quinta-feira, janeiro 22, 2015

Máquina

Bastava o empate para seguirmos para as meias-finais da Taça da Liga, mas mesmo trocando diversos jogadores a nossa equipa não mudou o registo que tinha apresentado na Madeira e, com mais uma exibição altamente competente, venceu o Moreirense e fez o pleno nos jogos do seu grupo. O que mais me impressionou neste jogo foi a forma como, mesmo trocando diversos jogadores, o Benfica conseguiu controlar de forma tão absoluta o jogo e o adversário, a exemplo do que fizemos contra o Marítimo. Assim que pegámos no jogo nunca mais o largámos, e a partir daí não consigo recordar-me sequer de uma jogada de perigo da parte do Moreirense.


Os repetentes do onze titular na Madeira foram três defesas - Luisão, Jardel e Eliseu - mais o Jonas na frente de ataque. Depois foram novidades: Artur na baliza, André Almeida na direita da defesa, Cristante e Pizzi no meio campo, Ola John e Sulejmani nas alas, e Pizzi como homem mais avançado. O Moreirense teve uma boa entrada no jogo, bastante semelhante ao que tinha mostrado em nossa casa no jogo do campeonato, com uma pressão bastante agressiva logo na saída de bola do Benfica. Durante os primeiros quinze minutos esteve melhor no jogo e construiu uma ocasião em que fez um remate cruzado com algum perigo, mas o Artur respondeu bem. Depois disso o Benfica começou a assentar o seu jogo e a fazer a bola circular e nunca mais o Moreirense regressou ao jogo. Não foi possível continuar a pressionar quando a circulação de bola era feita de forma tão coordenada, com todos os jogadores a ocupar correctamente os espaços e a saber exactamente o que fazer dentro de campo. A estatística da posse de bola depressa se desequilibrou completamente para o nosso lado, até porque quando o Moreirense recuperava a bola não conseguia construir nada e perdia-a quase sobre a linha do meio campo. Mesmo tendo passado a estar completamente por cima no jogo, o Benfica parecia mais preocupado em controlá-lo do que em atacar desenfreadamente a baliza adversária, como se estivesse confiante que mais cedo ou mais tarde o golo acabaria por aparecer. Ensaiámos várias jogadas em tabelas pelo centro, tirando sobretudo partido das movimentações do Jonas na zona frontal à área adversária, e a ameaça mais séria surgiu dos pés do brasileiro, num remate que passou perto do poste. Houve mais uma ocasião em que foi o Jonas a atrapalhar uma boa combinação entre o Eliseu e o Derley, na qual o nosso lateral esquerdo ficaria em muito boa posição para marcar.


O controlo do Benfica manteve-se na segunda parte, e acentuou-se ainda mais quando ainda na fase inicial trocámos o jogador que me parecia estar com menor rendimento (Sulejmani) pelo Samaris, passando o Pizzi para a direita. Faltava apenas um golo que desatasse o nó e que seria certamente decisivo, pois o Moreirense não mostrava ser capaz de reentrar no jogo. O Benfica já vinha a ameaçar muito mais a baliza adversária desde o reinício, e esteve perto de marcar num remate do Jonas defendido com dificuldade pelo guarda-redes, ou num cabeceamento do Luisão, que surgiu completamente solto na área mas cabeceou sem direcção. O golo acabou por surgir com vinte minutos decorridos. O inevitável Jonas recebeu a bola à entrada da área, entregou-a ao Derley já dentro da área, e este deixou-a novamente para o Jonas, que marcou num remate em arco muito bem colocado para o poste mais distante. O golo fez a equipa do Moreirense desmoronar-se completamente, ainda por cima quando um segundo golo se seguiu apenas quatro minutos depois. Mérito do Derley, que aproveitou uma má intervenção de um defesa para controlar a bola e fugir em direcção à baliza, para depois desviar a bola do guarda-redes quando já estava pressionado. Com o jogo e o apuramento mais do que resolvidos, tempo para a entrada do Gonçalo Guedes no jogo, que ainda veio trazer alguma animação. O resultado ficou nos dois golos de diferença, mas poderia ser bem mais dilatado porque o guarda-redes Marafona defendeu dois golos quase certos, um que seria um autogolo, e outro num remate à queima-roupa do Derley após um canto. E perto do fim assistimos a um dos falhanços da época, no qual o Pizzi, completamente sozinho no interior da área depois de servido pelo Gonçalo Guedes, conseguiu acertar num defesa sobre a linha de golo quando nem sequer havia guarda-redes na baliza.


