segunda-feira, outubro 06, 2014

Enxurrada

Demorámos setenta e cinco minutos até conseguirmos furar a organização do Arouca (a dificuldade potenciada ainda por uma primeira parte jogada a um nível muito pouco aceitável da nossa parte), mas depois de conseguirmos marcar o primeiro golo tudo se tornou mais fácil, e a enxurrada de golos que se seguiu permitiu-nos acabar com uma goleada que nem espelha bem as dificuldades por que passámos neste jogo.


A nota de maior destaque no onze foi a ausência do Enzo. Jogou então o Derley de início, ficando o meio campo composto pelo Talisca e o Samaris. Na defesa, a já anunciada ausência do Jardel resultou na titularidade do Lisandro. A primeira parte foi muito complicada. Muito mérito do Arouca, que não veio estacionar o autocarro à frente da baliza, não fez antijogo, e soube manter-se muito bem organizado, ocupando bem os espaços todos, exercendo uma pressão muito forte sobre o portador da bola, e depois conseguindo sair rapidamente para o ataque sempre que a recuperava. O nosso meio campo revelou naturais dificuldades perante a superioridade numérica do adversário nessa zona, até porque o Talisca não está propriamente talhado para grande trabalho defensivo e o Samaris não podia estar em todo o lado ao mesmo tempo. Para complicar ainda mais as coisas, o Gaitán não estava nos seus dias, e sabemos bem que a sua criatividade é fundamental para inventar espaços e ultrapassar a organização defensiva dos adversários. As dificuldades do Benfica ficam bem expressas no facto de só bem depois dos vinte minutos termos conseguido fazer o primeiro remate do jogo (um remate disparatado do Gaitán) e ainda foi necessário esperar mais para vermos uma oportunidade de golo, num remate do Derley. O Arouca, pelo contrário, foi a equipa mais perigosa em campo durante a primeira parte, e bem podemos agradecer ao Artur o facto de não termos ido para o intervalo em desvantagem. Foram pelo menos três as defesas de grau de dificuldade elevado que lhe contei, e que ajudaram a manter o adversário em branco. Só nos minutos finais da primeira parte é que o Benfica finalmente conseguiu ameaçar um pouco mais e quase sempre através do Talisca, que rematava à baliza assim que tinha oportunidade. Mesmo sobre o final, o Lima lesionou-se e de ao Jonas a oportunidade de se estrear com a nossa camisola.


A segunda parte confirmou que o Gaitán de facto não deveria estar nas melhores condições, já que cedeu o seu lugar ao Ola John. Entrámos um pouco melhor para o segundo tempo e embora as dificuldades continuassem, pelo menos já se via a equipa acercar-se com mais perigo da baliza adversária, tendo mesmo enviado uma bola ao poste nos primeiros minutos, seguida de uma grande defesa à recarga do Jonas. A nossa equipa foi no entanto revelando um crescente nervosismo à medida que os minutos iam passando sem que o golo surgisse - para mim um nervosismo exagerado para o tempo que ainda havia para jogar. Quando nos aproximámos do meio da segunda parte o Arouca, tal como tinha acontecido com o Moreirense no último jogo em casa, começou a pagar a factura do grande desgaste físico que a pressão quase constante que tentaram exercer causou, e o espaço para jogar no meio campo começou a aumentar. Outro factor que na minha opinião acabou por ser decisivo foi a saída do Bruno Amaro. Durante todo o jogo ele ocupou a zona em frente à sua defesa e tinha como missão travar o Talisca de qualquer forma. Quando as pernas começaram a faltar, o recurso às faltas começou a ser cada vez mais frequente, até que o lagartão Hugo Miguel foi mesmo forçado a amarelá-lo para aí à sexta falta cometida. O Pedro Emanuel acabou por ser forçado a substituí-lo, porque se tornou evidente que acabaria por ser expulso - quando foi substituído já deveria mesmo estar na rua, mas o árbitro conseguiu não lhe dar o segundo amarelo depois de um flagrante e intencional corte com a mão. Coincidência ou não, minutos depois da sua saída (a quinze minutos do final) o Talisca arrancou pelo meio, tabelou com o Derley, e de pé direito fuzilou a baliza. A partir daí foi a derrocada do Arouca, que sofreu mais três golos em menos de um quarto de hora. Primeiro foi o Salvio que entrou pela direita e ofereceu ao Derley um mais que merecido golo, e depois foi o Ola John a fazer o mesmo por duas vezes pela esquerda, oferecendo o terceiro ao Salvio e o quarto ao estreante Jonas.


