Dignos
Derrota sem espinhas num jogo que cedo começou a dar para o torto. O Zenit é uma equipa forte, com bons jogadores (muitos deles que bem conhecemos) e como sempre, a este nível, os erros normalmente pagam-se caro. Mas para mim o mais importante que aconteceu esta noite passou-se durante os minutos finais do jogo e aqueles que se seguiram ao apito final do árbitro.
Com toda a lógica, o Benfica entrou em campo com o mesmo onze que goleou o Setúbal. O início de jogo, no entanto, dificilmente poderia ter sido pior, já que antes de se cumprirem cinco minutos ficámos em desvantagem no marcador. Tudo começou num mau passe do Jardel quando saíamos para o ataque e depois foi simplesmente uma questão de colocar a bola nas costas do Eliseu, que já estava naturalmente adiantado, deixando o Hulk isolado para uma finalização simples. O Zenit já tinha entrado no jogo de forma confiante, e com este golo via a tarefa ficar ainda mais facilitada. Apesar de uma ténue reacção ao golo, as coisas ficaram definitivamente pior para nós ainda antes de chegarmos aos vinte minutos, e novamente por consequência de erros: primeiro, mais um mau passe do Jardel numa saída para o ataque, que entregou a bola a um adversário no círculo central, e depois do passe feito para as costas da defesa o Artur teve uma 'arturada' (leia-se: uma daquelas saídas em que ele hesita e acaba por ficar a meio do caminho quando temos a nítida sensação que seria perfeitamente possível chegar primeiro à bola), acabando por derrubar o Danny quando ele estava isolado. Falta e consequente vermelho evidentes, o que forçou à substituição do Talisca pelo Paulo Lopes. Como se a perspectiva de jogar mais de setenta minutos reduzidos a dez não fosse já suficientemente má, sofremos o segundo golo logo a seguir. Não foi no livre marcado pelo Hulk, que desviou ligeiramente na barreira, mas foi no canto que se seguiu, no qual deixámos o Witsel entrar na zona do primeiro poste a cabecear para um golo que não festejou. O Paulo Lopes ainda defendeu, mas a bola já tinha ultrapassado a linha. Com a vantagem confortável no marcador e superioridade numérica em campo, o Zenit procurou adormecer ainda mais o ritmo de jogo, mantendo a bola em seu poder sem arriscar muito.
O maior elogio que posso fazer à nossa equipa na segunda parte é que pouco se notou a inferioridade numérica. Os nossos jogadores correram até à exaustão, e conseguiram que o jogo fosse muito repartido entre as duas equipas - de facto, até me parece que acabámos por ser melhores com dez do que tínhamos sido nos menos de vinte minutos que jogámos com onze. É verdade que o Zenit poderia ter ampliado a vantagem e teve oportunidades para o fazer, mas o Benfica também teve ocasiões para marcar, tantas ou mais do que o Zenit. Mas o guarda-redes russo esteve sempre em bom plano, e também nos faltou maior discernimento na altura de finalizar algumas jogadas. Não vi ainda nenhumas imagens do jogo, mas no estádio também me ficou a sensação que terá havido um penálti por assinalar sobre o Salvio, poucos minutos após o reinício do jogo, e que a ser marcado poderia ter mudado um pouco as coisas. Mas conforme referi no início, o mais importante acabou por acontecer nos minutos finais do jogo. O público benfiquista soube reconhecer o enorme esforço e empenho dos nossos jogadores perante uma situação tão adversa, e o jogo terminou debaixo de cânticos e aplausos, que se prolongaram muito para além do apito final. Não duvido que esta manifestação de apoio terá motivado os nossos jogadores, e foi uma bonita demonstração de que os adeptos estão com a equipa. Fomos derrotados em casa após mais de dois anos sem que tal acontecesse, mas os nossos jogadores conseguiram ser dignos perante um cenário muito adverso, e puderam sair de cabeça erguida.
Num jogo em que o brio e o empenho dos nossos jogadores foram o mais importante, não há grandes destaques individuais a fazer. Mas o Jardel fica ligado de forma negativa ao jogo, já que foram dois maus passes seus que estiveram na origem das duas jogadas decisivas do jogo. E pior ainda, continuou a insistir em passes de risco na defesa durante o resto do jogo. Parece-me que o Jardel serve perfeitamente para consumo interno, mas confesso que, face ao que conheço dele, continuo a estranhar a relutância do nosso treinador relativamente ao Lisandro Lopez. Mas eu não trabalho com os jogadores todos os dias.
A minha opinião sobre a Champions já é sobejamente conhecida, por isso não me vou alongar sobre o assunto. Digo apenas que é suficiente para que este resultado não me deixe particularmente zangado. O que eu espero sobretudo é que ele não tenha qualquer influência no estado de espírito da equipa, e que esta saiba utilizar o que se passou no final do jogo para colocar isto para trás das costas e motivar-se para o próximo jogo do campeonato. Para mim a prioridade e aquilo que determina se a época é de sucesso ou não será sempre a reconquista do título.
1 Comments:
Os erros do nosso defesa central são por mais evidentes e resultam de uma deficiência técnica que ele sempre demonstrou ter mas neste jogo foram muito forçadas pela falta de rotina do nosso médio defensivo raramente foi junto dos centrais para sair a jogar e quando o fazia colocava-se no lado esquerdo forçando assim o nosso central a sair a jogar e se existe jogador que não deve sair a jogar é ele, aqui não esta em causa a qualidade do nosso médio defensivo esta em causa o pouco tempo que ele tem na equipa e pior o facto de não ser um seis de raiz e portanto ainda demorar mais tempo que o habitual a adaptar-se à posição e a este nível paga-se caro facto de andarmos a rodar jogadores em competição.
Já venho a dizer à muito tempo que não temos ponta de lança o jogador que ai tem jogado não sabe jogar dentro da área das duas uma ou continuamos a jogar apenas com um avançado e então ele terá que ser outro ou então voltamos ao sistema com dois avançados puros e não com médios adaptados e depois já se percebeu que quem joga neste momento não marca nem que estivesse a um metro de baliza aberta e teimosamente insistir no jogador não é bom nem para a equipa nem para o jogador.
Não interessa se a competição é prioritária ou não mas temos que competir nela e no mínimo de forma condigna continuamos à seis anos para cá a jogar da mesma forma contra equipas que nos são equiparadas ou superiores da mesma forma como jogamos contra equipas em que somos claramente superiores pode ser muito bonito mas não resulta e depois basta um treinador conhecer minimamente como é a nossa forma de jogar para raramente um nunca lhe consigamos vencer e nem precisa que ele seja muito bom basta ser razoável, no fundo fazemos tudo igual ano após ano e esperamos que o resultado seja diferente só que nunca é.
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