segunda-feira, janeiro 19, 2015

Bailinho

Será que dar quatro em casa de um Marítimo que tinha apenas uma derrota como visitado, somar mais um jogo sem sofrer golos e dar o bailinho que demos hoje na Madeira, tudo isto mesmo depois de termos ficado privados, por lesão, da genialidade do Gaitán ao fim de quinze minutos é suficiente? Suficiente para pelo menos atenuar um pouco o ladrar constante com que algumas cabecinhas ocas insistem em acompanhar a marcha desta equipa?


Nenhuma surpresa no onze inicial, onde se assinalam os regressos à titularidade do Salvio e do Luisão. A dupla Samaris/Talisca parece ser definitivamente a aposta para o meio campo pós-Enzo nesta fase, o que significa que apesar das boas indicações que vem deixando o Cristante ficou fora dos convocados. Sobre o jogo, resume-se praticamente a dizer que foi uma superioridade inconstestável do Benfica em toda a linha. Foi disputado intensamente, com as duas equipas a lutarem arduamente pela bola, mas durante a primeira parte não consigo recordar-me de uma única oportunidade do Marítimo, ou que pelo menos tivessem obrigado o Júlio César a esforçar-se um bocadinho. Aos quinze minutos de jogo ficámos sem o Gaitán, que esticou demasiado para recuperar uma bola e teve um problema muscular. Mas praticamente nem deu tempo para ficarmos preocupados, porque para o seu lugar entrou o Ola John, que três minutos depois já fazia o passe para o primeiro golo do jogo. Foi um passe bastante longo  e por alto para as costas da defesa do Marítimo, onde o Salvio ganhou posição a um defesa, controlou a bola e rematou para o fundo da baliza. Reacção do Marítimo ao golo não houve, porque o Benfica não deixou. O Marítimo foi uma equipa completamente controlada e manietada, que nem no meio campo conseguiu tirar algum partido de uma suposta superioridade numérica, uma vez que o Jonas é até mais do que um 'nove e meio' - quando a equipa não tem bola ele transforma-se praticamente em mais um médio. Até ao intervalo o nosso segundo golo foi sempre uma possibilidade bem mais real do que qualquer regresso do Marítimo à disputa do resultado.
 

Marítimo que regressou para a segunda parte parecendo querer pressionar o Benfica à procura do empate. Animaram-se os comentadores do jogo, mas durou pouco porque ao fim de oito minutos o Ola John acabou com a animação. A passe do Talisca, esperou pela saída do guarda-redes e picou-lhe a bola por cima para o segundo golo. E só para não haver dúvidas, cinco minutos depois o Salvio marcou mais um, com um remate cruzado desferido sobre a direita, a passe do Jonas. A resposta do Marítimo foi a única ocasião digna desse nome que teve durante os noventa minutos: um grande remate de fora da área da parte do Danilo, que levava a bola mesmo para o cantinho da baliza. Mas o Júlio César lá conseguiu ignorar a artrite e as dores nas costas e, com um golpe de rins, ainda conseguiu tocar ligeiramente na bola, o suficiente para que ela embatesse no ferro da baliza em vez de entrar. Mas essa situação foi uma excepção. Se o jogo já estava e sempre esteve completamente controlado até aí, com três golos de vantagem no marcado o Benfica entrou numa fase de quase festival, em que fazia a bola circular de pé para pé dos jogadores com o Marítimo a ver ou a correr atrás dela. Exemplo disso é a jogada do quarto golo, que começou num pontapé de baliza do Júlio César e viu a bola passar quase sempre ao primeiro toque entre o Jonas e o Salvio, para que este, mesmo em boa posição para marcar, oferecesse um golo fácil ao Lima. Tudo isto com o Marítimo a não poder fazer mais do que simplesmente ver jogar. Três golos em pouco mais de dez minutos, jogo decidido. Havia mais quase meia hora para jogar até final, mas esse tempo foi passado com o Benfica simplesmente a gerir, sem forçar sequer muito à procura de mais golos. De realçar apenas a expulsão que o Talisca parece ter forçado, sobre o final do jogo, que assim falha o próximo jogo da Taça da Liga em vez do jogo em Paços de Ferreira para a liga.
 

