terça-feira, dezembro 01, 2015

Solidez

Apesar das várias ausências, uma disposição táctica diferente deu ao Benfica mais solidez, permitindo-nos aproveitar da melhor maneira uma boa entrada no jogo para regressar de Braga com a vitória e a subida ao terceiro lugar.


Sem Luisão, Samaris e Sílvio, o Benfica surpreendeu ao apresentar-se em Braga deixando o Jonas no banco. O Jiménez, que tinha marcado dois golos a meio da semana, cedeu o lugar na frente de ataque ao Mitroglou. Na defesa jogou o André Almeida à direita e o Lisandro fez dupla com o Jardel. E no meio campo, regressado de lesão, o Fejsa saltou directamente para a titularidade, ao lado do Renato Sanches. Ao Gaitán ficou entregue a função de ligação ao ataque, com o Pizzi a ocupar uma das alas. O Benfica teve a melhor entrada possível no jogo, com um golo logo aos três minutos - já o ano passado isto tinha acontecido, mas depois passou-se o que sabemos. Um grande trabalho individual do Mitroglou na área deixou a bola nos pés do Pizzi, que tirou um adversário da frente e, às três tabelas, rematou para o golo. O Braga pareceu ser surpreendido pela entrada do Benfica no jogo. O meio campo reforçado do Benfica, e muito por mérito das acções do Renato Sanches e do Pizzi, que constantemente fechava ao meio, conseguia (finalmente, acrescento eu) fazer uma pressão mais subida no terreno de forma eficaz. O facto do Renato cair imediatamente sobre o médio mais recuado do Braga (em vez de vermos aquele estatismo exasperante do Samaris e do Talisca lado a lado, por exemplo) baralhou muito a saída de bola do Braga. O Fejsa também se mostrou bastante agressivo na pressão, e tudo isto resultou em mais recuperações de bola junto à área adversária do que se calhar eu tinha visto na época inteira até agora. O jogo estava animado, e cada uma das equipas levou perigo à baliza adversária através de livres.O segundo golo surgiu aos onze minutos na sequência de uma bola que o cruzada para a área que o Braga não conseguiu afastar eficazmente. O Jardel ganhou nas alturas e a bola acabou por ir ter com o Lisandro bem no centro da área, que controlou no peito e rematou rasteiro para o golo. Respondeu quase de imediato o Braga, que enviou uma bola ao poste e depois viu o Júlio César negar-lhe o golo na recarga. Durante estes primeiros minutos o jogo esteve sempre bastante aberto, numa toada de parada e resposta, mas a partir da meia hora o Benfica começou a juntar mais as linhas e a querer acalmar o ritmo de jogo, apostando em maior segurança para depois tentar saídas rápidas para o contra-ataque. O Braga apostava mais em cruzamentos longos para a área, mas praticamente não conseguiu criar lances de perigo.


A segunda parte foi mesmo de quase total contenção por parte do Benfica. Que conseguiu, quase sempre de forma relativamente simples, os seus intentos. De facto, tendo em conta o que tem sido o historial mais recente do Benfica em Braga, este é bem capaz de ter sido um dos jogos mais tranquilos que o Benfica lá fez nos últimos tempos. Parece-me que também faltou a habitual agressividade extrema e consequente arraial de pancadaria que costumamos ver o Braga aplicar nos jogos contra o Benfica (basta lembrarmo-nos do ano passado, por exemplo). Apesar de haver muito mais posse de bola da parte do Braga, eles nunca conseguiram exercer nenhum tipo de sufoco sobre a nossa baliza, e não foram muitas as ocasiões de golo criadas. Os lances mais perigosos foram resultados de bola parada, um para cada lado. O Gaitán atirou uma bola à barra ainda na fase inicial desta segunda parte, e a resposta do Braga foi dada pelo Filipe Augusto, que também de livre fez exactamente a mesma coisa. Em ambos os lances, os guarda-redes estavam completamente batidos. O nosso amigo lagartão Hugo Miguel também teve oportunidade para deixar a sua marca no jogo, ignorando olimpicamente um penálti do tamanho da Sé de Braga cometido sobre o Pizzi, quando este se aprestava para fazer a recarga a um primeiro remate do Gaitán, numa das poucas ocasiões em que o Benfica, aproveitando já o total balanceamento atacante do Braga, explorou o contra-ataque. Mas a prioridade era mesmo manter a vantagem conquistada, e nesse aspecto o Benfica revelou-se hoje um pouco mais sólido na organização defensiva, preenchendo melhor os espaços e jogando com as linhas mais juntas. O que fez com que mesmo quando algum dos suspeitos do costume fizesse algum disparate na abordagem a um lance (o Lisandro ou o Fejsa são dos mais perigosos nesse aspecto particular) houvesse quase sempre alguém por perto para compensar ou emendar o erro.