O Jonas mais uma vez espalhou a sua classe em campo. Acho que por vezes bastar-lhe-ia tocar na bola meia dúzia de vezes durante um jogo para fazer a diferença. Mas foi decisivo hoje, marcando o golo que desfez o nulo e lançou o Benfica para a meia-final. A forma como se movimenta em campo naquele espaço junto à área, como vem atrás buscar jogo e solicita os colegas é um espectáculo à parte. Um jogador destes a custo zero é sem dúvida uma das melhores contratações que eu já vi o Benfica fazer. O Ola John deu seguimento ao jogo na Madeira com mais uma exibição positiva, sobretudo quando actua sobre o lado esquerdo. Parece estar mais confiante (até já ganha algumas bolas divididas) e colabora mais nas tarefas defensivas. O Derley tem um estilo algo trapalhão, mas é um avançado muito lutador e hoje fez por merecer o golo que marcou (e o Marafona ficou a dever-lhe mais um). Mas volto a repetir que o maior destaque tem que ser para a equipa num todo, e para a forma altamente competente como abordou este jogo, a exemplo dos últimos. Mérito total para o nosso treinador pelo trabalho que tem sido feito.

Mais uma vitória, mais um jogo sem sofrer golos e num grupo com três adversários da primeira liga conseguimos terminar apenas com vitórias e nem um golo sofrido. Os jogadores parecem transpirar confiança e o mesmo espírito de união que na época passada resultou em tantas alegrias. Tal como nos últimos jogos, não fomos apenas melhores do que o adversário, fomos muito melhores. Olhando para o que fizemos neles, fico com a ideia que a nossa equipa é neste momento uma máquina muito bem oleada, na qual podemos ir trocando peças sem que o seu desempenho sofra. Que possamos continuar neste registo na próxima segunda-feira.

1 Comments:

At 1/22/2015 7:53 da tarde, Blogger joão carlos said...

Um post mais uma vez muito bem conseguido.


Desta vez o treinador esteve muito bem na rotação da equipa mexendo bastante mas evitando o terramoto de saem onze entram onze que costuma acontecer nesta competição até porque este ano vamos ter muito menos jogos que em anos anteriores não sendo por isso tão necessário tanta rotação apenas não sobrecarregar quem neste momento já leva mais jogos que foi o que foi, e muito bem, feito.
Com a segunda alteração ficou mais uma vez demonstrado que não é por ter no meio campo um jogador mais ofensivo que a equipa ataca mais, ou melhor, e que consiga traduzir esse ataque em perigo com um jogador mais defensivo mas que com isso permita dominar completamente o meio campo e com isso lançar a equipa mais para a frente e sobretudo com mais perigo para isso basta ver quantas vezes criamos perigo antes dessa alteração e quantas criamos depois pena é que isso só aconteça quando somos forçados a isso e não por uma estratégia delineada pelo treinador, ainda assim tem o mérito de ter optado por essa substituição em vez de uma troca por troca, e também não é estranho a isso o jogador que entrou actuar na posição que sempre conheceu em vez de uma que não é a sua.
Parece que tivemos mais uma lesão muscular e a confirmar-se num jogador que passa mais tempo lesionado que disponível e com tantos jogadores que temos com essas características, e que tanta falta nos tem feito, não estamos ainda contentes com a situação e perfila-se a contratação não de um mas de dois jogadores não só com um historial de lesões, eles que ainda são tão jovens, como de lesões graves pelos vistos não queremos construir planteis de jogadores mas sim um sanatório de jogadores.

 

Enviar um comentário

<< Home