de oportunidades, o Benfica da primeira parte ficou-se por dois remates perigosos do Lima, que obrigaram o Cássio a defesas apertadas, e um cabeceamento do Lisandro num canto que, dada a forma como ele apareceu solto no meio da área, merecia melhor direcção do que ir direito ao guarda-redes.


Na segunda parte, e após a esperada substituição que trouxe o Gaitán ao jogo, o Benfica melhorou um pouco, quanto mais não seja na velocidade que tentou imprimir às jogadas de ataque. O facto de termos conseguido começar a atacar pelos flancos, quer na esquerda pelo Gaitán, quer na direita onde o Salvio melhorou um pouco e de vez em quando se lembrou que tinha colegas com quem podia trocar a bola ajudou também. Foram quinze minutos durante os quais o Benfica pareceu estar bem mais perto de poder marcar do que tinha estado durante a maior parte do primeiro tempo, e acabou por ser recompensado pela inspiração do Talisca. Depois de receber a bola na zona preferencial dele, ou seja, no meio campo defensivo adversário e em posição frontal, progrediu uns passos e enviou um míssil teleguiado quase ao ângulo da baliza do Rio Ave, sem quaisquer possibilidades de defesa. Nos minutos que se seguiram ao golo, estranhamente, o Benfica pareceu ficar algo desnorteado, e houve uma sucessão de jogadas com perdas de bola na saída para o ataque, logo á entrada do meio campo adversário, que foram aproveitadas pelo Rio Ave para contra-atacar com algum perigo. E chegaram mesmo a introduzir a bola na nossa baliza, em mais um lance de contra-ataque que se iniciou num canto a nosso favor, mas o golo foi invalidado por fora de jogo (que a existir, pelo que vi no estádio deve ter sido mesmo por muito pouco). O jogo nesta fase andou um bocado 'partido', e foi particularmente irritante ver inúmeras jogadas em que o Benfica chegava a área e depois andava por ali a trocar a bola entre os seus jogadores sem que ninguém se decidisse a rematar. havia sempre mais um passe a fazer, mais um toque a dar, mais uma finta a tentar, e no final algum adversário cortava a bola. Sem um segundo golo ficámos sempre sujeitos a algum contratempo até final, que não esteve assim tão longe de acontecer, pois houve uma bola cabeceada que não passou nada longe do poste.


Para mim o melhor do Benfica foi o Enzo. Volto a dizer que não achei que tivéssemos feito um jogo de grande qualidade, mas para mim o Enzo foi dos que mais se evidenciaram, quer a distribuir jogo, quer a transportar a bola para o ataque e a tentar empurrar a equipa para a frente. Pelo que vi até agora, agrada-me bastante o Jonas. Tem um toque de bola de grande qualidade (e que diferença, por exemplo, quando vemos a bola fugir sempre uns bons dois metros sempre que o Lima a tenta controlar), mas o que mais gosto é da forma como se movimenta e recua em campo para fugir às marcações. Talvez desde o Saviola que não tínhamos um avançado com esta capacidade de movimentação. Talisca novamente decisivo, a jogar numa posição central. Não me parece ter características (sobretudo velocidade) para ser um flanqueador. Fiquei algo estupefacto com o anúncio por parte do speaker, no final do jogo, de que o Salvio tinha sido eleito o homem do jogo. Não sei quem faz estas eleições, mas para mim ele foi um dos piores. Melhorou um bocadinho na segunda parte, mas durante a primeira achei exagerado o número de perdas de bola e de más opções que tomou, pecando quase sempre por excesso de individualismo. Eu sou fã do Salvio e considero-o um dos nossos jogadores mais importantes, mas este excesso de individualismo não foi uma coisa só de hoje; tem-se notado e até agravado nos últimos jogos (no Mónaco provavelmente não ganhámos por causa disto).

O jogo não foi particularmente bom ou entusiasmante, mas ganhámo-lo e somámos os três pontos. Tendo em conta os últimos tempos e todo o ruído que se fez em redor da equipa depois da muito desejada primeira derrota no campeonato ter acontecido, já me dou por satisfeito com isto.

1 Comments:

At 11/01/2014 8:24 da tarde, Blogger joão carlos said...

O post é um fiel retrato daquilo que foi o jogo.


Concordo acho que neste jogo existiu um excesso de adaptações já o disse varias vezes que as mesmas são úteis, muito alias, mas devem ser sempre a excepção e nunca a regra e ontem com metade dos jogadores a jogarem em posições adaptadas começa a ser a regra e isso é mau para os jogadores e a equipa acaba por pagar com isso as adaptações que resultaram tiveram quase todas tempo, mais de meio ano, para serem trabalhadas e depois lançadas aquilo que vemos hoje é que os jogadores são lançados em posições que se sentem menos á vontade com pouco ou nenhum tempo de trabalho e isso tem custos quando se lançam vários nesta situação os custos são maiores e sobretudo existe a arrogância de que já se fez isso com outros e deu bons resultado isso só por si não vale nada já que os jogadores são diferentes e aquilo que os envolve também e boas experiencias passadas não são garantia que no futuro resultem.
Continuar a insistir num avançado que não produz é incompreensível jogo após jogo os resultados apresentados são ridículos neste jogo então alem de não fazer nada ainda atrapalhou os outros esta insistência em determinados jogadores até á exaustão sem que ninguém perceba porque e quando na equipa existe quem faça melhor outros que fazem no mínimo o mesmo mas que nem metade das oportunidades tem e outros que nem oportunidades tem, e pior não devem fazer, e quem sofre é a equipa que esta com péssimos índices de concretização.
Continua o longo lote de jogadores no estaleiro é verdade que algumas das lesões são traumáticas e que outros são jogadores que recorrentemente se lesionam mas mesmo descontando esses casos ficamos com um numero muito grande, demasiado, para aquilo que vemos acontecer em outros clubes da mesma dimensão e com tantos ou mais jogos que os nossos já o disse varias vezes que não sei de quem é a culpa, até pode ser de varias entidades no clube, mas que tem de ser resolvido o problema isso não existe duvida porque cada vez o problema se agrava.

 

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