Como destaque escolho o Pizzi, que repetiu a exibição positiva que tinha feito a meio da semana. Parece ter-se desadaptado às funções de médio que desempenhou durante a época passada, mas está a reencontrar-se no regresso às alas, sobretudo no aspecto táctico, já que foi sempre muito importante na recuperação da bola. Para além disso, marcou o sempre importante primeiro golo. Depois, menciono também o Renato Sanches. Nem precisa de deslumbrar ou fazer malabarismos com a bola. A simples presença de um verdadeiro médio 'todo o terreno' no onze já é suficiente para fazer diferença. Um dos problemas do Benfica tem sido a forma quase estática como os médios participam no jogo. Quase não pressionam, não fazem transporte da bola, e limitam-se quase apenas a ocupar posições lado a lado à frente da defesa. O Renato Sanches movimenta-se, dá linhas de passe e pressiona adversários. Mesmo cometendo erros ou exageros naturais para um jogador que ainda nem terminou a sua formação, creio que se continuar a evoluir desta forma acabará por se tornar imprescindível. Aliás, neste momento creio que já será difícil substituí-lo por alguém que consiga fazer o mesmo que ele tem andado a fazer. Nem tanto por achar que ele seja já algum fenómeno, mas sim porque não me parecer existir no plantel outro jogador com as mesmas características.

Foi uma vitória importantíssima, numa altura em que qualquer outro resultado poderia causar uma instabilidade muito difícil de controlar (os media bem me pareceram andar já a afiar as garras à espera de um deslize, sendo que o anão com o ego gigante, ponta-de-lança da lagartagem na comunicação social e porta-voz não oficial do nosso ex-treinador chegou a falar em eleições antecipadas e tudo). Este resultado permitirá acalmar um pouco as coisas e devolver confiança à equipa, que bem precisa dela.

1 Comments:

At 12/01/2015 5:36 da tarde, Blogger joão carlos said...

A analise mais uma vez esta com a qualidade que nos tens habituado.


Aos poucos e poucos o treinador vai-se livrado de alguns equívocos que tem incorrido desde o inicio não só tácticos, com um táctica que domina pouco e que contra equipa de maior poderia ainda fica mais evidente essa falta de domínio, mas também na insistência de alguns jogadores em posições que não são as suas e que só muito dificilmente conseguiriam atingir patamares medianos é verdade que tem sido muito lento, sobretudo para a urgência que a equipa precisa, este processo de quebrar com os vários equívocos e que alguns ainda subsistem mas pelo menos alguns vão sendo ultrapassados.
Duas coisas se destacam a importância de ter os jogadores nas suas posições de origem e naquelas que mais destacam e ter a jogar o melhor jogador em determinada posição embora existam melhores do que ele mas não em determinada posição a que podemos somar aquilo que vinha sendo apontados à muitos anos que contra equipas de nível superior ou de valor muito próximo nunca a equipa pode ter o miolo do meio campo em inferioridade sobe pena de estar sempre mais longe de alcançar bons resultados.
Por muito estranho que pareça por vezes é muito melhor e mais eficaz deixar de fora o nosso melhor avançado é que em determinados jogos ele acaba por o não ser porque a equipa não tem caudal ofensivo para o alimentar e porque o adversário e a equipa exige outro tipo de esforço que ele não consegue dar e que dando nalguns jogos, poucos, acaba por se esforçar tanto como aconteceu que depois nos outros em que de facto ele é uma mais valia não consegue esta à altura que dele é exigida e se espera, pena é que esta situação tenha sido só por problemas físicos deles que se tenha aprendido com os erros poupando o jogador nos jogos em que ele não é influente para que ele possa aparecer naqueles em que faz toda a diferença.

 

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