terça-feira, janeiro 12, 2016

Resposta

Depois de uma goleada a uma equipa da Madeira, fomos à ilha golear outra equipa num jogo disputado em dois episódios, devido à habitual aparição do nevoeiro na Choupana. Regressamos de lá com mais três pontos, a satisfação do dever cumprido com distinção, e a moral em alta.


Foi com o mesmo onze que tinha goleado o Marítimo que entrámos em campo. Sobre os sete minutos e meio disputados ontem pouco há a dizer, dado que eu pelo menos nem sequer consegui ver o que quer que fosse no meio das brumas. Mas hoje o mote foi dado logo na primeira jogada após o reatamento: canto para o Nacional, bola recuperada e rapidamente a equipa saiu para o ataque (sim, fizemos uma transição rápida) e deixou o Carcela na cara do guarda-redes, mas infelizmente a finalização não foi a melhor. Insistindo sobretudo pelo lado esquerdo, o Benfica entrava quase como queria pela defesa do Nacional, faltando apenas mais acerto na finalização para dar expressão à superioridade do Benfica no jogo. Esta fase inicial deu mesmo para ficar preocupado com a má finalização dos nossos jogadores, já que normalmente não se têm tantas ocasiões tão claras para marcar num jogo, e portanto o desperdício poderia sair caro. Especialmente quando até o Jonas, depois de uma jogada do Renato Sanches (mais uma vez pela esquerda) e centro, atirou por cima quando estava a pouco mais de um metro da linha de golo. Mas rapidamente o Jonas se redimiu do falhanço, pois mais uma investida pela esquerda culminou num centro perfeito do Carcela para um cabeceamento colocado, sem sequer ser necessário tirar os pés do chão. A resposta do Nacional foi dada apenas por um remate perigoso de fora da área, no qual o Júlio César mostrou estar atento, mas o Benfica continuou a mandar no jogo quase como queria, forçando mesmo o treinador do Nacional a fazer logo uma alteração ainda na primeira parte, para tentar reforçar o meio campo. Quando soou o apito para o intervalo a vantagem de apenas um golo para o Benfica já era curta para a superioridade por nós demonstrada.


Mais injusto se tornou o resultado logo aos cinco minutos após o intervalo, pois o Nacional chegou ao empate num lance que só se pode classificar de anedótico no qual os nossos centrais ficaram muito mal, pois foram muito pouco expeditos a aliviar a bola da área, andaram para ali a embrulhar-se com ela, e um adversário acabou por conseguir um remate enrolado que ainda foi desviado pelo pé do Júlio César, levando a bola a rolar muito devagarinho até ultrapassar a linha de golo. Mas o Benfica não abanou nada com o golo, e até respondeu logo no minuto seguinte com um golo do Jiménez, anulado por fora-de-jogo milimétrico. Mas sete minutos depois do empate o Benfica voltou à vantagem num golo lindo pela sua simplicidade. Três toques bastaram para colocar a bola no fundo da baliza do Nacional: lançamento de linha lateral executado pelo Eliseu, bola colocada directamente para o desmarcado Jiménez sobre a linha de fundo, cruzamento de primeira e remate também de primeira do Jonas, de pé esquerdo, a colocar a bola bem junto da base do poste sem qualquer possibilidade de defesa. E mais cinco minutos decorridos acabámos com quaisquer dúvidas, quando o Jonas completou o hat trick. Um daqueles cruzamentos longos que o André Almeida costumava tentar cinquenta vezes por jogo (verdade seja dita que, felizmente, tem vindo a abandonar esse hábito) saiu perfeitinho para a cabeçada do Jonas, mais uma vez a fazer a bola entrar bem juntinho do poste e sem possibilidades de defesa para o guarda-redes. A patir daqui as maiores expectativas passaram a ser ver se o nevoeiro não voltava a estragar tudo (e ameaçou diversas vezes) e se o Benfica conseguiria ainda ampliar a vantagem. Creio que a nossa equipa até ficou algo deslumbrada e chegou a mostrar alguma displicência, porque senão teria mesmo marcado mais golos - o pior exemplo até foi dado na defesa, quando um passe horrendo do Fejsa deixou um adversário completamente isolado e com tudo para marcar. Felizmente era um jogador que estava em inferioridade física, e a sua finalização foi ao nível do passe do Fejsa. Já sobre o final do jogo o Mitroglou (tinha entrado para o lugar do Jiménez) fez o quarto golo após uma boa iniciativa individual, num remate cruzado da direita, que pela quarta vez no jogo fez a bola entrar juntinho ao mesmo poste direito da baliza do Nacional (hoje os nossos jogadores estavam todos com a pontaria afinada para aquela zona da baliza). E o golo até resultou de (mais) uma transição rápida após uma recuperação de bola, com o passe decisivo a sair dos pés do Pizzi.


