Paciência
Ganhou a única equipa que jogou para ganhar, num jogo de sentido praticamente único no qual o Benfica teve que ter paciência para conseguir ultrapassar o autocarro do Belenenses. O adversário mostrou boa organização defensiva, mas é evidente que se torna uma equipa mais fraca no ataque não podendo contar com o Miguel Rosa e o Deyverson, que mais uma vez não puderam jogar contra nós.
Não foi preciso passar muito tempo para percebermos o que é que o Belenenses vinha fazer à Luz. Onze jogadores constantemente a defender atrás da linha da bola, a tapar todos os caminhos para a baliza, e tímidas tentativas de saída para o ataque quando conseguiam alguma recuperação. Mas houve mérito na forma como o Belenenses defendeu, pois não se limitou simplesmente a acantonar jogadores à frente da baliza. Defendeu de forma organizada, sendo evidente que têm uma equipa bem orientada na qual os jogadores sabem bem o que têm que fazer dentro do campo - houve bastante entreajuda entre todos, de forma a que aparecesse sempre alguém para dobrar um colega que fosse ultrapassado ou ganhar uma segunda bola. Se houve mérito do Belenenses, houve também algum demérito do Benfica na forma como jogou na primeira parte. Acima de tudo, pareceu-me que houve alguma lentidão nas transições para o ataque. Se temos pela frente uma equipa a defender da forma como descrevi, então nas raras ocasiões em que eles saem para o ataque devemos conseguir fazer a bola chegar à frente o mais rapidamente possível assim que a recuperamos, mas não foi isso que aconteceu. Na maior parte dos casos o tempo que demorámos a sair significava que na altura em que chegávamos ao ataque já tínhamos novamente a fortaleza defensiva do Belenenses toda armada e organizada. Para além da pouca velocidade, outro dos problemas do Benfica foi algo que já se viu noutros jogos recentes, ou seja, a falta de presença dentro da área adversária. Os jogadores mais avançados, Talisca e Jonas, não jogam de forma muito fixa na frente e por isso em mais de uma ocasião os nossos jogadores ganharam a linha de fundo e acabaram por não cruzar a bola por não terem ninguém dentro da área. Foram por isso muito poucas as ocasiões de perigo que conseguimos criar: um remate do Talisca que desviou num defesa e obrigou o guarda-redes a uma intervenção mais apertada, um remate do Gaitán com o pé direito que passou ao lado e um cabeceamento do Luisão depois de um lançamento lateral que fez a bola passar muito perto do poste. O Belenenses respondeu com um cabeceamento que exigiu algum trabalho ao Júlio César.
Ao intervalo o Benfica fez uma substituição mais ou menos óbvia, retirando o apagado Talisca para fazer entrar um avançado - Lima. Viu-se desde o recomeço um Benfica mais agressivo que remeteu o Belenenses ainda mais para junto da sua baliza. No ar havia apenas a expectativa de se saber por quanto tempo mais o nosso adversário conseguiria manter a organização defensiva e segurar o nulo, já que outro objectivo não parecia ter neste jogo. a dificuldade, como tantas vezes acontece nestes jogos, seria marcar o primeiro golo, e a partir daí certamente que tudo se tornaria muito mais fácil. Este surgiu quando estávamos quase a completar vinte minutos da segunda parte, na sequência de um pontapé de canto. O Gaitán marcou-o na esquerda, o Jardel ganhou de cabeça junto da marca de penálti e a bola foi ter com o Jonas perto do segundo poste, que apenas conseguiu cabeceá-la por instinto para perto do outro poste, onde o Lima cabeceou para o golo quase sobre a linha. Depois do golo aconteceu o que se previa e a defesa do Belenenses desmoronou-se, permitindo ao Benfica ocasiões de golo suficientes para construir uma goleada. Cinco minutos depois do primeiro surgiu o segundo golo, da autoria do Enzo na conversão de um penálti cometido sobre ele próprio. E a sete minutos do final, já depois do Luisão ter feito a bola roçar a trave e do Salvio ter falhado na cara do guarda-redes, o golo mais bonito do jogo. Iniciativa individual do Gaitán, que começou no círculo central, foi deixando adversários pelo caminho, entrou na área descaído para a esquerda e centrou com perfeição para uma cabeçada fácil do Salvio ao segundo poste. Final tranquilo de jogo, que permitiu ao Benfica retirar o Enzo e o Maxi de campo de forma a evitar que um possível amarelo os retirasse do próximo jogo no Porto.
Melhores no Benfica, para mim, Enzo, Luisão e Gaitán. Achei também que se voltou a notar alguma evolução na adaptação do Samaris à posição de médio mais recuado, na sequência do que já tinha mostrado em Coimbra na última jornada. O Jonas é um jogador que raramente faz alguma coisa errada, e que provavelmente brilharia muito se jogasse nas costas de um avançado mais fixo. O Talisca voltou a ter uma actuação apagada, sendo acertada a sua saída ao intervalo.
Acabou por ser uma vitória relativamente tranquila da nossa equipa antes de um ciclo de dois jogos importantes, frente ao Porto e ao Braga (o jogo da Champions é apenas para cumprir calendário, e acredito que o Benfica vá apresentar uma equipa com bastantes jogadores que habitualmente não são titulares). Sobre o Miguel Rosa e o Deyverson, acho que seria positivo que de uma vez por todas fosse clarificado qual é o acordo que foi feito aquando da cedência
destes dois jogadores ao Belenenses, em vez de termos que andar sempre a
gramar constantemente com novelas 'joga ou não joga' até à última -
obviamente aproveitadas por idiotas que quando os jogadores estavam no
Benfica diziam que não valiam nada, mas que agora querem vender a ideia
que com esses dois jogadores esta noite teriam sido favas contadas para o Belém.
1 Comments:
A análise ao jogo está muito fiel aquilo que se passou em campo.
A grande discordância que tenho com este treinador é o facto de jogarmos sempre da mesma forma independentemente do adversário, confirmado com aquilo que ele disse antes deste jogo, e que ficou confirmado na forma como escalamos a mesma equipa do jogo anterior e isto é completamente diferente da equipa ter uma identidade própria e não a perder independentemente de com quem jogue, e isso felizmente tem e ai o treinador tem mérito em manter essa identidade, agora como se viu por este dois jogos que jogar fora ou em casa não se pode faze-lo da mesma forma porque não só os adversários são diferentes, mas mesmo que não o fossem, como sobretudo jogam de maneira diferente seja no seu estádio ou no nosso e isso resultou no equivoco alias previsível para muitos de nós que acabou por de alguma forma ser reparado ao intervalo.
Continuamos a ter falta de presença na área temos muitos avançados no plantel, até demasiados, mas quase todos com o mesmo tipo de jogo, embora com característica e qualidades muito diferentes, quase todos sem presença na área apenas um deles tem presença na área mas tem sido uma aposta intermitente, e talvez por isso, mas com poucos golos mesmo assim por ser caso único que até tem demonstrado mais utilidade que outros mais utilizados deveria jogar sempre, ou quase sempre, nos jogos em casa sobretudo contra este tipo de equipas.
Mais uma vez ficou comprovado a importância das bolas paradas no desbloqueio de jogos como este em que por um lado o adversário só tem um objectivo o não sofrer golos e por outro as coisas não nos estejam a correr bem e o jogo não esteja fluir e não só isso aconteceu como tal aconteceu de um canto coisa que poucas vezes aconteceu este ano, pese embora as quantidades industriais de cantos que temos por jogo, que seja para continuar e que os índices de aproveitamento de cantos aumentem consideravelmente.
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