Controlo
Uma boa entrada que valeu um golo madrugador e um jogo em que o controlo do Benfica existiu praticamente do primeiro ao último minuto resultaram numa vitória aparentemente fácil frente a um adversário quase inofensivo, e que nos permite manter a liderança.
Digno de realce no onze do Benfica só mesmo a relegação do Lima para o banco, o que nem é uma surpresa dada a forma pavorosa que atravessa nos últimos tempos. Como homem mais avançado jogou então o Jonas, contando com o apoio do Talisca. Desta vez assistimos a uma boa entrada do Benfica no jogo, sob a batuta inspirada do Enzo e do Gaitán, que construíram o lance do primeiro golo logo aos sete minutos. O passe foi do Enzo para as costas da defesa, e depois a arte e a classe do Gaitán fizeram o resto: um toque com a ponta do pé para controlar a bola, outro toque com a coxa para evitar o guarda-redes, e um terceiro toque com a parte exterior do pé para o golo. Com o mais difícil já feito, o Benfica continuou dono e senhor do jogo, com o perigo a surgir quase sempre que a bola chegava aos pés do Gaitán, que em arrancadas sucessivas para a área parecia estar imparável. Podíamos e devíamos ter dilatado a vantagem mais cedo, e ocasiões para isso não faltaram. Mencionando apenas as mais flagrantes, o Jonas cabeceou a bola à trave após um centro do Gaitán (sempre ele), e o Enzo, depois de trabalhar bem no interior da área, rematou colocado e fez a bola passar muito perto do ângulo da baliza. Num jogo em que achei que o Samaris pareceu um pouco mais ambientado (apesar da gritaria constante que se ouviu da parte do Jesus, quase sempre dirigida a ele), o Benfica impôs-se sempre na zona do meio campo e a Académica quase só conseguia chegar à nossa área através de livres despejados de bastante longe lá para dentro. Já no período de compensação da primeira parte, foi precisamente a partir de um livre que o Benfica chegou ao merecido segundo golo. O livre foi apontado na esquerda pelo Enzo e o Luisão, dentro da área mas ainda bem longe da baliza, aproveitou a saída disparatada do guarda-redes adversário para cabecear para a baliza deserta - no entanto, no momento em que o livre foi marcado, o Luisão estava em posição irregular.
Sobre a segunda parte, torna-se difícil escrever o que quer que seja. O Benfica baixou claramente o ritmo, e fez a sua preocupação principal gerir o resultado e a posse de bola, o que conseguiu sem grandes sobressaltos - pese a tentativa de reacção da Académica, que se revelou no entanto completamente infrutífera. Nem sei se o Júlio César terá sido obrigado a alguma defesa minimamente apertada. No que diz respeito a futebol jogado, o segundo tempo foi geralmente pobre e com muito pouco interesse. A partir da altura em que o Talisca cedeu o lugar ao Ola John e o Gaitán ocupou uma posição mais central ainda vimos algumas jogadas que quebraram um pouco a monotonia reinante, mas a ideia com que fiquei foi mesmo que ou o resultado se arrastaria exactamente como estava até final, ou então seria o Benfica a ampliar a vantagem sem no entanto despender demasiados esforços para isso. E durante o último quarto de hora o recém-entrado Derley, que rendeu o Jonas, teve duas boas ocasiões para o fazer, mas foi pouco expedito no remate e desperdiçou-as. Digno de realce até final apenas a carga policial sobre alguns adeptos que fez com que saíssem das bancadas para a pista e levou à interrupção do jogo durante alguns minutos (confesso que não sei qual foi o motivo para a intervenção policial, se é que houve motivo) e ainda o vermelho directo ao Marinho já em período de descontos, depois de uma entrada muito feia de sola no tornozelo do Samaris, e que poderia ter tido consequências graves.
Sem qualquer dúvida o Gaitán foi o melhor jogador em campo esta noite. Marcou um golo bonito, no qual exibiu toda a sua classe, e foi sempre o jogador de cujos pés mais jogadas de perigo surgiram. Gostei também da exibição do Enzo, que parece estar a atravessar um bom momento de forma. Confesso que nunca consegui compreender as acusações que por vezes ouço de alguns benfiquistas quanto a uma eventual falta de empenho da sua parte, associando-a a algum amuo que tenha surgido por não ter ido para o Valência. Para mim o Enzo é simplesmente um jogador que não sabe jogar mal. Talvez o início de época dele não tenha sido fulgurante, mas ele esteve no Mundial até à final e portanto começou a época com a preparação atrasada em relação aos restantes colegas (as dificuldades físicas que sentia nesse período eram visíveis). E junte-se a isso a falta de um colega rotinado à posição de médio defensivo, que o obriga a trabalho reforçado no meio campo. Se houve jogos que lhe correram menos bem certamente nunca foi por falta de empenho. O Talisca teve mais um jogo algo apagado, e o Salvio tem mesmo que agarrar-se menos à bola, porque o que tem feito ultimamente começa a ser um exagero.
Foi muito positivo vencer este jogo, porque isto ajuda a matar à nascença qualquer tipo de crise que tentem colar-nos depois da infeliz derrota na Rússia e consequente eliminação europeia. Foi, conforme escrevi na altura, uma desilusão grande, mas julgo que não temos motivos para nos queixarmos muito da prestação da nossa equipa na Liga. Compreendo que os nossos adversários tenham muito interesse em arrastar a onda negativa europeia para as competições internas, mas parece-me escusado que nós benfiquistas queiramos ajudá-los a conseguir esse intento.
1 Comments:
Mais um post muito bem conseguido da tua parte.
No que se refere ao nosso médio centro concordo plenamente com a tua opinião sempre foi uma questão de estar ou não em forma e não uma questão de empenho e basta as pessoas pensarem um bocado teve um mundial desgastante, porque até ao fim, menos ferias não teve pré época, alias chegou e pouco treinou, o primeiro jogo que fez foi logo um oficial e com prolongamento ainda por cima por isso lesionou-se no jogo a seguir e tudo isto tem custo, para alem de que as pessoas já nem se lembrarem mas o ano passado ele também teve muito abaixo do normal nos primeiros jogos, alem que a conversa do não joga bem porque queria sair já vem desde o tempo do valdo quando foi gorada a transferência para a fiorentina já o ano passado foi a mesma historia com o matic e o garay e pelo menos durante a época já ninguém se lembrou que estava contrariado.
Continuo sem perceber porque razão continuamos ineficazes na marcação de cantos vemos a equipa a marcar golos de livres e mesmo quando não marcamos bastas as vezes criamos perigo o mesmo se passa até com os lançamentos laterais longos em ambos os casos até com jogadas estudadas o que indicia que se trabalha muito isso mas depois a marcação dos cantos invariavelmente é um deserto completo é que nem perigo criamos mais uma vez tivemos uma quantidade descomunal de cantos e nem por uma única vez sequer criamos perigo e isto é uma situação que já se arrasta à mais de uma época e com tendência cada vez a piorar o que indica que ninguém parece estar preocupado com esta ineficácia.
Se é verdade que como bem o dizes vamos vendo melhorias na adaptação que esta a ser feita para a posição de médio defensivo não é menos verdade que as melhorias são muito ténues e que por este andar só no final da época se tanto é que vamos ver alguma coisa de jeito e continuamos sem alternativa e o dono do lugar corre sempre o risco, por ter tido paragem longa, de ter outras lesões o que atrasara a sua integração em pleno e isto é um dos grandes factores para que a equipa esteja a demorar ainda mais a produzir o futebol que nos habituou em anos anteriores.
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