Os melhores jogadores do Benfica foram para mim o Talisca e o Derley. Não faço distinção entre ambos, porque foram igualmente importantes nesta vitória. O Talisca marcou o importante primeiro golo, que desatou o nó complicado em que o jogo se estava a tornar, mas mesmo durante a má primeira parte foi o mais rematador da equipa. O Derley merece a distinção pelo empenho que teve em todo o jogo. Fez a tabela com o Talisca no primeiro golo e marcou o segundo, mas acima de tudo gostei da atitude dele. Não é nenhum portento técnico, mas deu tudo o que tinha, lutou por cada bola que lhe chegou, e com ele o Benfica teve alguma capacidade para segurar a bola na frente. Muito importante também o Artur na primeira parte, em que foi o principal responsável por manter o resultado em branco. Gostei de ver o Samaris hoje, sobretudo quando se libertou da posição mais defensiva e avançou no terreno, já que parece sentir-se mais à vontade em zonas mais adiantadas. O Ola John, tal como contra o Moreirense, voltou a entrar bem e a ser decisivo. E para terminar, se calhar até é um bocado embirração minha com o Jardel, mas gostava mesmo que o Lisandro tivesse oportunidade para jogar mais alguns jogos a titular - mesmo tendo hoje cometido um erro na primeira parte.

O resultado pode ser algo injusto para o Arouca, que pelo que fez na Luz talvez não merecesse uma derrota tão pesada. Mas acabou por pagar a factura do enorme esforço que despendeu a tentar travar o jogo do Benfica, que teve o mérito de insistir até final sem sequer abrandar depois de alcançada a vantagem. Temos o ataque mais concretizador do campeonato, o Talisca, com quem os nossos adversários tanto gozaram na pré-época, é o melhor marcador e continua a resolver jogos, e mantemos os quatro pontos de vantagem sobre o nosso adversário. No final, é isso o que interessa.

1 Comments:

At 10/06/2014 7:44 da tarde, Blogger joão carlos said...

A analise com a qualidade que nos tens habituado.


Muitos dos problemas defensivos porque passamos na primeira parte derivam da dupla utilizada no meio campo e que neste momento para mim a sua utilização é incompatível não pela qualidade individual dos dois jogadores, a do nosso médio mais adiantado ficou patente neste jogo a do médio mais recuados adivinha-se e até como dizes sempre que se adiantou no terreno jogou melhor, mas porque devidos ás características de cada um fica um meio campo desequilibrado, quando jogamos com um médio que pela sua juventude, pelas suas características e pelo futebol donde é oriundo obrigatoriamente atrás dele tem que estar um jogador que domine a posição de trinco e que saiba fazer as compensações e não um jogador adaptado que ainda não consegue fazer o lugar e pelas mesmas razões o inverso também é verdade ontem arriscamos muito e tivemos alguma sorte em não ter sofrido golos por causa disso.
Outro dos problema é o nosso defesa esquerdo como já tinha dito esta a tornar-se um buracão e toda a gente já viu isso e disso se aproveita neste jogo eles tiveram durante o jogo oito jogadas em que causaram algum perigo, algumas até muito, uma pelo centro uma pela direita e seis pela esquerda e em todas elas o nosso defesa esquerdo a ver navios neste momento a analise que faço do nosso defesa esquerdo é que temos um melgaredo mais experiente com mais força mas com muito menos velocidade com a agravante de que melgarejo tinha alguma margem de progressão e o actual não tem nenhuma.
Neste jogo foi essencial a rotação que foi feita e terminamos o jogo com uma larga maioria de jogadores que não fizeram o jogo todo a meio da semana e isso foi uma das chaves para permitir na segunda parte um ritmo elevado que levou ao desgaste do adversário e permitiu que a equipa depois de alcançada a vantagem não recuasse e tentasse gerir o resultado mínimo pena é que estas mexidas não aconteçam por programação do treinador mas lhe sejam impostas pelas lesões e estas que voltaram a acontecer durante o jogo, alias como foram admitidas no final, resultaram porque se arrisca demais.

 

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