quinta-feira, agosto 10, 2017

Repetição

Depois de termos ultrapassado o Vitória na Supertaça, repetimos a dose frente aos seus vizinhos e rivais minhotos. E 'repetição' é mesmo uma boa forma de descrever o jogo desta noite, que teve um resultado e uma evolução do marcador igual, mas onde apesar de não termos conseguido fases prolongadas de domínio territorial tão flagrante como no jogo anterior, saí do estádio com a sensação de que a vitória foi mais fácil de conquistar.


O onze foi quase o mesmo da Supertaça, apenas com a troca forçada do Grimaldo pelo Eliseu. Esperava que o Benfica aplicasse a mesma fórmula de pressão em todo campo que tão bem tinha resultado na Supertaça, mas por estratégia ou incapacidade isso não aconteceu. O jogo, conforme disse, teve um domínio repartido, com as duas equipas a jogar de forma relativamente aberta e a tentarem chegar ao golo, mas depressa o Benfica começou a parecer mais perigoso e capaz de marcar primeiro. O que aconteceu aos quinze minutos, numa boa combinação entre os dois avançados que acabou com o Seferovic a concretizar ao segundo poste um cruzamento largo do Jonas. Depois de aberto o marcador, o domínio do Benfica intensificou-se, e depois de uma série de ocasiões em catadupa (Seferovic, Jonas, Salvio) o segundo golo apareceu com toda a naturalidade. Livre despejado de muito longe pelo Pizzi para a área e alívio de cabeça disparatado do Raúl Silva, que fez a bola subir e cair perto do limite da mesma. Onde estava o Jonas à espera dela para rematar de primeira sem a deixar cair, levando-a a entrar bem junto do poste. Este lance deu-me um pequeno prazer adicional, que foi o facto do disparate ter sido cometido por um de dois jogadores na equipa do Braga por quem nutro uma particular antipatia (o outro é o Jefferson). Depois foi a repetição do jogo com o Vitória, com o Benfica a continuar a dominar o jogo perante um Braga quase inofensivo e que quase só conseguia aproximar-se da nossa baliza quando aproveitava algum livre para despejar a bola para essa zona. E quando tudo indicava que o terceiro golo era o cenário mais provável, com o Salvio a assumir o mesmo destaque na vertente do desperdício, o Braga é que acabou por reduzir contra a corrente do jogo quase em cima do intervalo. Um lance em que me pareceu haver demasiada passividade por parte do Eliseu e, sobretudo, do Jardel, que permitiu que o Hassan lhe fugisse nas costas para depois finalizar bem já com um ângulo muito apertado. Nos instantes antes do intervalo, o Benfica ainda conseguiu criar mais uma boa ocasião, mas mais uma vez o Salvio não conseguiu finalizá-la da melhor forma.


Para evitar os sobressaltos do jogo anterior, o melhor seria mesmo marcar o terceiro golo nos primeiros minutos da segunda parte, e foi isso que o Benfica tentou fazer. O Braga não conseguia criar muitas situações de perigo, mas quando lá foi conseguiu assustar, porque fez mesmo a bola entrar na nossa baliza mas o lance foi anulado por fora-de-jogo. Praticamente na resposta a esse lance, o Benfica chegou ao golo. Passe do Jonas para a desmarcação no Cervi pela esquerda, o cruzamento deste foi desviado por um defesa do Braga para a própria baliza, mas em cima da linha ainda apareceu o Salvio para confirmar. Estavam decorridos doze minutos, e por isso cumprimos o exigível para evitar sobressaltos. A partir daqui o vencedor do jogo ficou na prática decidido, mas não o resultado, porque o Benfica continuou a carregar e a mostrar que o quarto golo era uma probabilidade muito grande. Não aconteceu, umas vezes por mérito do guarda-redes do Braga, outras por falta de pontaria nossa, mas fica na retina a forma como a nossa equipa não descansou sobre o resultado e continuou sempre a tentar oferecer ao público que quase lotou a Luz mais explosões de alegria. O Braga por sua vez foi quase inexistente no ataque, mas quando foi à frente voltou a introduzir a bola na nossa baliza, com o lance a ser mais uma vez invalidado por fora-de-jogo. Nos minutos finais a substituição do costume para consolidar o meio-campo, com a troca do Salvio pelo Filipe Augusto, e uma pequena prenda mesmo a acabar para o Diogo Gonçalves, permitindo-lhe a estreia oficial na equipa principal do Benfica.


O Seferovic é um dos destaques deste jogo. Remate muito fácil e pronto com os dois pés, boa capacidade de desmarcação e muito lutador. Marcou na estreia oficial, voltou a marcar na estreia na Luz, e se continuar neste registo irá de certeza marcar muitos mais esta época. Jonas, sempre e obviamente. Um golo, uma assistência, e o passe decisivo para o Cervi no lance do terceiro golo. Antes de marcarmos o primeiro golo dizia para mim mesmo que o Jonas estava muito escondido do jogo. Assim que apareceu, ofereceu o golo ao Seferovic. Também inevitável destacar o Pizzi. É o cérebro da equipa e quase todo o jogo ofensivo passa pelos seus pés numa ou noutra fase. O Fejsa foi a regularidade do costume. Gostaria também de destacar o André Almeida. Não tem obviamente a técnica ou a velocidade do Nélson Semedo, mas é um pêndulo. Está completamente identificado com o futebol da equipa, sabe perfeitamente como e quando se integrar nos movimentos ofensivos ou defensivos e hoje exibiu uma confiança que até achei anormal nele, com vários toques e pormenores de classe. O Salvio fez um jogo muito à imagem de vários a que assistimos a época passada, alternando o bom com o disparate, conseguindo um golo que atenua as más decisões que tomou durante o jogo, sobretudo na primeira parte.

Dois jogos contra duas das melhores equipas da nossa liga, duas vitórias convincentes. Acho que as notícias da crise do tetracampeão começam a parecer manifestamente exageradas.

1 Comments:

At 8/10/2017 6:44 da tarde, Blogger joão carlos said...

A crónica é o espelho daquilo que se passou em campo.


Concordando com os erros apontados à defesa no golo sofrido temos de referir que os erros começam muito antes disso e começam na falta de pressão, ou pelos menos na contenção ou condicionamento, ao portador da bola que à vontade e com todo o tempo consegui fazer um passe que deixou a defesa descompensada e por isso susceptível de cometer mais facilmente erros como veio a acontecer como se viu com estas equipas com um pouco mais de qualidade é onde se nota mais a falta de um oito com maior capacidade defensiva.
Mais uma vez se viu que a partir do momento em que refrescamos, reforçamos, o meio campo nunca mais a partir desse momento eles conseguiram criam qualquer lance de perigo e nem foi preciso ter entrado um grande jogador para essa posição, alias acho que a quem entrou faltam as condições mínimas para fazer parte do plantel, mas acrescentou frescura e poder físico que nos falta em alguns momentos.
Mais um golo sofrido nos últimos antes do intervalo a equipa tem demonstrado alguma desconcentração nesta fase, eventualmente por desgaste físico, que se torna ainda mais estranho dado que normalmente este costuma ser um período forte da nossa parte em que aproveitamos o desgaste físicos dos adversários a equipa obrigatoriamente tem de reforçar a concentração neste momento do jogo sobre pena de os adversários começarem a achar que este é um momento de debilidade nosso e tentarem explorar ao máximo este período do jogo.

 

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