O Salvio marcou dois golos e ofereceu mais um, e é obviamente o homem do jogo. Apesar de ter ainda o braço engessado, em boa hora se prontificou para regressar o mais depressa possível. É uma das jóias do nosso plantel, e imagino que seja um dos próximos alvos das novelas da nossa imprensa desportiva. Mas hoje podemos destacar muitos outros jogadores. O Ola John, que entrou bem no jogo e foi decisivo, com a assistência para o primeiro golo e marcando o segundo. O Jonas, que como já disse noutras ocasiões parece ser incapaz de fazer o que quer que seja mal feito. Tem um toque de bola sublime, e sabe jogar como poucos nos espaços entre as linhas adversárias. O Maxi, que faz aquela ala direita quase de olhos fechados com o Salvio, e que vem mostrando jogo após jogo que é um jogador que temos todo o interesse em não deixar sair no final do contrato. E, porque é inteiramente merecido, o Luisão. Quatrocentos e quarenta jogos oficiais pelo Benfica não é para todos. O Luisão já ganhou o direito ao seu lugar na história do Benfica, e ao fim de todos estes jogos a sua presença no onze é talvez mais importante que nunca, como foi possível voltar a comprovar hoje.

Imagino que a frustração de algumas criaturas deva ser ainda maior agora, depois de meses a esfregar as mãos à espera da saída do Enzo, e quando se pensava que 'agora é que é' a resposta da equipa tem sido o que temos visto. Não vou dizer que somos a equipa que está a jogar melhor futebol, porque isso é um 'título' que pertence, e há muitos, muitos anos, exclusivamente aos delirantes do Lumiar. Não vou dizer que temos algum melhor jogador do campeonato, porque esse título apenas pode ser atribuído com justiça a qualquer jogador que não jogue no Benfica. Melhor treinador? Bem, acho que até uma série de benfiquistas me quereriam bater se eu afirmasse isso. Nem vou dizer que somos os mais fortes candidatos ao título, porque todos sabemos que esse já está entregue desde Julho passado a outra equipa. Fico-me portanto por dizer que me vou dando por bastante satisfeito com o que temos. Agora é altura de pensar no jogo da próxima quarta, no qual eu espero que não haja demasiadas poupanças. O Moreirense tem uma boa equipa, e precisamos pelo menos de um empate.

1 Comments:

At 1/19/2015 8:00 da tarde, Blogger joão carlos said...

A crónica mais uma vez é o espelho daquilo que foi o jogo.


Embora a decisão em que vai ocupar a posição de médio centro esteja tomada, e pelo que vimos neste jogo não ira mudar pelo menos até algum dos dois lesionados de longa duração recuperem, mas ela levanta preocupações sobretudo ao nível defensivo onde falta ainda muita pressão e onde a agressividade é ainda muito mal doseada, como vimos neste jogo onde se arriscou muito, e onde muitas vezes a espaços se passa ao lado do jogo e o problema não é tanto se pode resultar ou não até porque ofensivamente o que já temos é bom como se viu no segundo golo e onde os sempre perigosos remates de meia distancia são sempre uma ameaça que obriga a que os adversários não possam juntar duas linhas defensivas e permitam um espaço entre linhas que somos exímios a explorar mas mais porque estamos a faze-lo em competição e sem nenhum tempo para a evolução como aconteceu com outras adaptações no passado.
A grande vantagem que este guarda-redes nos tem trazido até agora nem tem sido as grandes defesas, e ainda assim tem sido algumas, porque isso todos os guarda redes as fazem até os mais medianos mas sim o seu jogo de pés a tremedeira quando se atrasa a gola ao guarda redes acabou e com ela as perdas de bolas o quebrar o ritmo do nosso jogo e sobretudo o aproximar do nosso adversário junto da nossa área e o aumento da probabilidade de eles criarem perigo e sobretudo acreditarem que o podem fazer essa tem sido a sua mais valia.
Segundo jogo consecutivo em que somos obrigado a uma substituição forçada esta época já nem tem conta o números de vezes que tal aconteceu e se somar-mos a época passada então os números são de arrepelar os cabelos e mais uma vez uma lesão muscular estas também incontáveis este ano e o ano passado assim não existe equipa nem plantel que aguente e se somarmos estas demasiadas, e hoje muito previsíveis e evitáveis lesões, ao numero de jogadores que temos no plantel que são muito atreitos a se lesionarem com muita frequência, e que parece que não satisfeitos vamos contratar mais um, tornam a situação numa potencial catástrofe e não vale a penar lamentar a situação temos é que procurar resolver esta situação que ao invés parece cada vez piorar mais.

 

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