É claro que o homem do jogo é o Jonas. Começou com um falhanço muito pouco habitual nele, mas depois foi simplesmente mortífero em frente à baliza, obtendo três golos em outras tantas finalizações de primeira. Já o disse noutros jogos, ele joga, faz jogar e ainda marca. É um luxo termos um jogador com esta qualidade. Muito bom jogo do Fejsa também, que se impôs no meio campo e que à medida que vai ganhando ritmo parece estar bem mais atento e eficaz nas dobras aos colegas da defesa. A continuar na forma que tem apresentado nos últimos jogos, ganhou definitivamente o lugar ao Samaris. A única mancha na exibição foi mesmo aquele passe que isolou um adversário. Carcela e Pizzi também em bom plano, e a melhoria da qualidade do futebol do Benfica nos últimos jogos tem passado muito pela acção dos nossos alas e a forma como têm sabido participar nas acções do meio campo, aparecendo frequentemente bem metidos para dentro para dar linhas de passe e proporcionar oportunidades para a subida dos laterais.

Há duas semanas atrás, depois de perder no Estádio da Luz com um golo no último minuto, o treinador do Nacional criticou a nossa equipa por jogar tão pouco. Hoje a resposta que lhe demos foi apresentar algum do melhor futebol que lhe vimos jogar esta época, e ganhar confortável e inequivocamente um jogo tradicionalmente difícil. Após uns primeiros meses pouco motivadores, começo agora a ver sinais de evolução no nosso futebol, e isto com uma equipa muito desfalcada de alguns dos seus maiores valores. Mérito do treinador, e fico com a esperança de que a evolução seja para continuar.

3 Comments:

At 1/12/2016 9:46 da manhã, Anonymous Adamastásio said...

A comparação não será a mais justa, mas aquele falhanço inicial do Jonas à boca da baliza fez-me recordar o Diamantino, salvo erro, na 1.ª mão da meia final da UEFA com o Anderlecht, quando conseguiu acertar na trave a 1 metro da baliza... Penso contudo que o Jonas desta vez só não finalizou porque a bola saltou num pedaço solto de relva daquele batatal.

 
At 1/12/2016 5:47 da tarde, Blogger D'Arcy said...

Foi quase igual, de facto. E essa do Diamantino custou-nos uma Taça UEFA (foi na primeira mão da final em 1982/83).

 
At 1/12/2016 7:46 da tarde, Blogger joão carlos said...

A analise esta muito fiel aquilo que se passou em campo.


Estes jogadores muitos jovens quando são lançados de forma continua vão alternando exibições boas com outras assim assim e outras horríveis é natural e não é de esperar que seja de outra forma mas quando um jogador destes esta num dia em que nada lhe sai bem continuar a insistir ao máximo nele e permitir que ele complete o jogo acaba por não ser o melhor, a minha opinião é que nem para o jogador é bom, sobretudo para a equipa como consequência disso foram as dificuldades do inicio da segunda parte não sofremos o golo por causa disso é certo, a culpa ai é de outros muito mais experientes, mas o facto deles rondarem muito mais a nossa área e a nossa incapacidade para sair bem para o ataque disso se ressentiu para mais quando no banco temos opção num jogador que até à pouco tempo era titular apesar de atravessar agora momento de forma menos bom.
De facto o nosso melhor marcador falhou aquele que era de todos os lances que teve na partida o mais fácil de concretizar para depois concretizar os outros mais difíceis especialmente o segundo em que o grau de dificuldade é extraordinário dado o remate de primeira e a colocação do mesmo de facto este lance é parecido ao do Diamantino até pelos motivo que ambos foram falhados o mau estado do terreno já que na Bélgica apesar de Maio tinha chovido muito e o terreno não estava em boas condições especialmente no famoso triângulo dos guarda redes, muito tradicional na altura, motivo da falha já o nuno gomes à uns anos atrás também teve uma falha idêntica mas nessa não teve a desculpa do relvado já que foi no nosso campo que estava em condições.
Mas o que continua a ser muito preocupante e que a cada jogo que passa continua sem ser resolvido são os lances em que isolados só com o guarda redes pela frente continuamos a falhar lances que se continuam a acumular e que, ao contrario de outros nem se pode culpar o mau estado do relvado por isso, os jogadores tem tempo mais que suficiente para decidir o melhor destino a dar ao lance mas optam sempre pela pior solução é urgente resolver esta situação até porque oportunidades destas não se podem falhar.

 

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